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CONHECIMENTO DE MÉDICOS E ENFERMEIROS ATUANTES NO PRÉ-NATAL SOBRE TOXOPLASMOSE

CONOCIMIENTO DE MÉDICOS Y ENFERMEROS ACTUANTES EN PRENATAL SOBRE LA TOXOPLASMOSIS

RESUMO

Objetivo:

descrever o conhecimento de médicos e enfermeiros pré-natalistas sobre a toxoplasmose.

Método:

estudo transversal, analítico, realizado entre outubro de 2018 e fevereiro de 2019, com 89 profissionais de 43 Unidades Básicas de Saúde de Aracaju, Sergipe, Brasil, por meio de questionário autoaplicado. Foram calculadas as frecuências absolutas, relativas e os odds ratios. Utilizaram-se os testes Exato de Fischer e Qui-quadrado para análise dos dados.

Resultados:

os médicos e enfermeiros atuantes no pré-natal apresentaram pouco conhecimento sobre toxoplasmose relacionado às formas infectantes (p=1,000), vias de transmissão (p=1,000), grupo vulnerável (p=0,290), período de transmissão (p=1,000), maior risco para sequelas no recémnascido (p=0,828), quando realizar exames (p=0,015), indicação e interpretação do teste de avidez (p=0,355).

Conclusão:

este estudo identificou lacunas de conhecimento e poderá contribuir para planejamento de educação continuada para profissionais pré-natalistas, a fim de prevenir a toxoplasmose congênita.

DESCRITORES:
Toxoplasmose Congênita; Cuidado Pré-Natal; Saúde da Família; Cuidados de Enfermagem; Medicina Preventiva

RESUMEN:

Objetivo:

Describir el conocimiento de médicos y enfermeros de prenatal sobre la toxoplasmosis.

Método:

Estudio transversal, analítico, realizado entre octubre de 2018 y febrero de 2019, con 89 profesionales de 43 Unidades Básicas de Salud de Aracaju, Sergipe, Brasil, mediante cuestionario autocompletado. Se calcularon las frecuencias absolutas, relativas, y los odds ratios. Fueron utilizados para análisis de los datos los tests Exacto de Fischer y Chi-cuadrado.

Resultados:

Los médicos y enfermeros actuantes en el prenatal demostraron poco conocimiento sobre toxoplasmosis respecto a sus vías de infección (p=1,000), modos de transmisión (p=1,000), grupo vulnerable (p=0,290), período de contagiosidad (p=1,000), riesgo mayor de secuelas en el recién nacido (p=0,828), momento de realización de análisis (p=0,015), indicación e interpretación del test de avidez (p=0,355).

Conclusión:

El estudio identificó brechas de conocimiento, y contribuirá a planificar una educación continua para profesionales de prenatal, a efectos de prevenir la toxoplasmosis congénita.

DESCRIPTORES:
Toxoplasmosis Congénita; Atención Prenatal; Salud de la Familia; Atención de Enfermería; Medicina Preventiva

ABSTRACT

Objective:

To describe the knowledge of doctors and nurses who provide prenatal care about toxoplasmosis.

Method:

Cross-sectional analytical study, conducted between October 2018 and February 2019, with 89 professionals from 43 Basic Health Units in Aracaju, State of Sergipe, in Brazil, through a self-administered questionnaire. Absolute and relative frequencies and odds ratios were calculated. Fischer Exact test and Chi-square test were used for data analysis.

Results:

Doctors and nurses who provide prenatal care have shown little knowledge about toxoplasmosis related to infectious forms (p = 1,000), transmission routes (p = 1,000), vulnerable group (p = 0,290), transmission period (p = 1,000), greater risk for complications in newborns (p = 0.828), when tests should be performed (p = 0.015), indication for performing and interpretation of the avidity test (p = 0.355).

Conclusion:

The present study identified knowledge gaps and may contribute to planning continuing education for prenatal care professionals, in order to prevent congenital toxoplasmosis.

