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O papel da educação não formal (de adultos) na promoção do envelhecimento bem-sucedido

Resumo

No âmbito de uma concepção de educação permanente e comunitária, ou educação ao longo da vida, o nosso ensaio propõe-se evidenciar a importância da educação de adultos na promoção do envelhecimento bem-sucedido, com base em um projeto de investigação/intervenção concretizado numa Instituição Particular de Solidariedade Social, no norte de Portugal. O projeto integrou um grupo de vinte e cinco adultos em processo de aposentadoria e pré-aposentadoria com idades compreendidas entre os cinquenta e seis e setenta e cinco anos. Compreendeu-se que o paradigma de investigação/intervenção mais adequado a este projeto era o qualitativo, interpretativo hermenêutico e a investigação-ação participativa, enquanto promotora da participação e motivação de todos os agentes sociais, evidenciou-se como a metodologia mais adequada para o seu desenvolvimento. Considerando os interesses, necessidades e potencialidades dos participantes, a intervenção decorreu por meio da implementação de três oficinas: Informática; Pedagógica e Vida Saudável; e Temática, onde foram desenvolvidas atividades com base em metodologias ativas e participativas que permitiram estimular uma participação voluntária e efetiva, proporcionando momentos de aprendizagem, convívio e lazer, transformando o cotidiano dos participantes. O projeto destaca o processo de intervenção educativa com adultos idosos e evidencia resultados positivos ao nível das aprendizagens, do relacionamento interpessoal e aumento do bem-estar, apontando para a premência da implementação generalizada da educação na terceira idade com vista à promoção de um envelhecimento bem-sucedido.

Educação de adultos; Intervenção comunitária; Envelhecimento bem-sucedido

Abstract

Framed by a community-focused and ongoing, or lifelong, vision of education, this paper aims to demonstrate the importance of adult education in the promotion of successful ageing, based on an action research project at a Private Institution for Social Solidarity (Instituição Particular de Solidariedade Social) in Northern Portugal. The project involved a group of twenty-five retired and partially retired adults, aged fifty-six to seventy-five. Qualitative and hermeneutic interpretive research paradigms were considered to be the most appropriate for this project, while the preferred methodology was participatory action research, for its capacity to promote participation and engage the social actors involved. In light of the interests, needs and potential of the participants, the action took the form of three workshops: Computer Skills; Pedagogy & Healthy Living and a Topical workshop. These consisted of activities based on active, participative methodologies that foster effective, willing participation, providing opportunities for learning, socialising and recreation and transforming the daily lives of the participants. The project highlights the processes involved in educational intervention programmes for older adults and shows positive outcomes in terms of learning, interpersonal relationships, and improved wellbeing, signalling the urgent need for widespread third age educational provision as a means of promoting successful ageing.

Adult education; Community action; Successful ageing

Introdução

Uma nova forma de perspetivar o envelhecimento

Não obstante o fato de na velhice o organismo humano se revelar mais vulnerável, o processo de envelhecimento tem vindo a desligar-se, cada vez mais, da sua conotação negativa, em consequência dos resultados de uma vasta panóplia de investigações (ABELES; GIFT; ORY, 1994; BALTES; BALTES, 1990BALTES, Paul; BALTES, Margaret. Successful aging: perspectives from behavioral sciences. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.; HAZARD, 1995; ROWE; KAHN, 1997a) que, desde há muito tempo, têm vindo a abordar a questão do envelhecimento de um ponto de vista positivo. Esta vertente de investigação, fortemente sustentada pela MacArthur Foundation Research Network On Successfull Ageing, nos Estados Unidos, nos anos 80, mas que, rapidamente, se estendeu a outros países, na sequência do estudo de Rowe e Kahn (1987)ROWE, John; KAHN, Robert. Human aging: usual and successful. Science, Washington, DC, v. 237, n. 4811, p. 143-149, 1987., tem vindo a construir um novo paradigma na forma de entender e viver o envelhecimento, baseada não apenas nas perdas e declínios mas numa abordagem integral, valorizando as dimensões biológicas, psicológicas e sociais.

Com base no seu estudo, Rowe e Kahn (1987)ROWE, John; KAHN, Robert. Human aging: usual and successful. Science, Washington, DC, v. 237, n. 4811, p. 143-149, 1987. propõem uma definição de “envelhecimento normal” que entendem como não patológico, mas distinguindo duas formas de envelhecer: “normal”, ou seja, relativa a indivíduos que revelam um perfil de envelhecimento não patológico mas de alto risco de doença; e “bem-sucedida”, relativa a indivíduos cujo perfil de envelhecimento revela baixo risco de doença e elevado potencial de funcionamento (ROWE; KAHN, 1987ROWE, John; KAHN, Robert. Human aging: usual and successful. Science, Washington, DC, v. 237, n. 4811, p. 143-149, 1987.). Decorrida uma década, após o primeiro estudo, orientando a sua linha de investigação no sentido de compreender os critérios e determinantes do envelhecimento bem-sucedido, Rowe e Kahn (1997a, 1997b, p. 38) apresentam uma nova abordagem do conceito de envelhecimento bem-sucedido mais alargada que congrega a conjugação de três componentes: “(…) i) baixo risco de doença e de incapacidades relacionadas com a doença; ii) elevado funcionamento físico e mental; iii) envolvimento ativo com a vida”.

Não obstante pequenas derivações, ainda hoje, a comunidade científica bem como a opinião pública consideram que falar de envelhecimento bem-sucedido pressupõe responder positivamente a três critérios básicos: saúde, elevado nível de funcionamento físico e cognitivo e participação social (FONTAINE 2000FONTAINE, Roger. Psicologia do envelhecimento. Lisboa: Climepsi, 2000.; JACOB, 2007JACOB, Luís. Animação de idosos: actividades. Porto: Âmbar, 2007.; PAÚL; FONSECA, 2005PAÚL, Constança; FONSECA, Manuel. Envelhecer em Portugal: psicologia, saúde e prestação de cuidados. Lisboa: Climepsi, 2005.; RIBEIRO; PAÚL, 2011RIBEIRO, Óscar; PAÚL, Constança. Manual do envelhecimento activo. Lisboa: Lidel, 2011.; ROWE; KAHN, 1997a, 1979b). Na concepção de envelhecimento bem-sucedido de Rowe e Kahn (1997a, 1997b) subjaz a ideia de que o processo de envelhecimento não é determinado apenas por fatores e/ou potencialidades de natureza genético-biológica. Este processo é, também, fortemente determinado por fatores socioculturais (BALTES, 1987BALTES, Paul. Theoretical proposition of life-span developmental psychology: on the dynamic between grouth and decline. Development Psychology, Bowling Green, v. 32, n. 5, p. 611-626, 1987.), pelo envolvimento ativo com a vida e pela ação e intervenção humana que pode, ou não, ser favorável a um processo de envelhecimento bem-sucedido.

