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ENSINO NA ERA DA PANDEMIA: TECNOLOGIAS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA SURDOS

RESUMO

O mundo enfrenta o maior desafio do século XXI desde março de 2020, quando as Instituições de Ensino no Brasil tiveram que interromper suas atividades em sala de aula, adotando o isolamento produtivo e o ensino remoto. Nessa perspectiva, sentimo-nos compelidos a produzir este trabalho qualitativo, de caráter bibliográfico, com o objetivo de traçar reflexões sobre as tecnologias no ensino de inglês para alunos surdos na Era Pandêmica. Os dados mostram que o mundo está mudando e um número considerável de professores e alunos está enfrentando alguns desafios por conta disso, principalmente porque a realidade escolar teve que se deslocar para um espaço completamente diferente. Portanto, o sistema educacional público precisou se reinventar para possibilitar o compartilhamento do conhecimento por meio das tecnologias digitais da informação e comunicação. Pensando nisso, descrevemos e indicamos possíveis usos para sete aplicativos e extensões, que permitem que alunos surdos aprendam por meio de atividades visuais contextualizadas. Concluindo, defendemos que o Brasil deve investir na pesquisa científica, no fortalecimento dos sistemas de ensino, nas ações de educação, na educação e formação continuada de professores e no desenvolvimento de políticas educacionais que atendam às novas demandas da educação.

Pandemia; ensino de inglês; tecnologia; surdo

ABSTRACT

The world has been facing the greatest challenge of the 21st century since March 2020, when educational institutions in Brazil had to interrupt their classroom activities, adopting productive isolation and remote teaching. From this perspective, we felt compelled to produce this qualitative work, of a bibliographic character, to draw reflections on technologies in the teaching of English to deaf students in the Pandemic Era. Data show that the world has been changing and a considerable number of teachers and students are facing some challenges due to it, especially as the school reality had to move to a completely different space. Therefore, the public education system needed to reinvent itself to make it possible to share knowledge through digital information and communication technology. Bearing that in mind, we described and indicated possible uses for seven apps and extensions, which allow deaf students to learn through visual, contextualized activities. In conclusion, we advocate that Brazil must invest in scientific research, in strengthening education systems, in education measures, in continuing teacher education and training, and in the development of educational policies that address the new demands of education.

Pandemic; English language teaching; technology; deaf

Introdução

O mundo enfrenta atualmente o maior desafio do século XXI. “A pandemia da doença causada pelo novo coronavírus 2019, COVID-19, impactou muito o cenário mundial, agravando os índices de morbimortalidade” ( PIRES BRITO et al ., 2020PIRES BRITO, S.; BRAGA, I.; CUNHA, C.; PALÁCIO, M.; TAKENAMI, I. Pandemia da COVID-19: o maior desafio do século XXI. Visa em Debate, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 54-63, 28 abr. 2020. , p. 54). Diante desse cenário, em março de 2020, as Instituições de Ensino no Brasil tiveram que interromper suas atividades presenciais, adotando o isolamento produtivo, bem como o ensino remoto.

Um dos objetivos do isolamento social é auxiliar a humanidade no controle dos impactos da epidemia na sociedade. Esse fato evidenciou a clara necessidade de formar e qualificar profissionais da área da educação para enfrentar os novos desafios no ensino e aprendizagem, principalmente no contexto das escolas públicas.

Os professores, por exemplo, foram obrigados a redimensionar conteúdos, espaços e tempos impostos pela educação a distância no ambiente digital, fazer uso de aplicativos (App), redes sociais e metodologias ativas de ensino e, principalmente, refletir e se questionar sobre as melhores formas de trocar conhecimentos com os alunos no chamado “novo normal”, para atingir objetivos pedagógicos previamente estabelecidos.

Nessa perspectiva, nos sentimos compelidos a produzir este trabalho qualitativo, de caráter bibliográfico ( TRIVIÑOS, 2015TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2015. ), que se encontra em fase inicial. Ela visa traçar reflexões sobre as tecnologias no ensino de inglês para alunos surdos na Era Pandêmica. Mais especificamente, nosso objetivo foi responder à pergunta: quais são os desafios e possibilidades em relação ao uso da tecnologia no ensino de língua inglesa para surdos durante a pandemia do COVID-19?

