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Equilíbrio trabalho-família entre cuidadores de idosos: uma revisão sistemática

Resumo

Introdução

Trabalhadores podem vivenciar um conflito de papéis ao tentarem conciliar trabalho e atividades de cuidado com familiares idosos.

Objetivo

Realizar uma revisão sistemática das pesquisas empíricas sobre equilíbrio trabalho-família entre cuidadores de idosos.

Método

Foram consultadas as bases de dados Scopus, PubMed, Scielo, BVS, Web of Science e PsycInfo para identificar as pesquisas publicadas no período de 2015 a 2020.

Resultados

Identificaram-se 20 artigos que foram categorizados da seguinte forma: 1. Cuidadores de idosos com demência e câncer; 2. Gênero; 3. Geração Sanduíche e baby boomers; e 4. Estratégias de enfrentamento individuais e coletivas. Destacou-se que existem especificidades no equilíbrio trabalho-família que podem favorecer tanto o spillover positivo quanto o negativo; por isso devem ser consideradas no planejamento das estratégias individuais e coletivas.

Conclusão

Para favorecer o equilíbrio trabalho-família, deve-se estudar as escolhas entre os trabalhos e responsabilidades familiares, bem como ampliar esse quadro estreito por meio da análise de aspectos que envolvam gênero, biografia, normas culturais, valores sociais, aspectos econômicos e soluções políticas disponíveis a esses trabalhadores.

Palavras-chave:
Equilíbrio trabalho-vida; Cuidadores; Idosos

Abstract

Introduction

Active workers may experience role conflict when trying to reconcile work and caregiving activities with elderly family members.

Objective

To carry out a systematic review of empirical research on work-family balance among caregivers of the elderly.

Method

Scopus, PubMed, Scielo, BVS, Web of Science and PsycInfo databases were consulted to identify research published from 2015 to 2020.

Results

20 articles were identified and categorized as follows: 1. Caregivers of elderly people with dementia and cancer; 2. Gender; 3. Sandwich Generation and Baby Boomers; and 4. Individual and collective coping strategies. It was highlighted that there are specificities in the work-family balance that can favor both positive and negative spillovers; therefore, they must be considered in the planning of individual and collective strategies.

Conclusion

In order to favor work-family balance, the choices between work and family responsibilities should be studied, as well as expanding this narrow framework through the analysis of aspects involving gender, biography, cultural norms, social values, economic aspects and political solutions available to these workers.

Keywords:
Work-life balance; Caregivers; Aged

Introdução

Até a década de 1960, dava-se pouca atenção às necessidades de trabalhadores que precisavam conciliar o emprego e as atividades familiares, como cuidar de dependentes idosos e filhos. Entretanto, com o envelhecimento populacional, a intensificação do trabalho e o aumento do quantitativo de mulheres trabalhando fora do ambiente doméstico, passou-se cada vez mais a ter trabalhadores que fornecem cuidados a um parente mais velho em algum momento da permanência no mercado de trabalho. Por isso, é necessário atentar aos trabalhadores que podem vivenciar conflitos de papéis ao tentarem gerenciar o trabalho e as funções de cuidado, o que pode levar à piora da saúde física e mental, além da diminuição do desempenho no trabalho (Sousa et al., 2021Sousa, G. S., Silva, R. M., Reinaldo, A. M. S., Soares, S. M., Gutierrez, D. M. D., & Figueiredo, M. L. F. (2021). “A gente não é de ferro”: vivências de cuidadores familiares sobre o cuidado com idosos dependentes no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 26(1), 27-36. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020261.30172020.
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).

O conflito trabalho-família é um tipo específico de conflito entre papéis, que ocorre quando as demandas de um papel familiar entram em conflito com as demandas de um papel laboral, ou vice-versa. Essa experiência conflituosa pode levar a problemas emocionais e/ou esforço físico, prejudicando o bem-estar dos indivíduos e a satisfação com o papel e o desempenho (Medeiros et al., 2017Medeiros, T. J., Aguiar, J., & Barham, E. J. (2017). Entre o conflito e o equilíbrio: ferramentas para examinar a relação trabalho-família. Psicol. Argum, 35(88), 45-62.). Algumas causas para os conflitos trabalho-família estão relacionadas à muitas horas de trabalho e também à sobrecarga de trabalho. Por outro lado, ter um supervisor que ofereça suporte e um trabalho em um ambiente de apoio familiar se relacionam ao grau reduzido de conflitos (Sousa et al., 2021Sousa, G. S., Silva, R. M., Reinaldo, A. M. S., Soares, S. M., Gutierrez, D. M. D., & Figueiredo, M. L. F. (2021). “A gente não é de ferro”: vivências de cuidadores familiares sobre o cuidado com idosos dependentes no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 26(1), 27-36. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020261.30172020.
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).

Estudos recentes possuem uma perspectiva mais positiva, na qual, questionam a existência de apenas efeitos negativos de uma esfera sobre a outra. No modelo de spillover, evidencia-se que existem não só efeitos negativos, mas também positivos no envolvimento do trabalho sobre a família, e vice-versa. Logo, a relação entre o domínio profissional e familiar pode ser tanto positiva quanto negativa, ou ambas, simultaneamente. Caso seja positiva, afirma-se que houve a promoção de papel (spillover positivo). Por outro lado, quando são negativas, sustenta-se a noção de conflito entre o trabalho e a família (spillover negativo) (DePasquale et al., 2018DePasquale, N., Polenick, C. A., Davis, K. D., & Berkman, L. F. (2018). A bright side to the work-family interface: husbands’ support as a resource in double-and-triple-duty caregiving wives’ work lives. The Gerontologist, 58(4), 674-685. http://dx.doi.org/10.1093/geront/gnx016.
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; Medeiros et al., 2017Medeiros, T. J., Aguiar, J., & Barham, E. J. (2017). Entre o conflito e o equilíbrio: ferramentas para examinar a relação trabalho-família. Psicol. Argum, 35(88), 45-62.).

Nessa perspectiva do spillover positivo, aponta-se a possibilidade de transferência de conhecimentos e habilidades, bem como benefícios psicológicos de um âmbito ao outro. A participação em um papel pode propiciar a obtenção de habilidades e recursos que podem ser utilizados para possibilitar o desenvolvimento e o melhor funcionamento em outras esferas da vida. Entretanto, um elevado número de horas de trabalho e tensão emocional pode contribuir para um spillover negativo (DePasquale et al., 2018DePasquale, N., Polenick, C. A., Davis, K. D., & Berkman, L. F. (2018). A bright side to the work-family interface: husbands’ support as a resource in double-and-triple-duty caregiving wives’ work lives. The Gerontologist, 58(4), 674-685. http://dx.doi.org/10.1093/geront/gnx016.
http://dx.doi.org/10.1093/geront/gnx016...
; Medeiros et al., 2017Medeiros, T. J., Aguiar, J., & Barham, E. J. (2017). Entre o conflito e o equilíbrio: ferramentas para examinar a relação trabalho-família. Psicol. Argum, 35(88), 45-62.). Assim, é fundamental investigar quanto o trabalho pode impactar na família (autoestima, apoio informacional e emocional, além dos recursos financeiros) e o quanto a família pode ser benéfica para o sucesso no trabalho (suporte para manejo do estresse, apoio financeiro do cônjuge e ajuda prática com os compromissos profissionais) (Barham & Vanalli, 2012Barham, D. E. J., & Vanalli, A. C. G. (2012). Trabalho e família: perspectivas teóricas e desafios atuais. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 12(1), 47-59.; Matias & Fontaine, 2012Matias, M., & Fontaine, A. M. (2012). Work and family balance: the psychological mechanism of spillover. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28(2), 235-244. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722012000200012.
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).

Enquanto na Europa Ocidental e na América do Norte existe uma ampla discussão sobre as necessidades familiares de indivíduos trabalhadores, no Brasil, essa é uma discussão ainda recente. Nessa direção, a coleta sistemática de dados sobre esse tópico é escassa, além de haver poucos estudos sobre o efeito de gênero do cuidado, o impacto do cuidado na vida pessoal e profissional e as políticas públicas em prol da conciliação entre o trabalho e a família (Medeiros et al., 2017Medeiros, T. J., Aguiar, J., & Barham, E. J. (2017). Entre o conflito e o equilíbrio: ferramentas para examinar a relação trabalho-família. Psicol. Argum, 35(88), 45-62.). Assim, observa-se a necessidade de fazer um levantamento da produção científica para caracterizar as temáticas e contextualizá-las, com o objetivo de proporcionar reflexão acerca das estratégias de intervenção psicossocial.