Esta concepção de entender o processo de envelhecimento é corroborada e robustecida pelas investigações pioneiras no âmbito da psicologia do desenvolvimento, de modo particular, com os estudos de Baltes (1987)BALTES, Paul. Theoretical proposition of life-span developmental psychology: on the dynamic between grouth and decline. Development Psychology, Bowling Green, v. 32, n. 5, p. 611-626, 1987. e Baltes e Baltes (1990)BALTES, Paul; BALTES, Margaret. Successful aging: perspectives from behavioral sciences. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. que propõem uma caracterização do envelhecimento em três categorias: i) patológico - relativo a casos onde se verificam doenças, patologias e disfuncionalidades do desenvolvimento; ii) normal - relativo a alterações associadas e inevitáveis do envelhecimento; iii) ótimo - relativo a um envelhecimento caracterizado por baixo risco de doenças e incapacidades, elevado nível de funcionamento físico e social e envolvimento ativo com a vida (BALTES, 1987BALTES, Paul. Theoretical proposition of life-span developmental psychology: on the dynamic between grouth and decline. Development Psychology, Bowling Green, v. 32, n. 5, p. 611-626, 1987.). O envelhecimento ótimo aparece conectado à nova concepção de que o potencial de desenvolvimento está presente ao longo de todas as fases da vida, constituindo-se numa dinâmica entre crescimento (ganhos) e declínio (perdas) (BALTES, 1987BALTES, Paul. Theoretical proposition of life-span developmental psychology: on the dynamic between grouth and decline. Development Psychology, Bowling Green, v. 32, n. 5, p. 611-626, 1987.; BALTES; BALTES, 1990BALTES, Paul; BALTES, Margaret. Successful aging: perspectives from behavioral sciences. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.). Assim, como em qualquer outra fase da vida, na velhice há um equilíbrio entre ganhos e perdas, que será tanto mais favorável quanto maior for a opção humana por atividades e comportamentos potenciadores de um processo de envelhecimento bem-sucedido. Neste enquadramento, para que o desenvolvimento humano continue a verificar-se durante o processo de envelhecimento e velhice será necessário disponibilizar ações, programas, projetos educativos/culturais promotores de aprendizagens, conhecimentos e habilidades que funcionem como benefícios ou potencialidades de enfrentamento das novas condições de vida, ou seja, como ganhos passíveis de compensar as perdas inerentes ao processo do envelhecimento.

Os documentos europeus mais recentes, cujo princípio orientador se centra na capacitação ou empoderamento dos indivíduos para um envelhecimento bem-sucedido (EUROPEAN COMMISSION, 2012EUROPEAN COMMISSION. ICT for seniors’ and intergenerational learning: projects funded through the lifelong learning programme from 2008 to 2011. Brussels: Education, Audiovisual & Culture Executive Agency, 2012. Disponível em: https://www.detales.net/wp/wp-content/uploads/2012/06/ict_intergenerational_learning.pdf. Acesso em: 03 abr. 2021.
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; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001WORLD HEALTH ORGANIZATION. Men, ageing and health: achieving health across the span. Geneve: OMS, 2001. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/66941/WHO_NMH_NPH_01.2.pdf?sequence=1. Acesso em: 03 abr. 2021.
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, 2002WORLD HEALTH ORGANIZATION. Active ageing: a policy framework. [S. l.], WHO, 2002. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/67215. Acesso em: 03 abr. 2021.
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, 2013WORLD HEALTH ORGANIZATION. 8th Global conference on health promotion. Helsinki: WHO, 2013. Disponível em: http://www.who.int/healthpromotion/conferences/8gchp/statement_2013/en/. Acesso em: 10 dez. 2014.
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; DIREÇÃO GERAL DE SAÚDE, 2015; FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN, 2014FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN. Um futuro para a saúde. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2014. Disponível em: https://content.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/2016/03/30003652/PGIS_BrochuraRelatorioCompletoHealthPortugues.pdf. Acesso em: 03 abr. 2021.
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), seguem, em nossa opinião, essa mesma linha de pensamento, orientando para a ideia de que o envelhecimento bem-sucedido é, também, uma questão de educação.

A evolução dos conceitos “envelhecimento” e “educação” parecem ter convergido no sentido de uma aliança que, nos dias de hoje, se evidencia cada vez mais reforçada na literatura da área e nos documentos internacionais referindo a educação como fator importantíssimo na promoção do envelhecimento bem-sucedido.

A educação na e para a terceira idade

Nos nossos dias, ao conceito de educação está subjacente o conceito de Educação ao Longo da Vida, entendido no seu sentido genuíno de “life long education and learning”, surgido pela primeira vez na Declaração de Nairobi (UNESCO, 1976UNESCO. Recommendation on the development of adult education. Nairobi: Unesco, 1976. Disponível em: https://uil.unesco.org/fileadmin/keydocuments/AdultEducation/Confintea/en/Nairobi%20Recommendation_Eng.pdf. Acesso em: 03 abr. 2021.
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). A partir deste documento a educação é entendida como um processo permanente e comunitário, motor do desenvolvimento individual e coletivo. Essa concepção de educação pressupõe que o ser humano é um ser inconcluso, um ser a fazer-se e (re)fazer-se em função dos acontecimentos que vai experienciando e dos novos conhecimentos e aprendizagens que vai adquirindo ao longo do seu percurso de vida. Neste horizonte de compreensão, a concepção de Educação ao Longo da Vida pressupõe uma reestruturação do sistema educativo existente (predominantemente formal, centrado na escola e dirigido aos mais jovens) e a potencialização de todas as possibilidades de educação fora do tradicional sistema de educação escolar, onde os formandos, agentes ativos do seu processo formativo, experienciam simultaneamente o seu processo simbiótico de vida e de educação/formação, visando o pleno desenvolvimento da sua individualidade. Assim sendo, a educação enquanto um processo permanente e comunitário, a decorrer ao longo da vida de um indivíduo, pode e deve ser entendida como um “processo largo e multiforme que se confunde com o processo de vida de cada indivíduo” (CANÁRIO, 1999CANÁRIO, Rui. Educação de edultos: um campo e uma problemática. Lisboa: Educa, 1999., p. 11), mediante o qual ele vai adquirindo habilidades e conhecimentos que lhe permitem uma confortável adequação às características próprias da faixa etária que vai experienciando, bem como uma efetiva participação na sociedade em que vive.

