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Canabinoides e os novos horizontes no tratamento do fenômeno doloroso

Embora o uso e as práticas sejam antigos em torno da planta Cannabis, o tratamento medicinal, só recentemente, conseguiu um lugar de destaque ao serem isolados os componentes mais importantes da planta e usados como produtos de tratamento a partir da descoberta do sistema endocanabinoide. Devido a escassez de evidências científicas com relevância, esperamos ávidos por mais publicações e combinações terapêuticas seguras em torno desse tema. A medicina canabinoide é uma realidade no atual contexto mundial para diversos tratamentos, é hora de refletirmos e buscarmos novas opções de tratamento, embora muitas perguntas fiquem sem resposta ou não estejam prontas pela comunidade científica, tais como falta de modelos de dor relevantes, estratégias de avaliação limitadas pelas leis, diferenças entre animais de laboratórios e seres humanos, falhas de execução de análise e de interpretação de ensaios clínicos, farmacodinâmica e farmacocinética de cada um dos canabinoides, entre outros fatores. Provavelmente, a mais adequada estratégia seja realizar o raciocínio translacional reverso, verificando as ocorrências com os pacientes na prática clínica diária e, então, propondo modelos de dor e métodos de avaliação condizentes com a problemática. Por outro, lado sabemos que as tomadas de decisões clínicas são baseadas em ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas que impulsionam os especialistas a tomarem decisões11 DeSantana JM. Are we really translating pain knowledge to clinical practice? BrJP. 2022;5(2):89.. O caminho é longo, mas já está sendo trilhado.

Acredito que essa edição especial do Brazilian Journal of Pain sobre canabinoides deva ter um forte impacto cultural e político, além da relevância clínica em torno da “Cannabis” no atual cenário brasileiro, ávido por informações, contribuindo para uma nova reavaliação das atuais políticas proibicionistas desenvolvidas em torno da questão Cannabis.

Trata-se de uma enorme responsabilidade, a partir de uma proposta feita pelo professor Irimar de Paula Posso ao Comitê de Cannabis da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) na gestão anterior. Foi assim que tudo começou e, do papel, se tornou realidade. Abraçando a causa, nosso atual presidente Dr. José Oswaldo de Oliveira Jr continuou com os esforços de publicação de um dos temas mais controversos da atualidade. Com um trabalho árduo de edição por todo corpo editorial da SBED, em especial pela nossa Editora-Chefe Dra. Josimari Melo DeSantana e extrema dedicação dos autores quanto aos temas a eles confiados.

Nesse suplemento, vamos fornecer uma fonte confiável de informação e atualização para profissionais de saúde e pesquisadores de ciência básica e clínica e a todos que se interessem pelo tema.

Carla Leal Pereira

Anestesiologista com Acreditação em Dor, São Paulo SP, Brasil.

Conselho Fiscal SBED, Conselho diretório FEDELAT.

https://orcid.org/0000-0003-3322-015X

E-mail : lealcarla@uol.com.br

REFERENCES

  • 1
    DeSantana JM. Are we really translating pain knowledge to clinical practice? BrJP. 2022;5(2):89.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    2023
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