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Influência dos Fatores Confiança, Pressão de Tempo e Complexidade no Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria

RESUMO

O estudo objetiva avaliar a inter-relação da influência dos fatores confiança (pessoal), pressão de tempo (ambiental) e complexidade (de tarefa) no julgamento e tomada de decisão (JTD) em auditoria. Como método de pesquisa, foi utilizado o experimento, com composição fatorial 2x2x2. A amostra final foi composta por 126 auditores independentes, distribuídos em 8 grupos aleatórios. Os resultados indicam que um maior nível de confiança aumenta a propensão de o auditor realizar o ajuste contábil e que a pressão de tempo e a complexidade diminuem a propensão de ele realizar o ajuste proposto. Esses achados permitem inferir que os fatores confiança, pressão de tempo e complexidade, individual e conjuntamente, influenciam no JTD. O estudo contribui para a Teoria da Decisão Comportamental, na concepção de que as discussões sejam direcionadas para auxiliar as firmas de auditoria no entendimento do efeito conjunto e interativo dos fatores pessoal, ambiental e de tarefa nas atividades profissionais e, assim, melhor planejar e estabelecer critérios sobre as condições de trabalho de auditoria.

PALAVRAS-CHAVE
Fator Pessoal Confiança; Fator Ambiental Pressão de Tempo; Fator de Tarefa Complexidade; Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria

ABSTRACT

This study aims to evaluate the interrelation of the influence of the factors trust (personal), time pressure (environmental) and complexity (task) in judgment and decision-making in theauditing field. As a research method, we undertook an experiment, with a 2x2x2 factorial composition. The final sample was composed of 126 independent auditors, distributed in eight random groups. The results indicated that a higher level of confidence increases the auditor’s propensity to perform the accounting adjustment and that time pressure and complexity decrease the auditor’s propensity to perform the proposed adjustment. These findings allow us to infer that the factors of trust, time pressure, and complexity, both individually and jointly influence judgment and decision-making. This study contributes to Behavioral Decision Theory, as in that the discussions are directed to assist auditing firms in their understanding of the joint and interactive effect of personal, environmental, and task factors in professional activities, and enable better planning and establishing criteria for audit working conditions.

KEYWORDS
Trust Personal Factor; Time Pressure Environmental Factor; Complexity Task Factor; Audit Judgment and Decision-Making

1. INTRODUÇÃO

Pelo fato de o julgamento e tomada de decisão (JTD) envolver o poder de escolha, o auditor tem sido considerado um elemento fundamental para os preparadores de informações contábeis, pois certifica a qualidade e a confiabilidade dos relatórios contábeis, principalmente em um sistema baseado em princípios (Ussahawanitchakit, 2012Ussahawanitchakit, P. (2012). Effects of audit morality on audit performance of certified public accountants (CPAs) in Thailand. Journal of Academy of Business and Economics, 12(4), 84-94.). A predominância do julgamento da auditoria está em torno do julgamento do auditor no que diz respeito ao risco de auditoria e à materialidade na realização de seus procedimentos (Poonpool & Chanthinok, 2011Poonpool, N., & Chanthinok, K. (2011). Computerized-audit competency and audit efficiency of certified public accountants (CPAs) in Thailand: Mediating influences of audit judgment. International Journal of Business Research, 11(2), 156-169.).

É rotina nessa atividade os profissionais lidarem com tarefas de níveis de dificuldades cada vez maiores, seja no processo de planejamento, desenvolvimento ou conclusão (Snead & Harrell, 1991Snead, K., & Harrell, A. (1991). The impact of psychological factors on the job satisfaction of senior auditors. Behavioral Research in Accounting, 3(1), 85-96.; Trotman, 1998Trotman, K. T. (1998). Audit judgment research-Issues addressed, research methods and future directions. Accounting & Finance, 38(2), 115-156.; Grenier et al., 2018Grenier, J. H., Reffett, A., Simon, C. A., & Warne, R. C. (2018). Researching juror judgment and decision making in cases of alleged auditor negligence: A toolkit for new scholars. Behavioral Research in Accounting , 30(1), 99-110.). Os desafios têm se intensificado, sobretudo, por fatores que envolvem a natureza do trabalho, como dificuldades das tarefas, bem como aspectos de recursos ou mão de obra inadequados, incertezas, pressões da atividade profissional, entre outros (Trotman, 1998Trotman, K. T. (1998). Audit judgment research-Issues addressed, research methods and future directions. Accounting & Finance, 38(2), 115-156.; Mohd-Sanusi & Mohd-Iskandar, 2006Mohd-Sanusi, Z., & Mohd-Iskandar, T. (2006). Audit judgment performance: assessing the effect of performance incentives, effort and task complexity. Managerial Auditing Journal, 22(1), 34-52.). Nesse sentido, Trotman (1998Trotman, K. T. (1998). Audit judgment research-Issues addressed, research methods and future directions. Accounting & Finance, 38(2), 115-156.) argumenta que os desafios em torno da atividade de auditoria podem resultar em ausência de consenso e imprecisão entre os auditores, afetando negativamente a qualidade do julgamento e tomada de decisão.

Tendo em vista a melhoria do processo de julgamento e tomada de decisão, as pesquisas desenvolvidas nesse contexto têm explorado diversos aspectos da literatura de auditoria e contabilidade, o que resulta em questionamentos sobre a oportunidade de classificar os aspectos discutidos em fatores pessoais, ambientais e de tarefas, além de gerar reflexões sobre possíveis interações entre os fatores (Bonner, 1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.; Mala & Chand, 2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.). De acordo com Libby e Luft (1993Libby, R., & Luft, J. (1993). Determinants of judgment performance in accounting settings: Ability, knowledge, motivation, and environment. Accounting, Organizations and Society, 18(5), 425-450.), Mala e Chand (2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.), Trotman, Bauer e Humphreys (2015Trotman, K. T., Bauer, T. D., & Humphreys, K. A. (2015). Group judgment and decision making in auditing: Past and future research. Accounting, Organizations and Society, 47, 56-72.) e Grenier et al. (2018Grenier, J. H., Reffett, A., Simon, C. A., & Warne, R. C. (2018). Researching juror judgment and decision making in cases of alleged auditor negligence: A toolkit for new scholars. Behavioral Research in Accounting , 30(1), 99-110.), há diferenças no julgamento e tomada de decisão para diferentes processos cognitivos adotados como resultado dos fatores pessoais, ambientais e de tarefas inerentes às atividades de auditoria.

Ao discutir apenas um fator, seja ele pessoal, ambiental ou de tarefa, o seu impacto tem sido identificado no julgamento e tomada de decisão, porém isso não indica que a intensidade e o sentido dessa influência sejam iguais quando esses fatores são observados em conjunto. Como há evidências de que os fatores pessoais, ambientais e de tarefas, individualmente, afetam o julgamento e tomada de decisão, quando analisados de forma conjunta e interativa, podem intensificar, atenuar ou, até mesmo, mudar o sentido da influência quando analisados isoladamente.

Confiança (fator pessoal), pressão de tempo (fator ambiental) e complexidade (fator de tarefa) são fatores que têm apontado indícios de influência individual no processo que envolve o julgamento e tomada de decisão em auditoria. A confiança, como fator pessoal, é caracterizada como a crença de que outra pessoa possa desempenhar ações que representem resultados positivos para a primeira e, também, que a última não agirá de forma inesperada, trazendo resultados negativos à outra (Anderson & Narus, 1990Anderson, J. C., & Narus, J. A. (1990). A model of distributor firm and manufacturer firm working partnerships. Journal of Marketing, 54(1), 42-58.). Tendo em vista um JTD mais consistente, profissionais buscam trocar conselhos com um ou mais colegas de confiança (Harvey & Fischer, 1997Harvey, N., & Fischer, I. (1997). Taking advice: Accepting help, improving judgment, and sharing responsibility. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 70(2), 117-133.; Kennedy et al., 1997Kennedy, J., Kleinmuntz, D. N., & Peecher, M. E. (1997). Determinants of the justifiability of performance in ill-structured audit tasks. Journal of Accounting Research, 35, 105-123.; Han et al., 2011Han, J., Jamal, K., & Tan, H. T. (2011). Auditors’ overtrust in predicting the technical knowledge of superiors and subordinates. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 30(1), 101-119.).