DESCRIPTORS:
Congenital toxoplasmosis; Prenatal care; Family Health; Nursing care; Preventive medicine

INTRODUÇÃO

A toxoplasmose é uma zoonose de distribuição mundial, com alta prevalência, causada pelo Toxoplasma gondii, e pode provocar graves sequelas ao feto(1)1. Capobiango JD, Breganó RM, Mori FMRL, Navarro IT, Campos JS de A, Tatakihara LT, et al. Toxoplasmose adquirida na gestação e toxoplasmose congênita: uma abordagem prática na notificação da doença. Epidemiol. Serv. Saúde. [Internet]. 2016 [accessed 10 out 2019]; 25(1). Available from: http://www.scielo.br/pdf/ress/v25n1/2237-9622-ress-25-01-00187.pdf.
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. A transmissão vertical é decorrente da infecção adquirida em gestantes, cuja contaminação se dá através da ingestão de alimentos com oocistos ou bradizoítos(2)2. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2010..

Diante da alta prevalência da toxoplasmose(3)3. Djurkovic-Djakovic O, Dupouy-Camet J, Giessen JV der, Dubey J P. Toxoplasmosis: overview from a one health perspective. Food and Waterborne Parasitol. [Internet]. 2019 [accessed 05 jun 2019]; 15(e00054). Available from: https://doi.org/10.1016/j.fawpar.2019.e00054.
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, énecessário que os profissionais de saúde tenham conhecimento apropriado sobre essa infecção, visando à prevenção, diagnóstico e tratamento precoces. Quando ocorre em gestantes, o risco de comprometimento fetal é elevado(3)3. Djurkovic-Djakovic O, Dupouy-Camet J, Giessen JV der, Dubey J P. Toxoplasmosis: overview from a one health perspective. Food and Waterborne Parasitol. [Internet]. 2019 [accessed 05 jun 2019]; 15(e00054). Available from: https://doi.org/10.1016/j.fawpar.2019.e00054.
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. O diagnóstico precoce reduz as chances de transmissão vertical e ocorrência de sequelas graves. Assim, o Ministério da Saúde do Brasil (MS) recomenda a realização da triagem sorológica na primeira consulta do pré-natal e sua repetição para as gestantes suscetíveis(4)4. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. [Internet] Brasília: Ministério da Saúde; 2010 [accessed 21 jan 2019]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
.

No Brasil, a toxoplasmose é endêmica, com prevalência variando de 31 %(5)5. Detanico L, Basso RMC. Toxoplasmose: perfil sorológico de mulheres em idade fértil e gestantes. RBAC. [Internet]. 2006 [accessed 22 maio 2019]; 38(1). Available from: https://www.researchgate.net/publication/237490086_Toxoplasmose_perfil_sorologico_de_mulheres_em_idade_fertil_e_gestantes_Toxoplasmosis_serological_profile_of_childbearing_age_and_pregnant_women.
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a 91,6%(6)6. Figueiró-Filho EA, Lopes AHA, Senefonte FR de A, Souza Júnior VG de, Botelho CA, Figueiredo MS, et al. Toxoplasmose aguda: estudo da frequência, taxa de transmissão vertical e relação entre os testes diagnósticos materno-fetais em gestantes em estado da Região Centro-Oeste do Brasil. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [Internet]. 2005 [accessed 22 maio 2019]; 27(8). Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0100-72032005000800002.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-72032005...
. Em Sergipe, sua prevalência é de 68,5%(7)7. Inagaki AD de M, Cardoso NP, Lopes RJPL, Alves JAB, Mesquita JRF, Araújo KCGM de et al. Análise espacial da prevalência de toxoplasmose em gestantes de Aracaju, Sergipe, Brasil. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [Internet]. 2014 [accessed 22 maio 2019]; 36(12). Available from: http://dx.doi.org/10.1590/So100-720320140005086.
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, acarretando alto risco de comprometimento fetal na ocorrência de primo-infecção durante a gestação(8)8. Romanelli RM de C, Carellos EVM, Campos FA, Pinto AS de P, Marques BA, Anchieta LM, et al. The approach to neonatal congenital infections – toxoplasmosis and syphilis. Rev. Med. Minas Gerais. [Internet]. 2014 [accessed 22 maio 2019]; 24(2). Available from: http://rmmg.org/artigo/detalhes/1601.
http://rmmg.org/artigo/detalhes/1601...
. Populações com prevalência de IgG para toxoplasmose entre 25% e 80% têm maior risco de infecção congênita devido à alta circulação do parasita e alta proporção de gestantes suscetíveis(9)9. Naoi K, Yano A. A theoretical analysis of the relations between the risk of congenital toxoplasmosis and the annual infection rates with a convincing argument for better public intervention. Parasitol. Int. [Internet]. 2002 [accessed 09 maio 2019]; 51(2). Available from: https://doi.org/10.1016/S1383-5769(02)00009-0.
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.