Em Portugal as práticas de educação de adultos que se desenvolvem no âmbito da educação formal, não obstante o papel relevante que assumem, representam apenas uma parte da enorme variedade de iniciativas de intervenção socioeducativa que, embora pouco reconhecidas socialmente, assumem um relevante papel na promoção da educação, na transformação social e na dinamização cultural (GUIMARÃES; SILVA; SANCHO, 2000; LIMA, 2007LIMA, Lícinio. Educação ao longo da vida: entre a mão direita e a mão esquerda de Miró. São Paulo: Cortez, 2007.). Essas iniciativas de intervenção educativa não-formal, desenvolvendo-se em prol da transformação das condições de vida dos agentes sociais, partem e centram-se nos problemas existentes utilizando recursos humanos e materiais endógenos à comunidade, operacionalizando-se em projetos de desenvolvimento local ou de intervenção comunitária maioritariamente a cargo das várias organizações da sociedade civil (LIMA, 2007LIMA, Lícinio. Educação ao longo da vida: entre a mão direita e a mão esquerda de Miró. São Paulo: Cortez, 2007.; MELO, 2006MELO, Alberto. From the hills of the Algarve to the minister’s Desk. In: CASTRO, Rui; SANCHO, Vitória; GUIMARÃES, Plaula (org.). Adult education: new routes in a new landscape. Braga: University of Minho, 2006. p. 167-188. Unity for Adult Education.).

Enquanto um processo promotor de desenvolvimento humano integral e entendida como um direito na medida em que prepara para a melhor vivencia de cada uma das fases da vida, a educação na terceira idade, etapa em que as alterações das condições de vida são mais profundas, tem vindo a constituir-se um importante campo de ação no universo educacional. Mais do que a transformação dos tempos livres em oportunidades de educação/aprendizagem, a educação na terceira idade, através de atividades artísticas, físicas e culturais (CACHIONI, 2003CACHIONI, Meire. Quem educa os idosos? Um estudo sobre os professores de universidade da terceira idade. Campinas: Alínea, 2003.; VENTOSA, 2009VENTOSA, Victor. Animação sociocultural e terceira idade. In: PEREIRA, José; LOPES, Marcelino (coord.). A animação sociocultural na terceira idade. Amarante: Intervenção, 2009. p. 333-341.), promove informações e conhecimentos bem como o desenvolvimento de capacidades motoras, mentais e de interação social que capacitam a população idosa para uma melhor adequação às alterações características dessa fase da vida. Considerando a agnição de que a capacidade cognitiva continua ativa mesmo na idade mais avançada (LEMAIRE; BHERER, 2012), muitos autores têm evidenciado a educação como fator determinante de um envelhecimento bem-sucedido (SIMÕES, 2006SIMÕES, António. A nova velhice: um novo público a educar. Porto: Ambar, 2006.; VENTOSA, 2006VENTOSA, Victor. Perspectivas actuales de la animación sociocultural: cultura tiempo libre y participación cultural. Madrid: CCS, 2006.; 2009; CUENCA CABEZA, 2004CUENCA CABEZA, Manuel. Ócio e animação sociocultural: presente e futuro. In: TRILLA, Jaume (coord.) Animação sociocultural: teorias, programas e âmbitos. Lisboa: Instituto Piaget, 2004. p. 335-349.; OSÓRIO, 2008OSÓRIO, Augustín. Animação sociocultural na terceira idade. In: PEREIRA, José; VIEITES, Manuel; LOPES, Marcelino (coord.). A animação sociocultural e os desafios do século XXI..Chaves: Intervenção, 2008. p. 207-219.; PINTO, 2008PINTO, Maria da Graça. Da aprendizagem ao longo da vida ou do exemplo de uma relação ternária: agora, antes, depois. Porto: FLUP, 2008. (Cadernos de apoio pedagógico da FLUP).; NERI, 2004NERI, Anita. Velhice bem sucedida. Campinas: Papirus, 2004.; CACHIONI; NERI, 2004CACHIONI, Meire; NERI, Anita. Educação e gerontologia: desafios e oportunidades. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, v. 1, n. 1, p. 99-115, 2004. https://doi.org/10.5335/rbceh.2012.49
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; JACOB; FERNANDES, 2011JACOB, Luís; FERNANDES, Hélder. Ideias para um envelhecimento ativo. Almeirim: Rutis, 2011.).

Corroborando o pensamento destes entre outros autores, nessas duas primeiras décadas do século XXI, também vários organismos internacionais têm vindo a atribuir à educação, entendida como um processo permanente e comunitário, um papel fundamental, enquanto instrumento promotor de capacidades com potencial para fazer face aos desafios da sociedade atual. Estes documentos apresentam medidas que se pretende sejam efetivamente implementadas, para que se torne possível desenvolver o potencial de todos os seres humanos independentemente da idade, gênero, raça ou condição social, com particular incidência na população adulta e adulta idosa, sensibilizando e recomendando, como sinaliza Patrício (2018)PATRÍCIO, Maria Raquel. Educação intergeracional no contexto sociocultural: contributos para um bom envelhecer. In: MAGALHÃES, Alexandra; PEREIRA, José; LOPES, Marcelino (coord.). A animação sociocultural e a educação intergeracional. Chaves: Intervenção, 2018. p. 141-147., programas de educação/aprendizagem ao longo da vida; de educação para uma vida saudável; de sensibilização/informação/formação promotores de um prolongamento de vida ativa e participativa; de promoção do relacionamento intergeracional; do envelhecimento ativo; do acesso às novas tecnologias, etc., visando a aquisição de conhecimentos e capacidades que possibilitem o prolongamento de uma vida saudável, ativa e participativa (UNITED NATIONS, 2002UNITED NATIONS. Report of the second world assembly on ageing. New York: United Nations, 2002., 2008UNITED NATIONS. Report of the conference, including the ministerial declaration - A society for all ages: challenges and opportunities. León: United Nations, 2008.; COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, 2002COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu: resposta da Europa ao envelhecimento da população mundial. Contribuição da Comissão Europeia para a II Assembleia Mundial sobre Envelhecimento. Bruxelas: CCE, 2002. Disponível em: https://ec.europa.eu/transparency/regdoc/rep/1/2002/PT/1-2002-143-PT-F1-1.Pdf. Acesso em: 03 abr. 2021.
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; COMISSÃO EUROPEIA, 2018a, 2018b; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005WORLD HEALTH ORGANIZATION. Sixth conference on health promotion: the Bangkok charter for health promotion in a globalized world. Bangkok: WHO, 2005. Disponível em: https://www.who.int/healthpromotion/conferences/6gchp/hpr_050829_%20BCHP.pdf?ua=1. Acesso em: 03 abr. 2021.
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, 2013WORLD HEALTH ORGANIZATION. 8th Global conference on health promotion. Helsinki: WHO, 2013. Disponível em: http://www.who.int/healthpromotion/conferences/8gchp/statement_2013/en/. Acesso em: 10 dez. 2014.
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; UNESCO, 2010UNESCO. Conferencia de educação de adultos: marco de ação de Belém. Belém do Pará - Brasil. [S. l.]: Unesco, 2010. Disponível em: http://www.ceeja.ufscar.br/marco-acao-belem. Acesso em: 03 abr. 2021.
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).