A pressão de tempo faz com que o profissional de auditoria tenha que realizar julgamento e tomada de decisão de forma rápida, o que tende a impactar no aumento da dificuldade e erro de JTD e, assim, afetar de forma negativa a qualidade dos trabalhos (Bamber & Bylinski, 1987Bamber, E. M., & Bylinski, J. H. (1987). The effects of the planning memorandum, time pressure and individual auditor characteristics on audit managers’ review time judgments. Contemporary Accounting Research, 4(1), 127-143.; Gundry & Liyanarachchi, 2007Gundry, L. C., & Liyanarachchi, G. A. (2007). Time budget pressure, auditors’ personality type, and the incidence of reduced audit quality practices. Pacific Accounting Review, 19(2), 125-152.; Svanström, 2016Svanström, T. (2016). Time pressure, training activities and dysfunctional auditor behavior: evidence from small audit firms. International Journal of Auditing, 20(1), 42-51.). A complexidade também tende a aumentar a dificuldade e a incerteza no JTD em auditoria, prejudicando a qualidade dos trabalhos (Bonner, 1994Bonner, S. E. (1994). A model of the effects of audit task complexity. Accounting, Organizations and Society, 19(3), 213-234.; Tan & Kao, 1999Tan, H. T., & Kao, A. (1999). Accountability effects on auditors’ performance: The influence of knowledge, problem-solving ability, and task complexity. Journal of Accounting Research, 37(1), 209-223.; Alissa et al., 2014Alissa, W., Capkun, V., Jeanjean, T., & Suca, N. (2014). An empirical investigation of the impact of audit and auditor characteristics on auditor performance. Accounting, Organizations and Society, 39(7), 495-510.). Nesse contexto, surge como objetivo avaliar a influência da inter-relação dos fatores confiança, pressão de tempo e complexidade no julgamento e tomada de decisão em auditoria.

A originalidade do estudo está em atribuir uma nova visão para analisar a qualidade do julgamento e tomada de decisão em auditoria, representada pela avaliação conjunta da influência dos fatores pessoal, ambiental e de tarefa no julgamento e tomada de decisão em auditoria. A literatura carece de estudos que explorem os três fatores conjuntamente, pois não é apenas um que exerce influência no JTD. A direção ou a força de um fator analisado de forma isolada pode ser diferente da observação da influência conjunta. Ainda, como são fatores inerentes à atividade profissional do auditor, precisam ser considerados conjuntamente. O julgamento e tomada de decisão é imprescindível para a auditoria, já que, constantemente, esses profissionais formam opiniões, criam alternativas de modo a realizar escolhas para opinar sobre o conjunto das demonstrações contábeis analisadas.

A pesquisa em julgamento e tomada de decisão em auditoria tem como propósito principal compreender julgamentos e decisões individuais e de grupo, uma vez que todo o processo dos trabalhos de auditoria é repleto de julgamentos de natureza profissional, caracterizados pelas evidências comuns à necessidade de julgamentos diante das Normas Internacionais de Auditoria (Trotman, Tan & Ang, 2011Trotman, K. T., Tan, H. C., & Ang, N. (2011). Fifty‐year overview of judgment and decision‐making research in accounting. Accounting & Finance, 51(1), 278-360.). O estudo nesse campo tem focado nas potenciais implicações de melhorias de políticas em áreas, como desenvolvimento e modificações de métodos de auditoria, padrões e procedimentos, abordagens para treinamento e supervisão e criação de formas de ajudas decisórias (Boritz, 1985Boritz, J. E. (1985). The effect of information presentation structures on audit planning and review judgments. Contemporary Accounting Research, 1(2), 193-218.; Mala & Chand, 2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.).

Para a presente pesquisa, foi adotado o experimento como método de operacionalização, e isso permite a identificação e controle das ameaças às validades interna e externa e, por conseguinte, a eliminação da influência de variáveis estranhas. O experimento contribui para a manipulação direta e controle das variáveis em discussão, permitindo a observação do julgamento e tomada de decisão dos participantes em cenários condizentes com a atividade desempenhada pelo auditor no seu dia a dia.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Julgamento e Tomada de Decisão

O JTD envolve a formação de ideia diante dos elementos que fazem parte do atual cenário, bem como a escolha entre as alternativas possíveis para a conclusão de uma atividade pré-planejada. Na área da Psicologia Cognitiva, o julgamento e tomada de decisão são tratados como processos diferentes, mas inter-relacionados, sendo que o julgamento remete à análise das opções de escolhas disponíveis, enquanto a tomada de decisão exige a escolha de uma das opções analisadas (Plous, 1993Plous, S. (1993). The psychology of judgment and decision-making. New York: Mcgraw-Hill Book Company.; Tversky & Kahneman, 1981Tversky, A., & Kahneman, D. (1981). The framing of decisions and the psychology of choice. Science, 211(4481), 453-458.). Dessa forma, o estudo sobre JTD em auditoria visa analisar e observar fatores que possam impactar na melhoria e qualidade dos trabalhos de auditoria (Trotman, Tan & Ang, 2011Trotman, K. T., Tan, H. C., & Ang, N. (2011). Fifty‐year overview of judgment and decision‐making research in accounting. Accounting & Finance, 51(1), 278-360.).

Em função dos mais variados estudos sobre julgamento e tomada de decisão em contabilidade e auditoria e visando contribuir para melhorar a qualidade das decisões finais, Bonner (1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.) apresentou uma estrutura na qual classifica os estudos em três categorias: fator pessoal, ambiental e de tarefa. Com essa categorização, variáveis no contexto de julgamento e tomada de decisão podem ser exploradas e compreendidas com maior profundidade.

Bonner (1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.) argumenta que estudos com abordagem em julgamento e tomada de decisão nessa área têm analisado, isoladamente, elementos que apresentam características de fatores pessoal, ambiental e de tarefa. A partir da discussão de Bonner (1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.), autores como Mala e Chand (2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.) e Trotman et al. (2015Trotman, K. T., Bauer, T. D., & Humphreys, K. A. (2015). Group judgment and decision making in auditing: Past and future research. Accounting, Organizations and Society, 47, 56-72.) realizaram estudos de revisão de literatura e, com base em achados de estudos anteriores, também iniciaram reflexões sobre a inter-relação das perspectivas pessoais, ambientais e de tarefas. De acordo com Bonner (1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.), Mala e Chand (2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.) e Trotman et al. (2015Trotman, K. T., Bauer, T. D., & Humphreys, K. A. (2015). Group judgment and decision making in auditing: Past and future research. Accounting, Organizations and Society, 47, 56-72.), a análise da inter-relação das perspectivas pessoais, ambientais e de tarefas no julgamento e tomada de decisão é necessária.

2.2. Fatores Confiança, Pressão de Tempo e Complexidade no Julgamento e Tomada de Decisão

No processo de julgamento e tomada de decisão, fatores pessoais, ambientais e de tarefas podem ser determinantes para impactar a qualidade do trabalho final do auditor (Bonner, 1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.; Mala & Chand, 2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.). Fundamentada na Teoria da Decisão Comportamental, a Heurística da Ancoragem pode ajudar na análise da influência dos fatores pessoais, ambientais e de tarefas no julgamento e tomada de decisão, por possuir elementos explicativos do JTD (Tversky & Kahneman, 1974Tversky, A., & Kahneman, D. (1974). Judgment under uncertainty: Heuristics and biases. Science, 185(4157), 1124-1131.; Kahneman, 2003Kahneman, D. (2003). A perspective on judgment and choice: mapping bounded rationality. American Psychologist, 58(9), 697-720.). As heurísticas correspondem à simplificação dos processos mentais de busca, o que inclui a seleção e a análise de informações para a tomada de decisão.

