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Discursos desvelados: estudo de movimentos dialógicos no conto contemporâneo

Resumos

Este artigo apresenta resultados parciais de nossa pesquisa de doutoramento de cunho etnográfico. Nela, investigamos o processo de formação continuada do professor de ensino médio, da rede pública, que adota o gênero discursivo conto como objeto de estudo em seu projeto de trabalho docente. O texto literário em foco é analisado sob a ótica da Linguística Aplicada e da Teoria Sociológica da Linguagem, revelando os vários movimentos dialógicos na dinâmica da interação verbal. Com efeito, compreender o diálogo pressupõe observar essas formas e essa recepção, as quais, na medida em que assumem uma função na língua, podem influenciar de maneira reguladora, estimulante ou inibidora, sobre o desenvolvimento das propensões à apreensão apreciativa, cujo campo de ação é justamente definido pela interação dinâmica das duas dimensões inseridas no contexto narrativo: o discurso a transmitir e aquele que serve para transmiti-lo.

Conto; Dialogismo; Discursos


This article consists of a partial report of our doctoral research, within an ethnographic approach. We investigated the process of continuing education of high school teachers, from the public school system, who adopt the short story genre as their study subject in their teaching project. The literary text is analyzed based on Applied Linguistics and the Sociological Theory of Language, revealing the several dialogic movements in the dynamics of verbal interaction. Understanding the dialogue implies observing these forms and how they are perceived, and as they take on a role in language, they may influence in a regulatory, stimulating or inhibiting manner, the development of susceptibility to appreciative apprehension, whose field of action is precisely defined by the dynamic interaction of the two dimensions involved in the narrative context: the discourse to be transmitted and the channel used to transmit it.

Short Story; Dialogism; Discourses


ARTIGOS

Discursos desvelados: estudo de movimentos dialógicos no conto contemporâneo

Márcia Adriana Dias KraemerI; Alba Maria PerfeitoII

IDoutoranda da Universidade Estadual de Londrina - UEL, Londrina, Paraná, Brasil; Bolsa CAPES. marciakraemer@uol.com.br

IIProfessora da Universidade Estadual de Londrina - UEL, Londrina, Paraná, Brasil. perfetto_3@hotmail.com

RESUMO

Este artigo apresenta resultados parciais de nossa pesquisa de doutoramento de cunho etnográfico. Nela, investigamos o processo de formação continuada do professor de ensino médio, da rede pública, que adota o gênero discursivo conto como objeto de estudo em seu projeto de trabalho docente. O texto literário em foco é analisado sob a ótica da Linguística Aplicada e da Teoria Sociológica da Linguagem, revelando os vários movimentos dialógicos na dinâmica da interação verbal. Com efeito, compreender o diálogo pressupõe observar essas formas e essa recepção, as quais, na medida em que assumem uma função na língua, podem influenciar de maneira reguladora, estimulante ou inibidora, sobre o desenvolvimento das propensões à apreensão apreciativa, cujo campo de ação é justamente definido pela interação dinâmica das duas dimensões inseridas no contexto narrativo: o discurso a transmitir e aquele que serve para transmiti-lo.

Palavras-chave: Conto; Dialogismo; Discursos

ABSTRACT

This article consists of a partial report of our doctoral research, within an ethnographic approach. We investigated the process of continuing education of high school teachers, from the public school system, who adopt the short story genre as their study subject in their teaching project. The literary text is analyzed based on Applied Linguistics and the Sociological Theory of Language, revealing the several dialogic movements in the dynamics of verbal interaction. Understanding the dialogue implies observing these forms and how they are perceived, and as they take on a role in language, they may influence in a regulatory, stimulating or inhibiting manner, the development of susceptibility to appreciative apprehension, whose field of action is precisely defined by the dynamic interaction of the two dimensions involved in the narrative context: the discourse to be transmitted and the channel used to transmit it.

Keywords: Short Story; Dialogism; Discourses

Introdução

Pensar a linguagem sob a ótica bakhtiniana é ter uma concepção de língua como discurso inserido, concreta e vividamente, em toda a sua integridade, no seio social. Empreender estudos nesse campo de conhecimento, para Bakhtin (2010), requer a percepção metaliguística de que os aspectos da essência discursiva estão centrados nas relações dialógicas que constituem a vida da linguagem.

[...] a linguística estuda a 'linguagem' propriamente dita com sua lógica específica na sua

generalidade,

como algo que

torna possível

a comunicação dialógica, pois ela abstrai consequentemente as relações propriamente dialógicas. Essas relações se situam no campo do discurso, pois este é por natureza dialógico e, por isso, tais relações devem ser estudadas pela metalinguística, que ultrapassa os limites da linguística e possui objeto autônomo e metas próprias (2010, p.209).