Todas as gestantes suscetíveis devem ser orientadas quanto à prevenção primária, visto que essa é a melhor forma de evitar a infecção(10)10. Di Mario S, Basevi V, Gagliotti C, Spettoli D, Gori G, D’Amico R, et al. Prenatal education for congenital toxoplasmosis. Cochrane Database of Syst. Rev. [Internet]. 2013 [accessed 08 maio 2019]; Available from: https://doi.org/10.1002/14651858.CD006171.pub3.
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, sendo a educação em saúde de suma importância na profilaxia da toxoplasmoses(44. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. [Internet] Brasília: Ministério da Saúde; 2010 [accessed 21 jan 2019]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf.
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,1111. Rajapakse S, Weeratunga P, Rodrigo C, Silva NL de, Fernando SD. Profilaxia da toxoplasmose humana: uma revisão sistemática. Pathog. Glob. Health. [Internet]. 2017 [accessed 25 jan 2019]; 111(7). Available from: https://doi.org/10.1080/20477724.2017.1370528.
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). Adicionalmente, é necessária a triagem sorológica, a fim de realizar o diagnóstico da soroconversão e estabelecimento do tratamento(4)4. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. [Internet] Brasília: Ministério da Saúde; 2010 [accessed 21 jan 2019]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf.
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.

Em 2018, o MS determinou a notificação e investigação da toxoplasmose gestacional e congênita para identificar surtos, bloquear a fonte de transmissão e tomada de medidas de prevenção, controle e tratamento em tempo oportuno(12)12. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de Notificação e Investigação: Toxoplasmose gestacional e congênita. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2018 [accessed 07 maio 2019] Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_notificacao_investigacao_toxoplasmose_gestacional_congenita.pdf.
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.

Para adequada assistência pré-natal, faz-se necessário conhecimento sobre as infecções congênitas e suas formas de prevenção, a fim de reduzir a morbimortalidade perinatal. Este estudo é relevante tendo em vista que pesquisas têm mostrado desconhecimento sobre toxoplasmose entre profissionais que realizam pré-natal(1313. Branco BHM, Araújo SM de, Falavigna-Guilherme AL. Prevenção primária da toxoplasmose: conhecimento e atitude de profissionais de saúde e gestantes do serviço público de Maringá, estado do Paraná. Sci. Med. [Internet]. 2012 [accessed 09 maio 2019]; 22(4). Available from: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/viewFile/11718/8616.
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,1414. Sousa JA da S, Corrêa R da GCF, Aquino DMC de, Coutinho NPS, Silva MACN da, Nascimento M do DSB. Knowledge and perceptions on toxoplasmosis among pregnant women and nurses who provide prenatal in primary care. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo. [Internet]. 2017 [accessed 24 abr 2019]; 59. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/s1678-9946201759031.
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,1515. Alvarado-Esquivel C, Sánchez-Anguiano LF, Berumen-Segovia LO, Hernández-Tinoco J, Rico-Almochantaf YDR, Cisneros-Camacho A, et al. Knowledge and Practices of Toxoplasmosis among Clinical Laboratory Professionals: A Cross-Sectional Study in Durango, Mexico. Int. J. Environ. Res. Public Health. [Internet]. 2017 [accessed 25 jun 2019]; 14(11). Available from: https://doi.org/10.3390/ijerph14111413.
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). Ademais, não existem estudos que mensurem este conhecimento entre enfermeiros e médicos pré-natalistas do estado de Sergipe.

Diante disso, este estudo teve como objetivo descrever o conhecimento de médicos e enfermeiros atuantes no pré-natal sobre a toxoplasmose.

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, analítico, realizado no período de outubro de 2018 a fevereiro de 2019. O ambiente do estudo foram as 44 Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Aracaju-SE, com uma população de 137 equipes de saúde da família. Em uma das unidades, a superlotação impossibilitou a realização da pesquisa, restando 43 UBS. A amostra foi por conveniência e não probabilística, tendo como critérios de inclusão ser médico ou enfermeiro, realizar pré-natal, estar presente na UBS na ocasião da coleta e aceitar participar do estudo.

