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Educação do Campo no Encontro Nacional de Educação Matemática (2013-2019)

RESUMO

Este artigo objetiva mapear publicações que tomam como objeto a Educação do Campo nos anais de três edições do Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM). Por meio de uma pesquisa bibliográfica qualitativa que considera procedimentos da análise de conteúdo, constata-se: aumento do número de produções sobre a Educação do Campo apesar da redução no total de publicações ao longo das três edições; predominância de experiências que revelam processos de ensino e aprendizagem (34,69%), seguida de formação de professores (28,57%), aspectos teóricos (24,49%) e conhecimentos matemáticos de camponeses (12,25%); enfoque em conteúdos/conceitos da matemática escolar apenas em 2019, considerando o cotidiano, principalmente, em situações financeiras.

Palavras-chave
Mapeamento; Análise de Conteúdo; Situações Financeiras

ABSTRACT

This article aims to map publications that take Countryside Education as their object on the records of three editions of the National Conference of Mathematics Education (ENEM, initials in Portuguese from Brazil). Through a qualitative bibliographical research that considers content analysis procedures, it could be verified: increase in the number of productions on Countryside Education despite the reduction in the total number of publications throughout the three editions; predominance of experiments that reveal processes of education and learning (34.69%), followed by teacher education (28.57%), theoretical aspects (24.49%) and mathematical skills of countryside people (12.25%); focus on content/concepts of school mathematics only in 2019, considering everyday life at school, mainly, in financial situations.

Keywords
Mapping; Content Analysis; Financial Situations

Introdução

O surgimento da Educação Matemática como campo profissional e científico se deve, pelo menos, a três fatos: à preocupação dos próprios matemáticos e de professores de matemática sobre a qualidade da divulgação/socialização das ideias matemáticas às novas gerações, ou seja, à melhoria de suas aulas, atualização e modernização do currículo escolar da Matemática; a iniciação de cursos de formação de professores em nível secundário, proposta por instituições europeias, no final do século XIX, contribuindo assim para constituir os primeiros especialistas universitários em ensino de Matemática; por fim, as pesquisas experimentais sobre processos de aprendizagem, desenvolvidas com crianças, desde o início do século XX, por psicólogos americanos e europeus (Kilpatrick, 1992KILPATRICK, Jeremy. Historia de la Investigación en Educación Matematica. In: KILPATRICK, Jeremy; RICO, Luis. Educación Matemática y Investigación. Madrid: Editorial Sonteses, 1992.).

Em 1958, a Sociedade Norte-Americana de Matemática direcionou estudos para o desenvolvimento de um novo currículo escolar, o que levou ao surgimento de grupos de pesquisa envolvendo matemáticos, educadores e psicólogos. A partir disso, também são implementados os primeiros programas de mestrado/doutorado em Educação Matemática, principalmente, nos Estados Unidos (Fiorentini; Lorenzato, 2006FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sergio. Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas: Autores Associados, 2006.).

Em 1959, na França, é realizada a Conferência Internacional pela Organização Europeia de Cooperação Econômica. Diante da preocupação com uma melhor qualificação técnica-científica, especialistas de vinte países discutiram propostas de mudança para o ensino de matemática da escola de nível médio, sendo estabelecidas as bases do Movimento da Matemática Moderna (MMM) (Miorim, 1998MIORIM, Maria Ângela. Introdução a História da Matemática. São Paulo: Atual, 1998.).

Desse modo, em nível internacional, nas décadas de 1950 e 1960, os estudos em Ensino de Matemática aumentaram significativamente, em decorrência do MMM. O MMM emergiu em função da Guerra Fria, bem como do afastamento entre o progresso científico-tecnológico e o currículo escolar, observado, depois da conclusão da 2ª Guerra Mundial (Fiorentini; Lorenzato, 2006FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sergio. Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas: Autores Associados, 2006.). Mas já que “[…] não produziu os resultados pretendidos, o movimento serviu para desmistificar muito do que se fazia no ensino da matemática e mudar – sem dúvida, para melhor – o estilo das aulas e das provas e para introduzir muitas coisas novas, […]” (D’ambrósio, 1996D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria à pratica. 12. ed. São Paulo: Papirus, 1996., p. 53).

No que tange ao contexto brasileiro, Miguel et al. (2004)MIGUEL, Antônio et al. A Educação Matemática: breve histórico, ações implementadas e questões sobre sua disciplinarização. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, UNESP, n. 27, p. 70-93, 2004. reiteram que o MMM teve importante contribuição no ensino e na pesquisa em Matemática, principalmente na década de 60, pois nessa época surgiram publicações de livros didáticos e cursos de formação continuada de professores. Cada vez mais a situação ficava favorável para que uma nova área de discussão fosse formada (Martins; Santos, 2016MARTINS, Juliana; SANTOS, Viviane de Oliveira. Educação Matemática no Brasil: perspectivas de sua constituição e periodização. In: D’AMBROSIO, Beatriz Silva; MIARKA, Roger (Org.). Clássicos na Educação Matemática Brasileira: múltiplos olhares. Campinas: Mercado de Letras, 2016. P. 71-126.). Assim, a partir da metade da década de 70, ocorrem, no Brasil, os primeiros indícios de constituição de outra perspectiva sobre o Ensino de Matemática, com a relevância atribuída ao ponto de vista sociocultural no processo de ensino e aprendizagem (Martins; Santos, 2016MARTINS, Juliana; SANTOS, Viviane de Oliveira. Educação Matemática no Brasil: perspectivas de sua constituição e periodização. In: D’AMBROSIO, Beatriz Silva; MIARKA, Roger (Org.). Clássicos na Educação Matemática Brasileira: múltiplos olhares. Campinas: Mercado de Letras, 2016. P. 71-126.).