Nessa perspectiva, consideramos que as relações lógicas e concreto-semânticas, para se tornarem dialógicas, precisam materializar-se em um campo de existência que possibilite vê-las como enunciados concretos, em um contexto sócio-histórico-cultural específico, com temática própria, diante dos quais reagimos responsivamente.

Tomamos como objeto de estudo, portanto, o discurso bivocal, intrínseco às condições da comunicação dialógica, em um material linguístico constituído da palavra viva, que é o gênero literário conto, uma vez que, nessa esfera, o discurso, conforme Bakhtin (2006, p.159), "[...] transmite com muito mais sutileza que os outros todas as transformações na inteorientação socioverbal."

1 O discurso do outro

O discurso citado é o discurso no discurso, a enunciação na enunciação, mas é, ao mesmo tempo, um discurso sobre o discurso, uma enunciação sobre a enunciação.

BAKHTIN/VOLOCHÍNOV

Os estudos de Bakhtin sobre o discurso são abrangentes e sua reflexão sobre a linguagem é, principalmente, de cunho filosófico. A perspectiva de linguagem como atividade, não como sistema, procedente do conjunto da obra do Círculo,1 1 Círculo de Bakhtin é uma expressão convencionada por estudiosos contemporâneos para referirem-se ao grupo de pensadores de diferentes formações, interesses intelectuais e atuações profissionais (no qual se considera que Mikhail M. Bakhtin tenha emprestado a maior contribuição, ao lado de Valentin N. Voloshinov e Pavel N. Medvedev), que se reuniu regularmente de 1919 a 1929, na Rússia, em torno de projetos filosóficos os quais tinham como ponto de convergência a concepção de linguagem. engloba três eixos: a questão da unicidade e da eventicidade do Ser; o tema da contraposição eu/outro; e o componente axiológico intrínseco ao existir humano.

Esses pilares são tratados sob um prisma sociológico, de relações entre a linguagem e a sociedade, inseridas em um contexto histórico, cultural e ideológico. É nesse contexto que o signo torna-se o elemento norteador, por ser decorrente das estruturas sociais que estão repletas de ideologias, cujo universo de criação é essencialmente de natureza semiótica. Se entendermos o signo como palavra, então, toda ela é revestida de uma aura heteroglóssica e carregada de uma ideologia característica que dá sentido ao discurso.

A identificação do ideológico com o semiótico é que vai alicerçar os estudos do Círculo na construção de uma teoria materialista para a análise dos processos e dos produtos da cultura imaterial. Nessa perspectiva, os membros desse grupo consideram que um produto da criação ideológica é sempre um signo, o qual é produzido e entendido nos processos das relações sociais.

É dessa percepção que nasce o conceito de que as relações em sociedade são semioticamente mediadas, uma vez que o real nunca nos chega de maneira direta, mas por meio de uma via representada e materializada como um significante. Além disso, pelos signos terem uma dimensão axiológica, a nossa interação com o mundo é sempre atravessada por valores, em que a palavra é circundada por uma atmosfera social de discursos.

No prisma analisado, a ideia do discurso perpassado pela voz alheia, ou seja, que traz o outro em sua composição, torna-se um dos princípios do pensamento bakhtiniano e fundamento de sua concepção de dialogismo, por tratar o discurso como um eu constituído por vozes de diferentes indivíduos enunciadores. Dessa forma, fica conhecida a concepção de que os signos não só refletem o que nos circunda, bem como refratam os acontecimentos, uma vez que, quando lemos ou dizemos o mundo, essa ação é perpassada pela heterogeneidade axiológica. Assim, entendemos que a refração é condição necessária do signo nessa acepção.

A partir dessa constatação, a língua pode ser compreendida como um conjunto indefinido de vozes sociais, também conhecido como heteroglossia ou plurilinguismo (FARACO, 2009, p.59), as quais dialogam entre si continuamente de maneira multiforme, enredadas em uma cadeia responsiva. O real não se apresenta para nós semioticamente, o que implica que nosso discurso não se relaciona diretamente com as coisas, mas com outros discursos, que semiotizam o mundo. Para Bakhtin, o dialogismo é o modo de funcionamento real da língua:

Orientado para o seu objeto, o discurso penetra neste meio dialogicamente perturbado e tenso de discursos de outrem, de julgamentos e de entonações. Ele se entrelaça com eles em interações complexas, fundindo-se com uns, isolando-se de outros, cruzando com terceiros; e tudo isso pode formar substancialmente o discurso, penetrar em todos os seus estratos semânticos, tornar complexa a sua expressão, influenciar todo o seu aspecto estilístico (1998, p.86).