O instrumento de coleta de dados foi um questionário autoaplicável, elaborado pelos autores e validado por meio de estudo piloto, com base em estudos anteriores(1616. Silva LB da, Oliveira R de VC de, Silva MP da, Bueno WF, Amendoeira MRR, Neves E de S. Knowledge of Toxoplasmosis among Doctors and Nurses Who Provide Prenatal Care in an Endemic Region. Infect Dis Obstet Gynecol. [Internet]. 2011 [accessed 05 jul 2019]. Available from: http://dx.doi.org/10.1155/2011/750484.
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,1717. Silva JAO, Galeão PAB de A, Vasconcelos EMR de, Alencar EM de. Nursing and medical students’ knowledge about toxoplasmosis. Rev enferm UFPE [Internet]. 2011 [accessed 05 jul 2019]; 5(3). Available from: https://doi.org/10.5205/reuol.1262-12560-1-LE.0503201130.
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,1818. Inagaki AD de M, Ribeiro CJN, Silva AKA da, Abud ACF, Santos AO dos, Cruz VC. Conhecimento dos acadêmicos de enfermagem e medicina sobre toxoplasmose. Rev enferm UFPE [Internet]. 2015 [accessed 05 jul 2019]; 9(10). Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/10889/12143.
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). O

Conhecimento de médicos e enfermeiros atuantes no pré-natal sobre toxoplasmose Inagaki AD de M, Souza IES, Araujo ACL, Abud ACF, Cardoso NP, Ribeiro CJN instrumento foi dividido em duas seções, a primeira referente aos dados sociodemográficos e, a segunda, ao conhecimento sobre toxoplasmose.

Os dados foram armazenados e analisados nos softwares Excel 2010 e Epi InfoTM 7.0. Foi utilizada a estatística descritiva e calculadas as frequências absolutas e relativas, os odds ratios (ORs) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%). A associação entre as variáveis categóricas foi examinada pelos testes Exato de Fisher e Qui-Quadrado, adotando-se uma significância estatística de 5% (p<0,05).

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos da Universidade Federal de Sergipe (UFS) com parecer número 2.771.825.

RESULTADOS

A amostra final foi composta por 63 enfermeiros e 26 médicos. A idade variou de 27 a 65 anos, com média, moda e mediana de 42, 40 e 41 anos, respectivamente. Já o tempo de formação variou de dois a 39 anos, com média e mediana de 18,5 e 17 anos, respectivamente. A moda foi de 16 e 17 anos, ambos com sete participantes. O tempo de atuação na atenção básica variou de um a 432 meses (36 anos), com média de 160 meses (13 anos), mediana de 168 meses (14 anos) e moda de 192 meses (16 anos). Os profissionais foram formados, majoritariamente, pela UFS, eram do sexo feminino, possuíam especialização que os capacitava a realizar pré-natal, e tinham um vínculo empregatício com até 40 horas semanais de trabalho. A Tabela 1 distribui os participantes do estudo de acordo com a caracterização da amostra.

Tabela 1
Caracterização profissional e sociodemográfica de enfermeiros e médicos pré-natalistas. Aracaju, SE, Brasil, 2019 (continua)

No que tange ao conhecimento dos profissionais, a Tabela 2 distribui os participantes conforme o conhecimento sobre o ciclo vital do parasita e sua transmissibilidade. Identifica-se que, quanto ao agente etiológico e aos grupos vulneráveis para aquisição da toxoplasmose, houve um conhecimento maior entre os médicos (p<0,05); nas demais categorias, correspondentes ao ciclo vital do parasita, risco de transmissão vertical e acometimento fetal, observou-se déficit de conhecimento sem diferença entre médicos e enfermeiros.

Tabela 2
Distribuição da proporção de acertos (n=89) de acordo com o conhecimento sobre o ciclo vital do parasita e transmissibilidade. Aracaju, SE, Brasil, 2019

Os profissionais foram questionados quanto às orientações visando à prevenção da toxoplasmose em gestantes suscetíveis. Observou-se que muitos profissionais ainda confundem as formas de transmissão e contaminação da toxoplasmose, uma vez que o maior número de alternativas erradas estava relacionado ao contato com o hospedeiro definitivo. A Tabela 3 apresenta essas orientações.

Tabela 3
Distribuição da proporção de respostas (n=89) de acordo com o conhecimento sobre orientações corretas e incorretas passadas para gestantes a fim de prevenir toxoplasmose durante a gestação. Aracaju, SE, Brasil, 2019

A Tabela 4 distribui os participantes do estudo conforme o manejo clínico da toxoplasmose e o conhecimento sobre o comprometimento do recém-nascido. Observouse que o maior desconhecimento foi quanto ao período indicado para a realização da sorologia, indicação e interpretação do teste de avidez e tratamento. Quanto ao momento para a realização da sorologia e a interpretação do resultado, o desconhecimento dos enfermeiros foi maior (p<0,05).