Fiorentini e Lorenzato (2006)FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sergio. Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas: Autores Associados, 2006. destacam que a fase do “nascimento” da Educação Matemática no Brasil vai do início da década de 70 aos primeiros anos da década de 80. É a partir desse período que se começa o processo de produção em Ensino e/ou Educação Matemática em periódicos nacionais, bem como de projetos de pesquisa. De acordo com Miguel et al. (2004)MIGUEL, Antônio et al. A Educação Matemática: breve histórico, ações implementadas e questões sobre sua disciplinarização. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, UNESP, n. 27, p. 70-93, 2004., se o reconhecimento da área de Educação Matemática adviria, por um lado, da divulgação das pesquisas, por outro, se restringiam aos trabalhos para fins de titulação e a duas revistas, a saber: Bolema e Zétetikè2 2 Bolema foi criado em 1985 e vinculado a Unesp/Rio Claro; Zetetiké foi fundada em 1993 e vinculada a Faculdade de Educação/Unicamp. .

Outro marco na história brasileira foi a fundação da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM) em 1988, durante a realização do II Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM) em Maringá/PR, e os primeiros programas de pós-graduação. De acordo com Búrigo (2019)BÚRIGO, Elisabete Zardo. A Sociedade Brasileira de Educação Matemática e as Políticas Educacionais. Bolema, Rio Claro, UNESP, v. 33, n. 64, p. 7-26, 2019., com a multiplicidade e valorização das instâncias coletivas de debate implementadas com apoio da SBEM, pôde-se observar uma progressiva institucionalização das políticas educacionais.

Nos primeiros anos da SBEM, esses debates giravam em torno dos temas percebidos como relevantes nas práticas cotidianas dos educadores matemáticos – como a disputa de recursos para a pesquisa, e o reconhecimento da Educação Matemática pelas agências de fomento. Com o tempo, vão progressivamente se alargando, na direção dos temas que dizem respeito aos currículos, à formação de professores, alcançando até o tema mais geral do financiamento ou das finalidades gerais da educação escolar

(Búrigo, 2019BÚRIGO, Elisabete Zardo. A Sociedade Brasileira de Educação Matemática e as Políticas Educacionais. Bolema, Rio Claro, UNESP, v. 33, n. 64, p. 7-26, 2019., p. 21).

Nesse sentido, destacam-se também discussões promovidas nos grupos de trabalho (GT) da SBEM3 3 Em 2022, existem 15 grupos: GT1 – Matemática na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, GT2 – Educação Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, GT3 – Currículo e Educação Matemática, GT4 – Educação Matemática no Ensino Superior, GT5 – História da Matemática e Cultura, GT6 – Educação Matemática: Tecnologias Digitais e Educação a Distância, GT7 –Formação de professores que ensinam Matemática, GT8 – Avaliação em Educação Matemática, GT9 – Processos cognitivos e linguísticos em Educação Matemática, GT10 – Modelagem Matemática, GT11 – Filosofia da Educação Matemática, GT12 – Educação Estatística, GT13 – Diferença, Inclusão e Educação Matemática, GT14 – Didática da Matemática e GT15 – História da Educação Matemática. , dois deles possuem, em suas ementas, aspectos relacionados à Educação do Campo, a saber: o GT2 – Educação Matemática, nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, tem como foco “[…] a Educação de Jovens e Adultos, o Ensino Médio integrado à educação profissional, a Educação do Campo, a Educação Escolar Indígena, a Educação Escolar Quilombola e a Educação das Relações Étnico-Raciais” (Sbem, 2022SBEM. SOCIEDADE BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. GT02 - Educação Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Grupo de Trabalho. 2022. Disponível em: http://www.sbembrasil.org.br/sbembrasil/index.php/grupo-de-trabalho/gt/gt-02. Acesso em: 31 out. 2022.
http://www.sbembrasil.org.br/sbembrasil/...
, grifo nosso); bem como o GT3 – Currículo e Educação Matemática, em que são desenvolvidas pesquisas sobre papéis e efeitos em diferentes modalidades de ensino, dentre elas a Educação do Campo e também em diferentes etapas da escolaridade (Sbem, 2022SBEM. SOCIEDADE BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. GT02 - Educação Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Grupo de Trabalho. 2022. Disponível em: http://www.sbembrasil.org.br/sbembrasil/index.php/grupo-de-trabalho/gt/gt-02. Acesso em: 31 out. 2022.
http://www.sbembrasil.org.br/sbembrasil/...
).

Nesse contexto, este artigo objetiva mapear publicações que tomam como objeto a Educação do Campo nos anais de três edições do Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM), por meio de uma pesquisa bibliográfica qualitativa do tipo mapeamento que considera procedimentos da análise de conteúdo.

Educação Matemática e Educação do Campo

De acordo com Leite (2018, p. 46)LEITE, Kátia da Costa. Modelagem Matemática na Educação do Campo: tecendo novos caminhos. 2018. 220 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências Naturais e Matemática) – Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, 2018., um dos primeiros trabalhos em que se constatam aproximações entre a Educação Matemática e a Educação do Campo no Brasil é datado de 2003. Nessa produção, a etnomatemática foi tomada como alternativa para o ensino de matemática em uma escola de um assentamento do Movimento Sem Terra de Itapuí, localizado no município de Nova Santa Rita/RS. Entre os resultados, Knijnik (2003)KNIJNIK, Gelsa. Currículo, Etnomatemática e Educação Popular: um estudo em um assentamento do Movimento Sem Terra. Currículo sem Fronteiras, São Leopoldo, Unisinos, v. 3, n. 1, p. 96-110, 2003. indica que a “[…] perspectiva da Educação Matemática pode ser aliada na construção de um novo contexto formativo, melhor e mais coerente com a proposta de Educação do Campo”. Entretanto, após essa produção, poucas interlocuções teórico-práticas foram sistematizadas entre essas duas vertentes.

Uma das hipóteses para esse fato pode estar embasada na necessidade de, primeiramente, fundamentar a Educação do Campo no âmbito da Educação Matemática, para posteriormente, considerá-la em estudos específicos. A outra se refere ao momento histórico em relação às reivindicações e lutas de movimentos sociais e sujeitos do campo (Caldart et al., 2012CALDART, Roseli Salete et al. (Org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2012.), bem como às políticas públicas no âmbito da Educação do Campo. Isso porque, a partir de 2002, foram instituídas as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo que estabeleceram a garantia e o direito à educação para os camponeses (Brasil, 2002BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara De Educação Básica. Resolução nº 1, de 3 de abril de 2002. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2002. Disponível em: http://pronacampo.mec.gov.br/images/pdf/mn_resolucao_%201_de_3_de_abril_de_2002.pdf. Acesso em: 27 nov. 2021.
http://pronacampo.mec.gov.br/images/pdf/...
).