As Heurísticas têm como parâmetro a limitação de informações disponíveis e como propósito a identificação do melhor resultado para o problema em questão (Tversky & Kahneman, 1974Tversky, A., & Kahneman, D. (1974). Judgment under uncertainty: Heuristics and biases. Science, 185(4157), 1124-1131.). Por meio da Heurística da Ancoragem, o JTD é realizado a partir de um ajuste de um auxílio ou parâmetro inicial, como um valor ou informação aproximada que surge facilmente na mente dos profissionais (Tversky & Kahneman, 1974Tversky, A., & Kahneman, D. (1974). Judgment under uncertainty: Heuristics and biases. Science, 185(4157), 1124-1131.; Morris, 1993Morris, D. E. (1993). Analysis of Auditors’ Perceptions and Over‐reliance on Negative Information. Managerial Auditing Journal, 8(6), 14-24.; Plous, 1993Plous, S. (1993). The psychology of judgment and decision-making. New York: Mcgraw-Hill Book Company.). Esse auxílio, ou parâmetro inicial, pode ser uma ajuda de decisão, como um conselho advindo de algum colega de trabalho de confiança, por exemplo.

Para avaliar a influência da inter-relação dos fatores no julgamento e tomada de decisão (JTD), como fator pessoal foi definida a confiança; como fator ambiental, a pressão de tempo; e como fator de tarefa, a complexidade. Entende-se que o nível de confiança influencia no JTD do auditor. A literatura mostra que a confiança contribui para a redução da incerteza (Mayer et al., 1995Mayer, R. C., Davis, J. H., & Schoorman, F. D. (1995). An integrative model of organizational trust. Academy of Management Review, 20(3), 709-734.). Observa-se, também, que há presença de confiança entre auditores que recebem ajuda de colegas auditores com quem há compartilhamento de vínculo social, o que pode contribuir para redução de incertezas dos processos (Kennedy et al., 1997Kennedy, J., Kleinmuntz, D. N., & Peecher, M. E. (1997). Determinants of the justifiability of performance in ill-structured audit tasks. Journal of Accounting Research, 35, 105-123.; Kadous et al., 2013Kadous, K., Leiby, J., & Peecher, M. E. (2013). How do auditors weight informal contrary advice? The joint influence of advisor social bond and advice justifiability. The Accounting Review, 88(6), 2061-2087.).

É rotina a realização de trabalhos de auditoria em grupos de profissionais. Quando esses grupos possuem profissionais de auditoria que são colegas com laço social forte, a confiança pode aparecer por meio de expectativas de conselhos trocados, os quais podem ser absorvidos mais facilmente, bem como analisados com maior profundidade, servindo, ainda, como um parâmetro para o julgamento e tomada de decisão final (Mayer et al., 1995Mayer, R. C., Davis, J. H., & Schoorman, F. D. (1995). An integrative model of organizational trust. Academy of Management Review, 20(3), 709-734.; Harvey; Fischer, 1997Harvey, N., & Fischer, I. (1997). Taking advice: Accepting help, improving judgment, and sharing responsibility. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 70(2), 117-133.; Kadous et al., 2013Kadous, K., Leiby, J., & Peecher, M. E. (2013). How do auditors weight informal contrary advice? The joint influence of advisor social bond and advice justifiability. The Accounting Review, 88(6), 2061-2087.). De acordo com Harvey e Fischer (1997Harvey, N., & Fischer, I. (1997). Taking advice: Accepting help, improving judgment, and sharing responsibility. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 70(2), 117-133.) e Kennedy (1998Kennedy, P. (1998). A guide to econometrics, Blackwell, 4. ed. Oxford: Oxford Ed.), a presença de confiança em conselhos recebidos de colegas de trabalho possibilita considerar outras opiniões para o JTD, e isso contribui para o aumento da qualidade do trabalho final. Esse conselho recebido pode ser considerado como um auxílio de decisão, como uma heurística da ancoragem, simplificando o processo de JTD. As implicações de recomendações em decisão podem ser úteis no desenvolvimento e implementação de ajudas decisivas, inteligentes e eficazes.

De acordo com DeZoort et al. (2003DeZoort, F. T., Hermanson, D. R., & Houston, R. W. (2003). Audit committee support for auditors: The effects of materiality justification and accounting precision. Journal of Accounting and Public Policy, 22(2), 175-199.), a incerteza enfraquece o argumento de materialidade do auditor, o que pode influenciar na distribuição da probabilidade em torno do valor verdadeiro da proposta ou de ajuste de materialidade em auditoria. Dessa forma, como a confiança no conselho do parceiro de auditoria impacta na redução da incerteza, e essa influência na diminuição da chance de apoio de um ajuste, espera-se que haja um maior apoio para realização de um ajuste de auditoria quando se tem confiança no conselho recebido. Para o presente estudo, o ajuste contábil na tarefa experimental foi tratado no contexto de uma discussão de baixa de recebíveis, em que ocorreu uma discordância entre dois auditores. O participante da pesquisa, diante do cenário analisado, que também envolveu materialidade, foi solicitado a decidir se apoiava ou não o ajuste.

Apesar de a confiança indicar tendência para reduzir a incerteza, a qualidade do julgamento e tomada de decisão tende a ser prejudicada em situações de pressão de tempo, em que a probabilidade de aumento de incertezas e erros podem ser maiores do que em situações sem a pressão de tempo (Bamber & Bylinski, 1987Bamber, E. M., & Bylinski, J. H. (1987). The effects of the planning memorandum, time pressure and individual auditor characteristics on audit managers’ review time judgments. Contemporary Accounting Research, 4(1), 127-143.; Pierce & Sweeney, 2004Pierce, B., & Sweeney, B. (2004). Cost-quality conflict in audit firms: an empirical investigation. European Accounting Review, 13(3), 415-441.; Gundry & Liyanarachchi, 2007Gundry, L. C., & Liyanarachchi, G. A. (2007). Time budget pressure, auditors’ personality type, and the incidence of reduced audit quality practices. Pacific Accounting Review, 19(2), 125-152.; Svanström, 2016Svanström, T. (2016). Time pressure, training activities and dysfunctional auditor behavior: evidence from small audit firms. International Journal of Auditing, 20(1), 42-51.).

A despeito de os auditores realizarem tarefas similares em momentos diferentes, é comum a alocação de tempo ter muita discrepância entre essas tarefas semelhantes. Diante desse apontamento, Svanström (2016Svanström, T. (2016). Time pressure, training activities and dysfunctional auditor behavior: evidence from small audit firms. International Journal of Auditing, 20(1), 42-51.) argumenta que em atividades de auditoria, nas quais o tempo para finalização seja curto, a qualidade do JTD entra em risco.

Em situações de pressão de tempo, a dificuldade e a incerteza da tarefa tendem a aumentar, e isso influenciará negativamente em uma possível convicção do valor correto de um ajuste em materialidade (Dezoort et al., 2003DeZoort, F. T., Hermanson, D. R., & Houston, R. W. (2003). Audit committee support for auditors: The effects of materiality justification and accounting precision. Journal of Accounting and Public Policy, 22(2), 175-199.). DeZoort et al. (2003DeZoort, F. T., Hermanson, D. R., & Houston, R. W. (2003). Audit committee support for auditors: The effects of materiality justification and accounting precision. Journal of Accounting and Public Policy, 22(2), 175-199.) argumentam que, em cenários assim, o auditor enfrentará mais resistência para apoiar um ajuste.

Nesse sentido, a complexidade também tende a contribuir para o aumento da incerteza. Entende-se que a complexidade da tarefa influencia no julgamento e tomada de decisão do auditor. Conforme Bonner (1994Bonner, S. E. (1994). A model of the effects of audit task complexity. Accounting, Organizations and Society, 19(3), 213-234.), o aumento dos níveis de complexidade da tarefa resulta em mais informações para serem analisadas, inclusive com maior imprecisão e incerteza. Nessa situação, espera-se que a qualidade do julgamento e tomada de decisão sejam afetadas de forma negativa.