Tabela 4
Distribuição da proporção de acertos (n=89) de acordo com o conhecimento do manejo clínico da toxoplasmose. Aracaju, SE, Brasil, 2019

DISCUSSÁO

Apesar da toxoplasmose ser um sério problema de saúde, que pode acarretar danos irreversíveis ao feto, até recentemente não era alvo de políticas intensivas de vigilância. Devido aos riscos para o feto, requer dos profissionais pré-natalistas conhecimentos que possibilitem a prevenção e tratamento para evitar a infecção congênita. Os resultados revelam dados preocupantes a respeito do desconhecimento desses profissionais, o que pode impactar a qualidade da assistência pré-natal.

Além de outros profissionais, as equipes de saúde da família devem ser compostas por, no mínimo, um médico e um enfermeiro(19)19. Ministério da Saúde (BR). Portaria n. 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União [Internet]. 21 set. 2017 [accessed 23 abr 2019]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html.
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. Contudo, observa-se que 63 (70,8%) participantes do estudo eram enfermeiros, demonstrando baixa adesão dos médicos à pesquisa, já que o quantitativo nas equipes é igualitário.

Historicamente, a enfermagem se caracteriza por ser uma profissão feminina, corroborando achados de outro estudo realizado em Goiás(20)20. Oliveira MPR de, Menezes IHCF, Sousa LM de, Peixoto M do RG. Formação e qualificação de profissionais de saúde: Fatores associados à qualidade da atenção primária, Rev. Bras. Educ. Med. [Internet]. 2016 [accessed 09 maio 2019]; 40(4). Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v40n4e02492014.
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. Diferentemente, encontramos que os profissionais foram formados pela UFS, enquanto naquele estudo(20)20. Oliveira MPR de, Menezes IHCF, Sousa LM de, Peixoto M do RG. Formação e qualificação de profissionais de saúde: Fatores associados à qualidade da atenção primária, Rev. Bras. Educ. Med. [Internet]. 2016 [accessed 09 maio 2019]; 40(4). Available from: http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v40n4e02492014.
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foram formados em instituições privadas. Essa maior proporção pode ser justificada pelo tempo de formação, média de 18 anos, tendo em vista que os primeiros cursos de enfermagem e medicina, na rede privada, em Sergipe, iniciaram em 2006 e 2010, respectivamente.

Entre os participantes, 74 (83,2%) possuíam alguma especialização que Ihes capacitava a realizar pré-natal, estando em conformidade com a Portaria 2.4362/2017 do MS que recomenda que os médicos e enfermeiros que compõem as equipes de saúde da família possuam especialização em medicina da família e/ou saúde da família(19)19. Ministério da Saúde (BR). Portaria n. 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União [Internet]. 21 set. 2017 [accessed 23 abr 2019]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html.
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.

Quase dois terços dos médicos possuíam mais de um emprego e metade dessa categoria exercia mais de 40 horas semanais de trabalho. Já entre os enfermeiros, 38 (60,3%) possuíam apenas um vínculo. A proporção de médicos e enfermeiros que possuíam carga horária maior do que 60 horas semanais foi similar, o que pode implicar em falta de tempo para estudo e formação complementar.

Ao avaliar o conhecimento sobre toxoplasmose, os enfermeiros apresentaram maior desconhecimento. Essa diferença não possui justificativa, visto que a maioria dos participantes foi formada pela mesma instituição, cujas disciplinas do ciclo básico, de ambos os cursos, são semelhantes, sobretudo a disciplina de parasitologia, que possui mesma carga horária e plano de ensino.

O conhecimento sobre o ciclo biológico do parasita fornece embasamento para que o profissional possa orientar sobre estratégias de prevenção. Nesse sentido, chama atenção o desconhecimento dos participantes sobre as formas infectantes. Esse achado também é característico ainda na graduação, visto que em um estudo realizado com 107 estudantes da UFS, evidenciou-se desconhecimento(18)18. Inagaki AD de M, Ribeiro CJN, Silva AKA da, Abud ACF, Santos AO dos, Cruz VC. Conhecimento dos acadêmicos de enfermagem e medicina sobre toxoplasmose. Rev enferm UFPE [Internet]. 2015 [accessed 05 jul 2019]; 9(10). Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/10889/12143.
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.