Percebemos, dessa forma, uma grande afinidade de Bakhtin com a metáfora do diálogo, considerado como um espaço em que é possível observar a dinâmica do processo de interação das vozes sociais. Importante perceber que ele não deve ser visto no sentido restrito, pois isso não atenderia às necessidades dessa teoria, mas como "[...] o complexo de forças que nele atua e condiciona a forma e as significações do que é dito ali." (FARACO, 2009, p.61).

No viés bakhtiniano, todo enunciado possui uma dimensão dupla, pois revela duas posições: a sua e a do outro. Mesmo que a resposta caracterize uma concordância ao enunciador, faz-se no ponto de tensão da assertiva com outras que porventura existam.

Para os discursos duplamente orientados, Bakhtin/Volochínov (2006) consideram necessário um estudo diferenciador dos fenômenos que os caracterizam.

O estudo fecundo do diálogo pressupõe, entretanto, uma investigação mais profunda das formas usadas na citação do discurso, uma vez que essas formas refletem tendências básicas e constantes da

recepção ativa do discurso de outrem,

e é essa recepção, afinal, que é fundamental também para o diálogo (p.152).

A análise atenta do processo de materialização do discurso possibilita identificarmos as tendências sociais estáveis próprias da apreensão ativa do discurso alheio o qual se manifesta nas formas da língua. O mecanismo desse processo se encontra nos falares de uma comunidade linguística: dependendo da situação de produção, do horizonte social, da apreciação valorativa e da temática, os sujeitos escolhem os elementos da enunciação do outro que são considerados procedentes e contínuos nessa sociedade, tendo como fundamento a compreensão econômica, cultural, ideológica, política, entre outras, ali dominantes.

Além de toda enunciação ter seu propósito específico, a transmissão leva em conta uma terceira pessoa, intensificando a ação das forças sociais organizadas sobre o modo de apreensão do discurso.

As condições de transmissão e suas finalidades apenas contribuem para a realização daquilo que já está inscrito nas tendências da apreensão ativa, no quadro do discurso interior; ora, essas últimas só podem desenvolver-se, por sua vez, dentro dos limites das formas existentes numa determinada língua para transmitir o discurso (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2006, p.153).

Embora o processo não se efetive diretamente sob a forma, por exemplo, de discurso direto ou indireto, modelos estruturais usados para marcar a voz do outro, esses esquemas e sua variantes cristalizam-se no uso comum por serem consideradas eficientes para esse fim, exercendo, conforme Bakhtin/Volochínov (2006), um poder regulador em relação ao processo de apreensão responsiva.

A língua não é o reflexo das hesitações subjetivo-psicológicas, mas das relações sociais estáveis dos falantes. Conforme a língua, conforme a época ou os grupos sociais, conforme o contexto apresente tal ou qual objetivo específico, vê-se dominar ora uma forma ora outra, ora uma variante ora outra. O que isso atesta é a relativa força ou fraqueza daquelas tendências na interorientação social de uma comunidade de falantes, das quais as próprias formas lingüísticas são cristalizações estabilizadas e antigas (p.153).

Percebemos, recuperando a epígrafe desta seção, que o discurso reportado não se exaure na citação, devendo ser considerado como uma ação resultando em uma resposta por parte do outro. Dessa maneira, como preconiza FARACO (2009, p.140), citar não é simplesmente reproduzir, repetir, mas instituir um vínculo entre duas dimensões: o discurso que refere e o discurso que é referido.

[... ] o discurso de outrem constitui mais do que o tema do discurso; ele pode entrar no discurso e na sua construção sintática, por assim dizer, 'em pessoa', como uma unidade integral da construção. Assim, o discurso citado conserva sua autonomia estrutural e semântica sem nem por isso alterar a trama lingüística do contexto que a integrou. (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2006, p.150)

2 O discurso bivocal no conto contemporâneo

A partir das considerações sobre a natureza heteroglóssica da palavra, apresentaremos uma análise dos discursos direto, indireto e suas variantes, na proposta bakhtiniana, por meio do gênero conto, no intuito não de exaurir o texto em todas as suas possibilidades, mas de ilustrar uma reflexão, no prisma da Linguística Aplicada e da Teoria Sociológica da Linguagem, a respeito da demarcação das vozes no interior do discurso.

Justificamos a escolha, pelo fato de, em nosso doutoramento, pesquisarmos o processo de formação continuada do professor de ensino médio, da rede pública, que adota o gênero discursivo conto como objeto de estudo em seu projeto de trabalho docente, a fim de desenvolver habilidades de leitura e de escrita, por meio da análise linguística, no ensino de língua materna.