Para atingir nosso objetivo, buscamos basear nossa discussão em Almeida (2021)ALMEIDA, M. L. TDIC no ensino de língua inglesa: possibilidades na educação de surdos. 2021. 170f. Dissertação (Mestrado Profissional em Linguística e Ensino) – Programa de Pós-Graduação em Linguística e Ensino, Universidade Federal da Paraíba, 2021. , Brasil (2017)BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular . Brasília: Ministério da Educação, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 20 out. 2022.
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, Ferreira e Bastos (2020)FERREIRA, C. A.; BASTOS; A. M. Ensino, aprendizagem e avaliação no contexto da pandemia. Laplage em Revista, Sorocaba, SP, v. 6, n. 3, p. 109-119, set./dez. 2020. , Antunes Neto (2020)ANTUNES NETO, J. M. F. Sobre ensino, aprendizagem e a sociedade da tecnologia: por que se refletir em tempo de pandemia?. Prospectus: Gestão e Tecnologia, São Paulo, v.2, n.1, p. 28-38, 2020. Disponível em: https://www.prospectus.fatecitapira.edu.br/index.php/pst/article/download/31/28. Acesso em: 28 ago. 2022.
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e Pires Brito et al . (2020)PIRES BRITO, S.; BRAGA, I.; CUNHA, C.; PALÁCIO, M.; TAKENAMI, I. Pandemia da COVID-19: o maior desafio do século XXI. Visa em Debate, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 54-63, 28 abr. 2020. , entre outros.

Em nosso estudo, discutimos na primeira parte alguns impactos da pandemia em nossa sociedade, depois aprofundamos nossas discussões a respeito do ensino de língua inglesa, surdez e tecnologia. Em seguida, sugerimos alguns aparatos digitais que podem auxiliar no ensino de língua inglesa para surdos. Assim, traçamos algumas conclusões e propomos algumas reflexões sobre essa realidade desafiadora.

Alguns impactos da pandemia

Os debates sobre a Covid-19 e seus impactos se intensificaram diante das incertezas provocadas pela pandemia ( FAUSTINO; SILVA, 2020FAUSTINO, L. S. S.; SILVA, T. F. R. S. Educadores frente à pandemia: dilemas e intervenções alternativas para coordenadores e docentes . Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v.3, n.7, p. 53-64, 2020. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/. Acesso em: 27 ago. 2020.
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), cujos avanços e consequências exigiram medidas rápidas e conscientes por parte das diferentes esferas da atividade humana, a fim de preservar a população ( PIRES BRITO et al ., 2020PIRES BRITO, S.; BRAGA, I.; CUNHA, C.; PALÁCIO, M.; TAKENAMI, I. Pandemia da COVID-19: o maior desafio do século XXI. Visa em Debate, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 54-63, 28 abr. 2020. ). Tais medidas, alicerçadas em bases científicas sólidas, promoveram e garantiram o fortalecimento de ações estratégicas de enfrentamento à COVID-19.

Porém, ainda diante de tantas incertezas e lacunas causadas pela pandemia, muitos professores brasileiros permaneceram em casa ( FAUSTINO; SILVA, 2020FAUSTINO, L. S. S.; SILVA, T. F. R. S. Educadores frente à pandemia: dilemas e intervenções alternativas para coordenadores e docentes . Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v.3, n.7, p. 53-64, 2020. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/. Acesso em: 27 ago. 2020.
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). Como bem apontam Faustino e Silva (2020)FAUSTINO, L. S. S.; SILVA, T. F. R. S. Educadores frente à pandemia: dilemas e intervenções alternativas para coordenadores e docentes . Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v.3, n.7, p. 53-64, 2020. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/. Acesso em: 27 ago. 2020.
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, o século XXI trouxe-nos a era das ciências tecnológicas e a evolução da forma como aprendemos e ensinamos. Certamente, estamos vivenciando uma transformação educacional durante a pandemia.

Nesse sentido, os professores têm buscado descobrir possibilidades para sua prática docente e compreender melhor o formato de ensino remoto. Mesmo assim, não há como negar as repercussões negativas e preocupantes no setor educacional, tendo em vista as discussões sobre os rumos da educação no país ( FAUSTINO; SILVA, 2020FAUSTINO, L. S. S.; SILVA, T. F. R. S. Educadores frente à pandemia: dilemas e intervenções alternativas para coordenadores e docentes . Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v.3, n.7, p. 53-64, 2020. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/. Acesso em: 27 ago. 2020.
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).

Após a interrupção e a resposta educacional ao Covid-19, a UNESCO (2020)UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION [UNESCO]. COVID-19 Educational Disruption and Response. 2020. Disponível em: https://www.unesco.org/en/articles/covid-19-educational-disruption-and-response. Acesso em 30 ago. 2020.
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divulgou dados que indicam um impacto em aproximadamente 70% da população estudantil do mundo, que estava em isolamento. Segundo a UNESCO (2020)UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION [UNESCO]. COVID-19 Educational Disruption and Response. 2020. Disponível em: https://www.unesco.org/en/articles/covid-19-educational-disruption-and-response. Acesso em 30 ago. 2020.
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, no auge, mais de 1,7 bilhão de alunos foram afetados. A pesquisa apontou, no momento da publicação, que o número de crianças, jovens e adultos que não frequentaram escolas ou universidades por causa da COVID-19 aumentou significativamente.

Segundo Faustino e Silva (2020)FAUSTINO, L. S. S.; SILVA, T. F. R. S. Educadores frente à pandemia: dilemas e intervenções alternativas para coordenadores e docentes . Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v.3, n.7, p. 53-64, 2020. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/. Acesso em: 27 ago. 2020.
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, substituir as aulas presenciais por aulas online foi útil e eficaz, dotando os professores de autonomia e maturidade, bem como acesso e competências aos recursos tecnológicos. No entanto, essa não pareceu ser a realidade, pois muitas escolas permaneceram inativas ou lutaram para manter as atividades, principalmente se considerarmos os alunos infoexcluídos.