Quando há falta de consenso entre os profissionais de auditoria, a incerteza é intensificada, principalmente em cenários de elevada dificuldade com que os auditores podem se deparar ao realizarem julgamentos e tomada de decisões simultâneos para diversas tarefas de auditoria, que possuem muitas informações e procedimentos possíveis de serem adotados (Libby & Lipe, 1992Libby, R., & Lipe, M. G. (1992). Incentives, effort, and the cognitive processes involved in accounting-related judgments. Journal of Accounting Research, 30(2), 249-273.; Mohd-Sanusi & Mohd-Iskandar, 2006Mohd-Sanusi, Z., & Mohd-Iskandar, T. (2006). Audit judgment performance: assessing the effect of performance incentives, effort and task complexity. Managerial Auditing Journal, 22(1), 34-52.; Alissa et al., 2014Alissa, W., Capkun, V., Jeanjean, T., & Suca, N. (2014). An empirical investigation of the impact of audit and auditor characteristics on auditor performance. Accounting, Organizations and Society, 39(7), 495-510.). A incerteza e a dificuldade tendem a apresentar variações ao longo das tarefas, especialmente em função de o trabalho de auditoria conviver com cenários que oscilam muito em questão de baixa e alta complexidade.

Segundo Chung e Monroe (2001Chung, J., & Monroe, G. S. (2001). A research note on the effects of gender and task complexity on an audit judgment. Behavioral Research in Accounting, 13(1), 111-125.), essa oscilação de cenário entre baixa e alta complexidade tem justificativa na variação entre o tipo e tamanho do saldo de conta ou grupo de contas e no montante de evidências e consistências atreladas às informações obtidas. Consoante Kahneman (1973Kahneman, D. (1973). Attention and effort. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall.), o grau de atenção e processamento mental exigido para o desenvolvimento de uma tarefa específica determina o seu nível de complexidade.

O desenvolvimento de estudos sobre julgamento e tomada de decisão em contabilidade e auditoria em diferentes contextos estimulou a discussão de uma categorização dessas variáveis, que identificaram achados e contribuições à literatura, propostas por Bonner (1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.). A autora classificou os elementos explorados em estudos de julgamento e tomada de decisão em contabilidade e auditoria como pertencentes a fatores pessoais, ambientais ou de tarefas. Com a categorização e aprofundamento nas discussões, reflexões sobre possíveis conexões entre os fatores começaram a emergir (Bonner, 1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.; Mala & Chand, 2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.).

A literatura tem apontado evidências de diferenças nos julgamentos e tomadas de decisões para diferentes processos cognitivos adotados (Mala & Chand, 2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.; Trotman, Bauer & Humphreys, 2015Trotman, K. T., Bauer, T. D., & Humphreys, K. A. (2015). Group judgment and decision making in auditing: Past and future research. Accounting, Organizations and Society, 47, 56-72.; Grenier et al., 2018Grenier, J. H., Reffett, A., Simon, C. A., & Warne, R. C. (2018). Researching juror judgment and decision making in cases of alleged auditor negligence: A toolkit for new scholars. Behavioral Research in Accounting , 30(1), 99-110.). Conforme Mala e Chand (2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.), Trotman, Bauer e Humphreys (2015Trotman, K. T., Bauer, T. D., & Humphreys, K. A. (2015). Group judgment and decision making in auditing: Past and future research. Accounting, Organizations and Society, 47, 56-72.) e Grenier et al. (2018Grenier, J. H., Reffett, A., Simon, C. A., & Warne, R. C. (2018). Researching juror judgment and decision making in cases of alleged auditor negligence: A toolkit for new scholars. Behavioral Research in Accounting , 30(1), 99-110.), essas diferenças nos julgamentos e tomadas de decisões têm sido observadas como resultados isolados da influência de fatores pessoais, ambientais e de tarefas. As evidências de fatores isolados dão indícios de que uma análise conjunta é necessária, por exemplo, variáveis ambientais podem influenciar na quantidade de esforço, motivação e conhecimento aplicado pelo tomador de decisão, bem como impactar nas exigências das tarefas (Libby & Luft, 1993Libby, R., & Luft, J. (1993). Determinants of judgment performance in accounting settings: Ability, knowledge, motivation, and environment. Accounting, Organizations and Society, 18(5), 425-450.; Mala & Chand, 2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.).

Conforme o contexto apresentado, com a categorização dos elementos das discussões sobre JTD em fatores pessoais, ambientais e de tarefas, autores apontaram a necessidade e a importância de inter-relação dessas três perspectivas para novos achados (Mala & Chand, 2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.; Trotman, Bauer & Humphreys, 2015Trotman, K. T., Bauer, T. D., & Humphreys, K. A. (2015). Group judgment and decision making in auditing: Past and future research. Accounting, Organizations and Society, 47, 56-72.). As evidências da influência individual dos fatores pessoais, ambientais e de tarefas no julgamento e tomada de decisão em auditoria e da possível relação entre eles gera uma oportunidade para explorar o efeito conjunto dessas variáveis no JTD em auditoria e contribuir para a melhoria da atividade de auditoria, já que não é apenas um fator que exerce influência (Mala & Chand, 2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.).

Portanto, espera-se efeito conjunto desses fatores no julgamento e tomada de decisão. O fator ambiental pressão de tempo, quando presente, tende a influenciar de forma negativa na qualidade do julgamento e tomada de decisão. A pressão de tempo pode resultar em incertezas e erros no processo de JTD, podendo ter esse efeito intensificado quando a tarefa apresenta alto nível de complexidade (Bamber & Bylinski, 1987Bamber, E. M., & Bylinski, J. H. (1987). The effects of the planning memorandum, time pressure and individual auditor characteristics on audit managers’ review time judgments. Contemporary Accounting Research, 4(1), 127-143.; Bonner, 1994Bonner, S. E. (1994). A model of the effects of audit task complexity. Accounting, Organizations and Society, 19(3), 213-234.; Mohd-Sanusi & Mohd-Iskandar, 2006Mohd-Sanusi, Z., & Mohd-Iskandar, T. (2006). Audit judgment performance: assessing the effect of performance incentives, effort and task complexity. Managerial Auditing Journal, 22(1), 34-52.; Svanström, 2016Svanström, T. (2016). Time pressure, training activities and dysfunctional auditor behavior: evidence from small audit firms. International Journal of Auditing, 20(1), 42-51.). Como é rotina em auditoria, o desenvolvimento de trabalhos em equipes, a presença do fator pessoal confiança entre colegas, como no recebimento de conselhos, pode contribuir para a redução das dificuldades e incertezas na condução das atividades (Mayer et al., 1995Mayer, R. C., Davis, J. H., & Schoorman, F. D. (1995). An integrative model of organizational trust. Academy of Management Review, 20(3), 709-734.; Han et al., 2011Han, J., Jamal, K., & Tan, H. T. (2011). Auditors’ overtrust in predicting the technical knowledge of superiors and subordinates. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 30(1), 101-119.; Kadous et al., 2013Kadous, K., Leiby, J., & Peecher, M. E. (2013). How do auditors weight informal contrary advice? The joint influence of advisor social bond and advice justifiability. The Accounting Review, 88(6), 2061-2087.).

O conselho recebido de um colega de trabalho de confiança pode ser tratado como um auxílio de decisão, como uma heurística de ancoragem. Kowalczyk, Wolfe e Prawitt (1998Kowalczyk, T. K., Wolfe, C. J., & Prawitt, D. F. (1998). Anchoring effects associated with recommendations from expert decision aids: An experimental analysis. Behavioral Research in Accounting, 10(1), 147-169.), argumentam que a heurística da ancoragem descreve e simplifica o julgamento que ocorre quando indivíduos não podem ignorar certos conhecimentos ao processar informações no julgamento e tomada de decisão. Os conselhos recebidos de colegas de confiança têm como propósito aumentar a precisão e a consistência do julgamento e tomada de decisão, minimizando os efeitos da pressão de tempo e complexidade das tarefas; revelam evidências de influência conjunta dos fatores confiança, pressão de tempo e complexidade no JTD (Ashton, 1990Ashton, R. H. (1990). Pressure and performance in accounting decision settings: Paradoxical effects of incentives, feedback, and justification. Journal of Accounting Research, 148-180.; Kowalczyk, Wolfe & Prawitt, 1998Kowalczyk, T. K., Wolfe, C. J., & Prawitt, D. F. (1998). Anchoring effects associated with recommendations from expert decision aids: An experimental analysis. Behavioral Research in Accounting, 10(1), 147-169.). Dessa forma, surge a hipótese de que o nível de confiança, a pressão de tempo e a complexidade da tarefa, conjuntamente, influenciam no julgamento e tomada de decisão.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa tem como método o experimento e a abordagem do problema é quantitativa.

