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Cidade nômade: contribuições de Néstor Perlongher para os estudos urbanos *

The Nomadic City: Néstor Perlongher’s Contributions to Urban Studies

Resumo

Neste artigo, abordamos a obra antropológica de Néstor Perlongher privilegiando sua inserção nos debates da então emergente antropologia urbana brasileira e considerando sua fortuna crítica em pesquisas recentes que revisitaram uma de suas problemáticas centrais, voltada à articulação entre território, corporalidade e desejo. Juntamo-nos à celebração do legado da breve e intensa obra de Perlongher, chamando a atenção para a importância dos estudos de diversidade sexual e de gênero para o campo mais geral dos estudos urbanos nas ciências sociais, ao mesmo tempo em que problematizamos as apropriações desse legado em pesquisas recentes.

Néstor Perlongher; Antropologia urbana; Territorialidade; Desejo; Cidade

Abstract

In this article we address the anthropological work of Néstor Perlongher emphasizing his insertion in the debates of the emergent Brazilian urban anthropology and considering his critical fortune in recent research that revisited one of its central issues, focused on the articulation between territory, corporality and desire. We join in the celebration of the legacy of Perlongher's brief and intense work, drawing attention to the significance of sexual and gender diversity studies for the more general field of urban studies in the social sciences, while problematizing the uses of this legacy in recent research.

Néstor Perlongher; Urban anthropology; Territoriality; Desire; City

O negócio do michê , de Nestor Perlongher, fruto de uma dissertação de mestrado em Antropologia Social defendida na Unicamp em 1986 e publicada pela primeira vez em 1987, é um marco nos estudos antropológicos de sexualidade e gênero no Brasil. Menos reconhecida, talvez, é a notável contribuição desta magistral combinação de etnografia densa e brilhante ensaio intelectual para a antropologia urbana brasileira. Neste breve artigo, abordaremos o trabalho de Perlongher privilegiando sua inserção nos debates da então emergente antropologia urbana brasileira e considerando a fortuna crítica de sua obra em pesquisas recentes que revisitaram sua problemática central, voltada à articulação entre território, corporalidade e desejo. Nesse sentido, nos unimos à celebração do legado da breve e intensa obra de Perlongher, chamando a atenção para a importância dos estudos de diversidade sexual e de gênero para o campo mais geral dos estudos urbanos nas ciências sociais, ao mesmo tempo em que problematizamos as apropriações desse legado em pesquisas recentes.

O período em que Néstor Perlongher aporta em território nacional e passa a se aproximar do ambiente acadêmico é reconhecido como de profícua reflexão sobre a efervescência política e social do processo de reabertura política. O final dos anos de 1970 e 1980 é um momento de reconfiguração e rearticulação dos movimentos sociais e partidos políticos, culminando com a revogação do Ato Institucional nº 5, o decreto mais repressivo às liberdades políticas desde 1964 por parte dos governos militares. O próprio Perlongher chegara a São Paulo fugindo da violenta perseguição da ditadura militar argentina1 1 Em texto de 1983 ( Perlongher, 1997 ), o autor de refere aos éditos policiais de controle dos usos e permanência de certos tipos sociais no espaço público sob a justificativa de reprimir “atentado[s] contra a decência pública” (p. 26) com possibilidade de prisão ou “internação curativa” em caso de confirmação de doença venérea a partir do Regulamento Policial de Contravenções de 1949, na Argentina. Visando coibir a prostituição e a expressão de sexualidades e identidades de gênero dissidentes, prática semelhante também ocorreu em São Paulo com as ações do delegado Richetti na região central da cidade sob a “lei da vadiagem” (artigo 59 do decreto-lei 3688 de 1941) na exigência do porte da Carteira de Trabalho e Previdência Social quando da permanência em espaço público ( Quinalha, 2021 ). após contínua perseguição que culminara com prisões sucessivas e espancamento.

O Brasil do final dos anos 1970, apesar do contexto ditatorial, passava por grandes eventos que apontavam transformações em direção à abertura política, como as greves do ABC, o crescimento das organizações associativas nas periferias, as articulações de grupos feministas e em defesa dos direitos das mulheres, os movimentos negros e os grupos em defesa dos direitos dos homossexuais. O Somos – Grupos de Afirmação Homossexual, por exemplo, fora fundado em 1978 em São Paulo, mesmo ano da criação do jornal Lampião da Esquina2 2 MacRae (2018) narra o inquérito aberto pela polícia fluminense contra os editores do jornal por ir contra a “moral e os bons costumes” e aponta como, apesar de um ambiente de maior abertura política e social, ainda ocorriam ações de censura e intimidação. , publicação nacional editada por militantes, artistas e intelectuais cujo conteúdo destacava a perseguição contra homossexuais e promovia um espaço de expressão e sociabilidade entre seus leitores. Dois anos antes, em 1976, a Frente de Liberação Homossexual (FLH) argentina, grupo do qual Perlongher fizera parte desde 1972, havia se dissolvido por conta da intensa perseguição do general Videla, primeiro presidente após o golpe civil-militar daquele mesmo ano.3 3 Perlongher (1997) , em ensaio retrospectivo sobre a Frente de Liberação Homossexual publicado em 1985, narra a aproximação da FLH ao governo de Juan Domingo Perón em 1973, sucedendo um período de governos civil-militares (1966-1970), e a manutenção de um clima de perseguição às minorias sexuais no que aponta com uma “Campanha de Moralidade” com sucessivas batidas policiais. Segundo aponta, houve uma continuidade e acirramento deste ambiente na transição para um novo governo militar no final da década de 1970.

A título de ilustração desse contraste parcial entre os contextos destacados acima, em artigo de 1983 Edward MacRae nota o que classifica como uma “explosão do comportamento homossexual”, anteriormente rechaçado e que, naquele momento, passava “a ter respaldo em várias esferas da sociedade” (Macrae, 2018:51). O antropólogo se referia, especialmente, às expressões públicas de afeto entre homens nas áreas centrais da cidade de São Paulo, área em que se realizavam os encontros do Grupo Somos sobre o qual realizara sua pesquisa de doutorado, publicada alguns anos depois.4 4 MacRae iniciou sua pesquisa como dissertação de mestrado, na Unicamp, em 1978, sob a orientação de Peter Fry. Em 1981, transferiu-se para o doutorado em antropologia na USP, passando para a orientação de Eunice Ribeiro Durham. lntitulada “O militante homossexual no Brasil da Abertura” e defendida em 1986, a tese de MacRae foi reescrita e publicada pela primeira vez em 1990 pela Editora da Universidade Estadual de Campinas, sob o título de “A construção a igualdade”. Foi reeditada pela Editora da Universidade Federal da Bahia (EdUFBA) em 2018, incluindo outros artigos escritos pelo autor na mesma época.

Tanto o trabalho de MacRae como o de Perlongher foram produzidos dentro do novo sistema de pós-graduação implantado a partir do “Parecer Sucupira” de 1965 e da reforma universitária de 1968.5 5 Trata-se do Parecer 977/1965 elaborado pelo então Secretário de Ensino Superior, Newton Sucupira, e da Lei 5.540/1968. Para um apanhado das mudanças na institucionalização da antropologia como efeito dessas diretrizes, ver Corrêa (2013) . Para uma visão processual mais ampla da institucionalização da antropologia no Brasil, ver Trajano Filho e Ribeiro (2004); Simião e Feldman-Bianco (2018) . Os dois primeiros mestrados em Antropologia Social organizados nessas novas bases foram o do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 1968, e o da recém-criada Universidade Estadual de Campinas, em 1969. Foram os dois centros mais importantes para a produção de pesquisas de antropologia da sexualidade e gênero no Brasil nos anos 1970 e 1980, como um desdobramento minoritário da linha de pesquisa em “antropologia urbana” – que era então um rótulo amplo para designar tudo o que recaía fora das especializações reconhecidas de pesquisa antropológica, ou seja, “etnologia indígena”, “antropologia das populações afro-brasileiras”, “antropologia rural” e “teoria antropológica”.

A rede de antropologia das populações urbanas nos anos 1970 concentrava-se predominantemente no Sudeste e Sul e reunia pesquisadores em torno de Ruth Cardoso e Eunice Durham, na USP; Peter Fry e Antonio Augusto Arantes, na Unicamp; Gilberto Velho, no Museu Nacional/ UFRJ; e Ruben Oliven, na UFRGS. Essa rede de pesquisadores preocupava-se especialmente com diversidade e heterogeneidade de práticas e estilos de vida observados na cidade, em interfaces com temas legitimados na disciplina (família, parentesco, religião, ritual, festa, lazer) trabalhando principalmente com segmentos de classes baixas e médias, com um olhar especial para os “novos atores políticos” em ascensão no período de abertura democrática. Organizações de mulheres moradoras de favelas ou das periferias, as relações de trabalho e os arranjos familiares, associações ligadas a festividades, esportes e lazer, a violência contra a mulher, a forma pela qual moradores de periferias urbanas significavam e vivenciavam a política – assim como prostituição e a emergência de estilos de vida, expressões religiosas e movimentos políticos associados a gênero e sexualidade – passaram a figurar como temas de destaque na chamada “antropologia urbana”.

A vantagem da perspectiva presente nos permite afirmar que questões de gênero e sexualidade há muito tiveram um lugar importante na pesquisa em antropologia urbana no Brasil. No entanto, esse lugar nem sempre é reconhecido nas revisões ou balanços críticos na temática. Isso pode ser ilustrado pela avaliação do próprio trabalho de Perlongher. Como bem nota Adriana Piscitelli, neste volume, as contribuições originais de O negócio do Michê , tanto do ponto de vista teórico como etnográfico, só ganharam mais legitimidade nos estudos de gênero e sexualidade à medida que esse próprio campo se alargou, nos anos 2000 em diante, e passou a reconhecer o pioneirismo de Perlongher em seu tratamento da questão da produção do desejo em conexão com o que viemos a chamar então de marcadores sociais da diferença. Em revisões de antropologia urbana, o trabalho é eventualmente citado, mas apenas pontualmente sua contribuição é considerada como parte constitutiva do arsenal teórico e etnográfico do campo. Este artigo também é um esforço no sentido de alterar esse panorama.

Contribuições teórico-metodológicas de Perlongher ao debate sobre a cidade

O debate sobre o escopo da antropologia urbana – se há métodos ou formulações teóricas próprios a esse fazer antropológico e o quanto se está tratando de antropologia ou de sociologia – é extenso e extrapola tanto os limites de uma definição disciplinar brasileira quanto os limites desse texto. Resumidamente, pode-se dizer que há um reconhecimento de trocas disciplinares contínuas, especialmente entre a antropologia e a sociologia (Frúgoli Jr., 2005), com algumas diferenças mais pontuais referentes à investigação nas cidades.6 6 Longe de ser um ponto de separação entre teorias e abordagens, a defesa da etnografia pode ser considerada um ponto comum na conformação de uma antropologia urbana no Brasil, passando pelos apontamentos metodológicos de Cardoso (1997) , Durham (2004) , Peirano (2006) e Magnani (2009) .

Perlongher, ainda que afirmasse produzir a partir da antropologia urbana nos trabalhos sobre o negócio do michê, transita entre algumas dessas classificações como forma de definição de um campo (1986; 1993; 2005; 2008). Em outros textos, entre artigos e ensaios, o autor se refere ao trabalho realizado, fosse partindo de referências teóricas do campo da antropologia ou da filosofia, ou questionando o trabalho antropológico do momento posterior às independências coloniais em África e Ásia, adotando, por exemplo, categorias como uma “etnologia do sensível urbano” (1997:144) ou “etnologia urbana” (2005:271).7 7 As referências a essas expressões estão relacionadas aos trabalhos dos antropólogos franceses Pierre Sansot, Gérard Althabe e Michèle de La Pidele. Como será discutido ao longo do texto, Perlongher se aproxima das discussões sobre a pesquisa antropológica urbana a partir das reflexões de autores franceses no contexto da virada dos anos 70 para os 80. Neste sentido, é comum encontrar textos que tratem de uma etnologia urbana/na cidade, o que contrasta com a atribuição que se dá à etnologia no Brasil.

Se, como apontamos anteriormente, a conformação de uma antropologia urbana passava por um contexto de mudança social e institucional no contexto brasileiro, destacando atores políticos que outrora estiveram menos visíveis nos processos sociais e políticos, especialmente destacados pelas investigações em periferias urbanas, Perlongher nota, um tanto surpreso, como os centros das cidades despertaram tão pouco interesse naquele momento.