Como bem colocam Coelho (2020)COELHO, M. I. Educação em tempos de Pandemia: que caminho seguir na oferta de atividade escolar não presencial?. Revista Observatório, Palmas, v. 6, n. 2, p. 1-10, 2020. e Faustino e Silva (2020)FAUSTINO, L. S. S.; SILVA, T. F. R. S. Educadores frente à pandemia: dilemas e intervenções alternativas para coordenadores e docentes . Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v.3, n.7, p. 53-64, 2020. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/. Acesso em: 27 ago. 2020.
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, promover a educação a distância a todo custo pode levar à exclusão de alunos, ao invés de instalar uma educação sem fronteiras, principalmente no caso de alunos que moram nas periferias, no interior ou em cidades que não o local da escola ( FAUSTINO; SILVA, 2020FAUSTINO, L. S. S.; SILVA, T. F. R. S. Educadores frente à pandemia: dilemas e intervenções alternativas para coordenadores e docentes . Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v.3, n.7, p. 53-64, 2020. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/. Acesso em: 27 ago. 2020.
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).

Nesse sentido, o que se espera, como colocam Martins e Almeida (2020MARTINS, V.; ALMEIDA, J. Educação em tempos de pandemia no Brasil: saberes fazeres escolares em exposição nas redes. Revista Docência e Cibercultura, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 215-224, ago. 2020. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/re-doc/article/view/51026. Acesso em: 30 ago. 2022.
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, p. 223), é que as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) utilizadas

[...] sejam interfaces de construções conjuntas, de forma síncrona e assíncrona, potencializando debates, pensamento crítico, criatividade, fazer juntos, reflexões sobre a experiência social imposta pela pandemia, comunicação efetiva e amorosa, o currículo integrado à realidade dos alunos, ações curriculares multidisciplinares que reúnem professores, projetos que podem ser realizados para encontrar soluções para problemas contemporâneos e tantas outras discussões necessárias para uma educação de qualidade e que se tornam essenciais para a formação de cidadãos prontos para lidar com o novo mundo que está por vir.

Esse cenário evidencia uma transformação na educação que pode permear a Era Pós-Pandemia. Nesse sentido, algumas reflexões específicas sobre as tecnologias para o ensino da língua inglesa para surdos serão delineadas no tópico a seguir.

Tecnologia e ensino durante a pandemia de COVID-19

O mundo está mudando e um grande número de pessoas está enfrentando alguns desafios devido a isso. Com professores e alunos não seria diferente, pois a realidade escolar precisava se deslocar para um espaço completamente diferente. Assim, estamos vivendo em uma era digital repleta de conexões e possibilidades. Embora não seja uma novidade, ainda traz desafios a serem superados, o que nos mostra que mais pesquisas precisam ser realizadas sobre esse tema.

Nesse contexto, o uso de aparelhos digitais no Brasil é incentivado pela Base Nacional Comum Curricular (CNCB) ( BRASIL, 2017BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular . Brasília: Ministério da Educação, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 20 out. 2022.
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) que é um documento que subsidia o ensino regular no país - portanto, mais um motivo para difundir e tornar o uso deste tipo de instrumento mais acessível nestes espaços.

Assim, é fundamental reconhecer as potencialidades do uso das TDIC para ensinar no século XXI ( CANI et al ., 2020CANI, J. B.; SANDRINI, E. G. C.; SOARES, G. M.; SCALZER, K. Educação e COVID-19: a arte de reinventar a escola mediando a aprendizagem -prioritariamente- pelas TDIC. Revista IFES Ciência , Vitória, v. 6, p. 23-39, 2020. ). Estamos em uma era em que mais alunos têm acesso às tecnologias digitais para que o ensino de idiomas adicionais utilizando esses instrumentos possa promover possibilidades e experiências de sucesso ( FREI et al. , 2011FREI, S. et al. Integrating technology into the curriculum. Huntington Beach, CA: Shell Education, 2011. ; MACHADO; MATTAR, 2020MACHADO, N. S; MATTAR, J. Blended learning no ensino superior: estudo de caso múltiplo. Interacções , Santarém, Portugal, v. 16, n.53, p. 6-23, 2020. ). Assumimos que essa abertura existe em função da facilidade que esses meios trazem para a sala de aula. Além disso, coloca os alunos em uma posição crítica na qual eles podem controlar sua aprendizagem.

