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Livros e revistas

Livros e revistas

VERVOORT, W., 1946 The Copepoda of the Snellius Expedition, I - p. 1-181. Leiden.

Embora publicado há 4 anos, somente agora tivemos o ensejo de conhecer o trabalho do dr. VERVOORT, publicação utilíssima aos que manipulam os crustáceos do plancton das águas nacionais.

Conquanto o objetivo principal da Expedição Snellius às índias Orientais tenha consistido na obtenção de dados geológicos e hidrológicos, a pesquisa do plancton não foi relegada para plano secundário. Assim é que se coletaram 800 amostras, correspondentes a 350 localidades diferentes, todas situadas na zona em que a Expedição operou, na região leste do Arquipélago Malaio. Tão grande cópia de material foi posta à disposição do dr. WILLEM VERVOOT, do Rijksmuseum de História Natural, de Raamsteeg, Leiden, que, na primeira publicação referente aos Copepoda, tratou magistralmente das famílias Calanidae, Eucalanidae, Paracalanidae e Pseudocalanidae. As descrições são claras, minuciosas, denunciando perfeito conhecimento do Grupo. Graças a isso, poude o autor prestar inestimável serviço aos estudiosos do assunto.

Nas 181 páginas do texto, há referências a 17 gêneros representados por 37 espécies.

O gênero mais rico foi o Eucalanus, que concorreu com seis espécies, seguindo-se o gênero Spinocalanus, representado por cinco espécies. Daquele, pelo menos quatro ocorrem em águas brasileiras: Eucalanus attenuatus (Dana 1849), E. subtenuis Giesbrecht 1888, E. subcrassus Giesbrecht 1888 e E. crassus Giesbrecht 1888, No litoral do E. de São Paulo já foram capturados E. attenuatus, E. subcrassus e E. subtenuis.

As duas espécies do gênero Paracalanus citadas pelo autor: P. aculeatus Giesbrecht 1888 e P. parvus (Claus 1863), tipicamente eurialinas e euritérmicas, são também encontradas no litoral bandeirante, o mesmo acontecendo com as duas outras do gênero Clausocalanus: C. arcuicornis Dana 1849 e C. furcatus (Brady 1883). Desse modo, 21,62% dos crustáceos planctónicos encontrados pelo dr. VERVOORT no material da Expedição Snellius ocorrem no Brasil, o que torna o trabalho desse autor não somente importante mas até indispensável para o estudo dos representantes que frequentam as águas nacionais.

J. P. C.

VERVOORT , W., 1949 Some new and rare Copepoda Calanoida from East Indian Seas, nº 5 Zoologische Verhandlingen Uitgegeven Door Het Rijksmuseum Van Naturlijke Historie Te Leiden, p. 1-53, 23 figs., Leiden.

O farto material planctônico coletado na área indo-pacífica pela Expedição Snellius foi posto, em 1943, à disposição do dr. WILLEM VERVOOT, do Real Museu de História Natural de Leiden, que o estudou minuciosamente.

Nessa publicação, ilustrada com 23 excelentes desenhos, o autor estuda cinco gêneros, integrados por vinte espécies, das quais oito são novas para a ciência.

Os dois gêneros melhor apresentados no trabalho são Euchirella e Pseudochirella. Ao primeiro, acrescentou o autor mais duas espécies novas: E. indica e E. formosa e, ao segundo, três outras: P. biblohata, P. gibbera e P. semispina. Criando o gênero Snelliaetideus, com S. arcticus, o autor descreveu ainda uma espécie nova para o gênero Aetidiopsis: A. trichechus e outra para o gênero Gaidius: G. robustus.

Como tipo de trabalho conciencioso, cheio de minúcias, de dados que facilitam enormemente a pesquisa taxonômica e de desenhos bem elucidativos, a obra que vem sendo realizada pelo dr. VERVOORT é digna dos maiores encómios. Lembra, de certo modo, os trabalhos bem cuidados do tempo de GIESBRECHT, CLAUS, FARRAN, SARS e outros autores, em cujas descrições não havia economia de palavras, nem descuido em assinalar os menores detalhes. De resto, só assim é possível legar aos pósteros produções verdadeiramente úteis que, longe de desencorajar os neófitos, os estimulem a penetrar profundamente em grupos dos mais sedutores.

