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Cadernos Nietzsche:trazem quarta parte do dossiê Nietzsche no Brasil

Esta edição dos Cadernos Nietzsche está dividida em três seções. A primeira contém três artigos que testemunham a diversidade temática e a influência do pensamento nietzschiano. A segunda é composta pelo Dossiê "Recepção: Nietzsche no Brasil: núcleo histórico" chega a sua quarta parte. A terceira traz uma resenha ao livro de Eduardo Nasser, Nietzsche e a ontologia do vir-a-ser.

No texto de abertura, Scarlett Marton, analisando as diferentes partes de Assim falava Zaratustra, pergunta-se pelo lugar que o eterno retorno ocupa no livro, ao tempo em que o associa à noção de além-do-homem, ao conceito de vontade de potência, ao projeto de transvaloração de todos os valores e à ideia de amor fati. No segundo texto, Michèle Cohen-Halimi concentra-se na Genealogia da moral e no Anticristo para refletir sobre a presença do judaísmo na filosofia de Nietzsche; para isso, parte do enigma do vocábulo "Verhängnis" (fatalidade) e de seu adjetivo derivado: "verhängnisvoll" (fatal). Sua intenção é pôr em xeque a tradução dos dois termos, feita na França, por fatalidade e funesto, apontando para a equivocidade introduzida pelos tradutores franceses de Nietzsche, a qual não tem razão de ser se se leva em consideração o "fatum" de que o judaísmo empreende a primeira transvaloração dos valores como uma necessidade irreversível. Finalizando a primeira parte, Luca Lupo detém-se nas afinidades entre os pensamentos de Nietzsche e Jung. Partindo dos seminários realizados por Jung entre 1934 e 1939, nos quais se dedicou à interpretação de Assim falava Zaratustra, o artigo busca reconstruir os traços da influência de Nietzsche na estrutura, linguagem, temas e atmosferas do Livro vermelho, de Jung.

O Dossiê "Recepção: Nietzsche no Brasil: núcleo histórico, parte IV" contém nove textos que integram a pesquisa "Nietzsche no Brasil (1933-1943): da ascensão do nacional-socialismo ao Grande Reich Alemão", coordenada pelo professor Luís Rubira, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e membro do Grupo de Estudos Nietzsche (GEN). Em sintonia com o período em que foram escritos, esses artigos trazem as preocupações políticas dos autores, e neles é possível notar uma tentativa de distanciar o filósofo alemão tanto dos ideais nazistas quanto das ideias mais ligadas à esquerda. Na próxima edição, serão publicados os outros nove textos da pesquisa, com um artigo refletindo sobre o conjunto geral desses escritos.

Para finalizar esta edição, Emmanuel Salanskis escreve uma resenha para o livro de Eduardo Nasser, Nietzsche e a ontologia do vir-a-ser, publicado pela Edições Loyola (2015). Destacando a contextualização das reflexões de Nietzsche sobre o tempo e o vir-a-ser, somos informados de que se trata de uma contribuição extremamente original e desafiadora para os estudos nietzschianos contemporâneos, mesmo que o autor da resenha não compartilhe inteiramente da leitura ontológica que a obra oferece.

Gostaríamos de expressar nossos agradecimentos a Luís Rubira e a Fabiano Pinto pela organização do Dossiê, e a Saulo Krieger, por colaborar na preparação do presente volume.

Márcio José Silveira Lima
Editor-Responsável

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2016
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