Em comunicação proferida em um simpósio sobre territórios no Congresso da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) de 19888 8 O Simpósio “Territórios: Diferentes Enfoques no Brasil Hoje” resultou na publicação da coletânea de “Além dos Territórios – para um diálogo entre a etnologia indígena e os estudos rurais e urbanos” em 1998. Organizado por Ana Maria de Niemeyer e Emília Piatrafesa de Godoi, o livro conta com contribuições de pesquisadores de diferentes temáticas, como Carlos Brandão, Sylvia Caiuby, Regina Müller, Michel Agier, dentre outros. O texto de Perlongher foi republicado em 2005 em livro que recuperava o primeiro trabalho sociológico sobre homossexualidade no Brasil (“Homossexualismo e São Paulo e outros escritos”), como uma breve apresentação de Júlio Assis Simões. Mais de duas décadas depois, Agier teve seu livro sobre antropologia urbana (“Antropologia da cidade – lugares, situações, movimentos”) traduzido e publicado no Brasil sob supervisão técnica de José Guilherme Magnani e Heitor Frúgoli Jr. Esta comunicação foi ainda publicada em materiais didáticos de pequena circulação em 1989 na coleção “Papéis Avulsos 6” do Centro Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos da UFRJ e em 1991 na coleção “Primeira Versão”, nº 27, pelo IFCH/Unicamp. ( Perlongher, 2005PERLONGHER, Néstor. Territórios Marginais. In: GREEN, James N.; TRINDADE, Ronaldo (org.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo, Editora Unesp, 2005 [1992], pp.263-290.: 270-271), Perlongher aponta certa correlação entre os trabalhos sociológicos e antropológicos em cidades até então realizados preferencialmente nas periferias urbanas com as noções de comunidade ou grupo, reiterando um certo olhar provindo da “antropologia indígena ou colonial”. Daí derivaria uma certa afirmação de que o que se faz, na verdade, é uma antropologia na cidade e não uma antropologia da cidade. A defesa do na sustentaria um ponto de vista construtor de totalidades grupais conformadas em identidades compartilhadas e, portanto, passíveis de observação, descrição minuciosa e análise antropológica.9 9 Essa “polêmica” sobre o escopo da antropologia urbana segue aparecendo em alguns textos, ainda que longe de se constituir em uma discussão sobre qual lado deva ser assumido. Durham (2004: 361-362) já afirmara que se constituiu no Brasil uma antropologia na cidade, diferente do modelo desenvolvido pela Escola de Chicago, já que, aqui, “a cidade é [...] antes o lugar da pesquisa do que seu objeto”, enquanto Velho e Machado (apud Perlongher, 1993 , S/P), sobre essa questão, afirmam que nós, antropólogos, “estamos preocupados em estudar situações que ocorreram nas cidades, sem que tenhamos, forçosamente, que explica-las pelo fato de que estão ocorrendo nesse quadro espacial”. É possível encontrar parte das questões sobre estes dois pontos em trabalhos de Oliven (2007) , Frúgoli Jr. (2005), Rocha e Eckert (2013) , Magnani (2016) . Em texto anterior, classificando esse debate como uma “querela de preposições”, a associação ao da parece relacionar-se às formulações preocupadas com a “desorganização, desestruturação e anomia acarretadas pela concentração das massas nas megalópoles contemporâneas” da Escola de Chicago ( Perlongher, 1993PERLONGHER, Néstor. Antropologia das Sociedades Complexas: identidade e territorialidade, ou como estava vestida Margaret Mead. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 8, n. 22, São Paulo, jun. 1993 [http://www.anpocs.com/images/stories/RBCS/22/rbcs22_08.pdf - acesso em 26 mai 2022].
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, s/p). Se, por um lado, os “etnógrafos de Chicago” apontam em demasia uma deterritorialização e fragmentação dos sujeitos ao chegar às grandes cidades, esse caráter fragmentário, esquizoide, segundo Perlongher, ajuda no olhar espacial que evita acoplar determinadas áreas da cidade a certas configurações personológicas. Da sugestão de que as aglomerações urbanas causariam, per se, mudanças nos citadinos, Perlongher retém o movimento de fuga da norma.10 10 Isso se dá, principalmente, pelo uso que Perlongher faz da noção de “região moral” de Park (2018) .

Segundo Perlongher, em diálogo contínuo com as propostas de Gérard Althabe11 11 Althabe, junto com Marc Augé, Jean Bazin e Emmanuel Terray, fundou em 1992 o Centro de Antropologia dos Mundos Contemporâneos na École de Hautes Estudes em Sciences Sociales a partir da Equipe de Pesquisa em Antropologia Urbana e Industrial atuante na década anterior. Perlongher aponta a importância de Althabe não apenas na reflexão sobre o trabalho antropológico nas cidades, mas sobre as mudanças pelas quais passavam o mundo e a antropologia em si. , a pesquisa nas grandes cidades precisa olhar para a multiplicidade, a segmentaridade, a heterogeneidade e a plurilocalidade. Em “Territórios Marginais” ( Perlongher, 2005PERLONGHER, Néstor. Territórios Marginais. In: GREEN, James N.; TRINDADE, Ronaldo (org.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo, Editora Unesp, 2005 [1992], pp.263-290. ), o autor formula de forma sucinta e densa sua aproximação sobre a antropologia urbana, e sua filiação mais a uma antropologia da cidade do que na cidade, a partir de Althabe, referência continuamente presente desde sua dissertação de mestrado na Unicamp. A influência francesa, inclusive, é uma constante das reflexões de Perlongher, passando pelos escritos de Foucault, já amplamente disseminados no ambiente acadêmico brasileiro, mas cuja proximidade a Deleuze e Guattari é explícita.12 12 A influência francesa nos trabalhos de Perlongher é flagrante e diversa, passando por Bataille, Baudrillard, Lefebvre, Hocquengem, Barthes, dentre muitos outros.

A noção de território, e mais precisamente a de territorialidade, é um dos eixos da análise que Perlongher empreende nos trabalhos sobre o “negócio do michê”. Longe de partir de uma circunscrição espacial restrita, que toma a área de realização da prostituição entre rapazes como algo apreensível em sua totalidade, Perlongher parte de um referencial mais amplo que indica determinadas áreas no centro e seus cruzamentos com outros reconhecimentos marginais. Isso porque, mais do que pensar em bairros ou áreas identificáveis, Perlongher (2005:274) está preocupado com os fluxos e as redes: “Esse leque de trajetórias (de “devires”) erige territorialidades, redes territoriais, contíguas, entremeadas, mas sutilmente diferenciadas por traços de giz bosquejados em pontilhado nas calçadas”. Assim, é possível localizar as áreas de trabalho dos michês na chamada “gueto gay paulistano” sem que se coloquem uma dinâmica sobre a outra, mas em cruzamento constante com outras lógicas marginais que marcam a área pesquisada, o entorno da Praça da República em São Paulo. Mais precisamente, “o sistema de relações vigente nas Bocas, submundo tradicional da marginália e da prostituição” ( Perlongher, 1986PERLONGHER, Néstor. O Negócio do Michê: a prostituição viril em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 1986.: 24).

A negação de uma inserção em campo a partir de uma aproximação identitária é central na abordagem de Perlongher, tanto no que tange aos sujeitos de pesquisa quanto nos territórios em que se localizam. A interrogação sobre o lugar, aponta apoiado em Heidegger, é o ponto final do método intelectual de localização, sendo seus passos preparatórios mostrar e reparar no lugar. O lugar da pesquisa é, portanto, a interrogação sobre o lugar dos sujeitos e dos espaços, sem que haja uma fixação espacial mais definitiva.

Em dois diferentes textos, Perlongher (1986PERLONGHER, Néstor. O Negócio do Michê: a prostituição viril em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 1986. ; 1987) oferece uma definição aproximativa do que entende por território e territorialidade. O segundo termo, especialmente, merece um destaque na explicação: trataria-se de uma elaboração a partir dos escritos de Deleuze e Guattari (2010)DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O Anti-Édipo. São Paulo, Editora 34, 2010 [1972/1973]. em “O Anti-Édipo” e nos comentários de Jacques Donzelot, donde se destaca a correlação de territorialidade com o código na noção de código-território. Antes de avançar nesse tópico, contudo, é preciso retomar as definições de Perlongher para territorialidade. Ao invés, como foi dito, de pensar no território como uma área circunscrita, e distanciando-se explicitamente do que classifica como a definição feita pela etologia e pela etnologia (Perlongher, 1987:70). Ao contrário, o território, e a territorialidade, ainda que se insiram em uma definição geográfica, dizem antes respeito a um sistema percebido no qual se articulam os seres existentes, delimitando-os (ainda que precariamente) e “ligando-os a outros existentes, aos fluxos” ( Perlongher, 1987PERLONGHER, Néstor. Vicissitudes do Michê. TEMAS IMESC. Sociedade, Direito, Saúde, v. 4, n. 1, São Paulo, jul. 1987, pp.57-72.: 70). As territorialidades, assim, estariam relacionadas não só aos espaços em si, mas às lógicas de circulação e significação dos sujeitos, seus processos de subjetivação e às dinâmicas de fuga e captura que, no caso do contexto das Bocas, opera numa supercodificação, em códigos de códigos.

As Bocas, aponta Perlongher (2008)PERLONGHER, Néstor. O Negócio do Michê: a prostituição viril em São Paulo. São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo, 2008 [1987]. , oferecem uma imagem mais precisa dos cruzamentos marginais entre as áreas de prostituição e de sociabilidade homossexual no contexto da pesquisa. A menção à Boca, categoria êmica operada também na classificação espacial, surge como meio de contornar o olhar totalizante que sugere as conformações de bairros gays/homossexuais. No caso paulistano, a área pesquisada por Perlongher era fronteiriça à chamada Boca do Lixo, área de prostituição, tráfico, crime e também de uma intensa produção cinematográfica. A vizinhança à área da prostituição viril, por conta também da prostituição de rua, oferece espaços de transição e movimento, fluxos, à então chamada Boca do Luxo. As Bocas são, portanto, “pontos de fluxo e ambulação” (Perlongher, 2008:81). Os territórios, seguindo Guattari ( Perlongher, 1986PERLONGHER, Néstor. O Negócio do Michê: a prostituição viril em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 1986. ), são formados a partir de nós de fluxos, como podem ser concebidos os pontos de prostituição que nodam tanto os fluxos homossexuais quanto os dos michês.

A ênfase na ideia de territorialidade responde a um campo de pesquisa que não se encaixa no modelo baseado na observação de um grupo ou comunidade cuja ideia de totalidade permitisse circunscrever uma identidade mais ou menos partilhada. Esse ponto aparece em praticamente todos os trabalhados já citados anteriormente, constituindo-se como diferencial à antropologia urbana que ora se praticava no Brasil, segundo Perlongher (2005)PERLONGHER, Néstor. Territórios Marginais. In: GREEN, James N.; TRINDADE, Ronaldo (org.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo, Editora Unesp, 2005 [1992], pp.263-290. . Territorialidade, nesse caso, constitui uma alternativa às abordagens que tomavam seus campos de pesquisa a partir da ideia de grupo ou comunidade, insistindo numa aproximação totalizante dos contextos investigados. O argumento do autor, que maneja as proposições de Althabe junto a Evans-Pritchard e Deleuze e Guattari, aponta para uma “lealdade ao olhar empírico, própria da empresa antropológica, de captar ‘redes reais de funcionamento’; uma massa urbana entrevista a partir de seus funcionamentos” ( Perlongher, 2005PERLONGHER, Néstor. Territórios Marginais. In: GREEN, James N.; TRINDADE, Ronaldo (org.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo, Editora Unesp, 2005 [1992], pp.263-290.: 272). Dessa forma, Perlongher olha antes para os deslocamentos e seus processos produtivos do que para supostas fixações territoriais.13 13 De forma análoga, mas seguindo por formulações diferentes, Magnani (1996) partem das formulações de Lévi-Strauss e Geertz para analisarem a o processo de mudança do trabalho antropológico nas décadas finais do século XX pelo deslocamento da noção de alteridade.

Essa escolha se alinha à uma posição crítica às análises centradas no delineamento de uma ocupação urbana gay (ou homossexual) minimamente discernível que conformaria espécies de bairros caracterizados pela sexualidade de seus moradores/frequentadores. Partindo da noção de “gay ghetto”, marcante nos estudos sociológicos estadunidenses sobre as presenças majoritárias de homens em áreas centrais das grandes cidades, Perlongher coloca em perspectiva sua pertinência no contexto brasileiro. Ainda que o termo seja usado em campo, como o texto de MacRae mostra (Macrae, 2018), e como forma parcial de localização dos espaços de encontros homossexuais, a sua força explicativa é questionada pelo teor de generalização de um processo que não é observado no contexto paulistano. Se, conforme aponta Levine (2008)LEVINE, Martin. Gay Ghetto. Journal of Homosexuality, v. 4, n. 4, Londres, 2008, pp.363-377. [1979] , cidades como Nova Iorque e São Francisco, nos Estados Unidos, possuem um conjunto de quadras que concentra moradores, serviços e outras instituições organizadas por ou direcionadas a gays, o mesmo não podia ser observado em São Paulo que constituiria, no máximo, alguns bares, boates, saunas e casas noturnas numa área mais concentrada, mas cujas mudanças espaciais já se faziam sentir.14 14 Brevemente, o “gueto gay” paulistano se concentraria no entorno da Praça da República com uma alteração percebida ainda pelo autor em direção aos bairros da Bela Vista e Jardins, indicando um processo de diferenciação pela via do consumo ( Perlongher, 2008 ). É possível aventar o quanto as ações de repressão policial na área central nos primeiros anos de 1980 contribuíram para essa mudança. Simões e França (2005) discutem a constituição de um mercado direcionado propriamente dito a partir da década de 1990, com suas diferenciações entre bairros.

Ao invés da adoção de uma expressão que, ainda que circulasse no campo pesquisado15 15 A ideia da existência de um “gueto gay” em São Paulo segue gerando amplas discussões nas disputas por certas áreas da cidade. Em texto sobre o tema, Puccinelli (2014b) debate os diferentes usos que a expressão ganhou quando da discussão de tornar a Rua Frei Caneca, localizada no bairro da Consolação, uma rua “oficialmente gay”. , não se mostrava pertinente para a análise, Perlongher adotou e ideia de “boca” em consonância com os termos que descreviam a produção de diferenças espaciais naquela região. As “bocas” apresentam uma dinâmica de caracterização das populações circulantes da área que extrapola a produção de uma espacialidade segregada, seja à força ou voluntariamente a partir das características semelhantes de moradores e frequentadores. Extrapola, ademais, a ideia de uma identidade sócio-espacial que surge contrastivamente ao entorno, donde se poderia supor uma divisão entre uma área homossexual, o gueto gay, e o restante da cidade heterossexual. Conforme Perlongher (2005:50), há uma profusão de “populações [que] distribuem e negociam seus trajetos de perambulação e seus pedaços de influência [...] mediante sutis fronteiras traçadas a giz nas calçadas”.