A dinamização destes programas deve contemplar o desenvolvimento de todas as capacidades e habilidades humanas (literacia; ciência e tecnologia; digitais; linguísticas; pessoais e sociais; cívicas, empresariais e de expressão cultural e artística) no sentido de preparar para uma participação plena e efetiva na sociedade (COMISSÃO EUROPEIA, 2018b; PATRÍCIO, 2018PATRÍCIO, Maria Raquel. Educação intergeracional no contexto sociocultural: contributos para um bom envelhecer. In: MAGALHÃES, Alexandra; PEREIRA, José; LOPES, Marcelino (coord.). A animação sociocultural e a educação intergeracional. Chaves: Intervenção, 2018. p. 141-147.).

Dentre essas novas habilidades, a literacia digital surge, nos nossos dias, como uma nova prioridade nos contextos e conteúdos dos processos de educação/aprendizagem e, em consequência, uma exigência que se impõe ao universo educativo. Um aspecto novo do direito à educação que deve abranger todas as idades, crianças, jovens, adultos e idosos (RODRÍGUEZ, 2008RODRÍGUEZ, Maria Dolores. Alfabetizacíon digital: el pleno dominio del lapis e el ráton. Comunicar, Huelva, v. 15, n. 30, p. 137-146, 2008.; PERÉZ TORNERO, 2013), no sentido de promover não só a integração no mercado de trabalho, mas também a coesão e participação social e cívica e o relacionamento intergeracional, evidenciando-se tão importante quanto a literacia e a numeracia. Quer em termos pessoais de comunicação e relação interpessoal, quer em termos profissionais, as tecnologias da informação e comunicação (TICs) desempenham, hoje, um papel predominante, fazendo parte do cotidiano individual, profissional e comunitário e, neste sentido, a aquisição de habilidades de literacia digital é considerada um fator determinante na adaptação e integração, de um modo especial dos adultos e idosos, na sociedade tecnológica digital dos nossos dias (RIBEIRO; MEDEIROS, 2016RIBEIRO, Carlos; MEDEIROS, Teresa. Educação sénior: a voz de estudantes adultos em idade avançada. In: MEDEIROS, Teresa (org.). (Re)pensar as pessoas idosas no século XXI. Ponta Delgada: Letras Lavadas, 2016. p. 241-264.; CALVO et al., 2017; PEREIRA; NEVES, 2011PEREIRA, Cláudia; NEVES, Rui. Os idosos na aquisição de competências TIC. Educação, Formação & Tecnologia, Monte de Caparica/Almada, v. 4, n. 2, p. 15-24, 2011.; PÉREZ TORNERO, 2013PÉREZ TORNERO, José Manuel. Comprender la alfabetizacíon digital: informe final EAC/76/03. Barcelona: UAB. 2013. Disponível em: http://www.gabinetecomunicacionyeducacion.com/files/adjuntos/Comprender%20la%20alfabetizaci_n%20digital_informe%20final_131204.pdf. Acesso em: 28 maio 2018.
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; CARMO; ZAZZETA, 2016; EUROPEAN COMMISSION, 2012EUROPEAN COMMISSION. ICT for seniors’ and intergenerational learning: projects funded through the lifelong learning programme from 2008 to 2011. Brussels: Education, Audiovisual & Culture Executive Agency, 2012. Disponível em: https://www.detales.net/wp/wp-content/uploads/2012/06/ict_intergenerational_learning.pdf. Acesso em: 03 abr. 2021.
https://www.detales.net/wp/wp-content/up...
; EUROPEAN COMMISSION AGE, 2012EUROPEAN COMMISSION AGE. Manifesto for an age-friendly European Union by 2020. Brussels: ECA, 2012. Disponível em: http://nmd.bg/wp-content/uploads/2014/01/4_ey2012_manifesto.pdf. Acesso em: 03 abr. 2021.
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).

Esse é, sem dúvida, o segmento populacional mais afetado pela revolução tecnológica digital, experienciando sérias dificuldades em lidar com os dispositivos tecnológicos e, consequentemente, impedida de usufruir dos seus benefícios, sentindo-se excluída deste processo evolutivo (PEREIRA e NEVES, 2011PEREIRA, Cláudia; NEVES, Rui. Os idosos na aquisição de competências TIC. Educação, Formação & Tecnologia, Monte de Caparica/Almada, v. 4, n. 2, p. 15-24, 2011.). Na sequência das recomendações internacionais, a par do que vem acontecendo nas sociedades desenvolvidas ou em vias de desenvolvimento, também em Portugal temos vindo a assistir à oferta de programas, projetos e iniciativas de promoção de habilidades digitais dirigidos a adultos e adultos idosos no sentido da infoinclusão desta faixa populacional e consequente usufruto dos benefícios dos avanços tecnológicos (GOMES, 2014GOMES, Mara. Inclusão digital na terceira idade: a integração das TIC numa escola superior sénior. 2014. Dissertação (Especialização em Administração, Acompanhamento e Regulação da Educação) – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2014.).

A literacia digital em adultos idosos em situação de pré-reforma e reforma tem-se revelado um fator importante na promoção de um envelhecimento bem-sucedido, dado constituir uma nova forma de aceder à informação, a novas aprendizagens e conhecimentos, bem como facilitar a comunicação e relação com familiares e amigos, amenizando o isolamento e a solidão. A utilização das TICs, ao promover a participação ativa dos idosos na sociedade da informação, contribui para um aumento da autoestima, do sentimento de participação e pertencimento, resultando num aumento de autonomia, de integração social e satisfação, bem-estar e qualidade de vida (PALMA, 2013PALMA, Dora Isabel. O contributo das novas tecnologias para o bem-estar social dos idosos em meio rural: um estudo de caso. Beja: Instituto Politécnico de Beja, 2013.; PEREIRA; NEVES, 2011PEREIRA, Cláudia; NEVES, Rui. Os idosos na aquisição de competências TIC. Educação, Formação & Tecnologia, Monte de Caparica/Almada, v. 4, n. 2, p. 15-24, 2011.).

Desenho e metodologia

No âmbito do enquadramento das orientações teóricas enunciadas, foi desenvolvido um projeto de investigação-intervenção cuja finalidade se centrou na promoção do envelhecimento bem-sucedido centrado na estimulação físico-motora e cognitiva e na (re)ativação do relacionamento interpessoal com recurso às tecnologias de informação e comunicação (TICs).