Quanto às formas de contaminação e infecção, apenas urn enfermeiro respondeu de forma completa e correta. Tal achado é alarmante, pois o desconhecimento das formas que uma gestante suscetível pode adquirir a toxoplasmose implica em educação em saúde inadequada. Em um estudo envolvendo gestantes e enfermeiros realizado em São Luís-MA, as gestantes afirmaram que receberam informações, mas de forma superficial(14)14. Sousa JA da S, Corrêa R da GCF, Aquino DMC de, Coutinho NPS, Silva MACN da, Nascimento M do DSB. Knowledge and perceptions on toxoplasmosis among pregnant women and nurses who provide prenatal in primary care. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo. [Internet]. 2017 [accessed 24 abr 2019]; 59. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/s1678-9946201759031.
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.

As gestantes e os pacientes imunodeprimidos/imunossuprimidos configuram os grupos de risco para a aquisição da toxoplasmose, uma vez que a infecção no primeiro grupo pode levar à toxoplasmose congênita e, no segundo, à neurotoxoplasmose(33. Djurkovic-Djakovic O, Dupouy-Camet J, Giessen JV der, Dubey J P. Toxoplasmosis: overview from a one health perspective. Food and Waterborne Parasitol. [Internet]. 2019 [accessed 05 jun 2019]; 15(e00054). Available from: https://doi.org/10.1016/j.fawpar.2019.e00054.
https://doi.org/10.1016/j.fawpar.2019.e0...
,2121. Domingos A, Ito LS, Coelho E, Lúcio JM, Matida LH, Ramos Júnior AN. Seroprevalence of Toxoplasma gondii IgG antibody in HIV/AIDS-infected individuals in Maputo, Mozambique. Rev. Saúde Pública. [Internet]. 2013 [accessed 24 abr 2019]; 47(5). Available from: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2013047004661.
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). Mediante o exposto, ao serem questionados quanto aos grupos de risco para aquisição da toxoplasmose, observou-se desconhecimento.

No que tange aos trimestres em que ocorre maior risco de transmissão vertical da toxoplasmose e maior risco para o feto, novamente observou-se desconhecimento. O risco de transmissão é maior no terceiro trimestre, enquanto o risco de complicações severas é maior no primeiro trimestre(22)22. Amendoeira MRR, Camillo-Coura LF. Uma breve revisão sobre toxoplasmose na gestação. Sci. Med. [Internet]. 2010 [accessed 24 abr 2019]; 20(1). Available from: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/40114#:~:text=A%20triagem%20sorol%C3%B3gica%20para%20toxoplasmose,a%20gesta%C3%A7%C3%A3o%20e%20instru%C3%ADdas%20sobre.
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict...
. Estudo demonstra taxa de transmissão vertical de 23%, 24% e 28% no primeiro, segundo e terceiro trimestres, respectivamente, com maior frequência de alterações na ecografia transfontanelar nos casos em que a infecção materna ocorreu no primeiro e segundo trimestres, em comparação ao terceiro(23)23. Andrade JV, Resende CT do A, Correia JCFNSC, Martins CMBSC, Faria CCF de, Figueiredo MCM, et al. Recém-nascidos com risco de toxoplasmose congênita, revisão 16 anos. Sci. Med. [Internet]. 2018 [accessed 24 abr 2019]; 28(4). Available from: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/view/32169/17562.
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/...
. Números mais expressivos foram encontrados em um estudo cujo risco de transmissão vertical foi de 3-9%, 33-47% e 60-81%, até a décima terceira, vigésima e trigésima sexta semanas, respectivamente(24)24. Goldstein EJC, Montoya JG, Remington JS. Management of Toxoplasma gondii Infection during Pregnancy. Clin. Infect. Dis. [Internet]. 2008 [accessed 09 maio 2019]. 47(4). Available from: https://doi.org/10.1086/590149.
https://doi.org/10.1086/590149...
.