À vista do excelente trabalho a que vimos de nos referir, não nos seria possível deixar de consignar, aqui,, as nossas calorosas felicitações ao sr. prof. dr. H. BOSCHIMA, pela sábia orientação que, mais uma vez, soube imprimir a essa publicação vinda a lume sob a sua imediata supervisão.

J. P. C.

COMMERCIAL FISHERIES REVIEW 1949, vol. 11, nº 8. Agosto de 1949. Fish and Wildlife Service. United States Department of the Interior. Washington, D. C.

Dentre as várias revistas norte-americanas que tratam de assuntos comerciais ligados aos produtos e sub-produtos do mar, uma das que possuem caráter informativo dos mais completos, aliado a primorosa confecção, figura a COMMERCIAL FISHERIES REVIEW, de Washington, que recebe excelente orientação do seu editor, o sr. A. W. ANDERSON.

Além de noticiário completo do que se passa com a pesca em vários países do mundo e de publicações estatísticas de real valor para pescadores, comerciantes e industriais, a Revista contem ainda matéria de divulgação científica e técnica de grande interesse. Tal é o que acontece com o número de Agosto de 1949 onde figuram os seguintes trabalhos:

GLUD, J. B., Japanese methods of Oyster Culture p. 1-7.

MYERS , C. S., Use of Pyrex test & culture tubes as solution cells with Pfaltz & Bauer photoelectric fluorophotometer, p. 8-13.

O trabalho de JOHN B. GLUD merece, de nossa parte, referência especial. Reporta-se inicialmente, o autor, às áreas mais favoráveis à criação artificial da ostra, no Japão, expondo os dois métodos usados nesse país: "o em que as ostras são colocadas sobre o fundo e o em que ficam acima dele", cada um dos quais, no dizer do articulista, apresenta "vantagens e desvantagens". Passa a descrever os dois processos, esclarecendo que poucos moluscos são obtidos pelo primeiro método, "devido principalmente à ação de predadores que perfuram as ostras e às estrelas do mar". No segundo processo, os indivíduos pendem de um arame ao qual se prendem velhas carapaças de ostras destinadas à fixação das larvas. Esse fio metálico fica amarrado em varas de bambu, dispostas em forma de esteiras, evitando o contato com o fundo. Tal recurso, no entretanto, também não é dos mais indicados. As ostras crescem e tornam-se muito pesadas "ao atingirem tamanho de serem levadas ao mercado". Isso provoca "o arqueamento das varas e enterra os postes que as sustentam no lodo do fundo. Em breve, as ostras que se encontram na parte mais inferior tocam o substrato, ficando à mercê do ataque dos predadores".

Antes de finalizar, o autor entra na discussão de outros aspétos interessantes da questão, passando a considerar o que se faz, em matéria de ostreicultura, nos Estados Unidos da América do Norte.

J. P. C.

INGLE, R. M., & SMITH, F. G. W., 1949 Sea Turtles and the turtle industry of the West Indies, Florida and the Gulf of México, with annoted bibliography. The Marine Laboratory Univ., of Miami & The Caribbean Research Council, p. 1-107, fig. 1-2 Florida.

Resumindo o conteúdo de algumas centenas de publicações, relatórios e comunicações pessoais concernentes a tartarugas marinhas, os autores, em interessante estudo seguido de vultosa pesquisa bibliográfica, publicaram trabalhos dos mais úteis e atrativos.

Começaram com uma apreciação respeito à pesquisa taxonômica de nove espécie encontradas em águas tropicais e subtropicais, pertencentes às famílias Cheloniidae e Dermochelidae, seguida de uma chave analítica dos indivíduos ocorrentes na região das índias Ocidentais, Flórida e Golfo do México. Segue-se uma descrição dos caracteres peculiares a cada exemplar, alguns dos quais são aplicáveis a espécimes que ocorrem em águas brasileiras, como, por exemplo, Caretta caretta (L.), Dermocvhelys coriacea (L.), Chelcnia myrras (L.), e Eretmochelys imbricata (L.).