Caracterização do contexto

O projeto de investigação-intervenção, aqui apresentado, concretizou-se numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) sediada no norte de Portugal, que promove, por meio de valências sociais em educação de adultos e gerontologia, o processo de educação/formação dos adultos idosos, contribuindo para a manutenção da sua autonomia e qualidade de vida.

Participantes

O projeto abrangeu vinte e cinco (25) participantes, dezoito (18) do sexo feminino e sete (7) do sexo masculino, com idades compreendidas entre os cinquenta e seis (56) e os setenta e cinco (75) anos de idade.

A faixa etária do maior número de participantes, treze (13), situava-se entre os sessenta (60) e os setenta (70) anos. Treze (13) participantes eram casados; sete (7) viúvos; dois (2) solteiros, dois (2) divorciados e um não respondeu a essa questão.

Quanto às habilitações acadêmicas, quatro (4) participantes frequentaram, por períodos mínimos, a escola, não tendo obtido nenhum grau acadêmico; um (1) obteve o 3º ano; doze (12) obtiveram o 4º ano; cinco (5) obtiveram o 6º ano; e três (3) obtiveram o 9º ano. Relativamente à profissão, os participantes desempenharam atividades profissionais pouco qualificadas tais como: construção civil; costura; feirante; doméstica; motorista profissional etc.

Métodos e instrumentos de recolha de dados

O paradigma de investigação que orientou este projeto de índole educativa foi o paradigma qualitativo interpretativo/hermenêutico, dado que este paradigma procura alcançar a compreensão dos fenômenos sociais e dos seus agentes. A sua linha de ação centra-se na descrição e interpretação das situações do cotidiano dos indivíduos, de modo a compreender as suas concepções e vivências, bem como o significado que lhes atribuem, visando a (trans)formação individual/coletiva, tornando-se os agentes sociais os protagonistas da sua própria mudança (SERRANO, 2004SERRANO, Glória. Metodologias de investigação em animação sociocultural. In: TRILLA, Jaume (coord.). Animação sociocultural: teorias, programas e âmbitos. Lisboa: Instituto Piaget, 2004. p. 101-119.; BOGDAN; BIKLEN, 2013BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 2013.).

Os métodos subjacentes ao paradigma qualitativo, nomeadamente o etnográfico e a investigação-ação participativa constituíram os métodos orientadores do processo de investigação/intervenção. O método etnográfico, pressupondo uma observação e descrição pormenorizadas de elementos como a cultura, formas de vida e estrutura social, ajudou a compreender os comportamentos individuais/coletivos dos participantes e do contexto em que se inseriam (SERRANO, 2004SERRANO, Glória. Metodologias de investigação em animação sociocultural. In: TRILLA, Jaume (coord.). Animação sociocultural: teorias, programas e âmbitos. Lisboa: Instituto Piaget, 2004. p. 101-119.). A investigação-ação participativa, enquanto uma metodologia que supõe simultaneamente a investigação e a ação e instiga a uma participação dos agentes sociais na resolução dos seus problemas através da consciencialização dos mesmos e da aquisição de conhecimentos e técnicas que possibilitem a transformação das situações e contextos (SERRANO, 2004SERRANO, Glória. Metodologias de investigação em animação sociocultural. In: TRILLA, Jaume (coord.). Animação sociocultural: teorias, programas e âmbitos. Lisboa: Instituto Piaget, 2004. p. 101-119.; ANDER-EGG, 1990ANDER-EGG, Ezequiel. Repensando la investigación - acción - participativa: comentarios, críticas y sugerencias. México, DC: El Ateneo, 1990.; BOGDAN; BIKLEN, 2013BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 2013.), foram entendidas como metodologias adequadas a um projeto de intervenção socioeducativa que se pretendia transformador de condições de vida.

Para recolha de dados fez-se uso de várias técnicas de investigação qualitativa como: observação direta e participante do tipo etnológico; inquérito por questionário; pesquisa e análise documental; conversas informais; diário de bordo e registo fotográfico.

As atividades foram desenvolvidas por meio de técnicas de intervenção, nomeadamente técnicas de animação sociocultural, dado o seu caráter ativo e participativo. Atendendo à classificação de Ander-Egg (2000)ANDER-EGG, Ezequiel. Metodología y práctica de la animación sociocultural. Madrid: CCS, 2000., foram utilizadas técnicas grupais, técnicas de informação/comunicação e técnicas para a realização de atividades lúdicas.

Relativamente ao processo de tratamento dos dados, a análise estatística descritiva simples ajudou a compreender as caraterísticas dos indivíduos e fenômenos sociais, objeto da nossa investigação/intervenção através do estudo de particularidades e procedimentos/comportamentos regulares (PARDAL; LOPES, 2011PARDAL, Luís; LOPES, Eugénia. Métodos e técnicas de investigação social. Maia: Areal, 2011.) tais como a idade, o sexo, habilitações académicas e profissão. A análise de conteúdo foi importante para analisar os dados qualitativos provenientes das questões abertas do inquérito por questionário, permitindo uma análise sistematizada e organizada da informação seguindo as orientações de análise de conteúdo de Bardin (2014)BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2014..

Procedimentos

O trabalho de investigação/intervenção foi consolidado em três fases, incluindo cada uma delas diversos procedimentos:

  1. Primeira fase - correspondeu ao período de inserção no contexto, abrangendo a realização da avaliação de diagnóstico, fase que durou dois meses e em que se procurou identificar os interesses, motivações, necessidades e potencialidades dos participantes com vista à concepção de um programa de intervenção potenciador de alterações positivas nas condições de vida dos participantes. Nesta fase foi, também, apresentado a todos os participantes o enquadramento institucional e a finalidade da intervenção, bem como as questões éticas inerentes ao mesmo, nomeadamente, o caráter voluntário da participação no estudo, a salvaguarda da identidade, a confidencialidade dos dados recolhidos e a divulgação (anônima) dos resultados.

  2. Segunda fase - correspondeu ao período de planejamento e implementação da intervenção e durou aproximadamente dez meses. Após identificados os interesses, motivações, necessidades e potencialidades dos participantes, através da observação, das conversas informais e da análise dos dados do inquérito por questionário, que evidenciaram uma motivação e interesse particular pela informática, pela aquisição de informação/formação sobre vida saudável e temáticas atuais, procedeu-se à planificação da ação e das estratégias a desenvolver, de modo a alcançar a finalidade proposta: a promoção do desenvolvimento integral dos participantes, que se concretizou na dinamização de três oficinas: Oficina de Informática; Oficina Pedagógica e Vida Saudável; e Oficina Temática.