A Educação do Campo surgiu a partir de reivindicações de movimentos sociais e de sujeitos do campo que tinham objetivos e interesses visando:

[…] questões do trabalho, da cultura, do conhecimento e das lutas sociais dos camponeses e ao embate (de classe) entre projetos de campo e entre lógicas de agricultura que têm implicações no projeto de país e de sociedade e nas concepções de política pública, de educação e de formação humana

(Caldart et al., 2012CALDART, Roseli Salete et al. (Org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2012., p. 259).

Cabe ressaltar, ainda, que entre os marcos legais no âmbito da Educação do Campo, evidencia-se também a Resolução nº 2, de 2008, que estabelece orientações complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo (Brasil, 2008), bem como o Decreto n° 7.352, de 2010, que dispõe sobre a Política Nacional de Educação do Campo e sobre o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) (Brasil, 2010BRASIL. Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010. Dispõe sobre a política de educação do campo e o Programa de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2010. Seção 1. P. 1.).

Uma década depois do trabalho de Knijnik (2003)KNIJNIK, Gelsa. Currículo, Etnomatemática e Educação Popular: um estudo em um assentamento do Movimento Sem Terra. Currículo sem Fronteiras, São Leopoldo, Unisinos, v. 3, n. 1, p. 96-110, 2003., Barbosa, Carvalho e Elias (2013)BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. Educação do Campo nas 10 edições do Encontro Nacional de Educação Matemática: uma retrospectiva. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Anais […]. Guarapuava: Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2013. P. 1-15. apresentam um quadro inicial que aproxima estudos da Educação Matemática com a Educação do Campo, como objeto de estudo, para tanto, analisam os anais do ENEM no período de 1987 a 2010, totalizando 10 eventos. Entre os resultados desse mapeamento, constataram que a “[…] produção específica nessa temática é baixa (aproximadamente 0,3% do total) e, em grande parte dos trabalhos, os autores valorizam a conexão entre a realidade camponesa dos estudantes e o cotidiano escolar” (Barbosa; Carvalho; Elias, 2013BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. Educação do Campo nas 10 edições do Encontro Nacional de Educação Matemática: uma retrospectiva. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Anais […]. Guarapuava: Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2013. P. 1-15., p. 1).

Nesse mesmo ano, Lima e Lima (2013)LIMA, Aldinete Silvino de; LIMA, Iranete Maria da Silva. Educação Matemática e Educação do Campo: desafios e possibilidades de uma articulação. EM TEIA: Revista de Educação Matemática e Tecnologia Iberoamericana, Recife, UFPE, v. 4, n. 3, p. 1-10, 2013. publicaram um estudo com objetivo de refletir sobre indícios de interlocuções entre a Educação Matemática e a Educação do Campo apresentando três desafios: a não politização de projetos de Educação e de aulas de Matemática em escolas do Campo; a dificuldade de implementar uma educação emancipatória em um sistema educacional fundado em bases universalistas; a formação de professores de Matemática que, geralmente, desconsidera elementos políticos e sociais tanto nos processos formativos quanto em seu ensino.

Entre os resultados, Lima e Lima (2013, p. 1)LIMA, Aldinete Silvino de; LIMA, Iranete Maria da Silva. Educação Matemática e Educação do Campo: desafios e possibilidades de uma articulação. EM TEIA: Revista de Educação Matemática e Tecnologia Iberoamericana, Recife, UFPE, v. 4, n. 3, p. 1-10, 2013. consideram que o ensino de matemática deve contribuir para transformações sociais, o que significa tomar a “[...] História da Educação e das lutas dos povos camponeses, seu lugar de pertencimento e os ciclos produtivos, dentre outros elementos definidores desta escola”. Portanto, a matemática se coloca como um espaço que visa dialogar com os conhecimentos dos campesinos.

Nesse sentido, a Educação Matemática é relevante no contexto da Educação do Campo, pois pode “[…] promover a emancipação do sujeito com transformação social, postura crítica em sua visão de mundo, isso através dos processos educacionais, formais e não formais, que são oferecidos aos educandos nas escolas e em suas comunidades, associações, assentamentos, etc.” (Cavalcante, 2015CAVALCANTE, Nahum Isaque dos S. Educação Matemática nos Contextos de Educação do Campo: reflexões a partir de perspectivas teóricas. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2., 2015, Campina Grande. Anais […]. Campina Grande: CONEDU, 2015., s. p.).

Para tanto, é fundamental considerar aspectos interdisciplinares, pois a matemática estabelece uma relação com dimensões sociais dos sujeitos do campo. Além disso, Leite (2018)LEITE, Kátia da Costa. Modelagem Matemática na Educação do Campo: tecendo novos caminhos. 2018. 220 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências Naturais e Matemática) – Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, 2018. destaca outros dois pontos (Figura 1):

Figura 1
Pontos de aproximação entre a Educação do Campo e a Educação Matemática

Segundo Leite (2018)LEITE, Kátia da Costa. Modelagem Matemática na Educação do Campo: tecendo novos caminhos. 2018. 220 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências Naturais e Matemática) – Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, 2018., o primeiro ponto faz com que a Educação do Campo, articulada com a Educação Matemática, permita observar diferentes dimensões na construção de um conteúdo; o segundo ponto compreende que em processos de ensino e de aprendizagem devem ser apreciadas experiências e especificidades da vida do camponês, sendo que a motivação dos estudantes é maior quando o conteúdo está relacionado à sua realidade e suas experiências; o terceiro ponto considera que a Educação do Campo nasce de movimentos sociais que lutam por igualdade de classes, e, ao se discutir a Educação Matemática nesse espaço, deve-se contemplar diferentes dimensões como social, política e econômica, que são essenciais e desempenham um papel de conscientização política.

