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Editorial

EDITORIAL

A ideia de fazer um número temático sobre teoria crítica nos Cadernos Ebape surgiu no V Encontro de Estudos Organizacionais (EnEo), ocorrido em Belo Horizonte no ano de 2008. Naquela ocasião, pela intensidade dos debates, em comparação com os demais temas, pôde-se perceber o vigor da área de estudos críticos. Foram debates intensos, teoricamente fundamentados em que cada proponente defendeu com brilho suas ideias perante seus antagonistas.

Com o objetivo de dar continuidade a esses debates, já anteriormente iniciados, mas que ganharam particular força nesse encontro, tomamos a decisão de consolidar a área de estudos críticos. Assim, visando delimitá-la melhor, definindo adequadamente suas fronteiras, e expor as possibilidades de diferentes críticas, decidimos por este número temático. A opção foi por um formato diferente do usual, em que se trabalha com artigo-réplica e tréplica. Para este número, convidamos cinco professores com produção sistemática reconhecida na área de estudos críticos para prepararem textos expondo sua visão a respeito da perspectiva crítica. Em seguida, cada autor leu o texto dos outros quatro e, considerando seu próprio artigo, escreveu uma espécie de "estado da arte" dos estudos críticos no Brasil. Consideramos, dessa forma ter chegado a um conjunto de textos bastante representativo da academia brasileira nesse campo.

A edição deste número ocorre no momento em que o Cadernos Ebape é indexado na base da SciELO Brasil, juntando-se aos mais importantes periódicos científicos nacionais. Ressaltamos a importância dessa indexação, convictos de que temos aí o resultado de um esforço coletivo da pequena, mas competente, equipe responsável pela revista. Deve ser destacado, ainda, o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a infraestrutura da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), sem os quais o trabalho da equipe teria sido inviabilizado.

O primeiro artigo deste número temático, de autoria de Ana Paula de Paes, Carolina de Albuquerque Maranhão e Amon de Barros, questiona o pluralismo do movimento critical management studies e aponta caminhos para o debate sobre a teoria e a prática no movimento crítico. No segundo artigo, Rafael Alcadipani e Cesar Tureta analisam os novos desdobramentos da teoria ator-rede e as correspondentes contribuições para análises críticas nos estudos organizacionais. No terceiro artigo, Jose Henrique de Faria defende a tese de que a concepção de Guerreiro Ramos não é tributaria da teoria crítica proposta pela tradição frankfurtiana, mas do idealismo fenomenológico husserliano. Maria Ceci Misoczky, Joysi Moraes e Rafael Kruter Flores apresentam, no quarto artigo, suas leituras de Bloch, Gramsci e Freire, que julgam fundamentais para que se compreenda a organização como meio e aprendizagem para a práxis da libertação. Fernando Guilherme Tenório, autor do quinto artigo, promove a aproximação entre o conhecimento acerca dos conceitos/categorias de modernidade e pós-modernidade e os estudos organizacionais.

Os comentários dos autores desses artigos aprofundam aspectos relevantes para o debate sobre as perspectivas críticas na academia de administração no Brasil. Cumprem, portanto, o propósito inicial deste número temático, ao exporem suas teorizações e ao refletirem a respeito das perspectivas dos seus pares.

Dentre as contribuições oferecidas pelos comentários, cabe destacar a promoção de um debate interno sobre as abordagens teóricas que representam (ou não) perspectivas críticas, sem que a diversidade de pontos de vista resulte, necessariamente, num quadro de fragmentação disfuncional. Nesse sentido, é correto afirmar que tal diversidade de perspectivas deve ser valorizada diante da multiplicidade de realidades, ainda que às vezes possa acarretar situações problemáticas de ambiguidade. Entretanto, os comentários nos alertam para uma questão central no âmbito das ciências sociais: devemos estar sempre atentos para manifestações absolutistas de determinada abordagem perante as demais. Os comentários sugerem que, talvez, num distante ponto (no tempo e no espaço), alguma convergência (e muita tolerância) nos faça valorizar a diversidade de pensadores e suas correspondentes abordagens, sem as quais não conseguiremos estabelecer um sentido mais amplo entre teoria e prática.

Por fim, esperamos que esta edição torne-se inspiração para iniciativas semelhantes, porque reforça o objetivo dos Cadernos Ebape, que é o de estimular o debate interdisciplinar e promover uma visão critica da administração.

Ana Lúcia Guedes

Editora

Marcelo M F Vieira

Editor especial para este número

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Out 2009
  • Data do Fascículo
    Set 2009
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