No entanto, sabe-se que a escola, em determinados momentos, não vem estimulando o pensamento crítico em seus espaços. Uma realidade que se agravou com a necessidade de ensino remoto devido à pandemia do COVID-19, uma vez que o sistema educacional foi substancialmente afetado. Portanto, o sistema educacional, principalmente o público, precisou se reinventar para possibilitar o compartilhamento do conhecimento por meio do uso das TIC. Por esse motivo, concordamos com Cani et al . (2020)CANI, J. B.; SANDRINI, E. G. C.; SOARES, G. M.; SCALZER, K. Educação e COVID-19: a arte de reinventar a escola mediando a aprendizagem -prioritariamente- pelas TDIC. Revista IFES Ciência , Vitória, v. 6, p. 23-39, 2020. que, depois dessa pandemia, a escola nunca mais será a mesma. Então, podemos começar a mudar esse cenário de alguma forma para melhorar nossas práticas de ensino e ressignificar nossas abordagens com nossos alunos.

Com os alunos surdos não seria diferente, pois vivemos em uma perspectiva inclusiva que exige a consideração das necessidades de nossos alunos. Infelizmente, Almeida (2021)ALMEIDA, M. L. TDIC no ensino de língua inglesa: possibilidades na educação de surdos. 2021. 170f. Dissertação (Mestrado Profissional em Linguística e Ensino) – Programa de Pós-Graduação em Linguística e Ensino, Universidade Federal da Paraíba, 2021. e Moraes e Barros (2020)MORAES, A. H. C; BARROS, S. M. Reflections on policies which guide English language teaching to the deaf in Brazil. Brazilian Journal of Development , São José dos Pinhais, v. 6, p. 81577-81589, 2020. nos mostram que o ensino da língua inglesa para a comunidade surda no Brasil não atinge os padrões esperados.

Nesse sentido, Pacheco e Silva (2020)PACHECO, C. A; SILVA, S. R. Currículo do ensino de língua inglesa e uso de tecnologias digitais previstos na BNCC. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 14, p. 1, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.14244/198271993046. Acesso em: 28 ago. 2022.
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afirmam que o uso de ferramentas tecnológicas auxilia no engajamento social e no desenvolvimento da autonomia e comunicação crítica com pessoas de diferentes lugares e realidades. Além disso, incluir a realidade dos alunos possibilita uma ampla gama de trocas sociais. No entanto, apesar de estarem inseridos em um cenário tecnológico, muitas pessoas ainda não sabem como utilizar adequadamente os aparelhos e ferramentas digitais. Assim, nós como professores podemos trazer algumas das várias possibilidades digitais para a sala de aula.

Esse processo é um grande desafio, pois a escola não é mais o único espaço onde os alunos podem obter conhecimento. Por exemplo, devido à descentralização do conhecimento, os alunos têm uma ampla gama de materiais disponíveis online. Além disso, devido à pandemia do COVID-19, ficou claro que os limites físicos da escola poderiam ser facilmente ultrapassados, por isso tem havido uma busca exponencial por TDIC ( SILVA; TEIXEIRA, 2020SILVA, C. C. S. C; TEIXEIRA, C. M. S. O uso das tecnologias na educação: os desafios frente à pandemia da COVID-19. Brazilian Journal of Development , São José dos Pinhais, v. 6, p. 70070-70079, 2020. Título em inglês: The Use Of Technologies In Education: The Challenges Facing The COVID-19 Pandemic. Disponível em: https://brazilianjournals.com/ojs/index.php/BRJD/article/view/16897/13779. Acesso em: 20 out. 2022.
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).

Pereira e Krieger (2018)PEREIRA, I.; KRIEGER, C. F. Z. Tecnologias na educação de surdos. In: SOUZA NETO, A. (org.). Educação, aprendizagem e tecnologias: relações pedagógicas e interdisciplinares. São Paulo: Pimenta Cultural, 2018. v. 1. p. 167-193. Disponível em: http://www.pgcl.uenf.br/arquivos/143639_abf3b62460104c42934026ae10db0752_050320192117.pdf. Acesso em: 28 ago. 2022.
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postulam que a tecnologia pode envolver educadores e alunos em diferentes formas de aprendizagem. Segundo Figueiredo (2019)FIGUEIREDO, F. J. Q. Vygotsky: a interação no ensino/aprendizagem de línguas. São Paulo: Parábola, 2019. v. 1. , as ferramentas tecnológicas podem desempenhar um papel importante no processo de aprendizagem dos alunos. Portanto, fica evidente que o uso das TDIC beneficia tanto professores quanto alunos.

Assim, concordamos com Tomaz (2018)TOMAZ, C. R. L. F. O Uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação para Aprendizagem Bilíngue do Surdo. In: CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO (CTRL + E 2020), 5., 2018, João Pessoa. Educação do futuro: tecnologias e pessoas para transformar o mundo. João Pessoa, 2018. quando afirma que as essas tecnologias possibilitam a aprendizagem tanto nos processos educacionais formais quanto nos não formais. Essa consideração se alinha com o que Pereira e Krieger (2018)PEREIRA, I.; KRIEGER, C. F. Z. Tecnologias na educação de surdos. In: SOUZA NETO, A. (org.). Educação, aprendizagem e tecnologias: relações pedagógicas e interdisciplinares. São Paulo: Pimenta Cultural, 2018. v. 1. p. 167-193. Disponível em: http://www.pgcl.uenf.br/arquivos/143639_abf3b62460104c42934026ae10db0752_050320192117.pdf. Acesso em: 28 ago. 2022.
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defendem: o mundo, assim como as formas de percebê-lo, são remodelados por causa da tecnologia. Nesse sentido, acreditamos que as realidades educacionais dos alunos surdos também podem ser ressignificadas positivamente pelas TDIC.