Método

Delineamento

Realizar uma revisão sistemática implica em investigar e integrar um conjunto de estudos que tenham resultados semelhantes ou divergentes para que, desse modo, seja possível identificar possíveis lacunas de conhecimento para investigações futuras (Sampaio & Mancini, 2007Sampaio, R. F., & Mancini, M. C. (2007). Estudos de revisão sistemática: uma guia para síntese criteriosa da evidência científica. Revista Brasileira de Fisioterapia, 11(1), 83-89.).

Primeiramente, realizou-se uma consulta nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) para identificar a terminologia e agilizar o processo de buscas nas bases de dados. Foram identificados os seguintes descritores: equilíbrio trabalho-vida, cuidadores, idosos, trabalho e família. No próximo passo, foram iniciadas as consultas com esses descritores nos idiomas português, espanhol e inglês, nas bases de dados: Scopus, Pubmed, Scielo, BVS, Web of Science e PsycInfo.

Critérios de inclusão e exclusão

Para a seleção dos artigos, foi utilizado o aplicativo Zotero®, que auxilia no processo de leitura e armazenamento dos estudos selecionados. A leitura dos artigos ocorreu em três etapas: 1) realização das buscas nas bases de dados selecionadas; 2) leitura por título e resumo dos estudos; 3) leitura na íntegra dos artigos selecionados, permanecendo somente os que apresentaram os critérios de elegibilidade de acordo com o tema proposto. A seleção e a avaliação dos estudos foram realizadas por profissionais do campo da saúde. O nível de evidência aplicado aos estudos eleitos teve como critério clareza e justificativa do estudo, desenho metodológico, descrição da coleta de dados e seus instrumentos (Medina & Pailaquilén, 2010Medina, E. U., & Pailaquilén, R. M. B. (2010). Systematic review and its relationship with evidence-based practice in health. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 18(4), 824-831. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692010000400023.
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).

Buscou-se incluir os estudos realizados entre os anos de 2015 e 2020, nos quais cuidadores de idosos foram participantes. Foram incluídos os artigos que disponibilizaram o texto completo e excluídos os estudos teóricos e de revisão.

Procedimentos

Após a extração dos artigos das bases de dados, houve a aplicação dos critérios de inclusão/exclusão e remoção dos artigos duplicados. Recorreu-se a uma planilha para inserir as seguintes informações sobre os artigos: títulos; autores; ano de publicação; objetivo; método; instrumentos; síntese dos resultados obtidos; periódico no qual o estudo foi publicado. Utilizou-se a recomendação internacional Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA, 2021PRISMA. (2021). Recuperado em 20 de setembro de 2021, de www.prisma-statement.org
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) no processo de identificação, seleção e elegibilidade dos artigos com o objetivo de possuir critérios de qualidade.

Análise dos dados

Foi realizada a leitura do título e resumo dos artigos por categorização temática. Utilizou-se a análise temática para a construção de categorias (Bardin, 2002Bardin, L. (2002). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70.). Na etapa seguinte, realizou-se a leitura integral dos estudos para a escrita dos resultados.

Resultados

Na Figura 1, observa-se o fluxograma do processo de busca, seleção e inclusão dos artigos.

Figura 1
Seleção dos artigos de acordo com as recomendações PRISMA. São Carlos, São Paulo, Brasil, 2021. Fonte: dados da pesquisa.

Sobre os métodos das pesquisas consultadas, 14 se tratavam de estudos quantitativos e 6 de artigos qualitativos. Sobre os participantes, esses eram cuidadores de idosos, de ambos os sexos; contudo, prevaleceu o gênero feminino nas pesquisas. A Tabela 1 apresenta as características de cada artigo selecionado para compor a amostra.

Tabela 1
Apresentação dos artigos selecionados para análise de acordo com sua autoria, delineamento, objetivo, categoria, instrumentos utilizados e conclusões. São Carlos-SP, Brasil, 2021.

Posteriormente à leitura dos estudos, foi possível dividí-los nas seguintes categorias: 1) Cuidadores de Idosos com Demência e Câncer, em que se encontram os artigos que abordam a conciliação entre o trabalho e a família entre os cuidadores de idosos com demência ou câncer; 2) Gênero, que agrupa temas relativos à sobrecarga da mulher nos cuidados de idosos, bem como as apontamentos sobre as variáveis que interferem no equilíbrio entre o trabalho e família; 3) Geração Sanduíche e Baby Boomers, a qual unifica estudos que abordam a conciliação do trabalho e da família entre cuidadores de idosos e de filhos, concomitantemente; e 4) Estratégias de enfrentamento individuais e coletivas, que agrega pesquisas acerca das habilidades, recursos e ajustes utilizados pelos cuidadores para gerenciamento do tempo e do estresse, além de trabalhos sobre políticas públicas e organizacionais em prol da conciliação entre o trabalho e a família

Cuidadores de idosos com demência ou câncer

Nessa categoria, são apresentados 5 estudos que abordam os cuidados de idosos com demência e câncer.

No estudo de Sakka et al. (2019), foi observada a sobrecarga do cuidador e a presença de conflito família-trabalho, ou seja, as demandas da família eram transferidas para o trabalho, interferindo na realização das responsabilidades laborais, bem como no grau acentuado de estresse entre os cuidadores. Em síntese, o papel da família estava afetando negativamente o papel no trabalho. Uma proposta para equilibrar o trabalho-família seria oferecer licença para cuidadores de idosos com demência que estejam empregados como uma forma de apoiá-los.

Os aspectos negativos do cuidado de um idoso com demência podem ser minimizados pelos positivos, que amortecem as dificuldades e sobrecarga do cuidado. Nessa direção, no estudo de Hwang et al. (2017)Hwang, A. S., Rosenberg, L., Kontos, P., Cameron, J. I., Mihailidis, A., & Nygård, L. (2017). Sustaining care for a parent with dementia: an indefinite and intertwined process. International Journal of Qualitative Studies on Health and Well-being, 12(1), 1-15. http://dx.doi.org/10.1080/17482631.2017.1389578.
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, observou-se que o desequilíbrio entre demandas pessoais e dos cuidados era minimizado pelos aspectos positivos, como os sentimentos de realização e significado da função de cuidar e desenvolvimento de habilidades (gerenciamento das tarefas, do tempo e dos recursos).

Da mesma maneira, o estudo de Lkhoyaali et al. (2015)Lkhoyaali, S., El Haj, M. A., El Omrani, F., Layachi, M., Ismaili, N., Mrabti, H., & Errihani, H. (2015). The burden among family caregivers of elderly cancer patients: prospective study in a Moroccan population. BMC Research Notes, 8(347), 1-4. http://dx.doi.org/10.1186/s13104-015-1307-5.
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também verificou a existência de aspectos positivos no cuidar. Na pesquisa, os cuidadores participaram ativamente do tratamento do idoso (86%, sendo que 75,3% queriam um tratamento maximalista para seus parentes). Devido a essa imersão nos cuidados de um familiar idoso com câncer, houve repercussões em várias esferas da vida dos cuidadores, a saber: na saúde física e mental e nos âmbitos financeiro e profissional. As consequências no trabalho foram principalmente na dispensa laboral (54%) e dois cuidadores foram demitidos devido às ausências do trabalho. Entretanto, mesmo com todos esses impactos negativos nos familiares de pacientes idosos com câncer, os benefícios do cuidado foram observados em 80% dos cuidadores, com relatos de elevação da satisfação pessoal, aprimoramento da personalidade, obtenção de sentido da vida e uma maior valorização da família.

Semelhantemente, no estudo de Kim et al. (2018b)Kim, J., De Bellis, A. M., & Xiao, L. D. (2018b). The experience of paid family-care workers of people with dementia in South Korea. Asian Nursing Research, 12(1), 34-41. http://dx.doi.org/10.1016/j.anr.2018.01.002.
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, apesar das dificuldades, as atividades de cuidado dos idosos foram incentivadas por meio do senso de responsabilidade, piedade filial e crenças religiosas. Os autores sugerem que os trabalhadores de cuidados familiares remunerados tenham preparação, treinamento, educação, regulamentação e suporte, acompanhamento regular e remuneração adequada para que tenham satisfação e qualidade de vida.