Se a noção de gueto é, em grande medida, derivada dos escritos da Escola Sociológica de Chicago, principalmente dos trabalhos de Louis Wirth sobre a constituição de guetos formados a partir das experiências étnicas dos imigrantes do leste europeu, Perlongher opta por utilizar a ideia de “região moral” a partir da proposta de trabalho de Robert E. Park (2018)PARK, Robert Ezra. A cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano no meio urbano. In: VALLADARES, Licia do Prado (org.). A sociologia urbana de Robert Park. Rio de Janeiro-RJ, Editora UFRJ, 2018, pp.39-80. [1915] .16 16 O texto de Park, intitulado “A cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano no meio urbano”, possui uma tradução de 1967 na coletânea “O Fenômeno Urbano, organizada pelo professor Otávio Velho, em que contavam também outros textos traduzidos, como “O urbanismo como forma de vida”, de Louis Wirth, e “A metrópole e a vida mental”, de Georg Simmel. Este último texto foi republicado em nova tradução em 2005, desta vez diretamente do texto em alemão, já que a primeira tradução havia sido feita a partir de sua publicação em inglês pela editora da Universidade de Chicago. Se as proposições de estudo listadas em Park ainda encontram um forte apelo correcional, Perlongher se apropria da ideia pelo que tem de deslocamento da organização social da cidade em estratos assimilacionistas, seja na conformação dos guetos ou na configuração de bairros formados por tipos de profissionais liberais, conforme o esquema analítico do mapa concêntrico de Ernest W. Burgess (2017)BURGESS, Ernest W. O crescimento da cidade: uma introdução a um projeto de pesquisa. Tradução: Raoni Borges Barbosa. Revista de Antropologia e Sociologia, v. 1, n. 2, João Pessoa, jul. 2017 [1925] [https://www.researchgate.net/profile/Raoni-Barbosa/publication/318278050_O_crescimento_da_cidade_Uma_introducao_a_um_projeto_de_pesquisa/links/595fab5f0f7e9b8194f43a62/O-crescimento-da-cidade-Uma-introducao-a-um-projeto-de-pesquisa.pdf - acesso em 13 fev 2021].
https://www.researchgate.net/profile/Rao...
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Perlongher se apropria dessa noção pela pertinência da ênfase na circulação e movimentação de populações muito diversas, mobilizadas por interesses não satisfeitos pela vida social metropolitana que, ao mesmo tempo que permite liberdades que a vida no campo restringiria, impões certas restrições, conforme elabora Park. Para o sociólogo de Chicago, as “regiões morais” têm uma função na manutenção da organização social urbana donde imperaria a possibilidade de o sujeito perder-se. A Perlongher interessaria justamente olhar a essas áreas de errância olhando para aqueles que “se perdem” (Perlongher, 2005:270), que não operam reterritorializações na organização familiar, em diálogo com a clássica formulação de Durham (1973)DURHAM, Eunice Ribeiro. A caminho da cidade: a vida rural e a migração para São Paulo. São Paulo, Editora Perspectiva, 1973. .17 17 “[Durham] mostra que, longe de se perderem, os laços familiares das famílias transplantadas tendem a refazer-se no novo meio urbano, incluindo a reelaboração de rituais de sociabilidade que provêm de seu círculo de origem. O que se poderia objetar a essa formulação – talvez irrebatível do ponto de vista quantitativo – é que ela deixa de lado aqueles que se ‘perdem’ no caminho para a cidade, ou seja, dos inúmeros casos de jovens ‘retirantes’ que se desterritorializam na grande cidade e integram as tropas marginais, o lúmpen” (Pelongher, 2005:270). Tais áreas proporcionariam outros processos de reterritorialização (marginal) “nos códigos internos do gueto, que distribuem adscripções categoriais” e “um movimento de desterritorialização com relação aos códigos familiares, ‘normais’” no deslocamento dos michês para seus pontos de trabalho ( Perlongher, 2005PERLONGHER, Néstor. Territórios Marginais. In: GREEN, James N.; TRINDADE, Ronaldo (org.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo, Editora Unesp, 2005 [1992], pp.263-290.: 276).18 18 Poderíamos, de outra forma, olhar tal movimento como contra usos de circulação pela cidade que questionam a racionalidade da cidade moderna imposta por planejamentos de fluxos, circulações e permanências no espaço público, principalmente. Autoras da chamada Geografia Feminista têm apontado o quanto os espaços das cidades são pensados e planejados tendo-se em mente a ordem do trabalho diurno, da vida familiar heterossexual e da presença ostensiva de homens brancos nos espaços públicos (circulando e tomando decisões).

Seguindo as proposições de Perlongher, não há, portanto, a conformação de uma unidade egocêntrica, uma identidade essencializada dos sujeitos que é descoberta ou precisa ser revelada através da tomada de consciência, mas um contínuo movimento de desterritorialização e reterritorialização, fuga e captura, já que são diversas as redes de códigos nas quais se toma parte. No contexto do campo de Perlongher isso serve tanto para os michês quanto para os circulantes das “bocas”, que inclui uma deriva homossexual (ou "homossexualista", como aponta o autor) cruzada por muitas outras marginalidades. Esse ponto é importante também no distanciamento que Perlongher opera da noção de desvio, e das teorias do desvio, para olhar o que chama de marginal como produtor de sentido e significado: enquanto o desvio, na abordagem convencional, tende a ser colocado a partir de uma ideia de norma, centralizadora e definidora, o que é observado está mais próximo de uma profusão de ordens que parecem desordenadas e “fora de ordem”.19 19 Conforme ressaltou Simões (2008) , Perlongher faz aqui uma rentável releitura na noção de “deriva”, a partir de David Matza, como espaços de controle social afrouxado, que permitem responderiam a múltiplas demandas de “ordem” e “desordem”, adiando compromissos e evitando decisões definitivas O próprio ingresso nas zonas de deriva dificilmente poderia ser caracterizado como uma decisão consciente: seria, antes, acidental, imprevisível e até mesmo não percebido, assim como seriam imprecisas e borradiças as próprias fronteiras entre norma e desvio.

É nesse fluxo marginal que se operam produções de territórios e subjetividades marginais observáveis no funcionamento “barroco” das codificações. O qualificativo “barroco”, nesse caso, tenta expressar as muitas nomenclaturas classificatórias das relações construídas no negócio do michê que localizam os sujeitos, e os espaços, a partir de “tensores libidinais” ou, como poderia ser também nomeado, marcadores sociais de diferença. Códigos sobre códigos, nomes sobre nomes como uma forma intensiva de captura dos sujeitos inseridos na lógica do negócio, mas também como uma evidência da energia constante de fuga. A noção de “código-território” adviria desse movimento constante, típico da deriva homossexual e que caracteriza as deambulações pelas “bocas”. Nessa operacionalização categorial, aponta Perlongher:

Pode acontecer, ainda, que os sujeitos “ocupem” sucessivamente diversos lugares do código, isto é, se desloquem mais ou menos intermitentemente pelas várias casinhas classificatórias, mudando de classificação conforme o local e a situação. Frequentemente, é um mesmo sujeito que vai assumindo e recebendo várias nomenclaturas classificatórias em diferentes momentos do seu deslocamento. Poder-se-ia falar, então, de um deslocamento dos sujeitos pelas redes do código.

Configura-se, assim, um complexo “código-território” (Deleuze), dado pelos códigos e suas superfícies de inscrição em zonas do corpo social. Territorialidade entendida não apenas no espaço físico – ainda que este também seja importante, já que delimita as fronteiras do gueto -, mas no próprio espaço do código ( Perlongher, 2008PERLONGHER, Néstor. O Negócio do Michê: a prostituição viril em São Paulo. São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo, 2008 [1987].: 159).20 20 Em outro texto, Perlongher (2005: 276, grifos no original) assim apresenta a noção de “código-território”: “A expressão ‘código-território’ se refere à relação entre o código e o território definido por seu funcionamento. ‘Inscription territorialisée’ na qual se distinguem – diz Guattari (apud Cerfi, 1973) – dois elementos: uma ‘sobrecodificação’ – surcodage , código de códigos – e uma axiomática, que regula as relações, passagens e transduções entre e através das redes de códigos, que por sua vez ‘capturariam’ os corpos que se deslocam, classificando-os segundo uma retórica, cuja sintaxe corresponderia à axiomatização dos fluxos”.

Esse constante movimento, característica nômade da fuga que se apresenta no trottoir característico do fluxo homossexual, se manifesta em territorialidades itinerantes, não fixas no espaço físico. Se este é importante, como afirma Perlongher acima, é antes como referência na circulação nômade e não como ponto de chegada ou partida. O espaço e os processos de subjetivação se produzem no movimento.

Mesmo com uma carreira intelectual relativamente curta, Perlongher apresenta um quadro teórico com ecos nas produções sobre as cidades, especialmente no olhar empírico detido e focalizado nos movimentos, fluxos e situações mais do que em separações grupais/identitárias mais estanques. Na sequência, tentaremos analisar algumas dessas produções que tomam o autor como uma referência importante.

Perlongher e a cidade hoje: breves comentários

O levantamento dos trabalhos com referências às proposições teóricas de Perlongher no olhar urbano/espacial foi feito num período de mais ou menos dez meses entre os anos de 2020 e 2021. Nesse período, em meio às muitas inquietações devido ao advento da pandemia de Covid 19, o trabalho sofreu interrupções e precisou lidar com dificuldades adicionais ao levantamento bibliográfico.21 21 Como boa parte da população mundial, precisamos ficar meses em isolamento, com poucas saídas para aquisição de alimentos ou medicamentos no entorno de nossos locais de moradia. Dessa forma, foi preciso realizar toda a pesquisa em bancos de dados disponíveis na internet. Isso se daria mesmo em um cenário sem pandemia, mas certamente impactou a atualização desses bancos pelas instituições de ensino e pesquisa e pelas próprias pessoas que estavam produzindo naquele momento. Desta feita, o levantamento bibliográfico se estendeu até a metade de 2022, quando, enfim, finalizamos a busca por trabalhos. Esse ponto, apesar de sensível, não impediu o acesso a um extenso banco de dados sobre pesquisas em programas de pós-graduação, trabalhos de conclusão de curso, artigos publicados em periódicos científicos e papers de eventos acadêmicos, nosso recorte para construir a argumentação sobre os usos de Perlongher nos estudos urbanos. Essa alcunha, “estudos urbanos”, é propositalmente aberta, pois pretendíamos, como o fizemos, localizar algumas das diferentes áreas nas quais o autor entraria em diálogo com os trabalhos realizados.

Consultamos bancos de teses e dissertações e buscadores específicos, principalmente a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), vinculada ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) do Ministério de Ciência e Tecnologia, e o Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Boa parte dos trabalhos em pós-graduação, especialmente as teses de doutorado, foram acessadas nesses dois grandes bancos de dados públicos. Para a busca de artigos foram utilizados os bancos de dados SciElo, Scientific Eletronic Library Online, e o Latindex, Sistema Regional de Información en línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal por serem duas fontes de indexação de periódicos. Ainda na pesquisa sobre artigos e papers, foi utilizado principalmente o Google Acadêmico, ferramenta da empresa Google para busca de informações acadêmicas, como expresso no próprio nome. Uma das dificuldades de busca por essas informações se deu pela enorme quantidade de periódicos científicos que poderiam conter textos que referenciem o autor, ou seja, que seja de interesse para a nossa análise. Nesse caso, a ferramenta permitiu buscar diretamente pela menção nas referências bibliográficas do nome de Perlongher, o que, por vezes, foi impossibilitado pelas diferenças de indexação nos bancos supracitados.

Por fim, montamos um banco com 517 trabalhos que faziam referência a Perlongher, seja qual fosse a temática, distribuídos entre 27 teses de doutorado, 44 dissertações de mestrado, 8 trabalhos de conclusão de curso ou especialização, 348 artigos publicados em periódicos científicos e 98 papers publicados em anais de eventos acadêmicos. Desse conjunto, selecionamos os trabalhos que faziam alguma discussão sobre a(s) cidade(s), desconsiderando aqueles explicitamente direcionados à análise da prostituição e cuja referência a Perlongher fosse apenas temática, apontando seu pioneirismo na abordagem da “prostituição viril” nos estudos socioantropológicos.22 22 Não é incomum que trabalhos posteriores aos de Perlongher se refiram ao trabalho de homens que se prostituam como “prostituição viril”, apontando uma forma de abordagem analítica que se mantém presente em tais trabalhos. Para uma discussão mais ampla dessa temática ver Passamani, Lopes e Rosa (2019) e artigo publicado neste dossiê.