Aspectos Metodológicos

Este estudo segue uma abordagem qualitativa do tipo mapeamento ao buscar “[…] reconhecer os mais diversos fatores que se manifestam sobre os entes pesquisados; entender um fato, uma questão dentro de um cenário; servir-se do conhecimento produzido e reordenar alguns setores desse conhecimento” (Biembengut, 2008BIEMBENGUT, Maria Salett. Mapeamento na Pesquisa Educacional. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2008., p. 135). Desse modo, detalha-se o que já foi publicado sobre Educação do Campo no XI ENEM em 2013, XII ENEM em 2016, XIII ENEM em 2019, evidenciando “[…] quantos, quem e onde já fizeram algo a respeito, que avanços foram conseguidos e quais problemas estão em aberto para serem levados adiante” (Biembengut, 2008BIEMBENGUT, Maria Salett. Mapeamento na Pesquisa Educacional. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2008., p. 73).

Para compor o marco temporal, que contempla as três últimas edições do ENEM, considera-se como limitante inferior Barbosa, Carvalho e Elias (2013BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. Educação do Campo nas 10 edições do Encontro Nacional de Educação Matemática: uma retrospectiva. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Anais […]. Guarapuava: Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2013. P. 1-15.; 2014)BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. As Relações Estabelecidas Entre o Cotidiano Camponês e a Aula de Matemática: Análise da Produção Científica em 10 Edições do Encontro Nacional de Educação Matemática. EM TEIA: Revista de Educação Matemática e Tecnológica Iberoamericana, Recife, UFPE, v. 5, n. 2, p. 1-21, 2014.4 4 Cabe ressaltar que, além do mapeamento realizado por Barbosa, Carvalho e Elias (2013; 2014), existem os estudos de Lima e Lima (2017), Monteiro (2018; 2020). , que apreciaram os anais do ENEM entre 1987 e 2010, e como limitante superior o ano de realização da última edição do ENEM, em 2019. Optou-se por dar continuidade ao estudo supracitado, por considerar-se que o ENEM é o evento da área de Educação Matemática que conta com a participação de diversos segmentos profissionais e científicos: pesquisadores, docentes da Educação Básica e do Ensino Superior, bem como licenciandos em Matemática, Pedagogia e outros cursos afins, bem como da Pós-Graduação lato sensu e stricto sensu de distintas regiões do país (Enem, 2013ENEM. ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Apresentação. Curitiba: SBEM, 2013. Disponível em: http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.ws/anais/XIENEM/apresentacao.html. Acesso em: 1 jan. 2022.
http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.w...
).

Além disso, é um encontro relevante para a área da Educação Matemática no país, pois reúne o maior público e consequentemente um número significativo de produções. Em termos de variação do quantitativo de trabalhos publicados nos anais do ENEM (Gráfico 1), observa-se que as últimas quatro edições foram as mais expressivas, com ápice no XI ENEM, computando mais de dez vezes a quantidade total de trabalhos quando comparados com o I ENEM. Esse fato corrobora a pertinência e amplitude do evento para a comunidade de educadores matemáticos no Brasil.

Gráfico 1
Quantitativo de trabalhos publicados nos anais do Enem

Por fim, vale ressaltar que o período selecionado neste estudo abrange os anos das duas edições do Programa Nacional do Livro Didático do Campo (PNLD Campo), ou seja, 2013 e 2016. Esse programa distribuiu, para escolas do campo, livros didáticos destinados aos anos iniciais do Ensino Fundamental. Cada edição continha duas coleções, que contemplavam entre outros componentes curriculares, Alfabetização Matemática (1º ao 3º ano) e Matemática (4º ao 5º ano).

Para compor as análises qualitativas que apontam tendências e demandas de pesquisa que versam sobre Educação do Campo no ENEM, utilizam-se preceitos da análise de conteúdo que visa obter “[…] por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens” (Bardin, 2016BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016., p. 48). Esse método constitui-se por:

  1. pré-análise, que consiste na organização da pesquisa e definição do corpus;

  2. exploração do material, que é a definição das categorias (codificação) e identificação das unidades de registro (unidade de significação);

  3. tratamento dos resultados e interpretações, que condensa e destaca as informações para uma análise mais elaborada, reflexiva e crítica dos dados, incluindo quadros e gráficos (Bardin, 2016BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.).

Pré-análise

Por meio de uma primeira leitura flutuante dos anais dos três eventos, identificou-se que existiam trabalhos que versavam sobre a Educação do Campo, mas que não continham os termos de busca/filtros/verbetes elencados no mapeamento de Barbosa, Carvalho e Elias (2013BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. Educação do Campo nas 10 edições do Encontro Nacional de Educação Matemática: uma retrospectiva. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Anais […]. Guarapuava: Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2013. P. 1-15.; 2014)BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. As Relações Estabelecidas Entre o Cotidiano Camponês e a Aula de Matemática: Análise da Produção Científica em 10 Edições do Encontro Nacional de Educação Matemática. EM TEIA: Revista de Educação Matemática e Tecnológica Iberoamericana, Recife, UFPE, v. 5, n. 2, p. 1-21, 2014., ou seja, “educação do campo”, “educação rural”, “educação no campo”, “escola do campo”, “escola rural”, “educação popular”, “escola ativa”, “escola itinerante”, “assentamento”, “acampamento”, “agricultura”, “sem terra”, “MST”, “reforma agrária” e, também, adjetivos como “agrícola”, “camponês” e “rural”.

Por esse motivo, foram listados possíveis novos termos, e, posteriormente, foi analisada a pertinência de cada um em consonância com o disposto no Dicionário da Educação do Campo (Caldart et al., 2012CALDART, Roseli Salete et al. (Org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2012.). Desse modo, foram incluídos mais três verbetes: “campo”, “terra” e “campesino”, totalizando 20 filtros.

