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Elementos de psicopatologia criminal: Gonçalves Fernandes

ANÁLISES DE LIVROS

Elementos de psicopatologia criminal. Gonçalves Fernandes. 1 volume com 137 páginas, Recife, 1942

Encarregando-se de parte do programa do curso de Medicina Legal na Faculdade de Direito de Recife (Prof. Edgar Altino de Araujo), destinada à psicologia e psicopatologia criminais, o A. procurou condensar neste pequeno livro a matéria nêle constante, até então não encontrada pelos estudantes em obras nacionais, tendo ainda oportunidade de divulgar a orientação do eminente mestre jurista em sua cátedra. Imbuído dos sãos princípios da psicologia profunda de Freud, os ensinamentos contidos neste volume são dos mais úteis, lamentando-se, apenas, que o A. se tenha restringido ao estritamente indispensável. Num primeiro capítulo, sintetiza de maneira clara e esquemática, citando ótima bibliografia, a semiologia das funções psíquicas: inteligência, afetividade e vontade. Sumária, porém, condensadamente, salienta a influência social e os padrões socioculturais sobre a conduta individual e a formação da personalidade, demonstrando-nos a grande responsabilidade social coletiva para com a individual. Dada a importância do diagnóstico neuro-psiquiátrico na medicina legal e na patologia do crime, dedica um capítulo ao estudo das doenças mentais, suas causas, classificação, diagnóstico e um estudo sobre a simulação. Em outros capítulos estuda as constituições psicopáticas e reações anti-sociais dos alienados, as toxicofilias, noções de higiene mental, as práticas mágico-fetichistas e delinqüência, repressão à crendice popular, ao curandeirismo e similares. De maneira brilhante e atualizada, estuda as aplicações de nossa legislação segundo o novo Código Penal, encarando casos gerais e particulares e ilustrando com observações clínicas pessoais. Os capítulos que se seguem são dedicados ao estudo do crime, seu conceito histórico, aspectos socio-analíticos, diagnóstico criminal e descrição do modelo da ficha biográfica do criminoso, utilizada pelo A. na secção de Psicologia a seu cargo, no Gabinete de Antropologia de Pernambuco. O A. bate-se pela orientação psicanalítica da criminalidade, segundo as modernas tendências, já bem estudadas, principalmente por Alexander e Staub. Esta orientação, que o A. dá não só ao Gabinete de Antropologia da Penitenciária de Pernambuco, como também, ao curso de Psicopatologia da Cadeira de Medicina Legal da Faculdade de Direito de Recife, cujo catedrático, Prof. Edgar Altino de Araujo, numa ampla compreensão do assunto, soube muito bem dar ao conceito dinamista o seu devido valor, deveria ser seguida por todas as outras penitenciárias e cátedras de Medicina Legal, no Brasil. O livro do A., feito não para psiquiatras, mas sim para estudantes de direito, e útil para todos os que se interessam pelos estudos psicopatológicos criminais.

JOY ARRUDA

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Mar 1945
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