  3. Terceira fase - Avaliação – Trata-se de um procedimento que procura compreender e qualificar os resultados (erros e sucessos) da atividade investigação/intervenção, sendo transversal a todo o processo (SERRANO, 2008SERRANO, Glória. Elaboração de projectos sociais: casos práticos. Porto: Porto Editora, 2008.), e decorreu ao longo de doze meses.

Na fase inicial, a avaliação concretizou-se na identificação das necessidades, interesses e potencialidades, através de observação, das conversas informais e de um inquérito por questionário cujos dados permitiram conhecer os potenciais participantes, bem como compreender os seus interesses e motivações.

Num segundo momento realizou-se, através de inquérito por questionário, conversas informais e observação participante, a avaliação contínua. Este tipo de avaliação foi-se concretizando no decorrer da ação, procurando aferir se os processos e o caminho que se estava a seguir conduziam aos objetivos traçados (SERRANO, 2008SERRANO, Glória. Elaboração de projectos sociais: casos práticos. Porto: Porto Editora, 2008.), permitindo detectar problemas, possibilitando um mecanismo de autocorreção.

Por último, através de um inquérito por questionário, procedeu-se à avaliação final, procurando recolher dados que permitissem verificar se os objetivos foram alcançados com sucesso e quais os potenciais aspectos a melhorar.

Apresentação e discussão dos resultados

Nesta parte do trabalho apresentam-se e discutem-se os resultados da avaliação final, obtidos a partir do inquérito por questionário, constituído por questões abertas e fechadas realizado aos participantes. Importa referir que se optou por agregar a informação tendo em conta as três categorias principais que emergiram do discurso dos participantes no que concerne ao impacto do projeto: “Aumento de Bem-estar”; “Aprendizagens” “Relacionamento Interpessoal/Convívio”.

Na percepção dos participantes, o “Aumento de Bem-Estar” constituiu um dos maiores benefícios do projeto, dado ter proporcionado maior qualidade e satisfação com a vida como evidenciam os testemunhos seguintes: “Estar em boa companhia ajuda ao nosso bem-estar e a esquecer as nossas rotinas do dia a dia, pois para mim é melhor do que um calmante” (IQ11); “Sair de casa que não fazia muito, agora estou melhor “(IQ19); “Esta rotina ajudou-me a ficar mais alegre e com mais amizades, porque sou uma pessoa que gosta de conviver e sair de casa” (IQ1); “Fez-me superar alguns problemas de saúde” (IQ3); “Sair de casa, conviver mais, procurar sobre os assuntos aqui retratados”(IQ5); “A oficina contribuiu para que eu saísse de casa, para me sentir mais ativa” (IQ6).

Os testemunhos citados permitem inferir que a intervenção educativa não só contribuiu para atenuar o isolamento e inatividade da habitual rotina cotidiana, muito presentes nessa fase da vida, como promoveu o convívio e o relacionamento interpessoal, bem como uma atitude mais ativa e mais alegre que se traduz na percepção de um maior bem-estar e satisfação com a vida, indo ao encontro do pensamento de autores como (ANTUNES, 2016ANTUNES, Conceição. A educação na terceira idade. In: ANTUNES Conceição; LEANDRO, Engrácia (coord.). Envelhecimento: perspetivas, projetos e práticas inovadoras. V. N. Famalicão: Humus, 2016. p. 51-66.; ANTUNES; ABREU, 2017ANTUNES, Conceição; ABREU, Vanessa. As novas tecnologias na promoção do envelhecimento bem sucedido. Ensino e Tecnologia em Revista, Londrina, v. 1, n. 1, p. 3-15, jan. /jun, 2017. https://doi.org/10.3895/etr.v1n15885
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; SIMÕES, 2006SIMÕES, António. A nova velhice: um novo público a educar. Porto: Ambar, 2006.; VENTOSA, 2006VENTOSA, Victor. Perspectivas actuales de la animación sociocultural: cultura tiempo libre y participación cultural. Madrid: CCS, 2006., 2009VENTOSA, Victor. Animação sociocultural e terceira idade. In: PEREIRA, José; LOPES, Marcelino (coord.). A animação sociocultural na terceira idade. Amarante: Intervenção, 2009. p. 333-341.; CUENCA CABEZA, 2004CUENCA CABEZA, Manuel. Ócio e animação sociocultural: presente e futuro. In: TRILLA, Jaume (coord.) Animação sociocultural: teorias, programas e âmbitos. Lisboa: Instituto Piaget, 2004. p. 335-349.; OSÓRIO, 2008OSÓRIO, Augustín. Animação sociocultural na terceira idade. In: PEREIRA, José; VIEITES, Manuel; LOPES, Marcelino (coord.). A animação sociocultural e os desafios do século XXI..Chaves: Intervenção, 2008. p. 207-219.; PINTO, 2008PINTO, Maria da Graça. Da aprendizagem ao longo da vida ou do exemplo de uma relação ternária: agora, antes, depois. Porto: FLUP, 2008. (Cadernos de apoio pedagógico da FLUP).; NERI, 2004NERI, Anita. Velhice bem sucedida. Campinas: Papirus, 2004.; CACHIONI; NERI, 2004CACHIONI, Meire; NERI, Anita. Educação e gerontologia: desafios e oportunidades. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, v. 1, n. 1, p. 99-115, 2004. https://doi.org/10.5335/rbceh.2012.49
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; JACOB; FERNANDES, 2011JACOB, Luís; FERNANDES, Hélder. Ideias para um envelhecimento ativo. Almeirim: Rutis, 2011.), que entendem a intervenção educativa como fator determinante de um envelhecimento bem-sucedido.

A análise dos dados, considerando a percepção dos participantes, evidencia, também, as “Aprendizagens” como um dos pontos fortes do projeto. Todos os participantes inquiridos (N=17) referem ter adquirido novas aprendizagens indo ao encontro do pensamento dos defensores da ideia de que o potencial de desenvolvimento humano permanece ao longo da vida (LEMAIRE; BHERER; 2012; BALTES, 1987BALTES, Paul. Theoretical proposition of life-span developmental psychology: on the dynamic between grouth and decline. Development Psychology, Bowling Green, v. 32, n. 5, p. 611-626, 1987.; BALTES; BALTES, 1990BALTES, Paul; BALTES, Margaret. Successful aging: perspectives from behavioral sciences. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.).

Quando se procurou apurar que tipo de aprendizagens os participantes tinham adquirido, emergiram duas subcategorias “conhecimentos gerais” e “conhecimentos de informática”.

