RESUMO.
Estudos em nível populacional que investiguem a incidência de queixa na memória durante a pandemia de COVID-19 são escassos.
Objetivo:
Nosso objetivo foi examinar a incidência de queixa na memória, ao longo de 15 meses durante a pandemia de COVID-19, em adultos do Sul do Brasil.
Métodos:
Foram analisados dados da coorte Estudo Prospectivo sobre Saúde Mental e Física em Adultos (PAMPA), um estudo longitudinal com adultos residentes no Sul do Brasil. Um questionário autoadministrado online foi usado para avaliar a memória autorreferida. Os participantes classificaram sua memória como excelente, muito boa, boa, regular ou ruim. A queixa na memória incidente foi definida como pior percepção de memória desde a linha de base até o acompanhamento. Modelos de risco proporcional de Cox foram usados para identificar fatores associados ao aumento do risco de queixa na memória incidente.
Resultados:
Durante o seguimento, observou-se incidência cumulativa de 57,6% para queixa na memória. Sexo feminino (hazard ratio — HR 1,49; intervalo de confiança — IC 95% 1,16–1,94), falta de acesso ao medicamento prescrito (HR: 1,54; IC95% 1,06–2,23) e sintomas de ansiedade (HR: 1,81; IC95% 1,49–2,21) foram associados a risco aumentado de queixa na memória incidente. A prática regular de atividade física foi vista como fator protetor (HR: 0,65; IC95% 0,57–0,74).
Conclusões:
Desde a pandemia de COVID-19, seis em cada dez adultos no Sul do Brasil desenvolveram queixa na memória. Fatores como sexo e falta de medicamentos aumentaram o risco de queixa na memória incidente. A atividade física reduziu o risco de queixa na memória incidente durante a pandemia de COVID-19.
Palavras-chave:
COVID-19; Saúde Mental; Memória; Disfunção Cognitiva