Para nossa discussão, selecionamos 6 teses de doutorado, 11 dissertações de mestrado, 7 trabalhos de conclusão de curso ou especialização, 79 artigos publicados em periódicos científicos e 14 papers apresentados em eventos acadêmicos. Desta seleção apontamos alguns dados em relação às áreas onde os trabalhos foram realizados ou aceitos para publicação ou para apresentação em Grupos de Trabalho/Simpósios. Do total de trabalhos em pós-graduação, considerando teses de doutorado e dissertações de mestrado, pouco mais de 52% foram realizados em programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais e quase 30% em Antropologia Social.23 23 Os outros 03 trabalhos, todos dissertações de mestrado, foram realizados em Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Geografia e no Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre a Mulher. No caso dos trabalhos de conclusão de curso, e suas variações de nomenclatura (trabalho de graduação individual, monografia), há um interessante agregado nas áreas de Arquitetura e Urbanismo e Geografia, com 3 trabalhos coligidos, seguidos de 1 trabalho em Jornalismo e 1 em Ciências Sociais.24 24 Os dados sobre trabalhos finais como requisito para obtenção do título de bacharelado e/ou estão também relacionados a como as diferentes áreas se estruturam no país

Para essa divisão, a análise dos artigos publicados em periódicos demandou um cruzamento de dados entre as descrições de cada revista em relação aos artigos publicados em periódicos e a base de dados Qualis Periódicos da Plataforma Sucupira, vinculada à CAPES. De nossa seleção, quase 30% dos artigos foram publicados em periódicos de Antropologia, quase 23% foram publicados em revistas temáticas em gênero e sexualidade, quase 9% em Ciências Sociais, mesma porcentagem para periódicos de Sociologia e Geografia.25 25 É importante apontar que parte destes trabalhos possui mesma autoria em revistas de áreas diferentes, ainda que essa divisão não seja tão restrita. Isso acontece especialmente nas porcentagens destacadas, apontando para áreas temáticas bastante interdisciplinares. Nos periódicos, as áreas em que houve publicações por nós selecionadas para essa discussão foram, em ordem decrescente de quantidade: Saúde (03), História (03), Psicologia (03), Educação (02), Planejamento Urbano (02), Arquitetura e Urbanismo (01), Ciência Política (01), Comunicação (01), temática sobre migração (01) e Interdisciplinar (01). Dos papers, quase 43% foram publicados em anais de eventos na área de gênero, seguido de quase 29% em eventos de Antropologia.26 26 Dos papers selecionados há ainda trabalhos apresentados em eventos de Geografia (02), Sociologia (01) e História (01).

Esse conjunto de trabalhos se concentra, em sua quase totalidade, nas duas primeiras décadas do século XXI, especialmente nos anos 2010. Alguns fatores, já discutidos anteriormente por Grossi (2010)GROSSI, Miriam Pillar. Gênero, sexualidade e reprodução: A constituição dos estudos sobre gênero, sexualidade e reprodução no Brasil. In: MARTINS, Carlos Benedito; DUARTE, Luiz Fernando Dias (coord.). Horizontes das ciências sociais no Brasil: antropologia. São Paulo-SP, ANPOCS, 2010, pp. 293-340. , Scavone (2011) e Facchini, Daniliauskas e Pilon (2013), se referem a fontes de financiamento arroladas a iniciativas nacionais e internacionais de maior equidade, políticas de ampliação universitária e de criação de programas de pós-graduação.27 27 Há uma interessante análise de Facchini, Carmo e Lima (2020) de processos recentes de mudança mais ampla que têm pressionado o debate sobre questões tais como equidade de gênero, lgbtfobia e racismo a partir das diferentes inserções de jovens no ativismo. Como analisa Lima (2016)LIMA, Stephanie Pereira de. As bi, as gay, as trava, as sapatão tão tudo organizada pra fazer revolução!: uma análise sócio antropológica do Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual (ENUDS). Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), 2016. , há uma ampliação da circulação de pesquisadoras/es discutindo diversidade sexual e de gênero a partir da inserção universitária que ajuda no diálogo de e sobre autoras/es relacionados a essas temáticas.

Se a presença de Perlongher se deve, também, a esse contexto, a republicação do artigo “Territórios Marginais” em 2005 e a segunda edição de O negócio do michê , em 2008, ajudaram a apresentá-lo a novos leitores e novas leituras. Um exemplo disso é a capa da primeira edição da Revista Periódicus, de 2014, que leva uma ilustração do rosto do autor e teve como tema “Cartografias dos estudos queer em Ibero-America” e a criação do Núcleo de Estudos Néstor Perlongher – NENP, criado em 2016 e vinculado à Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

Dos trabalhos reunidos é perceptível um lineamento temático às homossexualidades, tema usado como palavra-chave classificatória na maior parte das teses/dissertações e artigos/papers, junto a outras palavras-chave comumente usadas como “antropologia urbana”/“cidade” ou “territórios”/“territorialidade”. Se, a princípio, tais dados sugerem um diálogo mais direto com Perlongher, a análise desse conjunto de reflexões mostra usos mais amplos e diversos de algumas das propostas teóricas do autor. Ainda assim é possível reconstruir algumas das pontes que ligam estes trabalhos a outros num ambiente mais amplo de contribuições que demandaria uma outra análise, mais específica, sobre relações de orientação e docência, diálogos em eventos acadêmicos, trocas em diálogos cotidianos no tecer das pesquisas. Ao olhar para as referências bibliográficas e as bancas de avaliação, no caso dos trabalhos de pós-graduação, traz valiosas pistas para a reflexão sobre essa feitura conectiva, que extrapola as pretensões de nosso trabalho e, por isso, iremos nos ater aos usos mais diretos ao autor. Para organizar o texto, separamos os trabalhos em pós-graduação dos artigos e papers tendo em vista a diferença destas produções na análise que segue.28 28 Sabemos que parte dos artigos é resultado de reflexões debatidas durante a realização de pesquisas de pós-graduação, inclusive como resultado de papers apresentados em eventos acadêmicos; outra parte deriva de momento posterior à defesa de tais pesquisas. Nossa divisão pretende apenas organizar a análise, não sendo uma divisão de natureza dos trabalhos que, certamente, se retroalimentam.

Trabalhos de pós-graduação e TCC

Além da concentração no período já citado anteriormente, há uma concentração de trabalhos em universidades e faculdades localizadas na região Sudeste, com alguns poucos trabalhos realizados em instituições localizadas no Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Isso talvez seja resultado das limitadas linhas de circulação dos escritos de Perlongher para além do contexto geográfico em que o próprio atuou, que são expandidas quando se trata das temáticas dos trabalhos. Isso fica mais evidente ao nos depararmos com as dissertações de mestrado de França (2006)FRANÇA, Isadora Lins. Cerca e Pontes: o movimento GLBT e o mercado GLS na cidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade de São Paulo (USP), 2006. , Silva Filho (2012a), Reis (2012a) e Puccinelli (2013)PUCCINELLI, Bruno. Se essa rua fosse minha: sexualidade e apropriação do espaço na “rua gay” de São Paulo. 2013. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 2013. e Ribeiro (2021)RIBEIRO, Bruno Nzinga. Afronta, vai, se movimenta! Uma etnografia da cena preta LGBT da cidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2021. que olham especialmente a espaços de sociabilidade, encontro e lazer direcionados a, ou ocupados por, sujeitos que se definem a partir das homossexualidades masculinas. Nestes trabalhos os espaços comerciais, de acesso público ou através de pagamento, ganham centralidade, diferindo da percepção de Perlongher sobre a (não) constituição de um “gueto gay” já que não haveria, no contexto paulistano e quiçá brasileiro, um “mercado homossexual” propriamente dito. Os trabalhos de Trindade (2004)TRINDADE, Ronaldo. De Dores e de Amores: transformações da homossexualidade paulistana na virada do século XX. 2004. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade de São Paulo (USP), 2004. e França (2006)FRANÇA, Isadora Lins. Cerca e Pontes: o movimento GLBT e o mercado GLS na cidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade de São Paulo (USP), 2006. são especialmente importantes na análise das relações entre mercado e ativismo no contexto GLBT29 29 Sobre as mudanças nas siglas ver os trabalhos de Simões e Facchini (2009) , Aguião (2018) e Facchini (2020) . , operando em espacializações e diferenciações. Estas pesquisas permitem depreender processos de diferenciação em determinados estabelecimentos comerciais bem como entre diferentes áreas da cidade, pensando “circuitos”, a partir da noção cunhada por Magnani (2005)MAGNANI, José Guilherme Cantor. Os circuitos dos jovens urbanos. Tempo Social, v. 17, n. 2, São Paulo, nov. 2005, pp.173-205. , e a articulação entre reconhecimento, identidade e circulação na cidade. Posteriormente França (2010)FRANÇA, Isadora Lins. Consumindo Lugares, Consumindo nos Lugares: homossexualidade, consumo e produção de subjetividades na cidade de São Paulo. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, 2010. realizou uma pesquisa analisando três espaços de lazer que se apresentam em suas diferenciações com relação aos estilos e gostos de seus frequentadores, olhando para os muitos cruzamentos entre sujeitos e espaços supostamente apartados, tópico também analisado em Puccinelli (2013)PUCCINELLI, Bruno. Se essa rua fosse minha: sexualidade e apropriação do espaço na “rua gay” de São Paulo. 2013. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 2013. sobre a disputa pela “rua gay” de São Paulo e que posteriormente realizaria uma pesquisa de doutorado cruzando espaços da cidade reconhecidos ou afirmados como LGBT+ com a dinâmica do mercado imobiliário ( Puccinelli, 2017PUCCINELLI, Bruno. “Perfeito para você, no centro de São Paulo”: mercado, conflitos urbanos e homossexualidades na produção da cidade. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2017. ).

A sistematização de uma área geográfica reconhecível de presença homossexual realizada por Perlongher, abordada a partir da crítica à noção de “gueto gay”, da noção de territorialidade como contraponto a uma abordagem fincada numa identidade mais fixa e do cruzamento de pertencimentos marginalizados dos sujeitos, informa parte importante dos trabalhos selecionados. Isso aparece nas dissertações de Henning (2008)HENNING, Carlos Eduardo. As Diferenças na Diferença: hierarquia e interseções de geração, gênero, classe, raça e corporalidade em bares e boates GLS de Florianópolis. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 2008. sobre bares e boates “GLS” de Florianópolis, de Oliveira (2010)OLIVEIRA, Matteus Freitas de. Princesas do Sertão: o universo trans entre o espelho e as ruas de Feira de Santana – BA. 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia), Universidade Federal da Bahia (UFBA), 2010. sobre a prostituição de rua de travestis, mulheres trans e michês em Feira de Santana, e de Souza (2012)SOUZA, Tedson da Silva. Fazer banheirão: as dinâmicas das interações homoeróticas nos sanitários públicos da Estação da Lapa e adjacências. Dissertação (Mestrado em, Antropologia), Universidade Federal da Bahia (UFBA), 2012. sobre a prática de sexo em banheiros públicos (“banheirão”) de Salvador. Nos dois últimos trabalhos há uma interessante análise sobre a produção antropológica urbana brasileira tomando as elaborações de Perlongher para pensar áreas que não as periféricas. Assim como em outros trabalhos, a escolha de uma metodologia adequada à realização da pesquisa ganha centralidade, na adoção do trottoir como forma de conhecer o trottoir, segundo o próprio Perlongher.30 30 “A antropologia moderna, por outra parte, recomendará inclusive certo grau de mimetização, de maneira a permitir a ‘observação participante’. Neste caso, terá importância a maneira de nos vestirmos: é o caso de botar bolsinha, brinquinho e salto alto e passar a extraviar-se nos labirintos do trottoir - se é que se pretende, como no meu caso, estudar a ‘prostituição de rua’” ( Perlongher, 1993: s/p).

Há trabalhos, como alguns dos já citados acima, que se valem das ideias de território e territorialidade como sinônimos, sem grande precisão sobre suas diferenças, operando uma definição mais estável dos espaços no momento da realização da pesquisa ( Silva, 2003SILVA, Marcos Aurélio da. Se manque!: uma etnografia do carnaval no pedaço GLS da Ilha de Santa Catarina. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 2003. , 2012SILVA, Marcos Aurélio da. Territórios do Desejo: performances, territorialidade e cinema no Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 2012. ; Teixeira, 2013TEIXEIRA, Marcelo Augusto de Almeida. Presença Incômoda: corpos dissidentes na cidade modernista. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade de Brasília, UnB, 2013. ), enquanto outros manejam essa noção a partir dos significados situacionais, olhando mais para suas circulações ( Facchini, 2008FACCHINI, Regina. Entre Umas e Outras: mulheres, (homo)sexualidades e diferenças na cidade de São Paulo. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, 2008. ; França, 2010FRANÇA, Isadora Lins. Consumindo Lugares, Consumindo nos Lugares: homossexualidade, consumo e produção de subjetividades na cidade de São Paulo. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, 2010. ; Rui, 2012RUI, Taniele. Corpos Abjetos: etnografia em cenários de uso e comércio de crack. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2012. ; Saggese, 2015SAGGESE, Gustavo Santa Roza. Entre perdas e ganhos. Homossexualidade masculina, geração e transformação social na cidade de São Paulo. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade de São Paulo (USP), 2015. ; Reis, 2017REIS, Ramon Pereira dos. Cidades e Subjetividades Homossexuais: cruzando marcadores da diferença em bares nas “periferias” de São Paulo e Belém. Tese de doutorado, Antropologia Social, USP, 2017. ; Perilo, 2017PERILO, Marcelo de Paula Pereira. “Rolês”, “Closes” e “Xaxos”: uma etnografia sobre juventude, (homo)sexualidades e cidades. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2017. ; Puccinelli, 2013PUCCINELLI, Bruno. Se essa rua fosse minha: sexualidade e apropriação do espaço na “rua gay” de São Paulo. 2013. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 2013. , 2017PUCCINELLI, Bruno. “Perfeito para você, no centro de São Paulo”: mercado, conflitos urbanos e homossexualidades na produção da cidade. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2017. ; Schuster, 2019SCHUSTER, Haydeé Tainá. Territorialização e performance de gênero: prostituição de travesti na baixada cuiabana. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), 2019. ; Zamboni, 2020ZAMBONI, Márcio Bressiani. A população LGBT privada de liberdade: sujeitos, direitos e políticas e disputa ou A jaula das bichas: uma etnografia da diversidade sexual e de gênero em prisões do Brasil e do México. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade de São Paulo (USP), 2020. ). A tese de Facchini (2008)FACCHINI, Regina. Entre Umas e Outras: mulheres, (homo)sexualidades e diferenças na cidade de São Paulo. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, 2008. é especialmente interessante na articulação com a leitura das propostas de Gupta e Ferguson (2000)GUPTA, Akhil; FERGUSON, James. Mais além da “cultura”: espaço, identidade e política da diferença. In: ARANTES, Antônio A. (org.). O Espaço da Diferença. Campinas-SP, Papirus, Editora, 2000, pp.30-49. para pensar espaços, sujeitos e produção de diferença, e de Strathern (2006) na crítica à ideia de uma estabilidade ontológica do indivíduo, olhando, no caso dessa autora, para a ideia de socialidade como matriz relacional que constitui a vida das pessoas, bastante próxima ao que Perlongher chama de segmentaridade como própria à lógica das circulações em contexto urbano. Tal perspectiva, como apresenta Facchini, tem consequência na forma de abordagem dos espaços e circulações, olhados a partir da ideia de mobilidade por Reis (2017)REIS, Ramon Pereira dos. Cidades e Subjetividades Homossexuais: cruzando marcadores da diferença em bares nas “periferias” de São Paulo e Belém. Tese de doutorado, Antropologia Social, USP, 2017. em diálogo com as noções de desterritorialização e reterritorialização de Perlongher.