Os resultados parecem ir ao encontro do pensamento de autores como (SIMÕES, 2006SIMÕES, António. A nova velhice: um novo público a educar. Porto: Ambar, 2006.; VENTOSA, 2006VENTOSA, Victor. Perspectivas actuales de la animación sociocultural: cultura tiempo libre y participación cultural. Madrid: CCS, 2006., 2009VENTOSA, Victor. Animação sociocultural e terceira idade. In: PEREIRA, José; LOPES, Marcelino (coord.). A animação sociocultural na terceira idade. Amarante: Intervenção, 2009. p. 333-341.; CUENCA CABEZA, 2004CUENCA CABEZA, Manuel. Ócio e animação sociocultural: presente e futuro. In: TRILLA, Jaume (coord.) Animação sociocultural: teorias, programas e âmbitos. Lisboa: Instituto Piaget, 2004. p. 335-349.; OSÓRIO, 2008OSÓRIO, Augustín. Animação sociocultural na terceira idade. In: PEREIRA, José; VIEITES, Manuel; LOPES, Marcelino (coord.). A animação sociocultural e os desafios do século XXI..Chaves: Intervenção, 2008. p. 207-219.; PINTO, 2008PINTO, Maria da Graça. Da aprendizagem ao longo da vida ou do exemplo de uma relação ternária: agora, antes, depois. Porto: FLUP, 2008. (Cadernos de apoio pedagógico da FLUP).; NERI, 2004NERI, Anita. Velhice bem sucedida. Campinas: Papirus, 2004.; CACHIONI; NERI, 2004CACHIONI, Meire; NERI, Anita. Educação e gerontologia: desafios e oportunidades. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, v. 1, n. 1, p. 99-115, 2004. https://doi.org/10.5335/rbceh.2012.49
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; JACOB; FERNANDES, 2011JACOB, Luís; FERNANDES, Hélder. Ideias para um envelhecimento ativo. Almeirim: Rutis, 2011.), que defendem que mesmo na fase mais madura da vida se pode continuar a aprender como atestam as opiniões seguintes: “Aprendi muitas coisas que não sabia nem tinha ouvido falar, fiquei com a mente mais aberta, (…)” (IQ2); “Coisas novas que nem sabia existir” (IQ3); “Recordei muita coisa e aprendi outras novas (…)” (IQ1); “(…) foi bastante importante lembrar a História e outros temas” (IQ6); “Aprendi a ser mais independente, dar mais atenção às coisas, pôr as minhas ideias em prática” (IQ5); “ (…) aprender coisas que nunca pensei fazer na vida, é muito bom” (IQ17).

No enquadramento do pensamento de autores que aludem às novas necessidades educativas da sociedade tecnológica atual, nomeadamente no que diz respeito às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e, de um modo muito particular, nos adultos e adultos idosos (RIBEIRO; MEDEIROS, 2016RIBEIRO, Carlos; MEDEIROS, Teresa. Educação sénior: a voz de estudantes adultos em idade avançada. In: MEDEIROS, Teresa (org.). (Re)pensar as pessoas idosas no século XXI. Ponta Delgada: Letras Lavadas, 2016. p. 241-264.; CALVO et al., 2017CALVO, Inaki et al. Introducing computer-based concept mapping to older adults. Educational Gerontology, Philadelphia, v. 43, n. 8, p. 404-416, 2017. https://doi.org/10.1080/03601277.2017.1309635.
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; PÉREZ TORNERO, 2013PÉREZ TORNERO, José Manuel. Comprender la alfabetizacíon digital: informe final EAC/76/03. Barcelona: UAB. 2013. Disponível em: http://www.gabinetecomunicacionyeducacion.com/files/adjuntos/Comprender%20la%20alfabetizaci_n%20digital_informe%20final_131204.pdf. Acesso em: 28 maio 2018.
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; CARMO; ZAZZETA, 2016; GOMES, 2014GOMES, Mara. Inclusão digital na terceira idade: a integração das TIC numa escola superior sénior. 2014. Dissertação (Especialização em Administração, Acompanhamento e Regulação da Educação) – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2014.), a presente investigação contribuiu para a capacitação de habilidades digitais e infoinclusão de um grupo de pessoas deste segmento populacional, bem como apresentou resultados bastante positivos relativamente à aquisição de habilidades digitais na idade madura, tal como revelam os testemunhos que seguem: “Aprendi um pouco de tudo de informática e outras coisas” (IQ8); “Valeu a pena estar na oficina, aprendi e desenvolvi algum conhecimento sobre informática” (IQ12); “Valorizei as minhas competências informáticas” (IQ13); “Gostei um pouco de todas as aulas que frequentei e que me ajudaram a ter mais conhecimento dos computadores” (IQ16).

Corroborando a perspetiva dos autores acima referidos, Palma (2013)PALMA, Dora Isabel. O contributo das novas tecnologias para o bem-estar social dos idosos em meio rural: um estudo de caso. Beja: Instituto Politécnico de Beja, 2013. e Pereira e Neves (2011)PEREIRA, Cláudia; NEVES, Rui. Os idosos na aquisição de competências TIC. Educação, Formação & Tecnologia, Monte de Caparica/Almada, v. 4, n. 2, p. 15-24, 2011. fazem notar que a aquisição de habilidades digitais promovendo uma participação mais ativa dos idosos na sociedade contribui para um aumento da autoestima, integração social e satisfação com a vida, fato que este estudo também parece corroborar dado o aumento de bem-estar ter sido assinalado como o maior benefício do projeto.

Na percepção dos participantes, outro ponto forte do projeto foi o fato de ter promovido o “Relacionamento Interpessoal/Convívio”, aspecto que, de uma forma ou de outra, aparece evidenciado no testemunho de todos os participantes, tendo sido sistematizado em duas subcategorias: “sair de casa e da rotina” e “convívio”, como atestam as afirmações seguintes: “Além do ensinamento que me deu, contribuiu para que pudesse sair mais de casa e divertir-me” (IQ12); “Foi muito bom ter aparecido esta atividade, ajudou-me a ter horários e sair de casa. Foi muito bom” (IQ13); “Ocupou-me o tempo que precisava de preencher, ajudando a libertar o stress e a sair fora da rotina diária” (IQ16). “Contribuiu para aprender muito e conviver com todos os amigos” (IQ8); “Conheci pessoas novas, o convívio foi bom” (IQ3); “Conhecer vizinhos e conviver com outras pessoas” (IQ5); “Foi muita boa a convivência e o companheirismo” (IQ7); “Mudei muito, não saía de casa, comecei a sair mais, a conviver mais com outras pessoas” (IQ2).