Na fase de escolarização pesquisada, os gêneros da esfera literária são predominantes como material de estudo e, por esse motivo, o conto é considerado viável para refletir sobre a materialização da língua, por sua natureza enunciativa. É importante entender, também, que o produtor de um conto escrito assume o papel social de um contador de histórias, alguém que cria uma impressão de objetividade e que se apoia em uma dinâmica temporal, com sucessões de acontecimentos e de transformações dos fatos contados (ABDALA JÚNIOR, 1995; PATRINI, 2005).

O fator diferencial do gênero é a brevidade, entretanto, não fundamentada nos seus efeitos, mas nas suas causas. Para Friedman (1958), a questão é provocar ou não maior impacto no leitor. O objetivo, portanto, é diferenciar-se pela contração: o contista condensa a matéria para apresentar os seus melhores momentos.

A delimitação do conto na contemporaneidade nos interessa porque há recorrência nele de abordagens temáticas que recuperam as variadas formas de representação do homem hodierno, materializando sua autoconsciência. As estruturas narrativas do gênero propiciam o estudo relacionado ao contexto de produção literária da atualidade, destacando: a intensificação do lúdico na criação, a utilização deliberada da bivocalidade, o ecletismo estilístico, o exercício da metalinguagem, o fragmentarismo textual, as críticas ideológicas, a visão plural do processo de construção de uma realidade nacional.

Nessa perspectiva, também os contos de Lygia Fagundes Telles, que ilustrarão a análise, foram selecionados, pelo fato de ela figurar entre os autores que se tornam adequados à pesquisa, em vista de sua contribuição à literatura brasileira de tendência moderna e contemporânea.

Com um estilo marcadamente pessoal, sem submissões a modismos, a escritora faz recorrências em seus textos a diálogos precisos, os quais captam as nuanças sutis de pensamentos e de sensações, trazendo à luz os conflitos subjacentes à alma de cada um. Em seus contos, predomina quase sempre o fator psicológico sobre o factual: o que envolve o leitor parece ser a atmosfera criada, o que é intuído, o que é dito subliminarmente.

Utilizando uma técnica narrativa muito bem articulada, Telles faz a montagem de pequenos incidentes, aparentemente banais, e a eles superpõem fatos e detalhes para compor um clima de tensão e de expectativa de um drama iminente, impactante. O leitor, partícipe da história, envolve-se na construção do texto, na qual a trama entrelaça-se continuamente e é ele que, por meio de suas inferências, dá sentido à narrativa, interagindo dialogicamente com o escrito.

A força da palavra, de natureza intimista, faz da leitura das histórias lygianas uma experiência interessante. Pelo traço característico de seu trabalho, a obra é presença constante no mercado editorial, no acervo das bibliotecas públicas ou escolares e nas salas de aula, em coleções voltadas ao ensino básico, fundamental e médio. É leitura obrigatória em vários concursos vestibulares de instituições federais, estatais e privadas.

Como ilustração da parte empírica de nossa pesquisa, apresentaremos a análise de alguns movimentos dialógicos na narrativa com excertos de contos do livro Venha Ver o pôr-do-sol, da Coleção Lygia Fagundes Telles2 2 A escolha da autora acontece por pertencer ao grupo de escritores contemporâneos selecionados pelos professores do projeto de pesquisa, em específico da equipe de estudo do gênero discursivo conto; e a escolha da coleção, por seu contexto de produção, uma vez que trata da coletânea de contos da autora em foco, organizada pela Editora Ática em dois volumes - Venha ver o pôr-do-sol & outros contos e Oito contos de amor -, denominada de Edição Escolar e dirigida ao público juvenil, estudante de Ensino Médio. pertencendo à fase contemporânea da literatura brasileira. O contexto literário em tela possui, como já mencionado, tanto nos romances como nos contos, a tendência já trilhada por alguns autores da década de 30, em busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva.

Há muitos recursos linguísticos os quais materializam as diferentes vozes nos textos, pois as personagens dialogam, expressam suas ideias, seus sentimentos e suas opiniões. No caso do conto, quando o narrador relata a história, discorrendo sobre o que acontece e o que as personagens dizem, usa uma fala que não é de sua autoria, correspondendo à citação da voz alheia. Existem mecanismos de reprodução desse dizer, como o:

a) discurso direto, em que o narrador cita o discurso alheio, procurando representar a fala de outrem (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006);

b) discurso indireto no qual se "[...] ouve de forma diferente o discurso de outrem; ele integra ativamente e concretiza na sua transmissão outros elementos e matizes que os outros esquemas deixam de lado." (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006, p.165);

c) discurso indireto-livre, sendo aquele que "[...] constitui o caso mais importante sintaticamente mais bem fixado [... ] de convergência interferente de dois discursos com diversa orientação do ponto de vista da entoação." (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006, p.176).