A identificação dos verbetes nos 5033 trabalhos ocorreu, inicialmente, pela análise do título das produções e, em seguida, do texto na íntegra. Nos anais do ENEM dos anos de 2013 e 2016 (ENEM, 2013ENEM. ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Apresentação. Curitiba: SBEM, 2013. Disponível em: http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.ws/anais/XIENEM/apresentacao.html. Acesso em: 1 jan. 2022.
http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.w...
; 2016ENEM. ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 12., 2016, São Paulo. Apresentação. São Paulo: SBEM, 2016. Disponível em: http://www.sbembrasil.org.br/enem2016/anais/apresentacao.html. Acesso em: 2 jan. 2022.
http://www.sbembrasil.org.br/enem2016/an...
), tais termos foram digitados, um a um, nos repositórios da página da web, por meio da utilização da ferramenta de localizar do navegador. Já em relação aos anais de 2019 (ENEM, 2019ENEM. ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 13., 2019, Cuiabá. Anais. Cuiabá: SBEM, 2019. Disponível em: https://www.sbemmatogrosso.com.br/xiiienem/anais.php. Acesso em: 2 jan. 2022.
https://www.sbemmatogrosso.com.br/xiiien...
), recorreu-se ao espaço de pesquisa disponível no site. Nesse sentido, corrobora-se com Mendes e Pereira (2021)MENDES, Luiz Otávio Rodrigues; PEREIRA, Ana Lúcia. Revisão Sistemática na Área de Ensino e Educação Matemática: análise do processo e proposição de etapas. Educação Matemática Pesquisa, São Paulo, PUC-SP, v. 22, n. 3, p. 196-228, 2021. que evidenciam que buscas em anais de eventos podem ser otimizadas quando eles estão armazenados em páginas da web, mas dependem muito de como os artigos são disponibilizados.

Com esse procedimento, obteve-se 49 trabalhos: 3 publicações no XI ENEM, realizado em Curitiba/PR (2013); 17 no XII ENEM em São Paulo/SP (2016) e 29 no XIII ENEM em Cuiabá/MT (2019). Essa tendência de crescimento na quantidade de publicações que tomam como objeto a Educação do Campo no ENEM não se reflete no total de produções das respectivas três edições, pois constata-se um decrescimento sucessivo como consta no Gráfico 1.

Dentre os autores que apresentaram maior quantitativo de produções, destacam-se Línlya Sachs (vinculada ao PPG Ensino de Matemática - Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e Iranete Maria da Silva Lima (atuante no PPG Educação Matemática e Tecnológica - Universidade Federal de Pernambuco).

A partir do tema “Retrospectivas e perspectivas da Educação Matemática no Brasil”, o XI ENEM buscou assim representar anseios de, ao mesmo tempo, visitar o passado de modo crítico e vislumbrar um futuro com propostas de uma melhor Educação Matemática em nosso país. Para tanto, quatro eixos foram organizados – Práticas Escolares, Formação de Professores, Pesquisa em Educação Matemática e História da Educação Matemática – sistematizados em quatro seções: comunicação científica, pôster, relato de experiência e mesa redonda.

No Quadro 1, apresenta-se, na primeira coluna, o código para a produção (P), na segunda o(s) autor(es) e o título da edição de 2013 com destaque para os verbetes de identificação.

Quadro 1
Corpus de análise (XI Enem-2013)

Dentre as três pesquisas selecionadas, predomina o verbete “educação do campo”, sendo que uma foi publicada na seção comunicação científica (P1) e as outras na seção pôster (P2 e P3). P1 e P2 buscam um aprofundamento teórico com articulações entre a Educação Matemática e a Educação do Campo por meio de um retrospecto histórico, considerando os anais do ENEM, e de um diálogo cujo objetivo é compreender os fenômenos intrínsecos ao ensino da matemática nas escolas do campo, respectivamente. Já P3, analisa e reflete sobre entraves revelados por estudantes de escolas rurais, em um contexto de transição, bem como expectativas evidenciadas pelos professores que atuam em tal contexto escolar.

O XII ENEM (Quadro 2) teve como tema A Educação Matemática na Contemporaneidade: desafios e possibilidades, colocando em discussão assuntos e tendências teórico-metodológicas que perpassam a Educação Matemática, seja como campo profissional, seja como campo científico. Nesse evento, as publicações foram agrupadas em comunicação científica, relato de experiência, pôster, minicurso e mesa redonda. Entre as 17 produções identificadas, 13 foram alocadas na seção comunicação científica (P4, P5, P6, P7, P8, P9, P10, P11, P12, P13, P14, P15 e P16), três na seção mesa redonda (P17, P18 e P19) e uma na seção relato de experiência (P20).

Quadro 2
Corpus de análise (XII Enem-2016)

O verbete “educação do campo” continua sendo mais frequente, enunciado no título de 11 estudos com a variação “educação no/do campo” (P4, P5, P6, P7, P8, P9, P10, P11, P15, P17, P18). No entanto, destaca-se que é a primeira edição do ENEM em que se observam algumas interligações literais entre a Educação Matemática e a Educação do Campo, por meio da composição de termos como “educação matemática do campo” (P13), “educação (matemática) do campo” (P16) e “educadores matemáticos do campo” (P14).

Além do verbete “escola rural”, já observado na edição de 2013, ainda se identificam “assentamento rural”, “educadores matemáticos do campo” e “escolas do campo”, o que pode indicar que nessa edição do ENEM houve uma ampliação de estudos com vistas a considerar o contexto relacionado com a Educação do Campo. Por esse motivo, emergem trabalhos que evidenciam processos de ensino e aprendizagem no âmbito escolar, destacando recursos didáticos, aspectos didático-pedagógicos, bem como de modo incipiente tendências teórico-metodológicas.

Nessa edição, é possível constatar o início de menções a processos formativos, em especial, a formação inicial no âmbito de cursos de licenciatura, revelando as primeiras publicações com temáticas voltadas para a formação de professores que atuam na Educação do Campo. Esse resultado pode estar relacionado ao fato de que “[…] os cursos começaram a formar as primeiras turmas com habilitação em Matemática justamente em 2016” (Lima; Lima, 2017LIMA, Aldinete Silvino de; LIMA, Iranete Maria da Silva. Formação de Professores de Matemática na Licenciatura em Educação do Campo: um olhar sobre as pesquisas. REMATEC: Revista Matemática, Ensino e Cultura, Belém, UFPA, v. 12, n. 25, p. 54-69, maio-ago. 2017., p. 60).

