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De pai para filho: transmissão, permanência e mudança em “A terceira margem do rio”, de João Guimarães Rosa1 1 O presente artigo é fruto do trabalho de pesquisa Figurações da família na literatura brasileira do século XX, desenvolvido entre agosto de 2019 e janeiro de 2020 graças a uma bolsa do Programa Ano Sabático do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP).

RESUMO

O artigo desenvolve uma reflexão sobre as “cadeias de transmissão” implicadas nas narrativas de Guimarães Rosa. Trata, nesta perspectiva, dos “causos” narrados oralmente pelos viajantes sertanejos na venda do sr. Florduardo Rosa, pai do romancista, que foram transmitidos a ele através da correspondência trocada entre os dois e posteriormente refundidos em suas estórias. Os processos de permanência e mudança nessa cadeia de transmissão das narrativas que inclui o trabalho literário e os leitores são aproximados dos transtornos da transmissão entre o pai, o filho, a estória e seus leitores no conto “A terceira margem do rio”. A argumentação utiliza-se de um referencial tomado à “psicanálise dos vínculos”, que pensa a família como espaço privilegiado da transmissão de mensagens entre as gerações. Com base nesse referencial teórico, a autora considera que a mensagem indecifrável legada pelo pai - o motivo de ele abandonar a família e isolar-se na canoa, sem efetivamente partir para lugar nenhum - teria calado o filho, mas se tornado narrativa, deslocando a cadeia de transmissão do filho para o texto literário e seus leitores.

PALAVRAS-CHAVE:
Guimarães Rosa; A terceira margem do rio; Transmissão geracional

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