No estudo de Crespo et al. (2019)Crespo, M., Guillén, A. I., & Piccini, A. T. (2019). Work experience and emotional state in felderly relatives. The Spanish Journal of Psychology, 22(E34), 1-11. http://dx.doi.org/10.1017/sjp.2019.34.
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, constatou-se a maneira como um trabalho satisfatório transborda para outros âmbitos e promove qualidade de vida e bem-estar. Os dados mostraram que a maioria dos cuidadores consegue conciliar trabalho e prestação de cuidados, sendo que apenas 23% relataram ter muitas dificuldades de conciliação. Porém, 94% afirmaram que ser cuidador culminou em algum impacto no trabalho, como dificuldades no cumprimento do trabalho (interrupções por telefone, ter que sair inesperadamente, chegar atrasado) e, com menos frequência, mudanças na dedicação do trabalho (diminuição das horas de trabalho ou mudanças de turno).

Nos estudos de Hwang et al. (2017)Hwang, A. S., Rosenberg, L., Kontos, P., Cameron, J. I., Mihailidis, A., & Nygård, L. (2017). Sustaining care for a parent with dementia: an indefinite and intertwined process. International Journal of Qualitative Studies on Health and Well-being, 12(1), 1-15. http://dx.doi.org/10.1080/17482631.2017.1389578.
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, Lkhoyaali et al. (2015)Lkhoyaali, S., El Haj, M. A., El Omrani, F., Layachi, M., Ismaili, N., Mrabti, H., & Errihani, H. (2015). The burden among family caregivers of elderly cancer patients: prospective study in a Moroccan population. BMC Research Notes, 8(347), 1-4. http://dx.doi.org/10.1186/s13104-015-1307-5.
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e Kim et al. (2018b)Kim, J., De Bellis, A. M., & Xiao, L. D. (2018b). The experience of paid family-care workers of people with dementia in South Korea. Asian Nursing Research, 12(1), 34-41. http://dx.doi.org/10.1016/j.anr.2018.01.002.
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, também se observou que, mesmo com a sobrecarga emocional, financeira e profissional a que estavam submetidos, os filhos se sentiam satisfeitos e realizados com a prestação de cuidados. Além disso, os cuidados proporcionavam o desenvolvimento de habilidades de gerenciamento de tempo, tarefas e recursos. Assim, efeitos positivos advindos do trabalho transbordavam nos cuidados, com impacto no estado emocional do cuidador (Crespo et al., 2019Crespo, M., Guillén, A. I., & Piccini, A. T. (2019). Work experience and emotional state in felderly relatives. The Spanish Journal of Psychology, 22(E34), 1-11. http://dx.doi.org/10.1017/sjp.2019.34.
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). Portanto, infere-se que houve spillover negativo e positivo do trabalho para a família, e vice-versa. Para que não ocorra o adoecimento do cuidador, são necessárias políticas públicas como remuneração adequada aos profissionais, programas educacionais de excelência, incentivo à participação de outros membros da família nos cuidados, horário de trabalho flexível, licença, tecnologias de trabalho, benefícios fiscais e contribuições previdenciárias continuadas.

Gênero

Nesta categoria, são apresentados seis artigos que discorreram sobre a influência do gênero nos cuidados de idosos entre trabalhadoras empregadas.

O estudo de Sakka et al. (2016)Sakka, M., Sato, I., Ikeda, M., Hashizume, H., Uemori, M., & Kamibeppu, K. (2016). Family-to-work spillover and appraisals of caregiving by employed women caring for their elderly parents in Japan. Industrial Health, 54(3), 272-281. http://dx.doi.org/10.2486/indhealth.2015-0029.
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observou que, entre cuidadoras, há um maior transbordamento negativo da família para o trabalho, devido à restrição de tempo e às interrupções no trabalho. Assim, as mulheres vivenciaram um significativo fardo psicológico, restrições e conflitos, em vez de recompensas. Porém, o apoio familiar e a maternidade de um filho em idade pré-escolar proporcionavam transbordamento positivo para o trabalho entre essas cuidadoras. Os autores sugeriram que supervisores e organizações encontrem maneiras de aumentar as avaliações positivas dos cuidadores sobre o cuidar, com apoio e informações a respeito de serviços de cuidados. Opções de emprego com horário flexível e home office seriam possibilidades aos cuidadores para que consigam equilibrar trabalho e cuidado.

Ofertar informações aos cuidadores também foi algo vislumbrado nos resultados do estudo de Fernandes et al. (2018)Fernandes, C. S., Margareth, Â., & Martins, M. M. (2018). Cuidadores familiares de idosos dependentes: mesmas necessidades, diferentes contextos uma análise de grupo focal. Geriatric, Gerontology and Aging, 12(1), 31-37., em que as cuidadoras relataram ausência de recursos para promover cuidados, como conhecimentos e competências. Mesmo quando os recursos estavam disponíveis, pelo acesso ser tão complexo e difícil, muitas cuidadoras desistiam da sua utilização. Por isso, tendo em vista as dificuldades dos cuidadores, os autores sugeriram que os profissionais da saúde devam oferecer suporte ao cuidador para prevenção da sobrecarga, intervenção nos desequilíbrios familiares de modo a favorecer a resiliência, promoção de uma divisão das responsabilidades dos cuidados e uma avaliação contínua das suas necessidades para fornecer informações sobre os cuidados.

Estar empregada também pode ter um efeito amortecedor na sobrecarga da mulher. Esse resultado foi evidenciado no estudo de Hansen & Slagsvold (2015)Hansen, T., & Slagsvold, B. (2015). Feeling the squeeze? the effects of combining work and informal caregiving on psychological well-being. European Journal of Ageing, 12(1), 51-60. http://dx.doi.org/10.1007/s10433-014-0315-y.
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, realizado na Noruega, que observou que o emprego fornece maior oportunidade de se beneficiar de tudo que a função tem para oferecer, incluindo compromisso e envolvimento, maior remuneração e melhores perspectivas de carreira. Além disso, trabalhar pode ser uma pausa necessária ao cuidar, tornando-se uma distração. Outra vantagem seria que, diferente do meio período de trabalho, estar empregada em tempo integral poderia resultar em maiores recursos sociais e psicológicos.

Porém, estar empregado e cuidar dos pais pode ser negativo para as mulheres, como demonstrou o estudo de Lee & Tang (2015)Lee, Y., & Tang, F. (2015). More caregiving, less working: caregiving roles and gender difference.Journal of Applied Gerontology, 34(4), 465-483., que mostra que cuidar de pais e netos se relaciona negativamente à participação no mercado de trabalho entre as mulheres, mas não para os homens. As hipóteses são que elas querem oferecer cuidados máximos aos seus familiares e, assim, decidem não fazer parte da força de trabalho; ou podem ainda sentir elevada tensão na conciliação dos papéis de cuidador e trabalhador e, portanto, retiram-se do mercado de trabalho. O estudo sugere ainda a necessidade de oferecer horários de trabalho flexíveis, apoio dos empregadores, licença familiar paga e dias remunerados por doenças ou férias, bem como serviços e programas baseados em casa e na comunidade.

No estudo de Lee et al. (2015)Lee, Y., Tang, F., Kim, K. H., & Albert, S. M. (2015). The vicious cycle of parental caregiving and financial well-being: a longitudinal study of women. The Journals of Gerontology. Series B, Psychological Sciences and Social Sciences, 70(3), 425-431. http://dx.doi.org/10.1093/geronb/gbu001.
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, como também observado nas pesquisas de Lee & Tang (2015)Lee, Y., & Tang, F. (2015). More caregiving, less working: caregiving roles and gender difference.Journal of Applied Gerontology, 34(4), 465-483. e Jolanki (2015)Jolanki, O. (2015). To work or to care? Working women’s decision-making. Community Work & Family, 18(3), 268-283. http://dx.doi.org/10.1080/13668803.2014.997194.
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, verificou-se os impactos financeiros dos cuidados, o quanto eles influenciam negativamente na renda familiar. Assim, a pesquisa de Lee et al. (2015)Lee, Y., Tang, F., Kim, K. H., & Albert, S. M. (2015). The vicious cycle of parental caregiving and financial well-being: a longitudinal study of women. The Journals of Gerontology. Series B, Psychological Sciences and Social Sciences, 70(3), 425-431. http://dx.doi.org/10.1093/geronb/gbu001.
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constatou que as mulheres com renda familiar mais baixa eram mais propensas a serem cuidadoras do que aquelas com renda familiar mais alta. Desse modo, são necessárias políticas públicas de seguridade social, compensação das perdas financeiras, sistemas de atendimento domiciliar e licença de assistência não remunerada para que o sexo feminino não acumule desvantagens ao longo da vida.