É propício analisar o fato de que, para os autores, há variantes tanto do discurso direto quanto do indireto, conforme a intencionalidade narrativa. De acordo com Bakhtin/Volochinov (2006), em seus estudos sobre as línguas russa, francesa e alemã, as variantes dos esquemas de base da representação da fala alheia indicam a relação de força estabelecida entre o contexto narrativo e o discurso citado em situação de interação comunicativa.

Dentre os discursos mencionados, é possível destacarmos:

a) o discurso direto preparado, sendo aquele que emerge do indireto, enfraquecendo a objetividade do contexto narrativo;

b) o discurso direto esvaziado, em que a situação da narração é construída de maneira que a força semântica das palavras citadas enfraqueça diante das apreciações e do valor emocional contido na representação;

c) o discurso citado antecipado e disseminado, o qual, embora oculto no contexto narrativo, salienta-se na fala direta do herói, com a entoação deste enfatizada;

d) o discurso direto retórico, podendo ser interpretado como uma pergunta ou uma exclamação feita tanto pelo narrador quanto pela personagem;

e) e, por fim, o discurso direto substituído, no qual a substituição pressupõe um paralelismo de entoações do narrador e da personagem, em que o primeiro se apresenta no lugar de seu herói.

Também é importante mencionar as variantes de discurso indireto: um, de tendência analítica do discurso de outrem, geralmente eliminando os elementos emocionais ou afetivos presentes no plano do conteúdo, mas expressos "[...] nas formas da enunciação." (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2006, p.164); o outro, analisando a expressão, por meio da qual se observa e estuda as palavras, o modo de dizer dos outros, comumente marcado por aspas.

Vale ressaltar que os discursos e suas variantes estão inseridos em dois estilos de orientação apresentados por Bakhtin/Volochínov (2006): o linear e o pictórico. O primeiro estilo de orientação do movimento dinâmico da interiorização entre o discurso narrativo e o discurso citado cria contornos exteriores nítidos à volta do discurso citado, correspondendo, para os autores, a uma fraqueza do fator individual interno. "Nos casos em que existe completa homogeneidade estilística de todo o texto (o autor e suas personagens falam a mesma língua), o discurso construído como sendo o de outrem atinge uma sobriedade e uma plasticidade máximas" (2006, p.155).

Podemos tomar como exemplo o discurso narrado e citado no conto em Venha ver o pôr-do-sol, em que a autora apresenta a história, em um único episódio, de um casal de ex-namorados que se encontram, após longos anos de separação, em um cemitério abandonado. No texto, predomina o estilo linear de orientação do discurso, em que o entorno das falas, tanto do narrador quanto das personagens, estão bem contornados, plasticamente.

Ele a esperava encostado a uma árvore, esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinha um jeito jovial de estudante.

- Minha querida Raquel.

Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.

- Veja que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que idéia, Ricardo que idéia! Tive que descer do táxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima.

Ele riu entre malicioso e ingênuo.

- Jamais? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância. Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete léguas, lembra?

- Foi para me dizer isso que você me fez subir até aqui? - perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro. - Hein?! (TELLES, 2008, p.26).

O estilo linear serve à trama pelo fato de ser uma estratégia discursiva que faz do leitor um partícipe da história, uma vez que ele torna-se testemunha dos acontecimentos ali representados, em que a focalização é dramatizada, com predomínio de cena e não de sumário. Por meio de uma linguagem despretensiosa, jovial, os perfis das personagens são descritos em predicação indireta e a ambiência física, a atmosfera do lugar, de forma direta, por meio da voz do narrador, em poucas intervenções, caracterizando-se como um discurso indireto, no qual se analisa somente o conteúdo e não a expressão.

Para a primeira variante, a personalidade do falante só existe enquanto ocupa uma posição semântica determinada (cognitiva, ética, moral, de forma de vida) e, fora dessa posição, transmitida de maneira estritamente objetiva, ela não existe para o transmissor. Não há aqui condições para que a individualidade do falante se cristalize numa imagem (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2006, p.170).

Essa confluência organizacional cria, ao leitor, uma perspectiva de aceitação do discurso do protagonista Ricardo, para, ao final, ser impactado na quebra de expectativa, com um desfecho inesperado e em aberto. Assim, embora o estilo linear seja considerado um enfraquecedor do fator individual interno e o discurso construído como sendo o de outro atingir grande sobriedade, no conto em questão constituem condição preponderante para o trabalho criativo da linguagem, em função da temática, da situação de produção, do horizonte social e da apreciação valorativa que condicionam a escrita.

O estilo pictórico, por sua vez, caracteriza-se como uma representação do individualismo realista e crítico, em que "O narrador pode deliberadamente apagar as fronteiras do discurso citado, a fim de colori-lo com as suas entoações, o seu humor, a sua ironia, o seu ódio, com o seu encantamento ou o seu desprezo" ( BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2006, p.157); ou o que representa o individualismo relativista, em que o movimento dialógico é direcionado ao discurso citado e o contexto narrativo perde a objetividade que lhe é característica.