3.1. Amostra

Como planejamento, foi estipulada uma amostra mínima de 15 participantes por condição/grupo, sendo pelo menos 120 participantes, distribuídos em oito grupos (Cozby, 2003Cozby, P. C. (2003). Método de pesquisa em ciências do comportamento. São Paulo: Atlas.). A pesquisa foi aplicada após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética.

O público-alvo da amostra, composto por acessibilidade, foram auditores independentes de 14 firmas de auditoria, com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O convite foi, inicialmente, realizado por telefone, com envio por e-mail da carta de apresentação e do detalhamento da pesquisa. Após o aceite, o responsável legal pela firma de auditoria assinou o Formulário de Solicitação e Autorização para o Desenvolvimento de Pesquisa. Na data agendada para a realização da aplicação do experimento in loco, antes da realização da tarefa de auditoria, cada participante realizou a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

As firmas de auditoria que participaram da pesquisa estão localizadas nos estados do Paraná (02), Santa Catarina (08), Rio Grande do Sul (01) e Mato Grosso do Sul (03). Do total de 132 profissionais participantes, 26 são do Paraná, 74 de Santa Catarina, 08 do Rio Grande do Sul e 24 auditores são do Mato Grosso do Sul. Dos 132 participantes, após a tabulação dos dados, 6 foram excluídos da análise por não terem preenchido corretamente o instrumento de pesquisa da tarefa experimental. Portanto, a amostra final foi composta por 126 auditores.

3.2. Constructo e design experimental

Na Tabela 1 é apresentado o constructo desta pesquisa, de acordo com os objetivos específicos, as dimensões da pesquisa e os procedimentos de análises para cada objetivo específico. A Tabela 1 apresenta, ainda, variáveis e subvariáveis para cada dimensão da pesquisa, a métrica que foi utilizada para mensurar as variáveis e a base de referência teórico de estudos anteriores.

Tabela 1.
Constructo da pesquisa

Após a definição dos procedimentos iniciais, apresenta-se a configuração operacional dos tratamentos que foram aplicados ao grupo experimental. A configuração do experimento contemplou uma fatorial 2x2x2, o que exigiu a composição de oito grupos para o tratamento experimental. Nessa composição, as variáveis independentes foram testadas por meio das oito combinações possíveis, da seguinte forma:

  • Grupo 1 - Alto Nível de Confiança (ANC), Alta Complexidade (AC) e Com Pressão de Tempo (CPT);

  • Grupo 2 - ANC, Baixa Complexidade (BC) e CPT;

  • Grupo 3 - ANC, BC e Sem Pressão e Tempo (SPT);

  • Grupo 4 - ANC, AC e SPT;

  • Grupo 5 - Baixo Nível de Confiança (BNC), AC e CPT;

  • Grupo 6 - BNC, BC e CPT;

  • Grupo 7 - BNC, BC e SPT;

  • Grupo 8 - BNC, AC e SPT.

Em cada firma de auditoria, os participantes foram divididos de forma aleatória e equitativamente em cada um dos oito grupos de análise, conforme roteiro experimental padronizado. Os participantes foram orientados pelo investigador em fala padronizada, com texto previamente estabelecido, enfatizando, inclusive, a não permissão de comunicação entre os indivíduos objetos da pesquisa.

Smith (2017Smith, M. (2017). Research methods in accounting. Fourth Edition. London: Sage.) destaca as ameaças à validade interna do experimento que precisam ser identificadas e minimizadas por procedimentos adotados. Na Tabela 2 são evidenciadas as características de cada ameaça, bem como as medidas de controle que foram tomadas.

Tabela 2.
Ameaças a validade interna

Além da validação interna, o experimento necessita da validade externa, que visa mostrar o grau em que os resultados podem ser generalizados. Como validade externa, segundo Smith (2017Smith, M. (2017). Research methods in accounting. Fourth Edition. London: Sage.), têm-se a Validade Populacional, Validade Ecológica e a Validade Temporal.

A Tabela 3 apresenta as características de cada ameaça, bem como as medidas de controle.

Tabela 3.
Ameaças a validade externa

3.3. Instrumento de coleta de dados

Para responder ao objetivo proposto, os oito grupos responderam à tarefa de auditoria contábil’, envolvendo materialidade na baixa de recebíveis, adaptado de Mayer et al. (1995Mayer, R. C., Davis, J. H., & Schoorman, F. D. (1995). An integrative model of organizational trust. Academy of Management Review, 20(3), 709-734.), DeZoort et al. (2003DeZoort, F. T., Hermanson, D. R., & Houston, R. W. (2003). Audit committee support for auditors: The effects of materiality justification and accounting precision. Journal of Accounting and Public Policy, 22(2), 175-199.), DeZoort et al. (2006DeZoort, T., Harrison, P., & Taylor, M. (2006). Accountability and auditors’ materiality judgments: The effects of differential pressure strength on conservatism, variability, and effort. Accounting, Organizations and Society, 31(4-5), 373-390.) e Kadous et al. (2013Kadous, K., Leiby, J., & Peecher, M. E. (2013). How do auditors weight informal contrary advice? The joint influence of advisor social bond and advice justifiability. The Accounting Review, 88(6), 2061-2087.). Do estudo de DeZoort et al. (2006DeZoort, T., Harrison, P., & Taylor, M. (2006). Accountability and auditors’ materiality judgments: The effects of differential pressure strength on conservatism, variability, and effort. Accounting, Organizations and Society, 31(4-5), 373-390.), foi adaptado o cenário para o julgamento de tomada de decisão na baixa de recebíveis; de DeZoort et al. (2003DeZoort, F. T., Hermanson, D. R., & Houston, R. W. (2003). Audit committee support for auditors: The effects of materiality justification and accounting precision. Journal of Accounting and Public Policy, 22(2), 175-199.), foi adaptado o contexto da precisão da informação para fins de controlar a complexidade; de Kadous et al. (2013Kadous, K., Leiby, J., & Peecher, M. E. (2013). How do auditors weight informal contrary advice? The joint influence of advisor social bond and advice justifiability. The Accounting Review, 88(6), 2061-2087.), foi adaptado o contexto da troca de conselhos e da determinação da confiança; e de Mayer et al. (1995Mayer, R. C., Davis, J. H., & Schoorman, F. D. (1995). An integrative model of organizational trust. Academy of Management Review, 20(3), 709-734.), foi utilizado o instrumento para mensurar a confiança com base nos fatores capacidade, integridade e benevolência. Como o instrumento completo do experimento foi adaptado e validado em outros estudos internacionais, ele passou por tradução reversa, ajustes e pré-testes antes da aplicação empírica.

A tarefa envolveu a discussão de baixa de recebíveis, em que ocorreu uma discordância entre dois auditores. O participante da pesquisa, diante do cenário analisado, decidiu se apoiava ou não o ajuste, em uma escala que variou de -5 a +5, apresentando seu argumento. Após a realização da tarefa, o participante respondeu ao ‘questionário pós-experimento’, com sua percepção quanto aos fatores analisados e, também, a identificação de dados demográficos. O instrumento para coleta dos dados conteve duas partes: a primeira, composta por 9 blocos, teve o cenário do experimento, enquanto a segunda parte, o questionário pós-experimento.

