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SÉMEIOLOGIE ET TATIQUE OPERATOIRE ILLUSTRÉE DES FRACTURES OUVERTES ET FERMÉS DU CRÂNE. DANIEL FEREY

ANÁLISES DE LIVROS

SÉMEIOLOGIE ET TATIQUE OPERATOIRE ILLUSTRÉE DES FRACTURES OUVERTES ET FERMÉS DU CRÂNE. DANIEL FEREY. Um volume com 80 páginas e 67 figuras.

Trata-se de um manual de técnica neurocirúrgica, baseado na experiência do autor como neurocirurgião do exercito francês na campanha de 1939 e 1940 e nos anos que se seguiram. É dividido em três partes principais; fraturas de crânio fechadas, abertas e cuidados pós-operatórios. Nas fraturas fechadas, a conduta intervencionista será orientada por uma série de sinais neurológicos, os quais têm mais valor pela evolução do que pela sua simples presença. Assim sendo, não intervir apressadamente; um ferido incapaz de esperar 8 a 10 horas após o traumatismo, está além dos recursos cirúrgicos; após êste período, porém, a decisão definitiva se impõe. Considera difícil o diagnóstico do processo em jôgo em cada caso, com base ùnicamente no exame clínico. A punção lombar pode trazer esclarecimentos e o autor a indica, mesmo nos casos em que haja hipertensão intracraniana; deve, contudo, ser feita com o doente deitado, fazendo-se a medida da pressão liquórica e não retirando mais do que 5 cm3. Nos casos de hemorragia meníngea, a punção, assim praticada diàriamente, retirando-se cada vez um pouco mais de liquor, trouxe resultados benéficos. Nos casos em que a intervenção fôr o tratamento de escolha, praticar de início orifícios de trepanação nas partes declives das regiões temporal, frontal e occipital. Através dêstes orifícios, a inspeção e a exploração com a cânula de Cushing irão mostrar a presença de um dos seguintes processos; hematoma extradural, hematoma subdural, edema cerebral, meningite serosa ou colapso cerebroventricular. Descreve minuciosamente a conduta em cada uma destas eventualidades. No hematoma sub ou extradural a melhora clínica deve sobrevir dentro de 24 horas. Caso assim não aconteça, trepanar do outro lado, dada a possibilidade, embora rara, de hematoma bilateral. Quando, após o esvaziamento do hematoma, o cérebro deprimido não mostrar tendência a voltar ao volume primitivo, fazer a injeção ventricular de ar ou solução de Ringer. Nos casos de edema cerebral, fazer descompressiva temporal, acrescida, conforme a gravidade do caso, de um retalho frontal direito ou mesmo frontal bilateral. Preconiza combater a hipertensão intracraniana pelo uso intra-venoso de sulfato de magnésio a 15% (120 a 200 cm3 em 24 horas). Na meningite serosa, esvaziar a coleção líqüida por uma descompressiva temporal, deixando-se depois aberta parte de sutura dural. O colapso cerebroventricular é tratado pela repleção líqüida ou aérea, conforme o caso. O A. insiste sôbre a necessidade imperiosa de se tratar êste colapso, principalmente nos casos de hematoma intracerebral, a fim de evitar os inconvenientes decorrentes do espaço morto deixado pelo hematoma esvaziado, como sejam, o acúmulo de sangue, de liquor, meningite serosa, atrofia cerebral, aderências. No caso de hidrocefalia precoce por hemorragia ventricular, fazer a drenagem ventricular por via supra-óptica ou pelo corno temporal ou pelo 4.° ventrículo, após descompressiva da fossa posterior, fazendo-se o alargamento do buraco occipital e a ressecção das partes medial e posterior do atlas, retirando-se os coágulos por esta via.

A conduta nas fraturas abertas é norteada essencialmente pela necessidade de retirar-se, da maneira econômica mais eficiente, todo o tecido desvitalizado pelo traumatismo, até tomar a ferida constituída por tecido anatomicamente são, inclusive o tecido nervoso. Aconselha o uso local da penicilina e das sulfas. Lembra, contudo, que há germes que resistem a estas substâncias e, portanto, não se deve retardar o momento da intervenção, confiando-se exclusivamente na ação antibacteriana das mesmas. Trata-se de um manual de técnica operatória, rico em minúcias técnicas, apresentado em linguagem clara, ilustrado por elucidativos esquemas, e com razoável base fisiopatológica, tudo isto tornando a leitura da obra recomendável. Estranhamos a indicação da morfina no pós-operatório destes pacientes, dada a ação depressora respiratória da mesma.

A. SETTE JR.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Jun 1949
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