[...] nessas condições, o contexto narrativo começa a ser percebido -e mesmo a reconhecer-se - como subjetivo, como fala de 'outra pessoa'. Nas obras literárias, isso é muitas vezes composicionalmente expresso pelo aparecimento de um narrador que substitui o autor propriamente dito. O discurso do narrador é tão individualizado, tão "colorido" e tão desprovido de autoritarismo ideológico como o discurso das personagens. A posição do narrador é fluida, e na maioria dos casos ele usa a linguagem das personagens representadas na obra. Ele não pode opor às suas posições subjetivas, um mundo mais autoritário e mais objetivo [...] (p.158-159)

A segunda orientação processa-se, portanto, desenvolvendo modelos mistos de transmissão do discurso, em que predominam as variantes do discurso direto e indireto que tem maior flexibilidade e são mais permeáveis às tendências do contexto narrativo.

Um exemplo dessa orientação aparece no conto O noivo. Ele trata da história de Miguel, um homem de 40 anos, advogado da empresa Goldsmith.

Em uma manhã, Miguel é acordado pela empregada a qual lhe diz que está atrasado para seu casamento. Entretanto, o insólito é que ele não se lembra de nada sobre o compromisso, muito menos sobre a noiva: amnésia lacunar. Inicia, por conseguinte, um processo de busca até o clímax: quem será aquela que o espera no altar?

Ele recostou a cabeça no espaldar da cama. Hora do casamento. Mas que casamento? Hoje é quinta-feira, não? Quinta-feira, doze de novembro. Então? Quem é que se casa hoje? Não tenho nenhum casamento marcado para hoje. E logo cedo... Vagou o olhar pelo quarto. Estava ficando muito velha, coitada, aquilo era arteriosclerose, imagine, vir batendo na porta daquele jeito, "hora do casamento!..." Bocejou. Os objetos do quarto flutuavam informes em meio da escuridão. Pensou em naufrágio num fundo de mar. Tão poético. Apertou os olhos e fixou-se no espelho oval que emergia das sombras como um peixe luminoso. Quinta-feira doze. "Que casamento é esse? Não sei de nada..." (TELLES, 2008, p. 7).

A trama desenvolve-se em uma cronologia de poucas horas, porém a personagem rememora toda sua vida, naquilo que considera um momento insano. O narrador é heterodiegético, cedendo a voz à personagem por meio, principalmente de duas variantes do discurso direto: o discurso substituído e o preparado. No primeiro tipo, conforme a perspectiva de Bakhtin/Volochínov (2006), falta o limite específico entre a voz do narrador e o fluxo de pensamento do herói.

No exemplo citado, extraído do conto, as perguntas introduzem as deliberações do protagonista ou a narração de suas ações. Essas questões constituem, simultaneamente, uma proposição do narrador e da personagem quando este se encontra em situação conflituosa. No entanto, para Bakhtin/Volochínov (2006), é a voz do narrador que prepondera, assumindo a cena e substituindo a do protagonista. Pelo narrador ser porta-voz da fala do herói, as perguntas não são colocadas entre aspas.

O recurso exposto em O Noivo propicia o equilíbrio entre o estilo e a temática, garantindo a verossimilhança ao texto que pretende manifestar os pensamentos, os desejos, o caos interior da personagem diante de algo tão inusitado.

Conforme Bakthin/Volochínov (2006), nessa orientação da dinâmica da interrelação da enunciação e do discurso citado, inserida no estilo pictórico, podemos perceber a elaboração de estratégias linguísticas sutis para permitir ao autor inserir suas réplicas e seus comentários no discurso do outro.

O contexto narrativo esforça-se por desfazer a estrutura compacta e fechada do discurso citado, por absorvê-lo e apagar as suas fronteiras. Podemos chamar esse estilo de transmissão do discurso de outrem o

estilo pictórico.

Sua tendência é atenuar os contornos exteriores nítidos da palavra de outrem. Além disso, o próprio discurso é bem mais individualizado. Os diferentes aspectos da enunciação podem ser sutilmente postos em evidência. Não é apenas o seu sentido objetivo que é apreendido, a asserção que está nela contida, mas também todas as particularidades lingüísticas da sua realização verbal (p. 157).

No mesmo excerto de O Noivo, também o discurso direto, quando entre aspas, é preparado pelo indireto, permitindo entrever a natureza da variante analisadora da expressão.