A tese de Rui (2012)RUI, Taniele. Corpos Abjetos: etnografia em cenários de uso e comércio de crack. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2012. constrói um diálogo diferente com o trabalho de Perlongher, especialmente na noção de “territorialidades itinerantes” no caso da etnografia em lugares de consumo de crack que fica perceptível na análise do conjunto de artigos, em subitem a seguir. Tal noção aparece trabalhada em projeto de pesquisa coordenada por Heitor Frúgoli Jr. sobre diferentes aspectos da chamada “cracolândia paulistana” derivando uma série de trabalhos dos partícipes desta pesquisa. A partir destes trabalhos, a temática do crack relacionada a Perlongher pode ser vista quase como um segundo braço de diálogo teórico em pesquisas urbanas. Apesar de não ser sobre crack, o trabalho de Fazzioni (2012)FAZZIONI, Natália Helou. A vista da rua: etnografia da construção dos espaços e temporalidades na Lapa (RJ). Dissertação (Mestrado em Antropologia Social), Universidade de São Paulo (USP), 2012. dialoga muito proximamente a essa bibliografia utilizando, em parte, as contribuições de Perlongher.

Outra abordagem interessante é a da tese de doutorado de Arruda (2017)ARRUDA, Murilo Souza. O corpo e o gênero fechativo pelas ruas de Salvador. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, 2017. sobre a expressividade corporal nos deslocamentos rueiros olhando principalmente para os encontros ocasionais e para a fechação das bichas que circulam pelas ruas de Salvador em processos de produção contínua entre corpos e espaços para além de áreas de prostituição, donde adviria diferentes configurações a depender do período observado. Em diálogo com o antropólogo britânico Tim Ingold, Arruda trabalha com a ideia de linhas de sentido como caminhos e ligações, próximo à noção de nodosidades onde se articulam diferentes fluxos e significados.

Um dos trabalhos mais interessantes, e que escapa da temática relacionada diretamente às homossexualidades e transexualidades, é a tese de doutorado de Machado (2006)MACHADO, Fernanda Eugenio. Hedonismo Competente. Antropologia de urbanos afetos. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 2006. que olha para a “cena carioca” de música eletrônica acompanhando os muitos sujeitos que dela fazem parte, e a fazem acontecer, nas circulações pela cidade. Numa articulação inusitada entre os trabalhos de Perlongher, Gilberto Velho e Deleuze e Guattari, em suas muitas possibilidades de cruzamento, a autora pensa a permanente potência eclosiva da “cena” nas circulações em deriva pela cidade. A deriva, em devir, é entre espaços e sujeitos que, na constituição de um “hedonismo competente”, situam-se em constante fuga das “casinhas do código”, das definições personológicas, especialmente em relação às suas sexualidades. Mas, diferente do campo de Perlongher onde se observam mais de cinquenta classificações relacionadas ao negócio do michê que tentam excessivamente capturar/atribuir um significado-fim aos sujeitos, no trabalho de Machado há uma negação classificatória. Em ambos os casos, da profusão de nomes à negação do nome do que se faz/deseja, se destaca a intensidade dos processos de fuga e captura. Há, aqui, uma operacionalização de muitas referências para se pensar a cidade em um trabalho sui generis em antropologia urbana.

Um último comentário, incluindo os TCC que, apesar de não se configurarem como trabalhos de pós-graduação apresentam uma dedicação à pesquisa que pode ser pensada como preparatória a um possível adensamento, se refere aos trabalhos na área de arquitetura e urbanismo e de geografia. Ainda que o trabalho de Teixeira (2013)TEIXEIRA, Marcelo Augusto de Almeida. Presença Incômoda: corpos dissidentes na cidade modernista. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade de Brasília, UnB, 2013. seja uma dissertação de mestrado ele dialoga com os trabalhos de conclusão de curso compilados que 1) analisam (contra)usos de espaços pensados para outros fins, especialmente em cidades ou áreas planejadas, como Brasília ( Pontes, 2014PONTES, Diego. A insustentável arquitetura dos corpos: o gênero e a sexualidade enquanto diferenciais na experiência urbana. Trabalho de Conclusão de Curso, Ciências Sociais, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 2014. ), 2) propõem espaços de possibilidade de vivência das diversidades sexuais e de gênero nas cidades, seja em edificações ou em áreas constituídas ( Carvalho, 2017CARVALHO, Gabriel Moreira. Homossexualidade masculina na construção do espaço urbano: duas espacialidades paulistanas. Trabalho de Conclusão de Curso, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2017. ; Santos, 2018SANTOS, Arthur Fernando dos. Cavernas Urbanas: uma proposta aos grupos LGBTs em São Paulo. Trabalho Final de Graduação, Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2018. ), ou 3) fazem interessantes análises espaciais históricas mais amplas, como no caso do trabalho de De Giovani (2018)DE GIOVANI, Caio. Territorialidades “LGBT” na cidade de São Paulo – uma análise têmporo-espacial (1900-2018). Trabalho de Graduação Individual, Geografia, USP, 2018. e Martins (2020)MARTINS, Murilo Augusto Perdigão. ATLAS: presença-ausência LGBTQIA+ no Centro Novo de São Paulo. Trabalho Final de Graduação, Arquitetura, Urbanismo e Design, Universidade de São Paulo (USP), 2020. ou em tópicos contemporâneos de processo de mudança, como em Vicente (2015)VICENTE, Tiago Augusto Silva. Espaço urbano e sexualidade: a territorialização da população LGBT no Largo do Arouche e na Rua Frei Caneca (São Paulo/SP). Trabalho de Graduação Individual, Geografia, Universidade de São Paulo (USP), 2015. , Melo (2020)MELO, João Lucas Correia de. Uso e apropriação do espaço a partir do Helipa LGBT. Trabalho de Graduação Individual, Geografia, Universidade de São Paulo (USP), 2020. e Lavez (2020)LAVEZ, Mariana Assef. Ativismo, Corpo e Território - conflitos e disputas em torno da luta interseccional por bens comuns: uma análise a partir do Largo do Arouche e das resistências LGBTQIA+. Trabalho de Graduação Individual, Arquitetura e do Urbanismo, Universidade de São Paulo (USP), 2020. . Nesse sentido, são especialmente interessantes as dissertações de Duarte (2021)DUARTE, Artur de Souza. Enviadescer: a Casa 1 e a ancoragem LGBTQ no Bixiga, São Paulo. Dissertação (Mestrado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo), Universidade de São Paulo (USP), 2021. sobre as alterações e continuidades da presença da população LGBT+ a partir da instalação de uma casa de acolhida a essa população no bairro do Bixiga, em São Paulo, e de Silva (2022)SILVA, Isaac Trabuco Soares. Largo da Diversidade e Petit Paris: narrativas de urbanidade no Largo do Arouche (São Paulo/SP – Brasil). Dissertação (Mestrado em Mudança Social e Participação Política), Universidade de São Paulo (USP), 2022. sobre as disputas em torno do processo de “requalificação urbana” no largo do Arouche, também em São Paulo, ambos relacionados a processos recentes de debate sobre o reconhecimento da presença histórica de LGBT+ em determinadas áreas da cidade.31 31 No bojo desses trabalhos, há ações nos últimos anos que têm reforçado esse debate como roteiros e oficinas nas “Jornadas do Patrimônio”, atividade realizada anualmente desde 2015, numa audiência pública para debater a reforma do Largo do Arouche intitulada “Como consolidar o Largo do Arouche como território LGBT+”, realizada em 2019, e um projeto de extensão, pela USP, em execução desde 2021, intitulado “O Patrimônio Histórico e Cultural LGBTHQIAPD+: Inventário Participativo na Região do Largo do Arouche”.

Artigos e papers

No caso dos artigos e papers é interessante observar um uso mais amplo de Perlongher como referência com relação às áreas disciplinares de revistas e eventos acadêmicos, principalmente das primeiras. Mais uma vez há uma prevalência temática relacionada às homossexualidades/ transexualidades/população LGBT+ da ordem de 63% dos trabalhos coligidos, seguidos de trabalhos mais amplos sobre cidades e sociabilidades (16%) e trabalhos sobre crack/cracolândia (9%).32 32 Os outros trabalhos versam sobre diferentes dimensões da prostituição olhando para os sujeitos que exercem essas atividades.

No caso dos últimos, como citado no subitem anterior, há um diálogo construído a partir do projeto de 2008 “Abordagens etnográficas sobre o bairro da Luz (São Paulo): gentrification em questão na antropologia” coordenado por Heitor Frúgoli Jr. e que já contava, em seus pressupostos teóricos, com a noção de “territorialidade itinerante” como forma de analisar os deslocamentos e significados atribuídos a determinadas áreas da cidade definidas como “cracolândias”. Deste projeto, resultou uma série de artigos discutindo aspectos do entorno das áreas delimitadas a partir da mídia e dos sujeitos que lá vivem, olhando também para as muitas tentativas de “requalificação urbana” que intensificaram a criação de instituições culturais no entorno da estação da Luz (Frúgoli jr.; Spaggiari, 2010; Frúgoli, 2012FRÚGOLI JR., Heitor. Introdução. Ponto Urbe, v. 11, São Paulo, 2012 [https://doi.org/10.4000/pontourbe.1129 - acesso em 07 jan 2022].
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; Spaggiari; Estradiote; Fonseca, 2012; Frúgoli Jr.; Cavalcanti, 2013; Frúgoli Jr.; Chizzolini, 2017) Parte destes trabalhos ajudou no diálogo com outras/os pesquisadoras/es que se debruçaram sobre o mesmo tema, o que se pode observar nas referências utilizadas, olhando para a dimensão das políticas públicas e de definição institucional dos sujeitos inseridos na dinâmica do consumo e venda da droga ( Canonico, 2015CANONICO, Leticia. Notas sobre a distinção entre usuários e traficantes na “cracolândia”: Apontamentos para uma crítica da política de drogas. Áskesis, v. 4, n. 1, São Carlos, 2015 [https://doi.org/10.46269/4115.18 - acesso em 07 jan 2022].
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; Souza, 2019SOUZA, Eduardo Rumenig. Fluxos e itinerâncias dos usuários de crack em São Paulo: impactos do programa municipal “De Braços Abertos”. Áskesis, v. 8, n. 2, São Carlos, 2019 [https://doi.org/10.46269/8219.111 - acesso em 07 jan 2022].
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; Fromm, 2017FROMM, Deborah. Percursos e refúgios urbanos: notas sobre a circulação de usuários de crack pela trama institucional da Cracolândia de São Paulo. Ponto Urbe, v. 21, São Paulo, 2017 [https://doi.org/10.4000/pontourbe.3604 - acesso em 07 jan 2022].
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, 2021FROMM, Deborah. Entre a sepultura e a cadeia: um olhar etnográfico sobre a conversão religiosa de usuários de crack em São Paulo. Religião & Sociedade, v. 41, n. 1, Rio de Janeiro, 2021 [https://doi.org/10.1590/0100-85872021v41n1cap06 - acesso em 07 jan 2022].
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) e para os diferentes usos terminológicos na definição de uma área mais ou menos perigosa ( Rui, 2014RUI, Taniele. Usos da “Luz” e da “cracolândia”: etnografia de práticas espaciais. Saúde e Sociedade, v. 23, n. 1, São Paulo, jan./mar. 2014 [https://doi.org/10.1590/S0104-12902014000100007 - acesso em 07 jan 2022].
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; Machado, 2019).

