OBJETIVO: Neste estudo nós avaliamos os efeitos do regime hidrológico (seca e cheia) e do ciclo diário (horários) na atividade alimentar e na composição da dieta de Serrapinus notomelas em bancos de Eichhornia azurea em um ambiente raso da planície de inundação do alto rio Paraná, Brasil. MÉTODOS: Os peixes foram amostrados mensalmente, entre junho/2007 e maio/2008, com armadilhas colocadas dentro dos bancos de macrófitas. Foram examinados 1038 estômagos. A atividade alimentar foi avaliada através do grau de enchimento médio dos estômagos. Para sumarizar e interpretar os resultados da composição da dieta por período (seca e cheia) e ciclo diário (horários) foi aplicada uma NMS. RESULTADOS: A atividade alimentar de S. notomelas não diferiu significativamente entre os períodos de seca e cheia, mas foi significativamente diferente durante o ciclo diário. A atividade alimentar foi mais intensa no período diurno e ao entardecer tanto na seca quanto na cheia. Diferenças significativas na composição da dieta foram verificadas, entre os períodos de seca e cheia, e entre os horários do dia. Na seca, a dieta de S. notomelas foi composta principalmente por algas e na cheia por Cladocera. As algas foram consumidas mais intensamente no período diurno e Cladocera ao amanhecer e ao entardecer. CONCLUSÕES: Nossos resultados indicam que o regime hidrológico afeta a composição da dieta de S. notomelas, mas não afeta a atividade alimentar. As variações sazonais na composição da dieta provavelmente estão associadas às variações temporais na abundância dos recursos alimentares regidas pelo regime hidrológico. Assim, quando a densidade de Cladocera foi baixa (seca), S. notomelas consumiu predominantemente algas, mas quando Cladocera foi abundante (cheia) passou a ser um recurso alimentar importante para S. notomelas.
Serrapinus notomelas; atividade alimentar; Rio Paraná; Eichhornia azurea