No estudo de Jolanki (2015)Jolanki, O. (2015). To work or to care? Working women’s decision-making. Community Work & Family, 18(3), 268-283. http://dx.doi.org/10.1080/13668803.2014.997194.
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, a análise mostrou que a maioria das mulheres teve a opção de continuar trabalhando e realizando os cuidados. Porém, deixar o trabalho e se tornar um cuidador em período integral não foi considerada uma opção viável devido às necessidades financeiras. Além de fonte de renda, o trabalho também era promovedor de contatos sociais e sentido de vida. Por outro lado, outros fatores também influenciam a decisão de não trabalhar e de se dedicar totalmente ao cuidado: idade avançada, insatisfação com o trabalho, falta de sentido no trabalho, carga de trabalho e intensificação do trabalho contribuíram para a tomada de decisão sobre trabalhar e cuidar.

Logo, baseado na análise dos seis estudos com enfoque sobre a perspectiva de gênero, evidenciou-se que a mulher acaba sendo a responsável pela maior parte do cuidado, o que acaba sobrecarregando-a. Outros dados relevantes se referem à conciliação trabalho e cuidados. Se, por um lado, trabalhar em período integral e oferecer cuidados a idosos favorece a saúde das mulheres, em comparação a não trabalhar ou estar empregada em tempo parcial (Hansen & Slagsvold, 2015Hansen, T., & Slagsvold, B. (2015). Feeling the squeeze? the effects of combining work and informal caregiving on psychological well-being. European Journal of Ageing, 12(1), 51-60. http://dx.doi.org/10.1007/s10433-014-0315-y.
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), por outro lado, os cuidados podem comprometer o desenvolvimento da carreira, a renda e o equilíbrio trabalho-família (Jolanki, 2015Jolanki, O. (2015). To work or to care? Working women’s decision-making. Community Work & Family, 18(3), 268-283. http://dx.doi.org/10.1080/13668803.2014.997194.
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). Há também o impacto financeiro significativo de cuidar, que faz com que muitas pessoas tentem conciliar o trabalho com os cuidados, mas com desvantagens futuras, como planos de aposentadoria (Jolanki, 2015Jolanki, O. (2015). To work or to care? Working women’s decision-making. Community Work & Family, 18(3), 268-283. http://dx.doi.org/10.1080/13668803.2014.997194.
http://dx.doi.org/10.1080/13668803.2014....
; Lee et al., 2015Lee, Y., Tang, F., Kim, K. H., & Albert, S. M. (2015). The vicious cycle of parental caregiving and financial well-being: a longitudinal study of women. The Journals of Gerontology. Series B, Psychological Sciences and Social Sciences, 70(3), 425-431. http://dx.doi.org/10.1093/geronb/gbu001.
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; Lee & Tang, 2015Lee, Y., & Tang, F. (2015). More caregiving, less working: caregiving roles and gender difference.Journal of Applied Gerontology, 34(4), 465-483.).

Portanto, as desigualdades de gênero na família e no local de trabalho ainda existem e criam experiências de papéis diferentes para homens e mulheres. Mulheres de meia-idade podem estar presas aos seus compromissos de trabalhadoras, cônjuges, parentes e cuidadoras. Assim, para que continuem a trabalhar e atuar como cuidadores, deve-se apoiar aqueles que trabalham, especialmente as mulheres, para permanecerem na força de trabalho e se beneficiarem de um emprego que forneça um amortecedor importante contra o estresse e carga de demandas de cuidado.

Geração sanduíche e baby boomer

Nesta categoria, são apresentados 5 estudos que objetivaram compreender a geração sanduíche e baby boomer, compostos por indivíduos que cuidam de filhos e pais idosos ao mesmo tempo.

No estudo de Evans et al. (2019)Evans, K. L., Millsteed, J., Richmond, J. E., Falkmer, M., Falkmer, T., & Girdler, S. J. (2019). The impact of within and between role experiences on role balance outcomes for working Sandwich Generation Women. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, 26(3), 184-193. http://dx.doi.org/10.1080/11038128.2018.1449888.
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, observou-se que, enquanto no papel de mãe, as mulheres tinham níveis mais altos de prazer e competência, que levavam a uma percepção de maior equilíbrio trabalho-família. Assim, intervenções direcionadas a elevar o interesse no papel de mãe podem produzir resultados positivos no equilíbrio de papéis, como introdução do tempo de qualidade, realização de atividades divertidas com as crianças, praticar atenção plena ao realizar tarefas parentais ou direcionadas aos momentos alegres. Além disso, o estudo recomenda aprimoramento de algumas habilidades sociais, como automonitoramento, gerenciamento do tempo, estabelecimento de prioridades e aumento da autoeficácia.

No estudo de DePasquale et al. (2018)DePasquale, N., Polenick, C. A., Davis, K. D., & Berkman, L. F. (2018). A bright side to the work-family interface: husbands’ support as a resource in double-and-triple-duty caregiving wives’ work lives. The Gerontologist, 58(4), 674-685. http://dx.doi.org/10.1093/geront/gnx016.
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, observou-se que os cuidadores de dupla e tripla responsabilidade relataram sentir mais exaustão. Cuidadores de crianças (dupla função) possuíam rotatividade mais baixa. Para aqueles cuidadores de dupla ou tripla função, o apoio do cônjuge era fundamental para não trabalharem quando estivessem doentes. Esse apoio refletiu em menos sofrimento conjugal, que pode ser indicativo de menos conflitos conjugais, uma divisão mais justa da casa, ter trabalho, um relacionamento mais divertido e a aquisição de recursos que neutralizava experiências de trabalho negativas. Outra hipótese seria que o bem-estar ligado a cuidados infantis, juntamente com o apoio do cônjuge, produz benefícios que diminuem as intenções de rotatividade. O estudo sugere que as organizações devam considerar iniciativas que possam fortalecer o relacionamento conjugal dos funcionários.

O estudo de Kim et al. (2018a)Kim, H., Lee, S., Cheon, J., Hong, S., & Chang, M. (2018a). A comparative study to identify factors of caregiver burden between baby boomers and post baby boomers: a secondary analysis of a US online caregiver survey. BMC Public Health, 18(1), 1-9. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-018-5488-4.
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observou que os baby boomers possuem desafios adicionais quando comparados com os pós baby boomers: responsabilidade de cuidado duplo (pais e filhos), além do desemprego, que acarreta dificuldades financeiras. Normalmente, um número maior de horas de cuidado significa uma condição médica mais grave ou declínio funcional no receptor de cuidados, que é uma fonte crescente de sobrecarga. Porém, os pós baby boomers gastam menos tempo cuidando do que os baby boomers, pois recorrem mais ao uso de serviços formais de saúde entre os idosos, além de utilizarem estratégias de gerenciamento do tempo. Eles podem ser proativos na solicitação de assistência de cuidadores secundários, o que diminui o gasto com cuidados de adultos.

O apoio do cônjuge também foi observado como um importante amortecedor do estresse entre cuidadores de tripla função no estudo de Häusler et al. (2017)Häusler, N., Bopp, M., & Hämmig, O. (2017). Informal caregiving, work-privacy conflict and burnout among health professionals in Switzerland - A cross-sectional study. Swiss Medical Weekly, 147, 1-8. http://dx.doi.org/10.4414/smw.2017.14552.
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. Na pesquisa, o esgotamento entre os participantes que realizam os cuidados com filhos e pais idosos concomitantemente foi maior entre as mulheres (40,3%) em comparação aos homens (37,4%). Todos os grupos de cuidado tiveram uma pontuação média de burnout abaixo do ponto de corte 50, considerado um risco significativo para burnout.

Observou-se ainda que os cuidadores de plantão triplo (cuidados profissionais, de uma criança e de um idoso) apresentavam um risco maior de burnout em comparação àqueles que realizavam apenas os cuidados profissionais. Assim, tais cuidadores de carga tripla lutavam para gerenciar os papéis de cuidador profissional e informal, o que podia impactar na saúde física e mental, devido à incapacidade de conciliar os domínios do trabalho e da família. Constatou-se que o apoio do parceiro, horários flexíveis e centros de convivência/centros dias para idosos são fatores importantes para explicar a não existência de conflito trabalho-família, bem como a diminuição do estresse e o aumento do bem-estar.