Nesse contexto tecnológico, várias questões se intensificam quando olhamos para a comunidade surda, pois ela já tem sua formação educacional afetada por diferentes circunstâncias. No entanto, Schenka-Ribeiro e Sholl-Franco (2018)SCHENKA-RIBEIRO, N.; SHOLL-FRANCO, A. Desafios educacionais em contextos multilíngues de ensino: uma proposta curricular inclusiva com línguas de sinais e neurociências. In: COLÓQUIO LUSO-BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO - COLBEDUCA, 2018, Braga. Anais [...], Joinville: UDESC, 2018. v. 3. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/colbeduca/article/view/11460. Acesso em: 28 ago. 2022.
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apontam que as TDIC podem ampliar as interações entre os pares nas escolas em que há alunos surdos.

Como podemos ver, as tecnologias podem desempenhar um papel importante na inclusão social. Ainda assim, a realidade educacional brasileira não atende às expectativas de inclusão, que é um contexto que se agravou devido à crise sanitária causada pela pandemia do COVID-19. Embora o uso de aparatos tecnológicos nesta crise sanitária e social tenha se tornado cada vez mais relevante, é preciso considerar a realidade de alunos, educadores e comunidades escolares para entender como as tecnologias podem fazer parte de sua vida de forma acessível ( SILVA; TEIXEIRA, 2020SILVA, C. C. S. C; TEIXEIRA, C. M. S. O uso das tecnologias na educação: os desafios frente à pandemia da COVID-19. Brazilian Journal of Development , São José dos Pinhais, v. 6, p. 70070-70079, 2020. Título em inglês: The Use Of Technologies In Education: The Challenges Facing The COVID-19 Pandemic. Disponível em: https://brazilianjournals.com/ojs/index.php/BRJD/article/view/16897/13779. Acesso em: 20 out. 2022.
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). Nessas circunstâncias, mais do que nunca, são necessárias mais discussões sobre esse paradigma.

É importante ter em mente que as tecnologias são recursos poderosos que podem contribuir para o ensino de surdos ( FISCHER; KIPPER, 2016FISCHER, S. R; KIPPER, D. Estratégias e recursos visuais na aprendizagem da língua inglesa por alunos surdos. In: FÓRUM INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2.; SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO, 6.; FÓRUM NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 16., 2016, Santa Cruz do Sul. Anais [...], Santa Cruz do Sul, 2016. ; TOMAZ, 2018TOMAZ, C. R. L. F. O Uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação para Aprendizagem Bilíngue do Surdo. In: CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO (CTRL + E 2020), 5., 2018, João Pessoa. Educação do futuro: tecnologias e pessoas para transformar o mundo. João Pessoa, 2018. ). Nesse contexto, as línguas de sinais e as tecnologias são potenciais instrumentos mediadores do ambiente em que os aprendizes vivem ( LOPES, 2012LOPES, M. C (org.). Cultura surda e Libras. São Leopoldo: Unisinos, 2012. ). Além disso, o ciberespaço facilita não apenas o contato do surdo com a língua de sinais, mas também com outras línguas, favorecendo inúmeras possibilidades de comunicação entre pares surdos e pares surdos e ouvintes ( TOMAZ, 2018TOMAZ, C. R. L. F. O Uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação para Aprendizagem Bilíngue do Surdo. In: CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO (CTRL + E 2020), 5., 2018, João Pessoa. Educação do futuro: tecnologias e pessoas para transformar o mundo. João Pessoa, 2018. ).

Tal processo deve ser realizado com cuidado, pois muitos softwares e conteúdos disponíveis não estão em linguagem de sinais. Portanto, o professor deve estar atento às questões relacionadas à acessibilidade, pois não basta apenas utilizar as TDIC em suas práticas. É necessário considerar e respeitar as necessidades de todos os alunos.

Entendemos que um instrumento que deve incluir e engajar também pode excluir e desmotivar os alunos dependendo da forma que for utilizado. Nesse sentido, quando se trata de alunos surdos é necessário explorar o aspecto visual, pois é algo que afeta significativamente a transmissão do que o professor está propondo.