Antes da validação total do instrumento, foi realizado o procedimento para estabelecer a condição de pressão de tempo. Dessa forma, para a tarefa experimental, um estudo piloto foi realizado na determinação de distribuição (média e desvio-padrão) de tempo necessário para a conclusão das tarefas. Para essa etapa, foram convidados a participar do teste piloto 23 acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis de uma instituição de ensino, os quais estavam cursando a disciplina de auditoria contábil. Após constatar distribuição normal dos tempos, para o estabelecimento da duração das tarefas de baixa e alta complexidade, na condição de pressão de tempo, foi definido o primeiro decil dos tempos. A escolha do primeiro decil foi definida como sendo a condição de extrema pressão de tempo, situação que é rotineira nas atividades de auditoria. Assim, por meio do primeiro decil, ficou estabelecido que a tarefa de baixa complexidade na condição de pressão de tempo tem duração de 11 minutos, e na tarefa de alta complexidade, 13 minutos.

Antes da aplicação do experimento junto aos auditores, foi realizado o pré-teste do instrumento completo com 186 acadêmicos de Ciências Contábeis que estavam cursando ou cursaram a disciplina de auditoria contábil. Os resultados das análises do pré-teste apresentados nesse tópico permitiram revelar consistência no instrumento proposto para utilização com os profissionais de auditoria.

Após a realização do pré-teste, o experimento foi aplicado aos auditores participantes de forma autoadministrada, sem qualquer intervenção do pesquisador. Após o convite para a participação do experimento e o aceite, uma data foi agendada com cada firma para operacionalização do experimento nas dependências da própria empresa de auditoria. O experimento foi aplicado nos meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro de 2017.

3.4. Procedimentos de análise dos dados

Para a análise dos dados, utilizou-se da estatística descritiva, a Regressão Linear Múltipla e a Análise de Correspondência Múltipla. No intuito de testar a hipótese da pesquisa, foi definida a Regressão Linear Múltipla, com o modelo Mínimos Quadrados Ordinários. Para testar a hipótese, foi definida a seguinte equação:

JTD=β0+β1CONF+β2PT+β3COMP+β4CONF*PT+β5CONF*COMP+β6PT*COMP+β7CONF*PT*COMP+εi
Equação (1)

Em que:

JTD = Julgamento e Tomada de Decisão, mensurado pela escala de 11 pontos que oscilou de - 5 (Definitivamente não fazer o ajuste) a +5 (Definitivamente fazer o ajuste);

CONF = Confiança, tendo o tratamento experimental: com alto nível de confiança e baixo nível de confiança;

PT = Pressão de Tempo, tendo o tratamento experimental: sem pressão do tempo estabelecida e com pressão do tempo estabelecida;

COMP = Complexidade da Tarefa, tendo o tratamento experimental: baixa complexidade e alta complexidade.

CONF*PT = Variável de influência da pressão de tempo e da confiança no julgamento e tomada de decisão;

CONF*COMP = Variável de influência da complexidade da tarefa e da confiança no julgamento e tomada de decisão;

PT*COMP = Variável de influência da complexidade da tarefa e da pressão de tempo no julgamento e tomada de decisão;

CONF*PT*COMP = Variável de influência conjunta da complexidade da tarefa, da pressão de tempo e da confiança no julgamento e tomada de decisão.

4. RESULTADO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1. Análise descritiva

Na caracterização dos respondentes, foi observado que os auditores do sexo masculino são participantes predominantes no experimento, com 65,10% (82). Já as mulheres possuem percentual de participação de 34,90% (44). Esses resultados convergem com os estudos de Chung e Monroe (2001Chung, J., & Monroe, G. S. (2001). A research note on the effects of gender and task complexity on an audit judgment. Behavioral Research in Accounting, 13(1), 111-125.) e de DeZoort et al. (2003DeZoort, F. T., Hermanson, D. R., & Houston, R. W. (2003). Audit committee support for auditors: The effects of materiality justification and accounting precision. Journal of Accounting and Public Policy, 22(2), 175-199.), nos quais os auditores do sexo masculino também têm participação predominante na profissão.

Quanto à idade, foi constatado que os participantes apresentaram uma média de 30 anos, com idade mínima de 19 anos e máxima de 68 anos. Em relação ao cargo que os auditores ocupam, há uma predominância de sênior, com 53,20% (67) de participantes, seguido de gerente ou supervisor com 19,80% (25), 15,10% (19) de assistentes, 7,9% (10) de sócios e 4% (5) de trainees.

Na análise da experiência no atual cargo, o resultado apontou que a média é de 2,79 anos, sendo que a experiência mínima é de 0,10 anos e a máxima de 26 anos. Ao verificar o tempo de experiência na área de auditoria, foi revelado que a média é de 7,61 anos, sendo 0,10 anos a experiência mínima e a máxima 40 anos. Esse resultado mostra que a experiência dos participantes é superior à do estudo de DeZoort et al. (2006DeZoort, T., Harrison, P., & Taylor, M. (2006). Accountability and auditors’ materiality judgments: The effects of differential pressure strength on conservatism, variability, and effort. Accounting, Organizations and Society, 31(4-5), 373-390.), que foi 6,85 anos. A experiência dos participantes do estudo de Kadous et al. (2013Kadous, K., Leiby, J., & Peecher, M. E. (2013). How do auditors weight informal contrary advice? The joint influence of advisor social bond and advice justifiability. The Accounting Review, 88(6), 2061-2087.) variou de 2,5 a 8 anos.

A predominância da maior titulação acadêmica é a de especialização, com 51,60% (65). Do total, 47,60% (60) têm a graduação como maior titulação e 0,80% (1) o mestrado. Não foi identificado nenhum participante com doutorado. Em relação ao estado de atuação, 53,97% (68) desses profissionais atuam no Estado de Santa Catarina, 20,63% (26) atuam no Paraná, 19,05% exercem atividade no Mato Grosso do Sul, 6,35% (8) no Rio Grande do Sul. A Tabela 4 apresenta a estatística descritiva dos constructos teóricos analisados no experimento.

Tabela 4.
Estatística Descritiva do Constructo Teórico

Em uma escala de 11 pontos, que oscilou de - 5 (Definitivamente não fazer o ajuste) a +5 (Definitivamente fazer o ajuste), o julgamento e tomada de decisão dos auditores participantes foi em média 1,325, com apoio ao ajuste, mas próximo do 0, que é o ponto de incerteza. Nessa análise, a mediana revelou um resultado de 3 e o desvio-padrão de 3,857.

Na análise do julgamento e tomada de decisão por fator, observa-se, na variável confiança, que a média na condição de alto nível de confiança foi de 3,641, indicando apoio ao ajuste proposto. Esse resultado apresenta uma média próxima à extremidade positiva, indicando convicção no apoio do ajuste. Vale ressaltar que essa condição foi a que teve menor desvio-padrão, ou seja, é a variável com a menor medida de dispersão em torno da média populacional. Na condição de baixo nível de confiança, a média foi de -1,065, indicando o não apoio ao ajuste. Além de evidenciar o não apoio ao ajuste, a média ficou próxima do ponto de incerteza, que é zero.

Os resultados revelam que o conselho, apoiando um ajuste quando recebido de alguém com alto nível de confiança, tende a influenciar positivamente o ajuste. Quando recebido de alguém com baixo nível de confiança, a influência tende a ser inversa. Foi mostrado, também, que em condições de pressão de tempo e com tarefa de alta complexidade, o participante tende a ter dificuldades de análise profunda e detalhada das informações e, assim, acaba apresentando incerteza em apoiar ajustes propostos ou não os apoia.

4.2. Análise do resultado do experimento

Nesta seção, busca-se verificar o efeito individual e conjunto dos fatores confiança, pressão de tempo e complexidade no julgamento e tomada de decisão. Para isso, utilizou-se a Regressão Linear Múltipla, modelo Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), conforme Tabela 5. Apesar de a variável dependente ter características de variável truncada, os resultados no modelo Tobit, para o presente estudo, foram similares, o que fez optar pelo modelo MQO para os modelos de regressão linear múltipla. Antes da análise de regressão, procedeu-se à verificação da normalidade e homocedasticidade dos resíduos.