Diferentemente dos estudos de Häusler et al. (2017)Häusler, N., Bopp, M., & Hämmig, O. (2017). Informal caregiving, work-privacy conflict and burnout among health professionals in Switzerland - A cross-sectional study. Swiss Medical Weekly, 147, 1-8. http://dx.doi.org/10.4414/smw.2017.14552.
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e Kim et al. (2018a)Kim, H., Lee, S., Cheon, J., Hong, S., & Chang, M. (2018a). A comparative study to identify factors of caregiver burden between baby boomers and post baby boomers: a secondary analysis of a US online caregiver survey. BMC Public Health, 18(1), 1-9. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-018-5488-4.
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, os resultados de Honda et al. (2015)Honda, A., Abe, Y., Date, Y., & Honda, S. (2015). The impact of multiple roles on psychological distress among japanese workers. Safety and Health at Work, 6(2), 114-119. http://dx.doi.org/10.1016/j.shaw.2014.12.004.
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divergiram a respeito da qualidade de vida dos cuidadores de dupla e tripla função. Na pesquisa de Honda et al. (2015)Honda, A., Abe, Y., Date, Y., & Honda, S. (2015). The impact of multiple roles on psychological distress among japanese workers. Safety and Health at Work, 6(2), 114-119. http://dx.doi.org/10.1016/j.shaw.2014.12.004.
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, notou-se que a proporção de participantes com sofrimento psicológico foi maior nas mulheres (17,8%) em comparação aos homens (11,5%). Exercer três funções diminuiu significativamente o risco de sofrimento psicológico (0,37 vezes nas mulheres e 0,41 nos homens) em comparação com apenas uma função. Entre as mulheres, aquelas que trabalham e estão casadas, houve menor sofrimento psicológico (0,27 vezes); já aquelas com filhos e responsabilidades de cuidados para pais idosos tiveram significativamente menos sofrimento psicológico (0,38) do que aquelas que apenas trabalhavam. Da mesma forma, homens que trabalham e têm filhos ou cuidados com pais idosos tiveram significativamente menos sofrimento psicológico (0,41) do que aqueles que apenas trabalhavam. O estudo também demonstrou que os participantes que apenas trabalhavam tinham um risco aumentado de sofrimento psicológico. Além disso, verificou-se que os participantes que cuidavam de crianças ou idosos, e não casados, tendiam a ter um elevado sofrimento psicológico em comparação com aqueles que apenas trabalhavam.

Portanto, se, para alguns estudos, exercer muitos papéis pode ser fonte de estresse (Häusler et al., 2017Häusler, N., Bopp, M., & Hämmig, O. (2017). Informal caregiving, work-privacy conflict and burnout among health professionals in Switzerland - A cross-sectional study. Swiss Medical Weekly, 147, 1-8. http://dx.doi.org/10.4414/smw.2017.14552.
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; Kim et al., 2018aKim, H., Lee, S., Cheon, J., Hong, S., & Chang, M. (2018a). A comparative study to identify factors of caregiver burden between baby boomers and post baby boomers: a secondary analysis of a US online caregiver survey. BMC Public Health, 18(1), 1-9. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-018-5488-4.
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), para outros, pode causar menos sofrimento psicológico (Honda et al., 2015Honda, A., Abe, Y., Date, Y., & Honda, S. (2015). The impact of multiple roles on psychological distress among japanese workers. Safety and Health at Work, 6(2), 114-119. http://dx.doi.org/10.1016/j.shaw.2014.12.004.
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). Uma hipótese seria que, mais importante do que a quantidade de funções, é a qualidade delas, com suas recompensas e satisfações, além de formas de gerenciá-las. Por isso, o manejo de comportamentos é tão importante para a qualidade de vida dos cuidadores. Desse modo, para o gerenciamento das atividades direcionadas aos filhos e pais, são necessárias habilidades sociais que permitam equilibrar o trabalho-família, tais como automonitoramento, autoeficácia, proatividade, gerenciamento do tempo, autocuidado e estabelecimento de prioridades. Outra hipótese seria que exercer várias funções possibilita o transbordamento de aspectos positivos e negativos de um âmbito ao outro. Assim, por exemplo, o bom humor advindo da relação com os idosos pode transbordar para o trabalho, e vice-versa (Honda et al., 2015Honda, A., Abe, Y., Date, Y., & Honda, S. (2015). The impact of multiple roles on psychological distress among japanese workers. Safety and Health at Work, 6(2), 114-119. http://dx.doi.org/10.1016/j.shaw.2014.12.004.
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; Häusler et al., 2017Häusler, N., Bopp, M., & Hämmig, O. (2017). Informal caregiving, work-privacy conflict and burnout among health professionals in Switzerland - A cross-sectional study. Swiss Medical Weekly, 147, 1-8. http://dx.doi.org/10.4414/smw.2017.14552.
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; Kim et al., 2018aKim, H., Lee, S., Cheon, J., Hong, S., & Chang, M. (2018a). A comparative study to identify factors of caregiver burden between baby boomers and post baby boomers: a secondary analysis of a US online caregiver survey. BMC Public Health, 18(1), 1-9. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-018-5488-4.
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).

Outras medidas e práticas para amortecimento dos conflitos entre o trabalho e a família são: prestação de assistência doméstica aos idosos, políticas de trabalho flexíveis, benefícios aos empregados, dinheiro ou pensão por horas de cuidado não pagos, provisão de crédito do imposto de renda por perda de horas de trabalho devido aos cuidados, programas individuais ou em grupo, apoio comunitário e terceirização de tarefas domésticas contribuem para o equilíbrio trabalho-família (Evans et al., 2019Evans, K. L., Millsteed, J., Richmond, J. E., Falkmer, M., Falkmer, T., & Girdler, S. J. (2019). The impact of within and between role experiences on role balance outcomes for working Sandwich Generation Women. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, 26(3), 184-193. http://dx.doi.org/10.1080/11038128.2018.1449888.
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; Kim et al., 2018aKim, H., Lee, S., Cheon, J., Hong, S., & Chang, M. (2018a). A comparative study to identify factors of caregiver burden between baby boomers and post baby boomers: a secondary analysis of a US online caregiver survey. BMC Public Health, 18(1), 1-9. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-018-5488-4.
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). Além disso, o apoio do cônjuge é fundamental para o equilíbrio trabalho-família, proporcionando qualidade de vida para as mulheres e apoio para trabalhar em empregos de dupla e tripla função, especialmente quando porventura adoecerem (DePasquale et al., 2018DePasquale, N., Polenick, C. A., Davis, K. D., & Berkman, L. F. (2018). A bright side to the work-family interface: husbands’ support as a resource in double-and-triple-duty caregiving wives’ work lives. The Gerontologist, 58(4), 674-685. http://dx.doi.org/10.1093/geront/gnx016.
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; Häusler et al., 2017Häusler, N., Bopp, M., & Hämmig, O. (2017). Informal caregiving, work-privacy conflict and burnout among health professionals in Switzerland - A cross-sectional study. Swiss Medical Weekly, 147, 1-8. http://dx.doi.org/10.4414/smw.2017.14552.
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; Honda et al., 2015Honda, A., Abe, Y., Date, Y., & Honda, S. (2015). The impact of multiple roles on psychological distress among japanese workers. Safety and Health at Work, 6(2), 114-119. http://dx.doi.org/10.1016/j.shaw.2014.12.004.
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).

Estratégias de enfrentamento individuais e coletivas

Nesta categoria, são discutidos quatro textos que abordam diferentes estratégias de enfrentamento coletivas e individuais para obtenção do equilíbrio trabalho-família.

No estudo de Mehta & Leng (2017)Mehta, K. K., & Leng, T. L. (2017). Experiences of formal and informal caregivers of older persons in Singapore. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 373-385. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9329-1.
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, os cuidadores relataram estresse financeiro, emocional e psicológico em seus papéis como cuidadores. A relação entre o trabalho e a família era conflituosa, devido à dificuldade de administrar as demandas em razão da sobrecarga. Os cuidadores estavam divididos entre seus trabalhos e deveres do cuidado, sobrando pouca energia e tempo para o autocuidado. Para enfrentamento, utilizavam como estratégias individuais fazer orações, ouvir música, manter o bom humor, conversar com um amigo, compartilhar e rir das preocupações, contratação de alguém para auxiliar e cumprimento do senso de dever de cuidar dos pais. Como estratégias coletivas, o estudo salienta a importância de políticas que promovam treinamento e educação sobre as doenças, habilidades sociais e sintomas da velhice, por exemplo, compreensão sobre Psicologia e aspectos comportamentais de pessoas com demência.