Seguindo também as orientações de Fernandes (2006)FERNANDES, S. Práticas de letramento na educação bilíngue para surdos . Curitiba: SEED, 2006. , Reis e Morais (2020)REIS, M. B. de F.; MORAIS, I. C. V. de. Inclusão dos surdos no Brasil: do oralismo ao bilinguismo. Revista UFG , Goiânia, v.20, n.26, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.5216/revufg.v20.62052. Acesso em: 20 out. 2022.
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, Moraes e Barros (2020)MORAES, A. H. C; BARROS, S. M. Reflections on policies which guide English language teaching to the deaf in Brazil. Brazilian Journal of Development , São José dos Pinhais, v. 6, p. 81577-81589, 2020. e Almeida (2021)ALMEIDA, M. L. TDIC no ensino de língua inglesa: possibilidades na educação de surdos. 2021. 170f. Dissertação (Mestrado Profissional em Linguística e Ensino) – Programa de Pós-Graduação em Linguística e Ensino, Universidade Federal da Paraíba, 2021. entendemos que a modalidade escrita de qualquer língua é a melhor modalidade de ser ensinada ao surdo. Essa modalidade tem sido amplamente defendida porque respeita as necessidades dos alunos surdos ( MORAES, 2012MORAES, A. H. C. Descrição do desenvolvimento linguístico em língua inglesa por seis surdos: novos olhares sobre o processo de aquisição de uma língua. 2012. 125f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Linguagem) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem, Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2012. , 2018MORAES, A. H. C. A triangulação Libras-português-inglês: relatos de professores e intérpretes de Libras sobre aulas inclusivas de língua estrangeira. 2018. 185f. Tese (Doutorado em Ciências da Linguagem) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem, Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2018. ; PEREIRA; KLEIN, 2015PEREIRA, K. Á; KLEIN, M. Práticas de professores de alunos surdos e o ensino de língua estrangeira na educação de surdos. In: REUNIÃO NACIONAL DA ANPED, 37, Florianópolis, 2015. Educação na Era Digital: a Escola Educativa. Tradução: Marisa Guedes; Revisão Técnica: Bartira Costa Neves. Porto Alegre: Penso, 2015. Disponível em: https://www.anped.org.br/sites/default/files/trabalho-gt15-4562.pdf. Acesso em: 20 out. 2022.
https://www.anped.org.br/sites/default/f...
; SOUSA, 2018SOUSA, A. N. de. O desenvolvimento da escrita de surdos em português (segunda língua) e inglês (terceira língua): semelhanças e diferenças. Revista Brasileira de Linguística Aplicada , Belo Horizonte, v. 18, n. 4, p. 853-886, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1984-6398201812966. Acesso em: 20 out. 2022.
https://doi.org/10.1590/1984-63982018129...
; BORGES; LIMA, 2018BORGES, E. A.; LIMA, L. R. O ensino e o aprendizado do inglês como língua estrangeira em uma escola bilíngue para surdos: reflexões sobre a prática pedagógica. Revista Sinalizar, Goiânia, v.3, n.2, p. 68-86, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.5216/rs.v3i2.55515. Acesso em: 20 out. 2022.
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; MORAES; BARROS, 2020MORAES, A. H. C; BARROS, S. M. Reflections on policies which guide English language teaching to the deaf in Brazil. Brazilian Journal of Development , São José dos Pinhais, v. 6, p. 81577-81589, 2020. ) e não os obriga ao desenvolvimento de habilidades orais,

Defendemos que as TDIC podem estimular o engajamento, a autonomia e a comunicação crítica em sala de aula. Portanto, como vivemos em um mundo globalizado, entendemos que o ensino de inglês para alunos surdos por meio das tecnologias é algo que pode possibilitar a eles mais acesso a diferentes tipos de conhecimento e informação.

TDIC como propostas pedagógicas para o ensino de inglês para surdos.

Sugerimos nesta parte do nosso estudo algumas plataformas digitais que podem facilitar o ensino da língua inglesa para alunos surdos. Todos os materiais aqui sugeridos focam na modalidade escrita do inglês, pois é a que respeita as necessidades e especificidades dos alunos surdos. Abaixo é possível conferir as descrições de algumas plataformas e possíveis usos para elas.

Padlet

Possibilita a criação de paredes virtuais para facilitar a organização de diferentes tipos de projetos. As paredes podem ser personalizadas de acordo com a necessidade do criador e são compatíveis com diferentes formatos de conteúdo, como texto, fotos, vídeos, links, desenhos, telas compartilhadas, etc. Tem versões pagas e gratuitas. Está disponível na web e para Android e iOS.

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Amostras de murais do Padlet

O Padlet permite que os professores promovam a escrita colaborativa, avaliação do curso, postagem de vídeos e comentários, livro ilustrado, narrativa interativa e lista de desejos e escrita de cartas. Tais atividades atendem às necessidades sensoriais dos alunos surdos ao vivenciarem o mundo a partir de uma perspectiva mais visual e à necessidade de trabalhar a linguagem escrita e a interação.

StoryboardThat

Este é um site no qual os alunos podem criar histórias em quadrinhos. Existem vários modelos e ferramentas para fazer a história. Tem versões paga e gratuita. Ele permite que as pessoas ensinem, aprendam e se comuniquem por meio de histórias em quadrinhos.