A noção de territorialidade aparece com usos bastante diversos, por vezes até distinto da proposta de Perlongher em se distanciar de uma abordagem mais fixada na identidade dos sujeitos pesquisados. Contudo, para além da avaliação do quanto as terminologias utilizadas se aproximam ou não da referência ao autor, é interessante apontar os muitos diálogos que seu uso disseminado nos trabalhos selecionados sugere. Por vezes, a ideia territorialidade aponta para uma área/estabelecimento reconhecida por certa frequência, na qual se sobreleva uma noção subsumida de “lugar” como algo que ganha um sentido mais definitivo nos usos e presença dos sujeitos a partir de suas (homo)sexualidades, outras vezes no destaque ao caráter marginalizado dessa presença quando articulada à noção de “região moral” (Toneli; Perucchi, 2006; Momesso, 2008MOMESSO, Giorgio L. Usos alternados em territórios intersticiais na metrópole: o caso “autorama” em São Paulo. Cadernos CERU, v. 19, n. 2, São Paulo, 2008 [https://doi.org/10.1590/S1413-45192008000200011 - acesso em 23 jan 2021].
https://doi.org/10.1590/S1413-4519200800...
; Ribeiro, 2015RIBEIRO, Andressa de Freitas. O Beco dos Artistas e o estigma: intersecções de gênero, sexualidade, raça e classe social. Iluminuras, v. 16, n. 37, Porto Alegre, 2015 [https://doi.org/10.22456/1984-1191.53154 - acesso em 05 mar 2021].
https://doi.org/10.22456/1984-1191.53154...
, 2016RIBEIRO, Andressa de Freitas. Espaço e sociabilidades: entre o beco e o gueto. Sexualidad, Salud, Sociedad – Revista Latinoamericana, n. 24, Rio de Janeiro, dez. 2016, pp.130-156. ; Leite; Zanetti; Toniolo, 2020; Bonfante; Marino, 2020BONFANTE, Gleiton Matheus; MARINO, Filipe Ungaro. Do dejeto ao desejo: arquitetura de banheiros como dispositivo de controle da sexualidade. Interfaces Científicas, v. 8, n. 20, Aracajú, 2020 [https://doi.org/10.17564/2316-3828.2020v8n2p117-131 - acesso em 07 jan 2022].
https://doi.org/10.17564/2316-3828.2020v...
; Estevão-Rezende; Dores, 2020ESTEVÃO-REZENDE, Yuri; DORES, Marcus Vinícius Pereira das. “Com quantos quilos de medo se faz uma tradição?”: a heteronormatividade como constituinte das relações socioafetivas e das territorialidades das Repúblicas Masculinas Federais de Ouro Preto, Minas Gerais. Periódicus, v. 2, n. 14, Salvador, 2020 [https://doi.org/10.9771/peri.v2i14.31470 - acesso em 07 jan 2022].
https://doi.org/10.9771/peri.v2i14.31470...
; Grunvald, 2021GRUNVALD, Vi. Juventude periférica, gênero, sexualidade e violência de Estado: notas a partir de uma família LGBT na cidade de São Paulo. Ponto Urbe, n. 28, São Paulo, 2021 [https://doi.org/10.4000/pontourbe.10508 - acesso em 03 jan 2021].
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).

Há, também, um número considerável de trabalhos sobre espaços de sociabilidade, mercado e homossexualidades, muitos dos quais são analisados no texto de Facchini, França e Braz (2014). Desse conjunto, destacam-se as diferentes abordagens de França (2013a, 2013b, 2013c, 2015) partindo de pesquisas sobre mercado e homossexualidades e olhando para processos de deslocamento e configurações diferenciais dos sujeitos em diálogo com as noções de deriva e código-território. Estas duas últimas ideias, e a abordagem etnográfica a partir do mercado, também figuram em trabalhos como os de Puccinelli (2011PUCCINELLI, Bruno. Territórios Sexuais: Análise de Sociabilidades Homossexuais no Shopping Gay de São Paulo. Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero, v. 2, n. 1, Ponta Grossa, 2011 [https://doi.org/10.5212/Rlagg.v.2.i1.133140 - acesso em 07 jan 2022].
https://doi.org/10.5212/Rlagg.v.2.i1.133...
, 2014aPUCCINELLI, Bruno. Na esquina do Bar d'A Lôca: produção de sexualidades no cruzamento com a produção da cidade de São Paulo. Cadernos de Campo, v. 23, n. 23, São Paulo 2014a, pp.109-124. , 2014bPUCCINELLI, Bruno. Como Encontrar um “Gueto Gay”: possibilidades analíticas de uma expressão controversa. Gênero na Amazônia, n. 6, Belém jul./dez. 2014b, pp.165-182. , 2016PUCCINELLI, Bruno. Ruas marcadas: interseccionalidades entre gênero e espaço na apropriação das ruas “gays” de São Paulo. Ludere, v. 1, n. 2, Rio de Janeiro, 2016 [http://www.ufrrj.br/SEER/index.php?journal=rlcs&page=issue&op=view&path%5B%5D=206 - acesso em 05 ago 2021].
http://www.ufrrj.br/SEER/index.php?journ...
), Reis (2012b, 2012c), Silva Filho e Rodrigues (2012b), Silva (2013)SILVA, Marcos Aurélio da. A cidade de São Paulo e os territórios do desejo: uma etnografia do Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual. EcoPós, v. 16, n. 13, Rio de Janeiro, 2013 [https://doi.org/10.29146/eco-pos.v16i3.830 - acesso em 07 jan 2022].
https://doi.org/10.29146/eco-pos.v16i3.8...
, Miskolci (2014)MISKOLCI, Richard. Negociando visibilidades: segredo e desejo em relações homoeróticas masculinas criadas por mídias digitais. Bagoas, n. 11, Natal, 2014, pp.51-78. , Teixeira (2015)TEIXEIRA, Marcelo Augusto de Almeida. “Metronormatividades” nativas: migrações homossexuais e espaços urbanos no Brasil. Áskesis, v. 4, n. 1, São Carlos, 2015 [https://doi.org/10.46269/4115.8 - acesso em 01 mai 2021].
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e Passamani e Saggese (2018)PASSAMANI, Guilherme Rodrigues; SAGGESE, Gustavo Santa Roza. Bailão: Trajetórias, sociabilidades e geração entre homens com condutas homossexuais em São Paulo. Sexualidad, Salud, Sociedad – Revista Latinoamericana, n. 29, Rio de Janeiro, ago. 2018 [https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2018.29.11.a - acesso em 05 mar 2021].
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. Merece destaque a leitura de Reis (2014REIS, Ramon Pereira dos. Entre Fluxos e Contrafluxos, “Periferias” e “Centros”: descentralizando sociabilidades homossexuais na cidade de São Paulo. Gênero na Amazônia, n. 6, p. 165-182, Belém, jul./dez. 2014 [http://www.generonaamazonia.com/edicoes/edicao-6/artigos/4_Entre_Fluxos_e_Contrafluxos.pdf - acesso em 05 ago 2021].
http://www.generonaamazonia.com/edicoes/...
, 2021REIS, Ramon Pereira dos. Afetividades (co)extensíveis em “periferias” urbanas: (homo)sexualidades, amizades e pertencimentos. cadernos pagu (61), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2021 [https://doi.org/10.1590/18094449202100610003 - acesso em 10 fev 2022].
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) a partir da noção de des/territorialização em Perlongher sobre deslocamentos e mobilidade a partir das periferias urbanas, colocando tal noção, cara à antropologia urbana, em perspectiva analítica, processo rico de cruzamento teórico em texto escrito com Puccinelli ( Puccinelli; Reis, 2020PUCCINELLI, Bruno; REIS, Ramon Pereira dos. “Periferias” móveis:(homo)sexualidades, mobilidades e produção de diferença na cidade de São Paulo. cadernos pagu (58), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2020 [https://doi.org/10.1590/18094449202000580006 - acesso em 05 ago 2021].
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). Outros trabalhos abordam a questão do deslocamento/deriva olhando especificamente para a dinâmica rua e as disputas pelo “direito à cidade” ( Puccinelli, 2019PUCCINELLI, Bruno. Quem tem direito à vida na cidade?. Revista Coletiva – Dossiê Direito à Cidade, n. 24, Rio de Janeiro, jun. 2019 [https://www.coletiva.org/dossie-direito-a-cidade-n24-artigo-quem-tem-direito-a-vida-na-cidade - acesso em 05 ago 2021].
https://www.coletiva.org/dossie-direito-...
, 2020PUCCINELLI, Bruno. O.CU.PAR: invisibilidades LGBTQIA+ na cidade de São Paulo. Memoricidade – Revista do Museu da Cidade de São Paulo – Dossiê Invisibilidades Urbanas, v. 1, n. 1, São Paulo, 2020, pp.22-27. ; Freitas; Gonçalves, 2021FREITAS, Lídia dos Santos Ferreira de; GONÇALVES, Eliane. Corpos urbanos: direito à cidade como plataforma feminista. cadernos pagu (62), Campinas - SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2021 [https://doi.org/10.1590/18094449202100620010 - acesso em 10 fev 2022].
https://doi.org/10.1590/1809444920210062...
) ou para contextos de trocas sexuais/“pegação” na constituição de sujeitos e espaços em movimento ( Costa, 2014COSTA, Benhur Pinós da. Práticas espaciais de “pegação” homoerótica: o caso dos banheiros públicos nas cidades de Presidente Prudente -SP e Vitória da Conquista – BA. Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero, v. 5, n. 1, Ponta Grossa, 2014 [https://doi.org/10.5212/Rlagg.v.5.i1.0010 - acesso em 07 jan 2022].
https://doi.org/10.5212/Rlagg.v.5.i1.001...
; Sester, 2014SESTER, Eros. Em São Paulo a gente nunca sabe se poluição é neblina - Notas sobre etnografia em um “cinemão” paulistano. Primeiros Estudos, n. 6, São Paulo, 2014 [https://doi.org/10.11606/issn.2237-2423.v0i6p44-64 - acesso em 07 out 2021].
https://doi.org/10.11606/issn.2237-2423....
; Oliveira, 2015OLIVEIRA, Thiago Lima. Viado não, canibal: masculinidade, sexualidade e produção de cidade na experiência do homoerotismo em João Pessoa – PB. Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero, v. 6, n. 2, Ponta Grossa, 2015 [https://doi.org/10.5212/Rlagg.v.6.i2.0014 - acesso em 07 jan 2022].
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; Pontes, 2015PONTES, Diego. Percursos sobre o corpo e a cidade. Cadernos NAUI, v. 4, n. 6, Florianópolis jan./jun. 2015. ).

Um último conjunto de trabalhos se refere especificamente para articulações a partir de diferentes campos de pesquisa. Parte destes artigos trata especificamente da temática das sexualidades e das contribuições pioneiras de Perlongher em temáticas que se tornariam mais presentes na bibliografia antropológica nacional e internacional alguns anos mais tarde ( Carrara; Simões, 2007CARRARA, Sérgio; SIMÕES, Júlio Assis. Sexualidade, cultura e política: a trajetória da identidade homossexual masculina na antropologia brasileira. cadernos pagu (28), Campinas - SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, jun. 2007 [https://doi.org/10.1590/S0104-83332007000100005 - acesso em 05 ago 2021].
https://doi.org/10.1590/S0104-8333200700...
; Simões, 2016SIMÕES, Júlio Assis. O Brasil é um paraíso sexual - para quem?. cadernos pagu (47), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2016 [https://doi.org/10.1590/18094449201600470015 - acesso em 05 ago 2021].
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) ou a partir de uma abordagem crítica da centralidade das grandes cidades para na abordagem das homossexualidades ( Gontijo; Erick, 2015GONTIJO, Fabiano; ERICK, Igor. Diversidade Sexual e de Gênero, Ruralidade, Interioridade e Etnicidade no Brasil: Ausências, Silenciamentos e... Exortações. ACENO, v. 2, n. 4, Cuiabá, 2015 [https://doi.org/10.48074/aceno.v2i4.3181 - acesso em 03 jan 2021].
https://doi.org/10.48074/aceno.v2i4.3181...
; Domingues; Gontijo, 2021DOMINGUES, Bruno Rodrigo Carvalho; GONTIJO, Fabiano. Como assim, cidade do interior? Antropologia, urbanidade e interioridade no Brasil. Ilha – Revista de Antropologia, n. 23, n. 3, Florianópolis, 2021 [https://doi.org/10.5007/2175-8034.2021.e74075 - acesso em 07 jan 2022].
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). Por outro lado, um conjunto de artigos se utiliza das contribuições de Perlongher para pensar contextos urbanos não metropolitanos ( Marques, 2011MARQUES, Roberto. Comunidade sem Portas: imaginando o Cariri a partir de um bar de fim de noite. Campos, v. 12, n. 2, Curitiba, 2011, pp.45-60. ) e como o fazer antropológico, ao longo da produção brasileira, constitui lugares que se confundem com projetos intelectuais específicos ( Marques; Oliveira, 2015MARQUES, Roberto; OLIVEIRA, Leandro de. Juazeiro do Norte: um lugar para as Ciências Sociais. Revista Tendências: Caderno de Ciências Sociais, n. 8, Crato, 2015, pp.9-27. ). Nesse sentido, o artigo de Saraiva (2012) foi um raro exercício de revisão das contribuições de Perlongher aos estudos urbanos que encontramos33 33 Ver também Silva (2015) . , realizado a partir de etnografia em condomínios fechados da cidade de Fortaleza.

Território e reconhecimento

Ao longo deste texto trouxemos as muitas contribuições de Néstor Perlongher para a análise urbana, especialmente aquela focada na dinâmica dos sujeitos nas cidades. Como o próprio afirma logo no começo de O Negócio do Michê , ao se filiar especificamente a uma certa Antropologia Urbana:

A investigação inscreve-se no campo da antropologia urbana que, em se nutrindo do deslocamento dos antropólogos desencadeado pelo fim da dominação colonial e a progressiva extinção dos objetos de estudo, deve respeitar as diferenças derivadas de uma abrupta mudança de contexto, da tribo primitiva à megalópole contemporânea. Se a predileção pela observação de “microunidade relacionais” (Althabe, 1978) é própria da antropologia em geral, no caso das cidades a exigência de “unidade de lugar” ou território único deverá ser deixada de lado em benefício da plurilocalidade das “sociedades complexas”, privilegiando os “espaços intermediários” da vida social, os percursos, trajetórias, devires da experiência cotidiana. (...) Assim, a pesquisa antropológica no meio urbano centrar-se-á no nível micro; as relações interpessoais vão constituir, no dizer de Althabe, a “unidade local da etnologia urbana”. Aliás, esse nível micro é o lugar onde se processa a interiorização da “reprodução das relações sociais”, mas também pode funcionar como um lugar de resistência à ordem social dominante, onde se desenvolvem fenômenos irredutíveis ao nível macro. Não haveria, entre ambos os níveis, uma relação de causalidade fixada com antecedência, mas uma dinâmica de tensão contínua. Correlativamente, não será pertinente considerar o campo empírico como um plano de constatação de hipóteses rigorosamente preestabelecidas, mas enquanto local de experimentação conceitual. Assim, as noções instrumentais tenderão a seguir os movimentos reais das práticas observadas, virando, se for preciso, flutuantes (...) ( Perlongher, 2008PERLONGHER, Néstor. O Negócio do Michê: a prostituição viril em São Paulo. São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo, 2008 [1987].: 51-52).