Os capítulos relativos à distribuição geográfica, habitat, alimentação, inimigos e migrações, entre outros, foram muito bem delineados e desenvolvidos, levando-se naturalmente em consideração as proporções do trabalho. Os métodos de captura, embora descritos em pouco mais de quarenta linhas, satisfazem plenamente. Não deixaram os autores de fazer menção ao curioso emprego da Remora ou Peixe-piolho, na apanha de Quelonios marinhos, processo aliás que alguns autores e, entre eles, YONGE (1930) descreve com muita fidelidade. Em seguida, fizeram alusão aost produtos extraídos das tartarugas e à sua criação artificial, entrando na apreciação do valor que elas representam para a. balança econômica de regiões como as da Flórida, Bermudas, Bahamas,, Cuba, Jamaica e outras.

A publicação aqui considerada poderia servir de modelo para oportuníssima pesquisa sobre os Chelonia do Brasil. Si, na realidade, já possuímos algo a respeito, é evidente que o assunto está a exigir atualização, desde que além do raro e inacessível trabalho de SPIX E MARTIUS, datado de 1840, "Species 'Novae Testudinum Brasiliam", contamos com as obras de SCHNEE, "Ueber eine Sammlung suedbrasilianischer Reptilien und Amphibien, etc." (1900), de GOELDI, "Chelonios do Brasil" (1906) e de LUEDERWALDT "Os Chelonios brasileiros" (1926). Além desses, só existem referências esparsas ou simples "listas de espécies", desprovidas de qualquer informação de caráter biológico. Andariam, portanto, muito bem avisados os estudiosos da matéria que quizessem imitar o exemplo de INGLE & SMITH.

J. P. C.

LOZANO, F. de B., 1949 El Mar de Solis y su fauna de Peces (la. Parte). Publicaciones Cientificas, Nº 1. Servicio Oceanográfico y de Pesca. Ministério de Industrias y Trabajo, p. 1-43. Montevideo.

O "Serviço Oceanográfico e de Pesca", do Uruguai, acaba de lançar o órgão "Publicaciones Cientificas", cujo primeiro número veio a lume no mês de Julho de 1949.

Nessa bem cuidada Revista, o sr. prof. dr. FERNANDO DE BUEN LOZANO, do Instituto Espanhol de Oceanografia, assessor e chefe do Departamento Oceanográfico do S. O. Y. P., publica a primeira parte de interessantíssimo trabalho que recebeu o título de "El Mar de Solis y su Fauna de Peces".

Refere-se inicialmente o autor às origens do Mar de Solis, examinando com pormenores a sua formação e passando em revista a sua fauna durante os períodos terciário e quaternário. O estudo morfológico desse Mar visa, segundo o autor, estabelecer normas gerais para que melhor se interprete a Oceanografia e a Biologia locais. Executa-o o sr. dr. DE BUEN com incontestável maestria, decorrente dos seus profundos conhecimentos de matéria tão complexa, que êle domina amplamente. Antes de analisar os dados obtidos por ocasião do cruzeiro do R. O. U. "Aspirante", expõe o que foi feito nas quinze estações oceanográficas, nas quais efetuaram-se 186 observações, determinando-se a temperatura das águas em vários níveis, colhendo-se água para estudos físico-químicos, medindo-se a velocidade das correntes, verificando-se a transparência das águas, colecionando-se amostras de plancton superficial e de profundidade, efetuando-se sondagens e observações meteorológicas.

O trabalho finaliza com pesquisas sôbre temperatura e salinidade, transparência, variação do nível das águas, oscilações térmicas em "Punta del Este", anomalias em Montevideo, águas frias ao norte do "Banco Inglês", temperatura e salinidade em "La Paloma" e estudos sobre correntes marinhas.

Tivemos o grande prazer de constatar que os trabalhos do S. O. Y. P. seguem paralelamente aos que se fazem no litoral do E. de São Paulo, pelo INSTITUTO PAULISTA DE OCEANOGRAFIA. A publicação do sr. prof. DE BUEN cresce de importância para nós, não só por se tratar de peça de enorme valor para a Oceanografia sulamericana como, e também, por se enquadrar, perfeitamente, naqcele conceito de H. N. RUSSEL, segundo o qual a ciência tem a capacidade de servir como traço de união entre os povos, estabelecendo entre eles afinidades espirituais muito fortes.

J. P. C.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jun 2012
  • Data do Fascículo
    Jun 1950
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