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Uma amostra de quadrinhos no site StoryboardThat

Este site facilita atividades relacionadas à criação de quadrinhos, criação de apresentações, exploração da linguagem verbal e não verbal e criação de projetos multimodais. Assim como aquelas promovidas no Padlet, essas atividades atendem às experiências visuais dos alunos surdos e à necessidade de trabalhar a linguagem escrita.

Quizlet

A plataforma permite que os usuários criem flashcards, acessem flashcards de outras pessoas, joguem jogos educativos e estudem diversos assuntos online. Está disponível nas versões gratuita e paga, e é compatível com Android, iOS e online.

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Conjuntos de páginas de pesquisa do Quizlet

Alguns usos possíveis para este site são praticar vocabulário, criar atividades de flashcards , atividades de ortografia e atividades gramaticais. Portanto, além de permitir que os professores se concentrem nos recursos visuais, que são importantes para os alunos surdos, também permite praticar mais a estrutura da língua.

HelloTalk

É um aplicativo para aprender inglês ou outros idiomas conversando com pessoas de diferentes países do mundo. É gratuito e compatível com Android e iOS.

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Modelos de bate-papo do HelloTalk

Alguns usos significativos do HelloTalk são criar grupos de bate-papo com falantes de inglês, conversar com pessoas de diferentes partes do mundo e trocar dicas de idiomas com falantes de outros idiomas. Estes utilizam principalmente a modalidade escrita da língua, o que é altamente benéfico para os alunos surdos.

Bubbl.us

É uma ferramenta online para criar mapas mentais digitais com um visual simples e elegante. Ela permite que os usuários compartilhem seus mapas mentais com pessoas ou nas mídias sociais. É possível colaborar com amigos ou colegas em tempo real em uma sala de aula.

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Layout do Bubble.us

Bubbl.us pode ser usado para resumir partes importantes de um texto, criar atividades de pré-leitura e pré-escrita, organizar definições e conceitos, debater ideias sobre diferentes tópicos e expandir atividades lexicais. Além de focar na modalidade escrita da língua, este site traz elementos de diversão e cor para as aulas.

Grammarly

É uma ferramenta avançada de correção ortográfica e gramatical que ajuda a evitar deslizes ao escrever em inglês. Possui versões gratuitas e pagas, e seu acesso está disponível em diferentes plataformas como smartphones, tablets e computadores.

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Exemplo de correção de texto no Grammarly

Grammarly é especialmente interessante para atividades de escrita colaborativa, organização de materiais escritos e revisão de textos escritos. Tais atividades atendem às necessidades dos alunos surdos de trabalhar a escrita.

ClassroomScreen

ClassroomScreen é uma plataforma online que ajuda professores e alunos a interagir em sala de aula e a mostrar instruções simples e visuais para a aula. O professor pode escolher um ou mais dos 13 widgets para ajudar a envolver os alunos e apoiar as atividades em sala de aula.

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Homepage do ClassroomScreen

Alguns possíveis usos são cronometrar jogos e atividades, desenhar, fazer anotações, registrar o progresso dos alunos em um projeto, gerar QR codes , digitar instruções, compartilhar agenda de aulas, criar listas, sorteios, usar símbolos de trabalho visual para informar aos alunos diferentes tipos de interação em sala de aula, enquetes e coleta de feedback.

As ferramentas e plataformas citadas são algumas sugestões para professores que precisam ensinar a língua inglesa para surdos de forma mais inclusiva, pois podem auxiliar na exploração da modalidade escrita da língua, bem como da visualidade ( MORAES, 2012MORAES, A. H. C. Descrição do desenvolvimento linguístico em língua inglesa por seis surdos: novos olhares sobre o processo de aquisição de uma língua. 2012. 125f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Linguagem) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem, Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2012. , 2018MORAES, A. H. C. A triangulação Libras-português-inglês: relatos de professores e intérpretes de Libras sobre aulas inclusivas de língua estrangeira. 2018. 185f. Tese (Doutorado em Ciências da Linguagem) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem, Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2018. ; PEREIRA; KLEIN, 2015PEREIRA, K. Á; KLEIN, M. Práticas de professores de alunos surdos e o ensino de língua estrangeira na educação de surdos. In: REUNIÃO NACIONAL DA ANPED, 37, Florianópolis, 2015. Educação na Era Digital: a Escola Educativa. Tradução: Marisa Guedes; Revisão Técnica: Bartira Costa Neves. Porto Alegre: Penso, 2015. Disponível em: https://www.anped.org.br/sites/default/files/trabalho-gt15-4562.pdf. Acesso em: 20 out. 2022.
https://www.anped.org.br/sites/default/f...
; SOUSA, 2018SOUSA, A. N. de. O desenvolvimento da escrita de surdos em português (segunda língua) e inglês (terceira língua): semelhanças e diferenças. Revista Brasileira de Linguística Aplicada , Belo Horizonte, v. 18, n. 4, p. 853-886, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1984-6398201812966. Acesso em: 20 out. 2022.
https://doi.org/10.1590/1984-63982018129...
; BORGES; LIMA, 2018BORGES, E. A.; LIMA, L. R. O ensino e o aprendizado do inglês como língua estrangeira em uma escola bilíngue para surdos: reflexões sobre a prática pedagógica. Revista Sinalizar, Goiânia, v.3, n.2, p. 68-86, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.5216/rs.v3i2.55515. Acesso em: 20 out. 2022.
https://doi.org/10.5216/rs.v3i2.55515...
; MORAES; BARROS, 2020MORAES, A. H. C; BARROS, S. M. Reflections on policies which guide English language teaching to the deaf in Brazil. Brazilian Journal of Development , São José dos Pinhais, v. 6, p. 81577-81589, 2020. ). Entendemos que alunos com formações diferentes irão necessitar de adaptações diferenciadas de acordo com suas necessidades, por isso é importante ter em mente que o professor sempre precisará considerar a realidade dos alunos para proporcionar uma melhor abordagem.