No que diz respeito à repetição do exame sorológico ao longo da gestação, a maioria dos profissionais informou que tal fato é importante e se faz necessário, entretanto, não soube responder o motivo dessa necessidade, demonstrando falta de conhecimento. Estudo realizado com profissionais da atenção básica no Paraná(25)25. Cotiero-Toninato A P, Cavalli HO, Marchioro AA, Ferreira EC, Caniatti MC da CL, Breganó RM, et al. Toxoplasmosis: an examination of knowledge among health professionals and pregnant women in a municipality of the State of Paraná. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. [Internet]. 2014 [accessed 13 nov 2019]; 47(2). Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0037-8682-0016-2014.
http://dx.doi.org/10.1590/0037-8682-0016...
apontou que 94,8% dos entrevistados reconheceram que gestantes suscetíveis (IgM e IgG não reagentes) devem receber orientações sobre prevenção e repetir trimestralmente a sorologia.

Muitas orientações profiláticas foram pontuadas de forma assertiva, havendo, porém, uma grande variação na frequência de determinadas recomendações (9,0% a 94,4%). Da mesma forma, foram assinaladas recomendações inadequadas, principalmente relacionadas ao contato com hospedeiro definitivo. Isso pode ser justificado pelo baixo conhecimento dos participantes sobre o agente etiológico, formas infectantes e modo de transmissão. Estudo realizado em Maringá-PR demonstrou que a maioria dos profissionais apresentava baixo conhecimento acerca das formas evolutivas e conduta(13)13. Branco BHM, Araújo SM de, Falavigna-Guilherme AL. Prevenção primária da toxoplasmose: conhecimento e atitude de profissionais de saúde e gestantes do serviço público de Maringá, estado do Paraná. Sci. Med. [Internet]. 2012 [accessed 09 maio 2019]; 22(4). Available from: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/viewFile/11718/8616.
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/...
.

Foi evidenciado que os profissionais acabam negligenciando o fato de que a infecção pode ocorrer durante toda a gestação, e que a sorologia é importante para diagnóstico precoce e prevenção da transmissão vertical. Existem evidências de que, em casos de gestantes tratadas antes da terceira semana após a soroconversão, as chances de transmissão vertical são reduzidas(26)26. Thiebaut R, Leproust S, Chêne G, Gilbert R. Effectiveness of prenatal treatment for congenital toxoplasmosis: a meta-analysis of individual patients’ data. Lancet. [Internet]. 2007 [acesso 10 jul 2019]; 369(9556). Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK73941/.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK73...
. Ademais, ao serem questionados quanto à interpretação do exame sorológico, observou-se que parte dos profissionais ainda apresenta dificuldade para interpretação, podendo acarretar erros de conduta, falta de tratamento e nascimento de crianças congenitamente infectadas.

Houve abstenção dos participantes quanto à definição, interpretação e situação em que deve ser solicitado o teste de avidez. Em Sergipe, o teste de avidez não é ofertado pelo Sistema Único de Saúde, condição que pode justificar esse desconhecimento. Um estudo realizado no México evidenciou que 90,1% dos participantes não sabiam do que se tratava o teste de avidez(15)15. Alvarado-Esquivel C, Sánchez-Anguiano LF, Berumen-Segovia LO, Hernández-Tinoco J, Rico-Almochantaf YDR, Cisneros-Camacho A, et al. Knowledge and Practices of Toxoplasmosis among Clinical Laboratory Professionals: A Cross-Sectional Study in Durango, Mexico. Int. J. Environ. Res. Public Health. [Internet]. 2017 [accessed 25 jun 2019]; 14(11). Available from: https://doi.org/10.3390/ijerph14111413.
https://doi.org/10.3390/ijerph14111413...
.

Grande parte dos profissionais do presente estudo respondeu de forma errônea a conduta a ser tomada em caso de gestantes com toxoplasmose, que por sua vez é o início imediato do tratamento, prescrito pelo médico da unidade, e o posterior encaminhamento ao serviço especializado, conforme o protocolo do MS(27)27. Ministério da Saúde (BR). Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Protocolos da Atenção Básica: saúde das mulheres. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2016. [accessed 24 abr 2019]. Available from: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/protocolo_saude_mulher.pdf.
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab...
. Os enfermeiros responderam que as gestantes deveriam ser encaminhadas para o pré-natal de alto risco, mas não referiram passar para o médico da equipe para iniciar o tratamento.

