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Devir-terra na literatura de ficção visionária de Jota Mombaça1 1 Este texto é um desdobramento da dissertação “Fabulação na arte contemporânea brasileira: cartografia de artistas visuais”, feita por Wes Viana e orientada por Ana Maria Pereira Lima no Mestrado Interdisciplinar em História e Letras (MIHL), da Universidade Estadual do Ceará (UECE). A dissertação foi defendida em 28 de abril de 2023.

Becoming-ground in Jota Mombaça’s visionary fiction literature

Devenir-tierra en la literatura de ficción visionaria de Jota Mombaça

Resumo

Partimos do território contestado da literatura brasileira contemporânea (Dalcastagnè, 2012DALCASTAGNÈ, Regina (2012). Um território contestado: literatura brasileira contemporânea e as novas vozes sociais. Iberic@l, Paris, n. 2, p. 13-18. Disponível em: https://iberical.sorbonne-universite.fr/wp-content/uploads/2012/03/002-02.pdf. Acesso em: 2 nov. 2021.
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), caracterizado por um apagamento histórico de mulheres escritoras, principalmente mulheres negras, para abordar um agravante nessas discussões: a invisibilidade de escritoras trans, travestis e não binárias na contemporaneidade da literatura brasileira. Diante desse problema, o nosso objetivo é cartografar o devir-terra na literatura de ficção visionária de Jota Mombaça (2021)MOMBAÇA, Jota (2021). Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó.. E, para isso, dividimos este artigo em três momentos. No primeiro, apresentamos o conceito “ficção visionária”, da escritora Walidah Imarisha (2016)IMARISHA, Walidah (2016). Reescrevendo o futuro: usando ficção científica para rever a justiça. In: 32ª Bienal de São Paulo. Disponível em: https://issuu.com/amilcarpacker/docs/walidah_imarisha_reescrevendo_o_fut. Acesso em: 18 ago. 2022.
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. No segundo, apresentamos o conceito “mundo ordenado”, da escritora Denise Ferreira da Silva (2019)FERREIRA DA SILVA, Denise (2019). A Dívida Impagável. São Paulo: Oficina de Imaginação Política; Living Commons; A Casa do Povo.. E no terceiro momento, analisamos o movimento de transição à terra, da escritora Jota Mombaça, a partir de dois capítulos do livro Não vão nos matar agora (Mombaça, 2021MOMBAÇA, Jota (2021). Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó.). Essa análise está entrelaçada com o conceito de “devir”, no texto “A literatura e a vida” (Deleuze, 1997DELEUZE, Gilles (1997). Crítica e clínica. São Paulo: Editora 34.). Baseada nessas discussões, a nossa hipótese é que a literatura de ficção visionária de Jota Mombaça anuncia às minorias que virão uma revolução molecular, com vista à descolonização do mundo colonial, capitalista e neoliberal; o fim do mundo como conhecemos.

Palavras-chave:
ficção visionária; literatura brasileira; minoria; devir

Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Programa de Pós-Graduação em Literatura, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília , ICC Sul, Ala B, Sobreloja, sala B1-8, Campus Universitário Darcy Ribeiro , CEP 70910-900 – Brasília/DF – Brasil, Tel.: 55 61 3107-7213 - Brasília - DF - Brazil
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