Na mesma direção da pesquisa de Mehta & Leng (2017)Mehta, K. K., & Leng, T. L. (2017). Experiences of formal and informal caregivers of older persons in Singapore. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 373-385. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9329-1.
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, o estudo de Eguchi & Wada (2018)Eguchi, H., & Wada, K. (2018). Mental health of working-age populations in japan who provide nursing care for a person at home: a cross-sectional analysis. Journal of Occupational Health, 60(6), 458-466. http://dx.doi.org/10.1539/joh.2017-0295-OA.
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também evidenciou a importância de políticas em prol do equilíbrio trabalho-família entre indivíduos empregados e com responsabilidades de cuidados de idosos. Assim, na pesquisa de Eguchi & Wada (2018)Eguchi, H., & Wada, K. (2018). Mental health of working-age populations in japan who provide nursing care for a person at home: a cross-sectional analysis. Journal of Occupational Health, 60(6), 458-466. http://dx.doi.org/10.1539/joh.2017-0295-OA.
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, constatou-se que, entre as pessoas que trabalhavam e cuidavam de parentes mais velhos, 25,3% dos homens e 32,8% das mulheres relataram ter abandonado o emprego devido ao estresse dos cuidados. Nesse sentido, o estudo sugere que as empresas devam promover um equilíbrio entre trabalho e família de funcionários com parentes idosos.

Como estratégias individuais, deve-se reduzir o número de pessoas que saem ou mudam seus empregos e promover intervenções, como gerenciamento do estresse e fornecimento de informações sobre equilíbrio trabalho-família. Como estratégias coletivas, sugere-se o apoio dos colegas e supervisores para os trabalhadores ajustarem seus horários para permitirem continuar prestando cuidados e mitigar os impactos que os cuidados em casa podem gerar na saúde mental (Mehta & Leng, 2017Mehta, K. K., & Leng, T. L. (2017). Experiences of formal and informal caregivers of older persons in Singapore. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 373-385. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9329-1.
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; Eguchi & Wada, 2018Eguchi, H., & Wada, K. (2018). Mental health of working-age populations in japan who provide nursing care for a person at home: a cross-sectional analysis. Journal of Occupational Health, 60(6), 458-466. http://dx.doi.org/10.1539/joh.2017-0295-OA.
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).

No estudo de Kolodziej et al. (2018)Kolodziej, I. W. K., Reichert, A. R., & Schmitz, H. (2018). New evidence on employment effects of informal care provision in Europe. Health Services Research, 53(4), 2027-2046. http://dx.doi.org/10.1111/1475-6773.12840.
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, com base na comparação entre políticas de saúde existentes nos países europeus, apresentaram-se informações relevantes sobre a eficácia das estratégias coletivas no equilíbrio trabalho-família. Assim, a pesquisa de Kolodziej et al. (2018)Kolodziej, I. W. K., Reichert, A. R., & Schmitz, H. (2018). New evidence on employment effects of informal care provision in Europe. Health Services Research, 53(4), 2027-2046. http://dx.doi.org/10.1111/1475-6773.12840.
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evidenciou que o apoio por intermédio de políticas públicas ao cuidador informal produz benefícios em prol do equilíbrio trabalho-família. No caso da Alemanha, por exemplo, os cuidadores que estão trabalhando podem se ausentar do trabalho por 10 dias por episódio de cuidado. Além disso, os cuidadores podem levar seis meses (sem remuneração) para prestar atendimento, sem colocar em risco os seus trabalhos. Os autores sugerem implementar ainda a “licença para prestação de cuidados”, na qual os indivíduos possuem férias mais longas, recebem reposição de renda do seguro de assistência em longo prazo e têm um pedido legal para retornar ao trabalho anterior.

Semelhantemente à pesquisa de Kolodziej et al. (2018)Kolodziej, I. W. K., Reichert, A. R., & Schmitz, H. (2018). New evidence on employment effects of informal care provision in Europe. Health Services Research, 53(4), 2027-2046. http://dx.doi.org/10.1111/1475-6773.12840.
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, no estudo de Alpass et al. (2017)Alpass, F., Keeling, S., Allen, J., Stevenson, B., & Stephens, C. (2017). Reconciling work and caregiving responsibilities among older workers in New Zealand. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 323-337. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9327-3.
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apresentaram-se as políticas públicas flexíveis em prol dos cuidadores de idosos na Nova Zelândia e os arranjos informais existentes nas relações de trabalho. Apesar da Nova Zelândia possuir relações de trabalho flexível e o direito dos trabalhadores com mais de 65 anos a uma pensão estadual universal completa, observou-se o adoecimento mental dos cuidadores, especialmente dos homens, além de elevados custos financeiros e de oportunidades entre a categoria. Cuidadores trabalhadores do sexo masculino relatam maiores efeitos negativos na saúde mental que, por sua vez, pode refletir a falta de apoio para os homens que ocupam papéis tradicionalmente femininos.

A maioria da amostra não parou de trabalhar por causa dos cuidados, o que pode ser explicado pelo custo do cuidado. Além disso, a combinação trabalho e cuidados familiares pode resultar em custos de oportunidade, como salários mais baixos, perspectivas de carreiras mais pobres e poupança reduzida para a aposentadoria. Assim, sugere-se que não só condições de trabalho devam ser mais flexíveis para que exista o sucesso da conciliação trabalho e cuidados familiares, mas também que as políticas de saúde da Nova Zelândia devam ser revistas devido ao adoecimento e empobrecimento dos cuidadores de idosos ao longo do cuidado (Alpass et al., 2017Alpass, F., Keeling, S., Allen, J., Stevenson, B., & Stephens, C. (2017). Reconciling work and caregiving responsibilities among older workers in New Zealand. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 323-337. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9327-3.
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).

Assim, os quatro artigos abordados nesta categoria discorreram sobre estratégias individuais e coletivas que podem favorecer o equilíbrio trabalho-família. Em relação às primeiras, destacaram-se: gerenciamento do estresse (Eguchi & Wada, 2018Eguchi, H., & Wada, K. (2018). Mental health of working-age populations in japan who provide nursing care for a person at home: a cross-sectional analysis. Journal of Occupational Health, 60(6), 458-466. http://dx.doi.org/10.1539/joh.2017-0295-OA.
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), orações, ouvir música, manter o bom humor, conversar com um amigo, compartilhar e rir das preocupações, contratação de alguém para auxiliar e cumprimento do senso de dever de cuidar dos pais, além de arranjos flexíveis feitos com supervisores e colegas de trabalho (Alpass et al., 2017Alpass, F., Keeling, S., Allen, J., Stevenson, B., & Stephens, C. (2017). Reconciling work and caregiving responsibilities among older workers in New Zealand. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 323-337. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9327-3.
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). Concernente às segundas, apoio dos colegas e supervisores para os trabalhadores ajustarem seus horários e fornecimento de informações sobre como conciliar as demandas do trabalho e da família (Eguchi & Wada, 2018Eguchi, H., & Wada, K. (2018). Mental health of working-age populations in japan who provide nursing care for a person at home: a cross-sectional analysis. Journal of Occupational Health, 60(6), 458-466. http://dx.doi.org/10.1539/joh.2017-0295-OA.
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), treinamento e educação sobre as doenças (Mehta & Leng, 2017Mehta, K. K., & Leng, T. L. (2017). Experiences of formal and informal caregivers of older persons in Singapore. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 373-385. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9329-1.
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), garantia de retorno ao trabalho após meses de acolhimento aos idosos, atendimento ambulatorial profissional, “licença para prestação de cuidados” (Kolodziej et al., 2018Kolodziej, I. W. K., Reichert, A. R., & Schmitz, H. (2018). New evidence on employment effects of informal care provision in Europe. Health Services Research, 53(4), 2027-2046. http://dx.doi.org/10.1111/1475-6773.12840.
http://dx.doi.org/10.1111/1475-6773.1284...
) e trabalhadores com mais de 65 anos com direito a uma pensão estadual universal completa (Alpass et al., 2017Alpass, F., Keeling, S., Allen, J., Stevenson, B., & Stephens, C. (2017). Reconciling work and caregiving responsibilities among older workers in New Zealand. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 323-337. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9327-3.
http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-932...
) foram sugeridas para a promoção do equilíbrio trabalho-família.

