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Practical Neurological Diagnosis: R. Glen Spurling. 3.ª edição, Charles C. Thomas, Springfield, III., 1945

ANÁLISES DE LIVROS

Practical Neurological Diagnosis. R. Glen Spurling. 3.ª edição, Charles C. Thomas, Springfield, III., 1945

Este livro destina-se à iniciação do estudante ou à atualização dos conhecimentos de propedêutica neurológica do médico prático. A matéria é dividida em três partes. A primeira refere-se ao exame neurológico propriamente dito, sendo inicialmente apresentada uma rotina de exame, organizada segundo critério anatômico, o que traz algum inconveniente: por exemplo, o estudo das ataxias precede o da sensibilidade. O A. encarece a necessidade de seguir-se sempre o esquema a fim de evitar deixar passar algum detalhe na seqüência do exame. Apenas são apresentados os recursos semiológicos que o A. julga essenciais, o que evita a repetição inútil de provas com o mesmo valor propedêutico, facilita o estudo do assunto e evita que o exame se prolongue desnecessariamente. Cada parte do exame é analisada sob os planos anatômico, fisiológico e clínico, tornando, assim, mais fácil, a interpretação dos achados. A exposição é feita de maneira agradável e sucinta. Na conclusão, realça a importância de se reunir numa súmula os dados positivos. O exame neurológico deve sempre ser completado por um exame clínico geral, o que permite, muitas vezes, um diagnóstico diferencial. A segunda parte é destinada ao estudo do líquor. Segue a mesma seriação anterior, isto é, planos anatômico, fisiológico e clínico. A via preferida para punção é a lombar, que o A. considera tão segura (ressalvadas as indicações e contra-indicações) quanto uma injeção intravenosa, enquanto que a punção cisternal somente deve ser praticada por mãos especialmente treinadas, sua técnica não sendo nem sequer descrita. Este temor da punção cisternal, exagerado, está em contradição com o parecer da escola neurológica paulista. A terceira parte trata do diagnóstico radiológico das neuropatias (radiografia simples, ventriculografia, pneumencefalografia e mielografia). Esta parte, conforme assinala o A., não pretende esgotar o assunto, contendo apenas noções elementares. Mesmo assim, encerra ensinamentos de grande utilidade, principalmente no que se refere às indicações e contra-indicações dos processos. Os esquemas dos ventriculogramas normais podiam ser mais claros e completos. Achamos que as descrições das manobras radiológicas devem ser também conhecidas pelos neurologistas, para melhor compreensão dos elementos fornecidos pelos raios X.

De maneira geral, o A. procura convencer o leitor da necessidade de se dar ao médico prático e, principalmente, ao neurologista, uma mentalidade não somente neuroclínica, mas ainda neurocirúrgica. Quer dizer, o neurologista deve conhecer e empregar os recursos habitualmente deixados para o neurocirurgião, ao qual muitas vezes o doente é entregue tarde demais. Podemos também dizer que o neurocirurgião deve, por sua vez, ter mentalidade neuroclínica, a fim de conter uma tendência exageradamente intervencionista. O livro pode figurar entre as boas obras do assunto, mas julgamos que o A. teria satisfeito melhor seu propósito se houvesse acrescentado capítulos sobre a eletrencefalografia e a arteriografia intracerebral de Egas Moniz.

A. Sette Junior

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Set 1947
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