A edição do XIII ENEM foi realizada em 2019 na Arena Pantanal com a temática “Educação Matemática com as Escolas da Educação Básica: Interfaces entre pesquisas e salas de aula’’. Os anais do evento estão distribuídos em 25 subeixos nas seções palestras, mesas redondas e trabalhos premiados.

A partir da seleção, foram identificadas 29 produções (Quadro 3). Novamente, o verbete mais recorrente foi “educação do campo” (P41, P42, P44, P45, P46, P47, P48), mas, diferentemente das edições anteriores, em menor quantidade proporcional e sem variação, como houve na edição do ENEM de 2016.

Quadro 3
Corpus de análise (XIII Enem-2019)

Além disso, entre os resultados, observa-se o aumento significativo de estudos realizados no âmbito da sala de aula, pois identificam-se os seguintes verbetes em número expressivo de pesquisas: “escola do campo” (P37, P38, P40, P43, P49), “escola(s) rural(is)” (P25, P26, P29, P31, P35, P39), “escola família agrícola” (P34, P36), bem como em relação ao contexto agrícola: “comunidades rurais” (P21), “economia doméstica e rural” (P23), “campo” (P28, P30), “agricultura familiar” (P33), “agrícola(s)” (P27, P32), “terra” (P24) e “alunos campesinos” (P22).

A partir de uma análise comparativa dos dados dos Quadros 1, 2 e 3, constata-se indícios de que, na edição do ENEM de 2013, ocorreu uma iniciação para o estabelecimento de relações entre as duas áreas: Educação Matemática e Educação do Campo. Já na edição de 2016, o foco centrou-se na formação de professores, e, na edição de 2019, em práticas letivas com ênfase em conteúdos/conceitos da matemática escolar.

Diante de tal constatação, na segunda e terceira fase da análise de conteúdo, exposta na próxima seção, os 49 trabalhos serão apreciados em quatro categorias que foram constituídas a partir do agrupamento dos verbetes identificados, considerados como unidades de registro na perspectiva da análise de conteúdo, a saber: experiências em processos de ensino e aprendizagem; formação de professores e ação docente; interlocuções entre Educação Matemática e Educação do Campo; e conhecimentos matemáticos de camponeses. Além disso, o enfoque das produções de análise desse mapeamento aproxima-se das seis categorias estabelecidas por Monteiro (2018)MONTEIRO, Carlos Eduardo Ferreira. Educação Matemática na Educação do Campo: reflexões a partir de pesquisas recentes. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 5., 2018, Belém. Anais […]. Belém: SBHMat; SBEM-Pará, 2018..

Exploração do Material e Tratamento dos Resultados e Interpretações

A distribuição das publicações nas quatro categorias evidencia a predominância de estudos que versam sobre “Experiências em processos de ensino e aprendizagem” (Quadro 4). Nessa categoria, observam-se pesquisas que se centram em estudantes da Educação Básica, bem como na utilização de diferentes tendências e/ou metodologias de ensino, a saber: etnomatemática (P15, P29, P32, P34, P35, P36, P37, P47, P49), modelagem matemática (P46), matemática crítica (P15), resolução de problemas (P31), interdisciplinaridade (P34, P47), recursos didáticos (P40) e tecnológicos (P38), alternância pedagógica (P36), oficinas (P25, P37) e olimpíadas matemáticas (P20). Além disso, P3 e P22 trazem reflexões sobre alunos oriundos do campo inseridos em escolas urbanas, discutindo, por exemplo, sobre deslocamentos em longas distâncias para ter acesso ao ensino.

Quadro 4
Distribuição das produções quanto às categorias

A categoria “Formação de professores e ação docente” envolveu produções que analisaram projetos políticos pedagógicos e/ou matrizes curriculares dos cursos de licenciatura em Educação do Campo (P5, P7, P10, P42); que possuem como sujeitos licenciandos em Educação do Campo, para identificar e compreender quais letramentos e práticas de letramento estão presentes no desenvolvimento curricular de uma disciplina que contempla o conteúdo de funções (P9); que verificam reflexões sobre processos de aprendizagem de um conceito, a partir de aulas que enfatizam investigações matemáticas (P11); que problematizam a constituição do educador matemático do campo em espaços/lugares formativos no tempo comunidade e tempo universidade (P14); que identificam e analisam modos de compreensão sobre uma proposta curricular relacionada tanto com a formação, quanto com as práticas de ensinar matemática no contexto campesino (P16); que dão visibilidade a uma atividade de modelagem que visa analisar situações vinculadas às práticas cotidianas dos alunos (P45).

Além disso, nessa categoria, há publicações que possuem professores como sujeitos (P39, P41), outra relacionada com uma extensão universitária (P25), e uma que destaca desafios da contemporaneidade (P8). Mesmo centrando-se em discutir a formação docente, observam-se pesquisas que abordam tendências teórico-metodológicas de ensino, como a etnomatemática (P5 e P9), a educação matemática crítica (P7, P42), as investigações matemáticas (P11), a alternância pedagógica (P7, P19, P42) e a modelagem matemática (P45).

Na categoria “Interlocuções entre Educação Matemática e Educação do Campo”, foram identificadas produções que buscaram refletir articulações entre as áreas por meio da abordagem educação matemática crítica (P2, P4, P6 e P43), Etnomatemática (P44), da modelagem matemática (P30), de educação em valores e para a cidadania (P17). Mas, também, foram observados estudos que versam sobre livros didáticos disponibilizados para escolas do campo (P18, P28 e P43), mapeamento (P1), análise de um capítulo da obra Rechenbuch Für Deutsche Schulen in Brasillien (P23) e discussões referentes à inexequibilidade de desenvolvimento da Educação do Campo em uma determinada cidade (P48).

A categoria com menor índice de ocorrência trata de “Conhecimentos matemáticos de camponeses” explorados em diferentes contextos: comunidades ribeirinhas (P13, P27), assentamento rural (P12), comunidades rurais (P21), território quilombola (P24) e agricultura familiar (P33). As pesquisas apontam que as práticas socioculturais subsidiam a constituição de fontes que promovem conhecimentos socioculturais, consequentemente potencializam o ensino de matemática e, consequentemente, o melhor desenvolvimento escolar dos alunos. Além disso, são observadas investigações na perspectiva da etnomatemática (P12, P21, P24, P27 e P33), apresentando-a como uma alternativa que permite estabelecer relações entre saberes campesinos e escolares, em especial, o contexto agrícola na área de matemática.