Discussão

Vários estudos evidenciaram o transbordamento positivo entre a família e o trabalho (Hwang et al., 2017Hwang, A. S., Rosenberg, L., Kontos, P., Cameron, J. I., Mihailidis, A., & Nygård, L. (2017). Sustaining care for a parent with dementia: an indefinite and intertwined process. International Journal of Qualitative Studies on Health and Well-being, 12(1), 1-15. http://dx.doi.org/10.1080/17482631.2017.1389578.
http://dx.doi.org/10.1080/17482631.2017....
; Kim et al., 2018bKim, J., De Bellis, A. M., & Xiao, L. D. (2018b). The experience of paid family-care workers of people with dementia in South Korea. Asian Nursing Research, 12(1), 34-41. http://dx.doi.org/10.1016/j.anr.2018.01.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.anr.2018.01....
; Lkhoyaali et al., 2015Lkhoyaali, S., El Haj, M. A., El Omrani, F., Layachi, M., Ismaili, N., Mrabti, H., & Errihani, H. (2015). The burden among family caregivers of elderly cancer patients: prospective study in a Moroccan population. BMC Research Notes, 8(347), 1-4. http://dx.doi.org/10.1186/s13104-015-1307-5.
http://dx.doi.org/10.1186/s13104-015-130...
). Esse conceito é baseado no enriquecimento de funções, o qual propõe que funções múltiplas trazem recompensas, como renda, oportunidades de relacionamento social e experiência de sucesso. Outras pesquisas na área (Correia et al., 2018Correia, A., Teixeira, J., Oliveira, M., Magalhães, S., Gome, V., & Novais, S. (2018). Cuidaoaz: satisfação dos cuidadores familiares de idosos dependentes em Oliveira de Azeméis. Revista de Investigação & Inovação em Saúde, 1(2), 13-22. http://dx.doi.org/10.37914/riis.v1i2.38.
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; Cunha, 2011Cunha, M. C. M. C. (2011). Impacto positivo do acto de cuidar no cuidador informal do idoso: um estudo exploratório nos domicílios do concelho de Gouveia (Dissertação de mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa.; Noonan & Tennstedt, 1997Noonan, A. E., & Tennstedt, S. L. (1997). Meaning in caregiving and its contribution to caregiver well-being. The Gerontologist, 37(6), 785-794. http://dx.doi.org/10.1093/geront/37.6.785.
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) também constataram que, apesar das dificuldades inerentes ao desempenho do papel, como capacidade física e gestão das emoções, os cuidadores obtêm satisfação com a vida, maior afeto positivo e bem-estar nos cuidados da pessoa dependente, mesmo quando as demandas são mais exigentes, como entre os idosos com doença de Alzheimer (Lopes & Cachioni, 2013Lopes, L. O., & Cachioni, M. (2013). Family caregivers of elderly with Alzheimer’s disease in a psychoeducational intervention. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 16(3), 443-460. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-98232013000300004.
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). Além disso, os cuidados proporcionavam o desenvolvimento de habilidades de gerenciamento de tempo, tarefas e recursos (Barham & Vanalli, 2012Barham, D. E. J., & Vanalli, A. C. G. (2012). Trabalho e família: perspectivas teóricas e desafios atuais. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 12(1), 47-59.; Crespo et al., 2019Crespo, M., Guillén, A. I., & Piccini, A. T. (2019). Work experience and emotional state in felderly relatives. The Spanish Journal of Psychology, 22(E34), 1-11. http://dx.doi.org/10.1017/sjp.2019.34.
http://dx.doi.org/10.1017/sjp.2019.34...
; Matias & Fontaine, 2012Matias, M., & Fontaine, A. M. (2012). Work and family balance: the psychological mechanism of spillover. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28(2), 235-244. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722012000200012.
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).

Por outro lado, o transbordamento negativo família-trabalho se baseia na escassez de papéis, em que os cuidadores limitam recursos cognitivos, tempo e energia nos cuidados ao familiar idoso. Logo, efeitos negativos e frustração podem ocorrer devido à incapacidade de um indivíduo atender às demandas concorrentes da família e do trabalho, conforme observado em alguns estudos dessa revisão (Gratão et al., 2012Gratão, A. C. M., Vendrúscolo, T. R. P., Talmelli, L. F. S., Figueiredo, L. C., Santos, J. L. F., & Rodrigues, R. A. P. (2012). Sobrecarga e desconforto emocional em cuidadores de idosos. Texto & Contexto Enfermagem, 21(2), 304-312.; Jolanki, 2015Jolanki, O. (2015). To work or to care? Working women’s decision-making. Community Work & Family, 18(3), 268-283. http://dx.doi.org/10.1080/13668803.2014.997194.
http://dx.doi.org/10.1080/13668803.2014....
; Lee et al., 2015Lee, Y., Tang, F., Kim, K. H., & Albert, S. M. (2015). The vicious cycle of parental caregiving and financial well-being: a longitudinal study of women. The Journals of Gerontology. Series B, Psychological Sciences and Social Sciences, 70(3), 425-431. http://dx.doi.org/10.1093/geronb/gbu001.
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; Lee & Tang, 2015Lee, Y., & Tang, F. (2015). More caregiving, less working: caregiving roles and gender difference.Journal of Applied Gerontology, 34(4), 465-483.).

Algumas variáveis influenciam para que a relação trabalho-família seja de equilíbrio ou não. São elas: gênero, geração sanduíche ou baby boomers e estratégias de enfrentamento individuais e coletivas. Quanto ao gênero, constatou-se que, em decorrência do cuidado, muitas mulheres se sentem sobrecarregadas e se desligam dos empregos (Gratão et al., 2012Gratão, A. C. M., Vendrúscolo, T. R. P., Talmelli, L. F. S., Figueiredo, L. C., Santos, J. L. F., & Rodrigues, R. A. P. (2012). Sobrecarga e desconforto emocional em cuidadores de idosos. Texto & Contexto Enfermagem, 21(2), 304-312.; Lee & Tang, 2015Lee, Y., & Tang, F. (2015). More caregiving, less working: caregiving roles and gender difference.Journal of Applied Gerontology, 34(4), 465-483.); aquelas que continuam trabalhando, em muitos casos, comprometem o desenvolvimento da carreira, a renda e o equilíbrio trabalho-família (Hansen & Slagsvold, 2015Hansen, T., & Slagsvold, B. (2015). Feeling the squeeze? the effects of combining work and informal caregiving on psychological well-being. European Journal of Ageing, 12(1), 51-60. http://dx.doi.org/10.1007/s10433-014-0315-y.
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; Jolanki, 2015Jolanki, O. (2015). To work or to care? Working women’s decision-making. Community Work & Family, 18(3), 268-283. http://dx.doi.org/10.1080/13668803.2014.997194.
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; Lee et al., 2015Lee, Y., Tang, F., Kim, K. H., & Albert, S. M. (2015). The vicious cycle of parental caregiving and financial well-being: a longitudinal study of women. The Journals of Gerontology. Series B, Psychological Sciences and Social Sciences, 70(3), 425-431. http://dx.doi.org/10.1093/geronb/gbu001.
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). No entanto, estar trabalhando, especialmente em jornada integral, possui um efeito amortecedor, pois podem se desligar das atividades domésticas e obter renda para financiar os cuidados (Hansen & Slagsvold, 2015Hansen, T., & Slagsvold, B. (2015). Feeling the squeeze? the effects of combining work and informal caregiving on psychological well-being. European Journal of Ageing, 12(1), 51-60. http://dx.doi.org/10.1007/s10433-014-0315-y.
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).

Concernente à geração sanduíche e baby boomers, estudos indicam que os cuidadores experimentam maior tensão e estresse, menos tempo para si mesmos, vivem no limite do que podem suportar e sentem onerados, fisicamente e emocionalmente (Häusler et al., 2017Häusler, N., Bopp, M., & Hämmig, O. (2017). Informal caregiving, work-privacy conflict and burnout among health professionals in Switzerland - A cross-sectional study. Swiss Medical Weekly, 147, 1-8. http://dx.doi.org/10.4414/smw.2017.14552.
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; Kim et al., 2018aKim, H., Lee, S., Cheon, J., Hong, S., & Chang, M. (2018a). A comparative study to identify factors of caregiver burden between baby boomers and post baby boomers: a secondary analysis of a US online caregiver survey. BMC Public Health, 18(1), 1-9. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-018-5488-4.
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; Lopes & Cachioni, 2013Lopes, L. O., & Cachioni, M. (2013). Family caregivers of elderly with Alzheimer’s disease in a psychoeducational intervention. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 16(3), 443-460. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-98232013000300004.
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). Contudo, outras pesquisas apontam que desempenhar múltiplos papéis pode favorecer a saúde mental (Honda et al., 2015Honda, A., Abe, Y., Date, Y., & Honda, S. (2015). The impact of multiple roles on psychological distress among japanese workers. Safety and Health at Work, 6(2), 114-119. http://dx.doi.org/10.1016/j.shaw.2014.12.004.
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; Matias & Fontaine, 2012Matias, M., & Fontaine, A. M. (2012). Work and family balance: the psychological mechanism of spillover. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28(2), 235-244. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722012000200012.
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), pois ocorre o transbordamento de aspectos positivos de um âmbito ao outro, por exemplo, o bom humor na relação com os filhos para os pais idosos. Desse modo, mais importante que a quantidade de funções é a qualidade delas, com suas recompensas e satisfações. Outro elemento importante para manutenção do emprego e cuidados duplos ou triplos entre as mulheres estava no apoio do cônjuge, que possibilitava, por exemplo, que elas faltassem ao trabalho quando estivessem doentes (DePasquale et al., 2018DePasquale, N., Polenick, C. A., Davis, K. D., & Berkman, L. F. (2018). A bright side to the work-family interface: husbands’ support as a resource in double-and-triple-duty caregiving wives’ work lives. The Gerontologist, 58(4), 674-685. http://dx.doi.org/10.1093/geront/gnx016.
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).