Enquanto projeto de investigação, a pesquisa também é apresentada como um projeto político de criação teórico-metodológica a todo momento movimentando-se, em devir, na fuga de uma definição estática do próprio trabalho. Em parte, a característica móbil do trabalho de Perlongher sugere algumas explicações para ter tido menos diálogo com a antropologia urbana brasileira que se desenvolveu nos anos posteriores à sua dissertação de mestrado do que com o tema das (homo)sexualidades.

Na introdução do trabalho defendido em 1986 (p. 20), o autor apresenta seu trabalho como, no que concerne à antropologia brasileira, no “projeto de uma antropologia das relações sexuais” conforme sugestão de Peter Fry e, de fato, a maior parte do diálogo construído nestas décadas é mais próxima da área de estudos de gênero e sexualidades. Seria essa uma sina temática? Ao tratar de michês, bichas e mariconas Perlongher estaria fadado a dialogar com suas iguais? Paralelismo curioso, já que ele mesmo criticava uma sobreposição normativa das práticas homossexuais que definia a todos os envolvidos a assunção de identidade gay, destacando a dinâmica molecular de profusa classificação e escape nas fugas subjetivas e territoriais.

Podemos, contudo, pensar esses diálogos em relação a processos sociais mais amplos, como aponta Carrara (2016)CARRARA, Sérgio. A antropologia e o processo de cidadanização da homossexualidade no Brasil. cadernos pagu (47), Campinas - SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2016 [https://doi.org/10.1590/18094449201600470017 - acesso em 05 ago 2021].
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ao tratar da “cidadanização da homossexualidade no Brasil” nas muitas frentes de luta por direitos e conquistas legais; na abordagem sobre sexualidade e violência analisada por Simões (2016)SIMÕES, Júlio Assis. O Brasil é um paraíso sexual - para quem?. cadernos pagu (47), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2016 [https://doi.org/10.1590/18094449201600470015 - acesso em 05 ago 2021].
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, confrontando a imagem de liberalidade do país; o do pluralismo em movimentos sociais (ditos “identitários”) que impelem a organização política mais tradicional a repensar modos de ação, de reflexão e de vocabulário, como apresentam Facchini, Carmo e Lima (2020). O trabalho de Puccinelli (2017PUCCINELLI, Bruno. “Perfeito para você, no centro de São Paulo”: mercado, conflitos urbanos e homossexualidades na produção da cidade. Tese (Doutorado em Ciências Sociais), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2017. , 2020PUCCINELLI, Bruno. O.CU.PAR: invisibilidades LGBTQIA+ na cidade de São Paulo. Memoricidade – Revista do Museu da Cidade de São Paulo – Dossiê Invisibilidades Urbanas, v. 1, n. 1, São Paulo, 2020, pp.22-27. ), por exemplo, apresenta uma série de ações e articulações que elegem os territórios como arena de disputa política sobre direitos de determinadas minorias políticas sexuais. Alguns desses atores sociais têm partido de diferentes acionamentos como forma de participar da política formal, ao pressionar legisladores e secretarias, sem ter cargo eletivo. É mister mencionar a articulação entre a universidade e o ativismo na configuração de debates sobre espaço e sexualidade de forma mais ampla, como a presença de perfis em redes sociais direcionados a essas temáticas34 34 Apenas na rede social Instagram, direcionada ao compartilhamento de fotos e vídeos por dispositivos móveis, há três contas específicas sobre essas temáticas que somam, juntas, mais de dez mil seguidores. São elas: Cidade Queer (@cidadequeer) , mantida pelo arquiteto e pesquisador Gabriel Pedrotti; Arquitetura Bicha (@arquiteturabicha) , mantida, dentre outras pessoas, pelo professor da UFC Clevio Rabelo; e Cartografia Sexuada Salvador (@cartografiasexuadassa) , projeto de extensão coordenado pelo professor da UFBA Eduardo Rocha Lima. . Apesar de uma impressão de limitada e segmentada circulação das ideias sobre as cidades de Perlongher, o próprio montante dos trabalhos que coligimos e analisamos apresenta uma vasta variedade disciplinar, especialmente nos artigos publicados. Estes, inclusive, podem ser considerados espaços mais abertos à experimentação científica, proporcionando abertura ao recebimento de escritos com bibliografia menos engessada.

De Perlongher, além de sua obra provocativa e passional, retemos a cidade intersticial, dos toques e gestos fugidios. A cidade do olhar, do sentir e do cheirar. A cidade em movimento contínuo:

São Paulo. Certa pulsão nômade se rompe pelos interstícios da cidade. Estes impulsos não costumam manifestarem-se à luz do dia. É preciso buscá-los não na centralidade resplandecente da urbe, mas nos brilhos opacos da margem, nos devaneios através da noite donde instauram, sempre precariamente, o encanto de seu mistério, aduares transparentes que quase conseguem manterem-se em segredo. Uma semiclandestinidade de luzes negras parece ser a marca destas irrupções nas irregularidades da cidade em sombras. No entanto, essa multiplicidade de solitários pontos de fuga parece não se decidir a desencadear completamente a vasta subversão com que ameaça. Os nômades urbanos pareceriam preferir acender, mais que alguma devastadora fogueira, uma sucessão de fogos pálidos, sinais apenas reconhecíveis de uma diferença que, embora radical, simula se resolver em fátuos rescaldos melancólicos ( Perlongher, 1997PERLONGHER, Néstor. Avatares de los Muchachos de la Noche. In: FERRER, Christian; BAIGORRIA, Osvaldo (org.). Prosa Plebeya: ensayos 1980-1992. Buenos Aires-BA, Ediciones Colihue S. R. L., 1997, pp.45-58. [1990]: 45).