[...] a natureza da variante analisadora da expressão do discurso indireto [...] cria efeitos pictóricos extremamente originais na transmissão do discurso citado. Essa variante supõe um alto grau de individualização da enunciação citada na consciência linguística, e a capacidade de perceber com discriminação as representações linguísticas da enunciação, delas extraindo o seu sentido objetivo (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2006, p.170).

Assim, é possível entendermos que, para os pensadores do Círculo, no momento em que a enunciação citada se integra ao discurso narrativo, passa a fazer parte da unicidade temática do texto, manifestando-se por meio de construções estáveis da própria língua que transmitem a relação ativa de uma enunciação a outra.

3 Uma proposta de projeto de trabalho docente: recorte da materialização dos discursos em O noivo.

Como ilustração da oficina que integra parte empírica de nossa pesquisa, apresentaremos o módulo de proposta que trata da narrativa O noivo, de 1964, publicado recentemente no livro Venha ver o pôr-do-sol, da Coleção Lygia Fagundes Telles, pertencendo à fase contemporânea da literatura brasileira.

No que concerne aos passos do Plano de Trabalho Docente (GASPARIN, 2007), para o estudo do conto acima descrito, estes consistem em privilegiarmos:

a) a prática inicial dos conteúdos: exposição do teor do conjunto de atividades que serão ministradas, seus objetivos, seus tópicos e subtópicos, privilegiando a mobilização do aluno para a construção do conhecimento escolar. É o contato inicial do discente com o tema a ser estudado, em que o professor estimula o resgate do que o aluno já sabe, bem como faz a sondagem do que ele deseja conhecer sobre o assunto, em forma de desafio para a apreensão de novos conhecimentos;

b) a fase da problematização: identificação dos principais problemas postos pela prática social e pelo conteúdo e discussão a respeito, buscando transformar os desafios em questões problematizadoras;

c) a instrumentalização: ênfase nos atos docentes e discentes necessários à construção do conhecimento científico, em que todo o processo de ensino e de aprendizagem é encaminhado a confrontar os sujeitos do estudo com o objeto dos saberes sistematizados;

d) a catarse: operação basilar da síntese, em que os conteúdos e os processos de construção de conhecimento são sistematizados, como uma maneira de expressão elaboradora de uma nova forma de entender a prática social;

e) a proposta de ação: a partir do conteúdo aprendido, compreende a retomada da prática social, em que transpomos o teórico para o prático em relação aos objetivos da unidade estudada, às dimensões do conteúdo e aos conceitos adquiridos.

Neste artigo, delimitaremos a amostra à instrumentalização, à catarse e à prática social final. Como a instrumentalização é o momento em que se materializam as fases anteriores do planejamento e em que se esclarece sobre os recursos linguísticos que emergem e se destacam no texto, esta fase é apropriada para analisar que, no conto estudado, o discurso indireto, o direto e suas variantes encontram ambiente propício para concretizarem o movimento dialógico.

Em vista desses pressupostos, é pertinente ao professor fazer, em conjunto com o aluno, o levantamento das marcas que indicam a presença das vozes discursivas, procurando distinguir a sua concretização. É possível ao mediador, então, criar, com a classe, um quadro comparativo, comprovando as características dos discursos com fragmentos da narrativa analisada.

Após esse levantamento, pode haver a reflexão sobre o efeito de sentido resultante do uso dos discursos para o texto, incluindo as variantes do direto e do indireto, conforme a intencionalidade narrativa.

Assim, uma ilustração dessa proposta é a apresentada na Tabela 1.

Há possibilidade, portanto, de verificar se os alunos conseguem perceber tal característica no conto analisado e de que maneira; quais marcas linguísticas desse tipo de discurso são perceptíveis na narrativa; com que intencionalidade ele é usado e quais os efeitos de sentido que pode causar.

Para a oficina, optamos por produzir atividades orientadas pelo Projeto de Trabalho Docente, no intuito de analisar o conto O noivo, com jogos de palavras. Na fase da instrumentalização, uma das propostas, por exemplo, foi a de, por meio de uma palavra-chave apresentada em um quadro de Cruzadox, os alunos apreenderem os verbos utilizados pelo narrador para construir o seu discurso no texto, distinguindo a sua flexão, seu aspecto verbal e qual efeito de sentido provoca o seu uso.

A partir dessa atividade, é possível questionar os alunos sobre: qual o papel do narrador no conto? Por meio de que discurso é feita a materialização de sua voz? Qual o efeito de sentido que esse uso causa? Qual a diferença de sentido que temos quando o narrador usa os verbos no pretérito perfeito e quando usa no pretérito imperfeito do modo indicativo? E assim por diante.