Tabela 5.
Resultado do modelo de regressão múltipla de influência conjunta dos fatores confiança, pressão de tempo e complexidade no julgamento e tomada de decisão em auditoria

Para verificação da normalidade, utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov, cujo resultado apresentou uma significância (sig) de 0,000, e isso a princípio não evidencia uma distribuição normal das variáveis a um nível de 5%. Ao considerar os argumentos de Hair Jr. et al. (2009Hair Jr, J. F., Black, W.C., Babin, B.J., Anderson, R.E., & Tatham, R.L. (2009). Análise multivariada de dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman., p.50), de que “valores que se enquadram entre -1 e +1 ainda são considerados simétricos”, verificou-se a assimetria. Após a verificação da assimetria (-0,017), considerou-se que os resíduos dos dados em análise possuem distribuição normal.

Na sequência, foi verificado o teste homocedasticidade de Levene. O resultado apontou uma significância de 0,079. Diante do resultado não significativo, a hipótese da variância dos erros como sendo uniforme é confirmada, mostrando que os resíduos são homocedásticos.

De acordo com os argumentos de Maroco (2014Maroco, J. (2014). Análise estatística com utilização do SPSS. 6. ed. Lisboa: ReportNumber.), de que o R2 ajustado revela o nível de generalização dos resultados, valores próximos do R2 permitem uma maior capacidade de o modelo de regressão explicar os achados. A Tabela 5 apresenta o coeficiente de determinação (R2) do modelo de regressão. O resultado mostra um R2 de 0,563, o que permite inferir que as variáveis independentes analisadas explicam 56,3% da tarefa de JTD em auditoria contábil. Portanto, como o R2 ajustado é alto e próximo ao R2, os achados revelam que o R2 tem um poder satisfatório de explicação do modelo de regressão.

Na análise do Durbin-Watson, observa-se um resultado na faixa 2, indicando a independência dos resíduos e a não relação entre eles. De acordo com Maroco (2014Maroco, J. (2014). Análise estatística com utilização do SPSS. 6. ed. Lisboa: ReportNumber.), resultados do Durbin-Watson próximos a 2 apontam a não existência de problema de autocorrelação de primeira ordem entre os resíduos.

Para verificar se há linearidade nos dados analisados e que pelo menos uma das variáveis independentes tem capacidade de explicação na variação da variável dependente, a significância da ANOVA precisa ser menor ou igual a 0,05 (Maroco, 2014Maroco, J. (2014). Análise estatística com utilização do SPSS. 6. ed. Lisboa: ReportNumber.). De acordo com a Tabela 5, como a significância da ANOVA é menor do que 0,05, considera-se haver evidências de que as variáveis confiança (CONF), pressão de tempo (PT), complexidade (COMP), CONF*PT, CONF*COMP, PT*COMP e CONF*PT*COMP influenciam significativamente no julgamento e tomada de decisão em auditoria. Na análise do VIF, o resultado confirma a não existência de problemas de multicolinearidade, já que os valores não são superiores a dez (Kennedy, 1998Kennedy, P. (1998). A guide to econometrics, Blackwell, 4. ed. Oxford: Oxford Ed.).

No modelo de regressão linear, de acordo com a Tabela 5, as variáveis independentes confiança (CONF), pressão de tempo (PT) e complexidade (COMP), CONF*PT, CONF*COMP, PT*COMP e CONF*PT*COMP podem ser consideradas estatisticamente significante ao nível de 5% (p-value < 0,05).

O resultado mostra que o fator pessoal confiança (CONF) influencia positivamente no julgamento e tomada de decisão, indicando que quanto maior for o nível de confiança, maior será a tendência de o auditor apoiar o ajuste proposto. Quanto ao fator ambiental pressão de tempo (PT), o resultado revela que influencia de forma negativa o JTD, mostrando que em condições de pressão de tempo a tendência é que o auditor não apoie o ajuste proposto. O resultado do fator de tarefa complexidade (COMP) também revela influência negativa no JTD, indicando que o desenvolvimento de tarefas em cenários de alta complexidade fará com que o auditor não apoie o ajuste proposto.

Na análise do modelo de regressão, observa-se que a pressão de tempo e a confiança, conjuntamente, influenciam positivamente o julgamento e tomada de decisão (CONF*PT). Apesar de esses fatores apresentarem, individualmente, coeficientes opostos, a confiança apresenta um coeficiente positivo alto, o que contribui para a influência ser positiva. Resultado similar é observado na influência da complexidade e da confiança no JTD (CONF*COMP), em que a confiança por ter um alto coeficiente positivo torna a influência positiva, indicando apoio ao ajuste proposto. Outro resultado é a influência negativa da complexidade e da pressão de tempo no JTD (PT*COMP). Nesse caso, apesar de o coeficiente ser positivo, a influência continua sendo negativa, pois os sinais individuais dos fatores pressão de tempo e complexidade são negativos.

De acordo com os resultados da Tabela 5, pode-se considerar haver influência conjunta dos fatores pessoal, ambiental e de tarefa no julgamento e tomada de decisão em auditoria (CONF*PT*COMP), e isso corrobora os argumentos de Libby e Luft (1993Libby, R., & Luft, J. (1993). Determinants of judgment performance in accounting settings: Ability, knowledge, motivation, and environment. Accounting, Organizations and Society, 18(5), 425-450.), Bonner (1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.), Mala e Chand (2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.) e Trotman, Bauer e Humphreys (2015Trotman, K. T., Bauer, T. D., & Humphreys, K. A. (2015). Group judgment and decision making in auditing: Past and future research. Accounting, Organizations and Society, 47, 56-72.) e não se torna possível rejeitar a hipótese da pesquisa, de que o nível de confiança, a pressão de tempo e a complexidade da tarefa, conjuntamente, influenciam no julgamento e tomada de decisão. Nessa análise, observa-se que a influência conjunta é negativa, indicando não apoio ao ajuste proposto. No entanto, ao considerar que a pressão de tempo e a complexidade influenciam de forma negativa, a confiança atenua esse efeito.

Dentre os três fatores, o fator pessoal confiança foi o que apresentou maior coeficiente, mostrando maior poder de explicação do JTD. A confiança, que neste modelo de análise compreende a capacidade, integridade e benevolência, precisa estar presente nos ambientes de trabalho das equipes de auditoria. A confiança em colegas de trabalho possibilita que conselhos recebidos sejam absorvidos com maior facilidade, analisados com maior profundidade e contribuem para a melhoria do julgamento e tomada de decisão (Mayer et al., 1995Mayer, R. C., Davis, J. H., & Schoorman, F. D. (1995). An integrative model of organizational trust. Academy of Management Review, 20(3), 709-734.; Harvey & Fischer, 1997Harvey, N., & Fischer, I. (1997). Taking advice: Accepting help, improving judgment, and sharing responsibility. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 70(2), 117-133.; Kennedy et al., 1997Kennedy, J., Kleinmuntz, D. N., & Peecher, M. E. (1997). Determinants of the justifiability of performance in ill-structured audit tasks. Journal of Accounting Research, 35, 105-123.; Kadous et al., 2013Kadous, K., Leiby, J., & Peecher, M. E. (2013). How do auditors weight informal contrary advice? The joint influence of advisor social bond and advice justifiability. The Accounting Review, 88(6), 2061-2087.).

O experimento mostrou que a pressão de tempo e a complexidade da tarefa influenciam o JTD no mesmo sentido, de forma negativa. A existência de pressão de tempo e alta complexidade da tarefa geram mais incertezas na hora de realizar o JTD, o que influência para não apoiar o ajuste proposto. Na condição de pressão de tempo, o participante não tem condições de analisar as informações com profundidade e, assim, terá que escolher pontos para focar mais, e isso tende a aumentar as incertezas. Em situação de alta complexidade, em que há mais informações, inclusive imprecisas e sem clareza, a incerteza sobre o JTD é intensificada, o que dificulta ainda mais os trabalhos de auditoria.