No entanto, é fundamental destacar que propor esses usos de acordo com as necessidades dos alunos é algo que envolve a formação de professores para o uso dessas tecnologias e recursos e para o ensino de surdos, ambos os casos ainda estão longe de um patamar ideal que, de fato, pode otimizar o ensino e a aprendizagem. Portanto, há uma necessidade latente de se investir mais na formação continuada dos professores.

Conclusão

Com o desenvolvimento deste artigo, objetivamos traçar reflexões sobre as tecnologias no ensino da língua inglesa para surdos na Era Pandêmica. Para tanto, buscamos fundamentar nossa discussão em Almeida (2021)ALMEIDA, M. L. TDIC no ensino de língua inglesa: possibilidades na educação de surdos. 2021. 170f. Dissertação (Mestrado Profissional em Linguística e Ensino) – Programa de Pós-Graduação em Linguística e Ensino, Universidade Federal da Paraíba, 2021. , Brasil (2017)BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular . Brasília: Ministério da Educação, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 20 out. 2022.
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abas...
, Ferreira e Bastos (2020), Antunes Neto (2020)ANTUNES NETO, J. M. F. Sobre ensino, aprendizagem e a sociedade da tecnologia: por que se refletir em tempo de pandemia?. Prospectus: Gestão e Tecnologia, São Paulo, v.2, n.1, p. 28-38, 2020. Disponível em: https://www.prospectus.fatecitapira.edu.br/index.php/pst/article/download/31/28. Acesso em: 28 ago. 2022.
https://www.prospectus.fatecitapira.edu....
e Pires Brito et al . (2020)PIRES BRITO, S.; BRAGA, I.; CUNHA, C.; PALÁCIO, M.; TAKENAMI, I. Pandemia da COVID-19: o maior desafio do século XXI. Visa em Debate, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 54-63, 28 abr. 2020. , entre outros.

Inicialmente, discutimos alguns dos impactos da Pandemia na educação que parecem acentuar uma mudança considerável na educação, que pode permear o campo no futuro. Assim, um investimento em tecnologias e capacitação para o ensino da língua inglesa para alunos surdos constitui condição sine qua non .

Em seguida, passamos por alguns conceitos no ensino de línguas mediado por tecnologias. Como afirmado então, defendemos que as tecnologias digitais de informação e comunicação podem estimular o engajamento, a autonomia e a comunicação crítica em sala de aula. Além disso, como vivemos em um mundo globalizado, ensinar inglês para surdos por meio de tais tecnologias é algo que pode proporcionar aos surdos acesso a diferentes tipos de conhecimento e informação, capacitando-os para a autoemancipação.

Por fim, mas não menos importante, listamos algumas sugestões de plataformas digitais que podem facilitar o ensino da língua inglesa para surdos. Todos os materiais sugeridos focam na modalidade escrita do inglês, pois é a forma que mais respeita as necessidades e especificidades dos alunos surdos. Descrevemos e indicamos possíveis usos para Padlet, StoryboardThat, Quizlet, HelloTalk, Bubbl.us, Grammarly e ClassroomScreen.

As tecnologias propostas permitem que alunos surdos aprendam por meio de atividades visuais e contextualizadas. As plataformas são bastante visuais, utilizando figuras para auxiliar quem tem dificuldade de ouvir, promovendo o aprendizado associando palavras a objetos, bem como interagindo em situações comunicativas contextualizadas. Também são sugeridas atividades para traçar palavras, e trabalhar a escrita e a leitura. No entanto, a educação de surdos deve incluir múltiplos elementos de apoio e reforço – ver fotos não é suficiente. Uma das coisas mais importantes é a exposição ao novo idioma de várias maneiras.

Além disso, está claro para nós que o Brasil deve investir na pesquisa científica, no fortalecimento dos sistemas educacionais, nas medidas educacionais, na formação e na formação continuada de professores e no desenvolvimento de políticas educacionais que atendam às novas demandas da educação.

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    28 Fev 2022
  • Aceito
    14 Jul 2022
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