Diante do exposto, verifica-se que em todas as quatro categorias houveram aproximações com as tendências teóricas e metodológicas da Educação Matemática, principalmente, a etnomatemática. Esse fato pode contribuir para a compreensão da realidade e das especificidades camponesas em sala de aula no que tange ao estudo de conteúdos/conceitos matemáticos (Cavalcante, 2015CAVALCANTE, Nahum Isaque dos S. Educação Matemática nos Contextos de Educação do Campo: reflexões a partir de perspectivas teóricas. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2., 2015, Campina Grande. Anais […]. Campina Grande: CONEDU, 2015.).

Dentre os resultados, ainda, se identifica, somente a partir do ENEM 2019ENEM. ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 13., 2019, Cuiabá. Anais. Cuiabá: SBEM, 2019. Disponível em: https://www.sbemmatogrosso.com.br/xiiienem/anais.php. Acesso em: 2 jan. 2022.
https://www.sbemmatogrosso.com.br/xiiien...
, 10 publicações (34,48% desta edição) que abordaram conteúdos/conceitos da matemática escolar contextualizados no cotidiano e referente a cinco unidades temáticas, conforme a distribuição exposta no Quadro 5.

Quadro 5
Distribuição das produções quanto à unidade temática

A partir da análise do Quadro 5, observa-se que as situações financeiras subsidiaram discussões em duas unidades temáticas (álgebra e números) e é o contexto com maior índice de incidência. Diante do exposto, volta-se o olhar para as quatro produções (P23, P29, P30, P45) que versam sobre o processo de ensino e aprendizagem de conteúdos/conceitos contextualizados a partir de situações financeiras, considerando argumentos matemáticos e/ou não matemáticos.

P23 analisa a obra Rechenbuch Für Deutsche Schulen in Brasillien 2º Heft, de Mateus Grümm, que aborda cálculos de economia doméstica e rural com o intuito de auxiliar no controle de aspectos comerciais – receitas e despesas, financeiros – orçamentos e gerenciamento das produções no meio rural. P29 busca analisar a aprendizagem de conteúdos/conceitos de matemática, considerando as experiências dos estudantes, em especial de matemática financeira.

P45, por sua vez, busca dar visibilidade a uma atividade de modelagem matemática por meio de um relato que descreve atividades elaboradas por dois grupos de licenciados em Educação do Campo, envolvendo práticas relacionadas às produções e vendas (gasto, receita e lucro) de bolos e plantas ornamentais. E P30, relata atividades desenvolvidas na pesquisa denominada “Modelagem Matemática na Educação do Campo: visibilidade de saberes locais”, cuja autora é coordenadora. Em P45 e P30, entende-se que a modelagem matemática se caracteriza como um ambiente propício para debates sobre práticas sociais do campo, tomando como ponto de partida saberes dos campesinos, evidenciando matemáticas próprias que podem se aproximar ou subsidiar saberes acadêmicos.

P29 também busca aproximações entre a Educação Matemática e a Educação do Campo através da etnomatemática discutindo problemas cotidianos, vivenciados por sujeitos que pertencem a distintos grupos culturais. Além disso, o artigo considera que trabalhos pedagógicos com conteúdos da Educação Financeira são relevantes para a promoção da cidadania, uma vez que contribuem para a tomada de decisão frente a situações comerciais e financeiras.

Por fim, P23 não faz referência a uma tendência teórico-metodológica específica, mas caracteriza-se como um estudo no âmbito da história da educação matemática, ao analisar um livro que apresenta vivências cotidianas de caráter prático e utilitário. Além disso, ressalta que tais ações, contemporaneamente, fariam parte da denominada Educação Financeira, pois, a partir da proposta da obra, não eram realizados apenas somente o cálculo pelo cálculo.

Esse resultado, aliado ao fato de identificar que P43 também analisa livros didáticos no contexto da Educação do Campo - considerando a unidade temática estatística - aponta para a importância desse recurso, bem como de programas governamentais que subsidiam a produção e distribuição de livros, como é o caso do PNLD Campo. Entretanto, Cavalcanti e Carvalho (2021, p. 15)CAVALCANTI, Ana Paula de Holanda; CARVALHO, Waldênia Leão de. A Educação do Campo no Cenário da Política Educacional Brasileira: breve histórico. Temas em Educação, João Pessoa, UFPB, v. 30, n. 2, p. 1-18, 2021. assinalam que nos dias atuais ocorre um

[…] retrocesso de algumas ações e programas, como a extinção do livro didático para as escolas campo, na tentativa de uniformizar o ensino em todo o país, conforme prerrogativas estabelecidas pela BNCC, desconsiderando, em termos curriculares, as especificidades de cada modalidade de ensino.

Desse modo, torna-se imprescindível desenvolver outros estudos que apreciem livros didáticos à luz de aportes teórico-metodológicos da Educação do Campo, da Educação Matemática e de inter-relações observadas neste estudo.