Estes testemunhos, ao evidenciarem que um dos benefícios mais significativos da intervenção foi ter proporcionado o convívio e o aumento da rede de relações interpessoais, a criação de novos significados e objetivos de vida, reativar uma participação social ativa e participativa e amenizar o isolamento e passividade da rotina doméstica, reforçam de algum modo o pensamento de autores como (RIBEIRO; MEDEIROS, 2016RIBEIRO, Carlos; MEDEIROS, Teresa. Educação sénior: a voz de estudantes adultos em idade avançada. In: MEDEIROS, Teresa (org.). (Re)pensar as pessoas idosas no século XXI. Ponta Delgada: Letras Lavadas, 2016. p. 241-264.; CALVO et al., 2017; PEREIRA; NEVES, 2011PEREIRA, Cláudia; NEVES, Rui. Os idosos na aquisição de competências TIC. Educação, Formação & Tecnologia, Monte de Caparica/Almada, v. 4, n. 2, p. 15-24, 2011.; PÉREZ TORNERO, 2013PÉREZ TORNERO, José Manuel. Comprender la alfabetizacíon digital: informe final EAC/76/03. Barcelona: UAB. 2013. Disponível em: http://www.gabinetecomunicacionyeducacion.com/files/adjuntos/Comprender%20la%20alfabetizaci_n%20digital_informe%20final_131204.pdf. Acesso em: 28 maio 2018.
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; CARMO; ZAZZETA, 2016), que entendem a aquisição de habilidades de literacia digital um fator importante na adaptação e integração social, de um modo especial dos adultos e idosos.

Considerações finais

Os resultados da presente intervenção educativa, embora não permitindo generalizações, dado o reduzido número da amostra e o fato de representarem dados de contexto, espaço e tempo determinados e limitados, parecem ir ao encontro da literatura ao evidenciarem a educação enquanto um instrumento poderoso para um envelhecimento bem-sucedido (SIMÕES, 2006SIMÕES, António. A nova velhice: um novo público a educar. Porto: Ambar, 2006.; VENTOSA, 2006VENTOSA, Victor. Perspectivas actuales de la animación sociocultural: cultura tiempo libre y participación cultural. Madrid: CCS, 2006.; OSÓRIO, 2008OSÓRIO, Augustín. Animação sociocultural na terceira idade. In: PEREIRA, José; VIEITES, Manuel; LOPES, Marcelino (coord.). A animação sociocultural e os desafios do século XXI..Chaves: Intervenção, 2008. p. 207-219.; PINTO, 2008PINTO, Maria da Graça. Da aprendizagem ao longo da vida ou do exemplo de uma relação ternária: agora, antes, depois. Porto: FLUP, 2008. (Cadernos de apoio pedagógico da FLUP).; JACOB; FERNANDES, 2011JACOB, Luís; FERNANDES, Hélder. Ideias para um envelhecimento ativo. Almeirim: Rutis, 2011., ANTUNES, 2016ANTUNES, Conceição. A educação na terceira idade. In: ANTUNES Conceição; LEANDRO, Engrácia (coord.). Envelhecimento: perspetivas, projetos e práticas inovadoras. V. N. Famalicão: Humus, 2016. p. 51-66.; ANTUNES; ABREU, 2017ANTUNES, Conceição; ABREU, Vanessa. As novas tecnologias na promoção do envelhecimento bem sucedido. Ensino e Tecnologia em Revista, Londrina, v. 1, n. 1, p. 3-15, jan. /jun, 2017. https://doi.org/10.3895/etr.v1n15885
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).

Neste enquadramento, em primeira instância, importa mencionar que um aspecto referido por outros autores, que também se confirma neste estudo, é o fato de a intervenção educativa promover um aumento de bem-estar nos participantes (NERI, 2006NERI, Anita. O legado de Paul B. Baltes à psicologia do desenvolvimento e do envelhecimento. Temas em Psicologia, Ribeirão Preto, v. 14, n. 1, p. 17-34, 2006.; YASSUDA; SILVA, 2010YASSUDA, Mônica; SILVA, Henrique. Participação em programas para a terceira idade: impacto sobre a cognição, humor e satisfação com a vida. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 27, n. 2, p. 207-214, 2010. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X201000020008
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; INOUYE et al., 2018). À semelhança dos autores acima referidos, também a intervenção educativa, aqui descrita, na medida em que promoveu oportunidades de novas aprendizagens; melhorou o funcionamento físico e mental; promoveu o convívio e o fortalecimento das redes de relações interpessoais e de afeto; possibilitou a reativação do sentimento de pertencimento e participação na comunidade, favorecendo a ressignificação das experiências e objetivos de vida, contribuiu para um aumento de bem-estar e maior satisfação com a vida.

Em segunda instância, os resultados permitem evidenciar que os seres humanos não só continuam a aprender mesmo na fase mais avançada da vida, como valorizam muito positivamente a participação em atividades de educação/aprendizagem. Estes resultados reforçam o movimento, já bastante presente nos dias de hoje, de estímulo à promoção e desenvolvimento de atividades educativas na terceira idade, fazendo jus à atual concepção de educação ao longo da vida proposta na literatura e em documentos nacionais e internacionais.

Em terceira instância, os resultados evidenciam, também, que a intervenção educativa favoreceu a promoção do convívio e o aumento da interação social, constituindo-se um importante fator de amenização das situações e sentimentos de isolamento e solidão, muito frequentes neste segmento da população. Neste sentido, e entendida como uma entre outras dinâmicas, a intervenção educativa contribuiu para amenizar dois problemas considerados como fatores de risco para a saúde da população idosa: o isolamento e solidão; tal como assinalam (BOSWORTH; SHAIE, 1997; FONTAINE, 2000FONTAINE, Roger. Psicologia do envelhecimento. Lisboa: Climepsi, 2000.; KRAUSE, 2001KRAUSE, Neal. Social support. In: BINSTOCK, Robert; GEORGE, Linda (ed.). Handbook of aging and the social sciences. San Diego: Academic Press, 2001. p. 272-294.; PAÚL; FONSECA, 2005PAÚL, Constança; FONSECA, Manuel. Envelhecer em Portugal: psicologia, saúde e prestação de cuidados. Lisboa: Climepsi, 2005.).

Em síntese, os resultados positivos do estudo corroboram a importância da intervenção educativa não formal junto à população idosa, enquanto instrumento promotor de conhecimentos e habilidades que capacitam para uma melhor adequação e adaptação ao processo de envelhecimento e velhice, constituindo mais uma experiência positiva que justifica a necessidade e urgência de reestruturação do sistema educativo, de forma a tornar-se capaz de promover a democratização da educação na e para a terceira idade, fator fundamental na promoção do envelhecimento bem-sucedido.

Tabela 1
Oficina de Informática
Tabela 2
Oficina Pedagógica e Vida Saudável
Tabela 3
Oficina Temática

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jul 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    19 Set 2019
  • Revisado
    02 Jun 2020
  • Aceito
    21 Jul 2020
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