Por fim, vários estudos abordaram as estratégias individuais e coletivas em prol do equilíbrio trabalho-família. Em relação às primeiras, pode-se citar: realizar orações, ouvir música, manter o bom humor, conversar com um amigo, compartilhar e rir das preocupações, contratar alguém para auxiliar, cumprimento do senso de dever de cuidar dos pais, além de arranjos flexíveis feitos com supervisores e colegas de trabalho (Alpass et al., 2017Alpass, F., Keeling, S., Allen, J., Stevenson, B., & Stephens, C. (2017). Reconciling work and caregiving responsibilities among older workers in New Zealand. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 323-337. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9327-3.
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; Eguchi & Wada, 2018Eguchi, H., & Wada, K. (2018). Mental health of working-age populations in japan who provide nursing care for a person at home: a cross-sectional analysis. Journal of Occupational Health, 60(6), 458-466. http://dx.doi.org/10.1539/joh.2017-0295-OA.
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). Desse modo, pode-se inferir a ocorrência do spillover positivo, ou seja, a transferência de conhecimentos e habilidades, bem como benefícios psicológicos de um âmbito ao outro. Assim, a participação em um papel pode favorecer a obtenção de habilidades e recursos que podem ser utilizados para possibilitar o desenvolvimento e o melhor funcionamento em outras esferas da vida (Barham & Vanalli, 2012Barham, D. E. J., & Vanalli, A. C. G. (2012). Trabalho e família: perspectivas teóricas e desafios atuais. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 12(1), 47-59.; Matias & Fontaine, 2012Matias, M., & Fontaine, A. M. (2012). Work and family balance: the psychological mechanism of spillover. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28(2), 235-244. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722012000200012.
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; Medeiros et al., 2017Medeiros, T. J., Aguiar, J., & Barham, E. J. (2017). Entre o conflito e o equilíbrio: ferramentas para examinar a relação trabalho-família. Psicol. Argum, 35(88), 45-62.).

Em relação às estratégias coletivas para o favorecimento do equilíbrio trabalho-família, muitos estudos destacaram países com políticas públicas em benefício dos cuidadores de idosos, como Noruega, Nova Zelândia, Japão, Coréia do Sul e Alemanha (Alpass et al., 2017Alpass, F., Keeling, S., Allen, J., Stevenson, B., & Stephens, C. (2017). Reconciling work and caregiving responsibilities among older workers in New Zealand. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 323-337. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9327-3.
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; Eguchi & Wada, 2018Eguchi, H., & Wada, K. (2018). Mental health of working-age populations in japan who provide nursing care for a person at home: a cross-sectional analysis. Journal of Occupational Health, 60(6), 458-466. http://dx.doi.org/10.1539/joh.2017-0295-OA.
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; Hansen & Slagsvold, 2015Hansen, T., & Slagsvold, B. (2015). Feeling the squeeze? the effects of combining work and informal caregiving on psychological well-being. European Journal of Ageing, 12(1), 51-60. http://dx.doi.org/10.1007/s10433-014-0315-y.
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; Kim et al., 2018bKim, J., De Bellis, A. M., & Xiao, L. D. (2018b). The experience of paid family-care workers of people with dementia in South Korea. Asian Nursing Research, 12(1), 34-41. http://dx.doi.org/10.1016/j.anr.2018.01.002.
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; Kolodziej et al., 2018Kolodziej, I. W. K., Reichert, A. R., & Schmitz, H. (2018). New evidence on employment effects of informal care provision in Europe. Health Services Research, 53(4), 2027-2046. http://dx.doi.org/10.1111/1475-6773.12840.
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). De modo geral, as medidas se referem à garantia de retorno ao trabalho após meses de acolhimento aos idosos, atendimento ambulatorial profissional, “licença para prestação de cuidados” e direito dos trabalhadores com mais de 65 anos a uma pensão estadual universal completa (Alpass et al., 2017Alpass, F., Keeling, S., Allen, J., Stevenson, B., & Stephens, C. (2017). Reconciling work and caregiving responsibilities among older workers in New Zealand. Journal of Cross-Cultural Gerontology, 32(3), 323-337. http://dx.doi.org/10.1007/s10823-017-9327-3.
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; Kim et al., 2018bKim, J., De Bellis, A. M., & Xiao, L. D. (2018b). The experience of paid family-care workers of people with dementia in South Korea. Asian Nursing Research, 12(1), 34-41. http://dx.doi.org/10.1016/j.anr.2018.01.002.
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).

Entretanto, evidenciou-se a necessidade de cursos de capacitação para cuidadores de idosos, bem como o incentivo à maior participação de outros membros da família nos cuidados de idosos, para que possa existir o equilíbrio trabalho-família. Mais do que manter os indivíduos trabalhando, deve-se primar para que trabalhem sendo saudáveis.

No Brasil, apesar de existirem leis que garantam direitos à população envelhecida, não há medidas efetivas para cumpri-las, além da atribuição da responsabilidade pelos cuidados exclusivamente às famílias dos idosos. Desse modo, faz-se necessário que o governo brasileiro tenha como pauta a proteção às pessoas idosas dependentes com base nas seguintes diretrizes: equilíbrio entre as responsabilidades públicas, privadas, sociais e familiares e investimentos nos cuidadores por meio de informações práticas e teóricas, além do apoio financeiro (Minayo et al., 2021Minayo, M. C. S., Mendonça, J. M. B., Souza, G. S., Pereira, T. F. S., & Mangas, R. M. N. (2021). Políticas de apoio aos idosos em situação de dependência: Europa e Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 26(1), 137-146. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020261.30262020.
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).

Conclusão

Diante dos achados desta revisão sistemática, compreendeu-se que, para haver o equilíbrio trabalho-família, deve-se estudar as escolhas que as pessoas fazem entre os trabalhos e responsabilidades familiares; é necessário também ampliar o quadro estreito “trabalho-família” e analisar o gênero no trabalhador individual, biografia, normas culturais, valores sociais, aspectos econômicos e soluções políticas disponíveis.

Concomitantemente, políticas empresariais e estatais, como horário de trabalho flexível, licença, políticas e tecnologias de trabalho, benefícios fiscais, contribuições previdenciárias continuadas e pagamentos diretos para substituir a renda perdida ou reduzida, são imprescindíveis para os cuidadores. Com essas intervenções, os cuidadores poderão obter apoio e suporte nos cuidados, com benefícios para lidar com os desafios de equilibrar suas necessidades com as dos seus pais.

Além disso, recomenda-se o desenvolvimento de mais estudos sobre o equilíbrio trabalho-família entre cuidadores de idosos no Brasil, tendo em vista o crescente envelhecimento populacional no país e a presença de apenas um estudo nacional encontrado nesta revisão sistemática. Por isso, pesquisas sobre essa temática são bem-vindas e possibilitarão conhecer, acompanhar e comparar resultados para a tomada de decisão no tocante à formulação de políticas de saúde para o Brasil.

  • Como citar: Medeiros, T. J., Barbosa, G. C., Alves, L. C. S., & Gratão, A. C. M. (2022). Equilíbrio trabalho-família entre cuidadores de idosos: uma revisão sistemática. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, e3154. https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAR241831541

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Editado por

Editora de seção

Profa. Dra. Marta Carvalho de Almeida

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    20 Set 2021
  • Revisado
    23 Nov 2021
  • Revisado
    17 Fev 2022
  • Aceito
    24 Mar 2022
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