Na fase da catarse, momento em que o aluno sintetiza o que aprendeu, ele provavelmente terá condições de analisar com maior propriedade os conceitos de discurso direto, indireto e suas variantes; a função e a organização deles em uma narrativa como em O noivo; qual o efeito de sentido provocado pelo seu uso no conto; o porquê interessa ao estudante reconhecer essa estratégia para sua habilidade de leitura e de escrita; se essa estratégia é de fácil ou de difícil compreensão - entre outras possibilidades.

Para concretizar essa fase, em nossa oficina, propusemos um quadro de palavras cruzadas, a fim de os alunos, a partir do entrecruzamento de perguntas e de informações, demonstrarem o quanto internalizaram os novos conhecimentos da atividade.

Na prática social final, após o estudo do conto O noivo e das estratégias de reproduzir o discurso alheio presentes no texto, é interessante solicitar que os alunos organizem intenções e propostas de ação, objetivando mostrar os conteúdos.

Uma possibilidade solicitada é a produção de um conto, de maneira coletiva, em que a temática do insólito, do realismo-fantástico esteja presente, com ênfase na construção composicional para o discurso direto retórico, preparado e substituído, predominantes no conto, e nas escolhas léxico-gramaticais que deem suporte a essa intencionalidade.

Outra sugestão pode ser a facção individual, em que cada um prossiga com a narrativa a partir do clímax, produzindo um final inusitado, na tentativa de quebrar a expectativa do leitor, utilizando-se das mesmas características da proposta anterior.

Conclusão

Procuramos, neste estudo, resultante de nossa pesquisa de doutoramento, apresentar reflexões sobre alguns movimentos dialógicos na dinâmica da interação verbal, com ênfase para os discursos direto e indireto, bem como para algumas de suas variações, no intuito de analisar como estes se processam em contos contemporâneos, sob a ótica da Linguística Aplicada e dos pressupostos do Círculo de Bakhtin.

Percebemos que a construção dos discursos faz parte das estratégias de escrita do autor. Na constituição do conto, que é um fenômeno social, são levados em consideração a situação de produção, o horizonte social e a valoração apreciativa, de acordo com a tematização da narrativa e da intenção de criar efeitos de sentido, a partir da resposta ativa do leitor.

Logo, entender o diálogo compreende analisar a materialização do discurso e a sua recepção, porque, por esses dois fatores constituírem uma função linguística, podem exercer forças centrípetas ou centrífugas sobre o valor apreciativo do produtor do texto, cuja esfera de atuação é determinada pela relação dinâmica das duas dimensões inseridas no contexto narrativo: o discurso a transmitir e aquele que serve para transmiti-lo.

Recebido em 29/02/2012

Aprovado em 11/06/2012

  • ABDALA JUNIOR, B. Introdução à análise da narrativa. São Paulo: Scipione, 1995.
  • BAKHTIN, M.M. Problemas da poética de Dostoiévski. Trad. Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.
  • ______ Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
  • BAKHTIN, M. (VOLOCHÍNOV, V. N.) Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.
  • ______ Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Trad. Aurora F. Bernardini et al. 2 ed. São Paulo: Hucitec, 1998.
  • FARACO, C. A. Linguagem & diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola, 2009.
  • PATRINI, M. L. A renovação do conto: emergência de uma prática oral. São Paulo: Cortez, 2005.
  • TELLES, L. F. Venha ver opôr-do-sol & outros contos. 5. ed. São Paulo: Ática, 2008. [Coleção Lygia Fagundes Telles]
  • 1
    Círculo de Bakhtin é uma expressão convencionada por estudiosos contemporâneos para referirem-se ao grupo de pensadores de diferentes formações, interesses intelectuais e atuações profissionais (no qual se considera que Mikhail M. Bakhtin tenha emprestado a maior contribuição, ao lado de Valentin N. Voloshinov e Pavel N. Medvedev), que se reuniu regularmente de 1919 a 1929, na Rússia, em torno de projetos filosóficos os quais tinham como ponto de convergência a concepção de linguagem.
  • 2
    A escolha da autora acontece por pertencer ao grupo de escritores contemporâneos selecionados pelos professores do projeto de pesquisa, em específico da equipe de estudo do gênero discursivo conto; e a escolha da coleção, por seu contexto de produção, uma vez que trata da coletânea de contos da autora em foco, organizada pela Editora Ática em dois volumes -
    Venha ver o pôr-do-sol & outros contos e
    Oito contos de amor -, denominada de Edição Escolar e dirigida ao público juvenil, estudante de Ensino Médio.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Ago 2012
    • Data do Fascículo
      Jun 2012

    Histórico

    • Recebido
      29 Fev 2012
    • Aceito
      11 Jun 2012
    LAEL/PUC-SP (Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Rua Monte Alegre, 984 , 05014-901 São Paulo - SP, Tel.: (55 11) 3258-4383 - São Paulo - SP - Brazil
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