Considerações Finais

Nesta pesquisa, foram analisadas 49 produções identificadas em três edições do ENEM (2013ENEM. ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Apresentação. Curitiba: SBEM, 2013. Disponível em: http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.ws/anais/XIENEM/apresentacao.html. Acesso em: 1 jan. 2022.
http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.w...
, 2016ENEM. ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 12., 2016, São Paulo. Apresentação. São Paulo: SBEM, 2016. Disponível em: http://www.sbembrasil.org.br/enem2016/anais/apresentacao.html. Acesso em: 2 jan. 2022.
http://www.sbembrasil.org.br/enem2016/an...
, 2019)ENEM. ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 13., 2019, Cuiabá. Anais. Cuiabá: SBEM, 2019. Disponível em: https://www.sbemmatogrosso.com.br/xiiienem/anais.php. Acesso em: 2 jan. 2022.
https://www.sbemmatogrosso.com.br/xiiien...
, utilizando 17 verbetes contidos em Barbosa, Carvalho e Elias (2013BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. Educação do Campo nas 10 edições do Encontro Nacional de Educação Matemática: uma retrospectiva. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Anais […]. Guarapuava: Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2013. P. 1-15.; 2014)BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. As Relações Estabelecidas Entre o Cotidiano Camponês e a Aula de Matemática: Análise da Produção Científica em 10 Edições do Encontro Nacional de Educação Matemática. EM TEIA: Revista de Educação Matemática e Tecnológica Iberoamericana, Recife, UFPE, v. 5, n. 2, p. 1-21, 2014. e outros três observados nas publicações atuais e no Dicionário da Educação do Campo (Caldart et al., 2012CALDART, Roseli Salete et al. (Org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2012.). Desse modo, foi realizada uma atualização dos dados obtidos por Barbosa, Carvalho e Elias (2013BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. Educação do Campo nas 10 edições do Encontro Nacional de Educação Matemática: uma retrospectiva. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Anais […]. Guarapuava: Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2013. P. 1-15.; 2014)BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. As Relações Estabelecidas Entre o Cotidiano Camponês e a Aula de Matemática: Análise da Produção Científica em 10 Edições do Encontro Nacional de Educação Matemática. EM TEIA: Revista de Educação Matemática e Tecnológica Iberoamericana, Recife, UFPE, v. 5, n. 2, p. 1-21, 2014. a partir da constituição de quatro categorias: experiências em processos de ensino e aprendizagem; formação de professores e ação docente; interlocuções entre Educação Matemática e Educação do Campo; e conhecimentos matemáticos de camponeses.

Constata-se que na edição do ENEM de 2013 ocorreu um certo “início” para o estabelecimento de relações entre estas duas áreas: Educação Matemática e Educação do Campo. Isso porque, dos três estudos identificados nessa edição do evento, dois deles versam sobre aspectos teóricos. Já na edição de 2016, o foco centra-se na formação de professores, pois das 17 produções identificadas, nove foram categorizadas em Formação de Professores e ação docente. Por fim, na edição de 2019, o foco é em práticas letivas com ênfase em conteúdos/conceitos da matemática escolar, sendo 14 dos 29 trabalhos nessa edição do evento.

Por meio do estudo realizado, foi possível identificar que nenhuma das produções trata especificamente dos livros didáticos do PNLD Campo. Nesse sentido, são pesquisas a serem considerados com vistas a contemplar os conteúdos/conceitos de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, pode-se apontar perspectivas para novas investigações que considerem outros repositórios de busca, como, por exemplo, outros eventos na área da Educação Matemática, a saber: Ebrapem, Sipem, Fórum das licenciaturas etc. Como também investigações da próxima edição do ENEM (XIV), que irá abordar o tema “Educação Matemática, Escola e Docência – o que nos trouxe Ubiratan D’Ambrosio” e será realizado de forma virtual em 2022.

Notas

  • 1
    O presente artigo faz parte de estudos realizados no âmbito do grupo de pesquisa EMgep/UFSM – Educação Matemática: grupo de estudos e pesquisas vinculado à Universidade Federal de Santa Maria.
  • 2
    Bolema foi criado em 1985 e vinculado a Unesp/Rio Claro; Zetetiké foi fundada em 1993 e vinculada a Faculdade de Educação/Unicamp.
  • 3
    Em 2022, existem 15 grupos: GT1 – Matemática na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, GT2 – Educação Matemática nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, GT3 – Currículo e Educação Matemática, GT4 – Educação Matemática no Ensino Superior, GT5 – História da Matemática e Cultura, GT6 – Educação Matemática: Tecnologias Digitais e Educação a Distância, GT7 –Formação de professores que ensinam Matemática, GT8 – Avaliação em Educação Matemática, GT9 – Processos cognitivos e linguísticos em Educação Matemática, GT10 – Modelagem Matemática, GT11 – Filosofia da Educação Matemática, GT12 – Educação Estatística, GT13 – Diferença, Inclusão e Educação Matemática, GT14 – Didática da Matemática e GT15 – História da Educação Matemática.
  • 4
    Cabe ressaltar que, além do mapeamento realizado por Barbosa, Carvalho e Elias (2013BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. Educação do Campo nas 10 edições do Encontro Nacional de Educação Matemática: uma retrospectiva. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 11., 2013, Curitiba. Anais […]. Guarapuava: Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2013. P. 1-15.; 2014)BARBOSA, Línlya Natássia Sachs Camerlengo de; CARVALHO, Diego Fogaça; ELIAS, Henrique Rizek. As Relações Estabelecidas Entre o Cotidiano Camponês e a Aula de Matemática: Análise da Produção Científica em 10 Edições do Encontro Nacional de Educação Matemática. EM TEIA: Revista de Educação Matemática e Tecnológica Iberoamericana, Recife, UFPE, v. 5, n. 2, p. 1-21, 2014., existem os estudos de Lima e Lima (2017)LIMA, Aldinete Silvino de; LIMA, Iranete Maria da Silva. Formação de Professores de Matemática na Licenciatura em Educação do Campo: um olhar sobre as pesquisas. REMATEC: Revista Matemática, Ensino e Cultura, Belém, UFPA, v. 12, n. 25, p. 54-69, maio-ago. 2017., Monteiro (2018MONTEIRO, Carlos Eduardo Ferreira. Educação Matemática na Educação do Campo: reflexões a partir de pesquisas recentes. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 5., 2018, Belém. Anais […]. Belém: SBHMat; SBEM-Pará, 2018.; 2020)MONTEIRO, Carlos Eduardo Ferreira. Relações entre Educação Matemática e Educação do Campo: análise de publicações recentes. REMATEC: Revista de Matemática, Ensino e Cultura, Belém, UFPA, v. 15, n. 36, p. 108-129, 2020..

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    » http://www.sbembrasil.org.br/sbembrasil/index.php/grupo-de-trabalho/gt/gt-02
Editora responsável: Lodenir Karnopp

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Abr 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    20 Fev 2022
  • Aceito
    24 Ago 2022
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