Com base nos achados da análise conjunta dos fatores - já que tarefas de alta complexidade exigem a análise de contextos imprecisos, com ausência de clareza e uma quantidade elevada de informações, dificultando os julgamentos e tomadas de decisões -, a presença de pressão de tempo aumentará a incerteza, exigindo do profissional o uso de atalhos mentais, como a Heurística da Ancoragem, para percepção da situação e avaliação das alternativas. Assim, a confiança em colegas de trabalho possibilita a troca de conselhos profissionais e, tratada como uma âncora para apreciação das informações recebidas, contribuirá na economia de tempo e esforço empregado no JTD, minimizando o impacto da incerteza e dificuldade. A Heurística da Ancoragem estabelece que, devido à racionalidade limitada das pessoas, há tendência de que elas encontrem um valor ou informação como referência, ou âncora, para o ajustamento e julgamento posterior (Tversky & Kahneman, 1974Tversky, A., & Kahneman, D. (1974). Judgment under uncertainty: Heuristics and biases. Science, 185(4157), 1124-1131.).

Esses achados são consistentes com os resultados encontrados no pré-teste com os acadêmicos de ciências contábeis os quais já cursaram ou estavam cursando a disciplina de auditoria contábil. O pré-teste com os acadêmicos validou o instrumento, constatando a robustez dos tratamentos experimentais propostos. A partir dos principais resultados obtidos junto dos auditores e de sua comparação aos resultados gerados no pré-teste com os acadêmicos, que também teve amostra suficiente para testar todo o instrumento e os testes propostos, observou-se consistência nos tratamentos experimentais e resultados obtidos, o que indica a importância de também considerar os acadêmicos nas pesquisas, como já é comum em estudos internacionais.

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Tendo como objetivo avaliar a influência da inter-relação dos fatores confiança (fator pessoal), pressão de tempo (fator ambiental) e complexidade (fator de tarefa) no julgamento e tomada de decisão (JTD) em auditoria, a presente pesquisa realizou um experimento com 126 auditores. Para mensuração do fator pessoal, foi definida a confiança; para o fator ambiental, a pressão de tempo; e para o fator de tarefa, a complexidade.

O estudo permitiu inferir que o nível de confiança, a pressão de tempo e a complexidade da tarefa, conjuntamente, influenciam negativamente no julgamento e tomada de decisão. O experimento mostrou que o fator pessoal confiança foi aquele que teve mais força de influência no JTD, indicando que quanto maior o nível de confiança, maior é a propensão de o auditor apoiar o ajuste proposto. No modelo de mensuração da confiança, além da benevolência, que compreende o laço social, considerou-se também a capacidade e integridade, e isso demonstra mais credibilidade nos conselhos trocados quando há alto nível de confianças entre os profissionais. Tanto o fator ambiental pressão de tempo quanto o fator de tarefa complexidade apresentaram influência negativa na variável dependente, mostrando que em cenários os quais envolvem pressão de tempo e alta complexidade, o JTD do auditor apresentará menor propensão para apoiar a realização do ajuste contábil proposto. Nesses dois cenários, o auditor tem mais dificuldades para fazer um JTD, pois o tempo é limitado para analisar um volume maior de informações, imprecisas em sua maioria.

Na análise conjunta dos fatores, na existência de recebimentos de conselhos entre profissionais que possuem confiança entre si, há uma maior tendência para julgamentos e tomada de decisões mais consistentes. Com o recebimento de conselhos, percebe-se o uso da Heurística da Ancoragem, pois o indivíduo convive com cenários profissionais que, a cada dia, apresentam uma situação diferente, com níveis de complexidade que variam de acordo com natureza dos fatos e com pressões de tempo para conclusão dos trabalhos, e isso pode gerar incertezas e dificuldades para conclusão das tarefas estipuladas. Assim, diante de JTD sob incertezas e dificuldades, os profissionais tendem a ajustar a sua decisão final tendo como parâmetro uma informação ou valor inicial, que pode ser tratado como uma âncora. A tendência de que o conselho recebido seja tratado como uma âncora ocorrerá, principalmente, quando originado de alguém de alta confiança.

Por meio dos resultados do experimento, a pesquisa avança ao revelar que a influência dos fatores pessoal, ambiental e de tarefa, no julgamento e tomada de decisão em auditoria, ocorre de forma inter-relacionada e conjunta, o que torna essencial a compreensão desses fatores como um todo, tendo em vista promover melhorias no processo de JTD. A presente pesquisa adotou a classificação dos fatores pessoais, ambientais e de tarefas propostos por Bonner (1999Bonner, S. E. (1999). Judgment and decision-making research in accounting. Accounting Horizons, 13(4), 385-398.), bem como corroborou as evidências e argumentos apresentados por Bonner (1999), Mala e Chand (2015Mala, R., & Chand, P. (2015). Judgment and decision‐making research in auditing and accounting: Future research implications of person, task, and environmental perspective. Accounting Perspectives, 14(1), 1-50.) e Trotman, Bauer e Humphreys (2015Trotman, K. T., Bauer, T. D., & Humphreys, K. A. (2015). Group judgment and decision making in auditing: Past and future research. Accounting, Organizations and Society, 47, 56-72.), confirmando as conexões entre os fatores. Como os achados de estudos anteriores têm mostrado de forma isolada evidências da influência de aspectos pessoais, ambientais e de tarefas no JTD em auditoria, Nesta pesquisa foi possível mostrar o efeito conjunto e interativo desses fatores no JTD.

As contribuições da pesquisa trazem indícios de haver necessidade de os efeitos gerados pelos fatores pessoais, ambientais e de tarefas serem considerados e observados em conjunto. Essa visão tende a contribuir para a melhoria da qualidade da auditoria, por meio de observação conjunta das características pessoais do auditor, do ambiente e da tarefa a ser executada, o que pode auxiliar as firmas de auditoria na melhor compreensão dos impactos desses fatores nas atividades profissionais e, assim, melhor planejar e estabelecer critérios diante das condições diversificadas de trabalho de auditoria.

Contribui, também, na perspectiva de compreender que a confiança como fator pessoal - levando em consideração, além da característica de benevolência, as de capacidade e integridade - possibilita uma melhor recepção e absorção de conselhos e informações trocadas entre colegas de alto nível de confiança. Contribui na compreensão de que a pressão de tempo como fator ambiental e a complexidade como fator de tarefa aumentam as incertezas e dificuldades nos processos de JTD. Contribui na perspectiva de compreender que a confiança em conselhos trocados, por meio da Heurística da Ancoragem, pode reduzir o efeito causado pela pressão de tempo e complexidade, servindo como um parâmetro para realização do JTD.

A adoção do experimento como método de operacionalização permitiu a identificação e controle das ameaças às validades interna e externa, eliminando a influência de variáveis estranhas. O experimento possibilitou a manipulação direta e controle das variáveis em discussão e a observação das respostas. A partir desse método, o julgamento e tomada de decisão do participante foram observados pelo pesquisador, não havendo a possibilidade de os participantes apresentarem percepções sobre seus próprios desempenhos, em que poderiam revelar excesso de confiança e superestimar seus desempenhos. A consistência do experimento foi reforçada com o questionário pós-experimento.

O presente instrumento de pesquisa permitiu observar o comportamento dos indivíduos no período em que foram submetidos ao experimento, sem alcançar eventuais mudanças temporais, como as que pudessem ser influenciadas pelo período de fechamento do relatório de auditoria, nos quais os profissionais possuem um volume elevado de atividades, por exemplo. Diante do evidenciado, sugere-se que períodos atípicos também sejam considerados em novas pesquisas. Sugere-se, ainda, que novos estudos incluam variáveis de controle nos tratamentos experimentais, como o sexo, experiência e o tamanho da firma de auditoria, e isso possibilitará ter grupos significativos para fins de comparabilidade.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    Nov-Dec 2021

Histórico

  • Recebido
    02 Abr 2020
  • Revisado
    11 Set 2020
  • Aceito
    22 Fev 2021
  • Publicado
    05 Nov 2021
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