Quanto ao tratamento medicamentoso, poucos profissionais acertaram todas as drogas mais utilizadas para o tratamento da toxoplasmose, respondendo de forma incompleta ou errônea. Contudo, vale ressaltar que os enfermeiros não prescrevem tratamento medicamentoso, o que pode ser um fator contribuinte para o desconhecimento. A literatura aponta que o tratamento deve ser realizado com espiramicina antes da trigésima semana de gestação e, após esse período, deve ser adotado o tratamento tríplice: pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico, este último para prevenir a aplasia medular ocasionada pela pirimetamina, um agente teratogênico que não deve ser utilizado antes da vigésima oitava semana de gestação(28)28. Lima RCM, Amaral WN do, Costa Júnior AO da, Gonçalves FT, Tocchio ML, Cândido RL, et al. Relação entre más-formações e óbitos fetais em decorrência de toxoplasmose congênitas tratadas em uma clínica particular de Goiânia-GO. Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agraria e da Saúde. [Internet]. 2011 [accessed 26 jun 2019]; 15(4). Available from: https://revista.pgsskroton.com/index.php/ensaioeciencia/article/viewFile/2861/2715.
https://revista.pgsskroton.com/index.php...
.

Sabe-se que a infecção por toxoplasmose pode levar a comprometimentos como coriorretinite, microcefalia, hidrocefalia, holoprosencefalia, calcificações cerebrais, cardiomegalia, infarto pulmonar, placentomegalia, ventriculomegalia e má formação de membro inferior, além de baixo peso, prematuridade, estrabismo, icterícia, entre outros(24)24. Goldstein EJC, Montoya JG, Remington JS. Management of Toxoplasma gondii Infection during Pregnancy. Clin. Infect. Dis. [Internet]. 2008 [accessed 09 maio 2019]. 47(4). Available from: https://doi.org/10.1086/590149.
https://doi.org/10.1086/590149...
. Ao serem questionados quanto aos possíveis comprometimentos que o feto poderia apresentar devido à infecção, a maioria dos profissionais respondeu de forma incompleta ou não respondeu.

Esse achado de desconhecimento dos médicos e enfermeiros pode ser justificado pelo fato de que a toxoplasmose é uma doença negligenciada e, somente em 2016, tornou-se de notificação compulsória(29)29. Ministério da Saúde (BR). Portaria n. 204. de 17 de fevereiro de 2016. Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Diário Oficial da União, [Internet]. 2016 [accessed 09 maio 2019]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis...
. Em 2018 houve o lançamento do Protocolo de Notificação e Investigação: toxoplasmose gestacional e congênita(12)12. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de Notificação e Investigação: Toxoplasmose gestacional e congênita. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2018 [accessed 07 maio 2019] Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_notificacao_investigacao_toxoplasmose_gestacional_congenita.pdf.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
.

O tamanho da amostra foi uma das limitações do estudo, devido à recusa de muitos profissionais. Outra limitação foi que o questionário utilizado não contou com questões relacionadas à notificação compulsória dos casos suspeitos ou confirmados de toxoplasmose congênita e/ou gestacional. A construção e a submissão do projeto de pesquisa foram realizadas antes do lançamento do protocolo de notificaçao e investigação da toxoplasmose gestacional e congênita(12)12. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de Notificação e Investigação: Toxoplasmose gestacional e congênita. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2018 [accessed 07 maio 2019] Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_notificacao_investigacao_toxoplasmose_gestacional_congenita.pdf.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
. Apesar da Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, ter incluído a toxoplasmose no rol de doenças de notificação compulsória(28)28. Lima RCM, Amaral WN do, Costa Júnior AO da, Gonçalves FT, Tocchio ML, Cândido RL, et al. Relação entre más-formações e óbitos fetais em decorrência de toxoplasmose congênitas tratadas em uma clínica particular de Goiânia-GO. Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agraria e da Saúde. [Internet]. 2011 [accessed 26 jun 2019]; 15(4). Available from: https://revista.pgsskroton.com/index.php/ensaioeciencia/article/viewFile/2861/2715.
https://revista.pgsskroton.com/index.php...
, ela não era de ampla divulgação.

CONCLUSÃO

Conclui-se que médicos e enfermeiros pré-natalistas apresentaram pouco conhecimento a respeito do ciclo vital do parasito, prevenção, diagnóstico e tratamento da toxoplasmose. Ao compararmos os dois grupos, os enfermeiros apresentaram maior desconhecimento.

Este estudo contribuiu para a identificação de lacunas de conhecimento existentes na formação dos profissionais pré-natalistas a respeito da toxoplasmose. Os achados aqui presentes podem servir de base para o planejamento de ações de educação continuada para os profissionais da atenção básica responsáveis pelo pré-natal, a fim de prevenir a toxoplasmose congênita.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Out 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    28 Nov 2019
  • Aceito
    09 Set 2020
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