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  • 1
    Em texto de 1983 ( Perlongher, 1997PERLONGHER, Néstor. Avatares de los Muchachos de la Noche. In: FERRER, Christian; BAIGORRIA, Osvaldo (org.). Prosa Plebeya: ensayos 1980-1992. Buenos Aires-BA, Ediciones Colihue S. R. L., 1997, pp.45-58. [1990] ), o autor de refere aos éditos policiais de controle dos usos e permanência de certos tipos sociais no espaço público sob a justificativa de reprimir “atentado[s] contra a decência pública” (p. 26) com possibilidade de prisão ou “internação curativa” em caso de confirmação de doença venérea a partir do Regulamento Policial de Contravenções de 1949, na Argentina. Visando coibir a prostituição e a expressão de sexualidades e identidades de gênero dissidentes, prática semelhante também ocorreu em São Paulo com as ações do delegado Richetti na região central da cidade sob a “lei da vadiagem” (artigo 59 do decreto-lei 3688 de 1941) na exigência do porte da Carteira de Trabalho e Previdência Social quando da permanência em espaço público ( Quinalha, 2021QUINALHA, Renan. Violência nas Ruas: controle moral e repressão policial. In: QUINALHA, Renan. Contra a Moral e os Bons Costumes: a ditadura e a repressão à comunidade LGBT. São Paulo-SP, Companhia das Letras, 2021, pp. 41-97. ).
  • 2
    MacRae (2018)MACRAE, Edward. Em defesa do Gueto. In: A construção da igualdade – política e identidade homossexual no Brasil da “abertura”. Salvador-BA, EDUFBA, 2018, pp. 51-66. [1983] narra o inquérito aberto pela polícia fluminense contra os editores do jornal por ir contra a “moral e os bons costumes” e aponta como, apesar de um ambiente de maior abertura política e social, ainda ocorriam ações de censura e intimidação.
  • 3
    Perlongher (1997)PERLONGHER, Néstor. Avatares de los Muchachos de la Noche. In: FERRER, Christian; BAIGORRIA, Osvaldo (org.). Prosa Plebeya: ensayos 1980-1992. Buenos Aires-BA, Ediciones Colihue S. R. L., 1997, pp.45-58. [1990] , em ensaio retrospectivo sobre a Frente de Liberação Homossexual publicado em 1985, narra a aproximação da FLH ao governo de Juan Domingo Perón em 1973, sucedendo um período de governos civil-militares (1966-1970), e a manutenção de um clima de perseguição às minorias sexuais no que aponta com uma “Campanha de Moralidade” com sucessivas batidas policiais. Segundo aponta, houve uma continuidade e acirramento deste ambiente na transição para um novo governo militar no final da década de 1970.
  • 4
    MacRae iniciou sua pesquisa como dissertação de mestrado, na Unicamp, em 1978, sob a orientação de Peter Fry. Em 1981, transferiu-se para o doutorado em antropologia na USP, passando para a orientação de Eunice Ribeiro Durham. lntitulada “O militante homossexual no Brasil da Abertura” e defendida em 1986, a tese de MacRae foi reescrita e publicada pela primeira vez em 1990 pela Editora da Universidade Estadual de Campinas, sob o título de “A construção a igualdade”. Foi reeditada pela Editora da Universidade Federal da Bahia (EdUFBA) em 2018, incluindo outros artigos escritos pelo autor na mesma época.
  • 5
    Trata-se do Parecer 977/1965 elaborado pelo então Secretário de Ensino Superior, Newton Sucupira, e da Lei 5.540/1968. Para um apanhado das mudanças na institucionalização da antropologia como efeito dessas diretrizes, ver Corrêa (2013)CORRÊA, Mariza. A antropologia no Brasil (1960-1980). In: Traficantes do simbólico & outros ensaios sobre a história da antropologia. Campinas: Editora da Unicamp, 2013 [1995], p. 107-204. . Para uma visão processual mais ampla da institucionalização da antropologia no Brasil, ver Trajano Filho e Ribeiro (2004); Simião e Feldman-Bianco (2018)SIMIÃO, Daniel; FELDMAN-BIANCO, Bela (org.) O campo da antropologia no Brasil: retrospectiva, alcances e desafios. Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Antropologia, 2018. .
  • 6
    Longe de ser um ponto de separação entre teorias e abordagens, a defesa da etnografia pode ser considerada um ponto comum na conformação de uma antropologia urbana no Brasil, passando pelos apontamentos metodológicos de Cardoso (1997)CARDOSO, Ruth. Aventuras de antropólogos em campo ou como escapar das armadilhas do método. In: CARDOSO, Ruth (org.). A aventura antropológica: teoria e pesquisa. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1997, pp.95-106. , Durham (2004)DURHAM, Eunice Ribeiro. A pesquisa antropológica com populações urbanas. In: THOMAZ, Omar Ribeiro (org.). A dinâmica da cultura: ensaios de antropologia. São Paulo, Cosac & Naify, 2004, pp.357-376. [1997] , Peirano (2006)PEIRANO, Mariza. A alteridade em contexto: o caso do Brasil. In: A teoria vivida e outros ensaios de antropologia. Rio de Janeiro-RJ, Jorge Zahar Editor, 2006, pp.53-67. e Magnani (2009)MAGNANI, José Guilherme Cantor. Etnografia como prática e experiência. Horizontes Antropológicos, v. 15, n. 32, Porto Alegre, dez. 2009, pp.129-156. .
  • 7
    As referências a essas expressões estão relacionadas aos trabalhos dos antropólogos franceses Pierre Sansot, Gérard Althabe e Michèle de La Pidele. Como será discutido ao longo do texto, Perlongher se aproxima das discussões sobre a pesquisa antropológica urbana a partir das reflexões de autores franceses no contexto da virada dos anos 70 para os 80. Neste sentido, é comum encontrar textos que tratem de uma etnologia urbana/na cidade, o que contrasta com a atribuição que se dá à etnologia no Brasil.
  • 8
    O Simpósio “Territórios: Diferentes Enfoques no Brasil Hoje” resultou na publicação da coletânea de “Além dos Territórios – para um diálogo entre a etnologia indígena e os estudos rurais e urbanos” em 1998. Organizado por Ana Maria de Niemeyer e Emília Piatrafesa de Godoi, o livro conta com contribuições de pesquisadores de diferentes temáticas, como Carlos Brandão, Sylvia Caiuby, Regina Müller, Michel Agier, dentre outros. O texto de Perlongher foi republicado em 2005 em livro que recuperava o primeiro trabalho sociológico sobre homossexualidade no Brasil (“Homossexualismo e São Paulo e outros escritos”), como uma breve apresentação de Júlio Assis Simões. Mais de duas décadas depois, Agier teve seu livro sobre antropologia urbana (“Antropologia da cidade – lugares, situações, movimentos”) traduzido e publicado no Brasil sob supervisão técnica de José Guilherme Magnani e Heitor Frúgoli Jr. Esta comunicação foi ainda publicada em materiais didáticos de pequena circulação em 1989 na coleção “Papéis Avulsos 6” do Centro Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos da UFRJ e em 1991 na coleção “Primeira Versão”, nº 27, pelo IFCH/Unicamp.
  • 9
    Essa “polêmica” sobre o escopo da antropologia urbana segue aparecendo em alguns textos, ainda que longe de se constituir em uma discussão sobre qual lado deva ser assumido. Durham (2004DURHAM, Eunice Ribeiro. A pesquisa antropológica com populações urbanas. In: THOMAZ, Omar Ribeiro (org.). A dinâmica da cultura: ensaios de antropologia. São Paulo, Cosac & Naify, 2004, pp.357-376. [1997]: 361-362) já afirmara que se constituiu no Brasil uma antropologia na cidade, diferente do modelo desenvolvido pela Escola de Chicago, já que, aqui, “a cidade é [...] antes o lugar da pesquisa do que seu objeto”, enquanto Velho e Machado (apud Perlongher, 1993PERLONGHER, Néstor. Antropologia das Sociedades Complexas: identidade e territorialidade, ou como estava vestida Margaret Mead. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 8, n. 22, São Paulo, jun. 1993 [http://www.anpocs.com/images/stories/RBCS/22/rbcs22_08.pdf - acesso em 26 mai 2022].
    http://www.anpocs.com/images/stories/RBC...
    , S/P), sobre essa questão, afirmam que nós, antropólogos, “estamos preocupados em estudar situações que ocorreram nas cidades, sem que tenhamos, forçosamente, que explica-las pelo fato de que estão ocorrendo nesse quadro espacial”. É possível encontrar parte das questões sobre estes dois pontos em trabalhos de Oliven (2007)OLIVEN, Ruben G. A antropologia de grupos urbanos. Petrópolis-RJ, Vozes, 2007 [1995]. , Frúgoli Jr. (2005), Rocha e Eckert (2013)ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Nas Trilhas de uma Antropologia da e na Cidade no Brasil. In: Antropologia da e na cidade, interpretação sobre as formas da vida urbana. Porto Alegre-RS, Marcavisual, 2013. , Magnani (2016)MAGNANI, José Guilherme Cantor. Antropologia Urbana: desafios e perspectivas. Revista de Antropologia, v. 59, n. 3, São Paulo, 2016, pp.174-203. .
  • 10
    Isso se dá, principalmente, pelo uso que Perlongher faz da noção de “região moral” de Park (2018)PARK, Robert Ezra. A cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano no meio urbano. In: VALLADARES, Licia do Prado (org.). A sociologia urbana de Robert Park. Rio de Janeiro-RJ, Editora UFRJ, 2018, pp.39-80. [1915] .
  • 11
    Althabe, junto com Marc Augé, Jean Bazin e Emmanuel Terray, fundou em 1992 o Centro de Antropologia dos Mundos Contemporâneos na École de Hautes Estudes em Sciences Sociales a partir da Equipe de Pesquisa em Antropologia Urbana e Industrial atuante na década anterior. Perlongher aponta a importância de Althabe não apenas na reflexão sobre o trabalho antropológico nas cidades, mas sobre as mudanças pelas quais passavam o mundo e a antropologia em si.
  • 12
    A influência francesa nos trabalhos de Perlongher é flagrante e diversa, passando por Bataille, Baudrillard, Lefebvre, Hocquengem, Barthes, dentre muitos outros.
  • 13
    De forma análoga, mas seguindo por formulações diferentes, Magnani (1996)MAGNANI, José Guilherme Cantor. Quando o campo é a cidade: fazendo antropologia na metrópole. In: MAGNANI, José Guilherme Cantor; TORRES, Lilian de Lucca (org.). Na Metrópole - Textos de Antropologia Urbana. São Paulo-SP, EdUSP, 1996, pp.12-53. partem das formulações de Lévi-Strauss e Geertz para analisarem a o processo de mudança do trabalho antropológico nas décadas finais do século XX pelo deslocamento da noção de alteridade.
  • 14
    Brevemente, o “gueto gay” paulistano se concentraria no entorno da Praça da República com uma alteração percebida ainda pelo autor em direção aos bairros da Bela Vista e Jardins, indicando um processo de diferenciação pela via do consumo ( Perlongher, 2008PERLONGHER, Néstor. O Negócio do Michê: a prostituição viril em São Paulo. São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo, 2008 [1987]. ). É possível aventar o quanto as ações de repressão policial na área central nos primeiros anos de 1980 contribuíram para essa mudança. Simões e França (2005)SIMÕES, Júlio Assis; FRANÇA, Isadora Lins. Do “gueto” ao mercado. In: GREEN, James N.; TRINDADE, Ronaldo (org.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo-SP, Editora Unesp, 2005, pp.309-336. discutem a constituição de um mercado direcionado propriamente dito a partir da década de 1990, com suas diferenciações entre bairros.
  • 15
    A ideia da existência de um “gueto gay” em São Paulo segue gerando amplas discussões nas disputas por certas áreas da cidade. Em texto sobre o tema, Puccinelli (2014b) debate os diferentes usos que a expressão ganhou quando da discussão de tornar a Rua Frei Caneca, localizada no bairro da Consolação, uma rua “oficialmente gay”.
  • 16
    O texto de Park, intitulado “A cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano no meio urbano”, possui uma tradução de 1967 na coletânea “O Fenômeno Urbano, organizada pelo professor Otávio Velho, em que contavam também outros textos traduzidos, como “O urbanismo como forma de vida”, de Louis Wirth, e “A metrópole e a vida mental”, de Georg Simmel. Este último texto foi republicado em nova tradução em 2005, desta vez diretamente do texto em alemão, já que a primeira tradução havia sido feita a partir de sua publicação em inglês pela editora da Universidade de Chicago.
  • 17
    “[Durham] mostra que, longe de se perderem, os laços familiares das famílias transplantadas tendem a refazer-se no novo meio urbano, incluindo a reelaboração de rituais de sociabilidade que provêm de seu círculo de origem. O que se poderia objetar a essa formulação – talvez irrebatível do ponto de vista quantitativo – é que ela deixa de lado aqueles que se ‘perdem’ no caminho para a cidade, ou seja, dos inúmeros casos de jovens ‘retirantes’ que se desterritorializam na grande cidade e integram as tropas marginais, o lúmpen” (Pelongher, 2005:270).
  • 18
    Poderíamos, de outra forma, olhar tal movimento como contra usos de circulação pela cidade que questionam a racionalidade da cidade moderna imposta por planejamentos de fluxos, circulações e permanências no espaço público, principalmente. Autoras da chamada Geografia Feminista têm apontado o quanto os espaços das cidades são pensados e planejados tendo-se em mente a ordem do trabalho diurno, da vida familiar heterossexual e da presença ostensiva de homens brancos nos espaços públicos (circulando e tomando decisões).
  • 19
    Conforme ressaltou Simões (2008)SIMÕES, Júlio Assis. O negócio do desejo. cadernos pagu (31), Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, 2008, pp.535-546. , Perlongher faz aqui uma rentável releitura na noção de “deriva”, a partir de David Matza, como espaços de controle social afrouxado, que permitem responderiam a múltiplas demandas de “ordem” e “desordem”, adiando compromissos e evitando decisões definitivas O próprio ingresso nas zonas de deriva dificilmente poderia ser caracterizado como uma decisão consciente: seria, antes, acidental, imprevisível e até mesmo não percebido, assim como seriam imprecisas e borradiças as próprias fronteiras entre norma e desvio.
  • 20
    Em outro texto, Perlongher (2005PERLONGHER, Néstor. Territórios Marginais. In: GREEN, James N.; TRINDADE, Ronaldo (org.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo, Editora Unesp, 2005 [1992], pp.263-290.: 276, grifos no original) assim apresenta a noção de “código-território”: “A expressão ‘código-território’ se refere à relação entre o código e o território definido por seu funcionamento. ‘Inscription territorialisée’ na qual se distinguem – diz Guattari (apud Cerfi, 1973) – dois elementos: uma ‘sobrecodificação’ – surcodage , código de códigos – e uma axiomática, que regula as relações, passagens e transduções entre e através das redes de códigos, que por sua vez ‘capturariam’ os corpos que se deslocam, classificando-os segundo uma retórica, cuja sintaxe corresponderia à axiomatização dos fluxos”.
  • 21
    Como boa parte da população mundial, precisamos ficar meses em isolamento, com poucas saídas para aquisição de alimentos ou medicamentos no entorno de nossos locais de moradia. Dessa forma, foi preciso realizar toda a pesquisa em bancos de dados disponíveis na internet. Isso se daria mesmo em um cenário sem pandemia, mas certamente impactou a atualização desses bancos pelas instituições de ensino e pesquisa e pelas próprias pessoas que estavam produzindo naquele momento. Desta feita, o levantamento bibliográfico se estendeu até a metade de 2022, quando, enfim, finalizamos a busca por trabalhos.
  • 22
    Não é incomum que trabalhos posteriores aos de Perlongher se refiram ao trabalho de homens que se prostituam como “prostituição viril”, apontando uma forma de abordagem analítica que se mantém presente em tais trabalhos. Para uma discussão mais ampla dessa temática ver Passamani, Lopes e Rosa (2019) e artigo publicado neste dossiê.
  • 23
    Os outros 03 trabalhos, todos dissertações de mestrado, foram realizados em Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Geografia e no Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre a Mulher.
  • 24
    Os dados sobre trabalhos finais como requisito para obtenção do título de bacharelado e/ou estão também relacionados a como as diferentes áreas se estruturam no país
  • 25
    É importante apontar que parte destes trabalhos possui mesma autoria em revistas de áreas diferentes, ainda que essa divisão não seja tão restrita. Isso acontece especialmente nas porcentagens destacadas, apontando para áreas temáticas bastante interdisciplinares. Nos periódicos, as áreas em que houve publicações por nós selecionadas para essa discussão foram, em ordem decrescente de quantidade: Saúde (03), História (03), Psicologia (03), Educação (02), Planejamento Urbano (02), Arquitetura e Urbanismo (01), Ciência Política (01), Comunicação (01), temática sobre migração (01) e Interdisciplinar (01).
  • 26
    Dos papers selecionados há ainda trabalhos apresentados em eventos de Geografia (02), Sociologia (01) e História (01).
  • 27
    Há uma interessante análise de Facchini, Carmo e Lima (2020) de processos recentes de mudança mais ampla que têm pressionado o debate sobre questões tais como equidade de gênero, lgbtfobia e racismo a partir das diferentes inserções de jovens no ativismo.
  • 28
    Sabemos que parte dos artigos é resultado de reflexões debatidas durante a realização de pesquisas de pós-graduação, inclusive como resultado de papers apresentados em eventos acadêmicos; outra parte deriva de momento posterior à defesa de tais pesquisas. Nossa divisão pretende apenas organizar a análise, não sendo uma divisão de natureza dos trabalhos que, certamente, se retroalimentam.
  • 29
    Sobre as mudanças nas siglas ver os trabalhos de Simões e Facchini (2009)SIMÕES, Júlio Assis; FACCHINI, Regina. Na trilha do arco-íris: do movimento homossexual ao LGBT. São Paulo-SP, Editora Fundação Perseu Abramo, 2009. , Aguião (2018)AGUIÃO, Silvia. Fazer-se no “Estado”: uma etnografia sobre o processo de constituição dos “LGBT” como sujeitos de direito no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro – RJ, EdUERJ, 2018. e Facchini (2020)FACCHINI, Regina. De homossexuais a LGBTQIAP+: sujeitos políticos, saberes, mudanças e enquadramentos. In: FACCHINI, Regina; FRANÇA, Isadora L. (org.) Direitos em disputa: LGBTI+, poder e diferença no Brasil contemporâneo. Campinas – SP, Editora da Unicamp, 2020, pp.31-69. .
  • 30
    “A antropologia moderna, por outra parte, recomendará inclusive certo grau de mimetização, de maneira a permitir a ‘observação participante’. Neste caso, terá importância a maneira de nos vestirmos: é o caso de botar bolsinha, brinquinho e salto alto e passar a extraviar-se nos labirintos do trottoir - se é que se pretende, como no meu caso, estudar a ‘prostituição de rua’” ( Perlongher, 1993PERLONGHER, Néstor. Antropologia das Sociedades Complexas: identidade e territorialidade, ou como estava vestida Margaret Mead. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 8, n. 22, São Paulo, jun. 1993 [http://www.anpocs.com/images/stories/RBCS/22/rbcs22_08.pdf - acesso em 26 mai 2022].
    http://www.anpocs.com/images/stories/RBC...
    : s/p).
  • 31
    No bojo desses trabalhos, há ações nos últimos anos que têm reforçado esse debate como roteiros e oficinas nas “Jornadas do Patrimônio”, atividade realizada anualmente desde 2015, numa audiência pública para debater a reforma do Largo do Arouche intitulada “Como consolidar o Largo do Arouche como território LGBT+”, realizada em 2019, e um projeto de extensão, pela USP, em execução desde 2021, intitulado “O Patrimônio Histórico e Cultural LGBTHQIAPD+: Inventário Participativo na Região do Largo do Arouche”.
  • 32
    Os outros trabalhos versam sobre diferentes dimensões da prostituição olhando para os sujeitos que exercem essas atividades.
  • 33
    Ver também Silva (2015)SILVA, Marcos Aurélio da. Localizando performances: territorialidade e os estudos antropológicos de gênero e sexualidade. Urbana, v. 7, n. 2 (11), Campinas, 2015, pp.33-54. .
  • 34
    Apenas na rede social Instagram, direcionada ao compartilhamento de fotos e vídeos por dispositivos móveis, há três contas específicas sobre essas temáticas que somam, juntas, mais de dez mil seguidores. São elas: Cidade Queer (@cidadequeer) , mantida pelo arquiteto e pesquisador Gabriel Pedrotti; Arquitetura Bicha (@arquiteturabicha) , mantida, dentre outras pessoas, pelo professor da UFC Clevio Rabelo; e Cartografia Sexuada Salvador (@cartografiasexuadassa) , projeto de extensão coordenado pelo professor da UFBA Eduardo Rocha Lima.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Jan 2023
  • Data do Fascículo
    Nov 2022

Histórico

  • Recebido
    27 Jul 2022
  • Aceito
    07 Nov 2022
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