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Cultura e desejo: a construção da identidade adicta no cenário contemporâneo

Culture and desire: the construction of addict identity in the contemporary scenario

Resumos

A drogadição, embora presente em toda a história da humanidade, apresenta-se atualmente como uma expressão do mal-estar contemporâneo. Torna-se importante ocuparmo-nos de pensar o cenário atual, desde a nova ordem econômica mundial até as qualidades das relações interpessoais, para buscar possíveis relações deste no aumento de casos de adições. A partir desta proposta, abordamos a cultura enquanto fator contribuinte para a produção de identidades adictas já que anuncia a escassez de ideais compartilhados e de instâncias que ocupem o lugar da função paterna.

Cultura; drogadição; psicanálise


The drug addiction, although present throughout human history, presents itself today as an expression of contemporary malaise. It becomes important to concern ourselves to think about the current scenario, from the new world's economic order to the qualities of interpersonal relationships, to seek possible relationships to increase in the case of addictions. From this proposal, we treat culture as a factor contributing to the production of addicts' identities as it announces the scarcity of shared ideals and institutions that occupy the place of the Other.

Culture; drug addiction; Psychoanalysis


ARTIGOS

Cultura e desejo: a construção da identidade adicta no cenário contemporâneo

Culture and desire: the construction of addict identity in the contemporary scenario

Roberta GiacoboneI; Mônica Kother MacedoII

IPsicóloga, Psicanalista, Membro Associado do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre. Mestranda em Psicologia Clínica do Programa de Pós-Graduacão da Faculdade de Psicologia da PUCRS. Bolsista pelo CNPq. beta_vial@hotmail.com

IIPsicanalista, Doutora em Psicologia, professora e coordenadora do Grupo Fundamentos e Intervenções em Psicanálise do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Psicologia da PUCRS. Membro pleno da Sociedad Psicoanalítica del Sur de Buenos Aires. monicakm@pucrs.br

RESUMO

A drogadição, embora presente em toda a história da humanidade, apresenta-se atualmente como uma expressão do mal-estar contemporâneo. Torna-se importante ocuparmo-nos de pensar o cenário atual, desde a nova ordem econômica mundial até as qualidades das relações interpessoais, para buscar possíveis relações deste no aumento de casos de adições. A partir desta proposta, abordamos a cultura enquanto fator contribuinte para a produção de identidades adictas já que anuncia a escassez de ideais compartilhados e de instâncias que ocupem o lugar da função paterna.

Palavras-chave: Cultura, drogadição, psicanálise.

ABSTRACT

The drug addiction, although present throughout human history, presents itself today as an expression of contemporary malaise. It becomes important to concern ourselves to think about the current scenario, from the new world's economic order to the qualities of interpersonal relationships, to seek possible relationships to increase in the case of addictions. From this proposal, we treat culture as a factor contributing to the production of addicts' identities as it announces the scarcity of shared ideals and institutions that occupy the place of the Other.

Keywords: Culture, drug addiction, Psychoanalysis.

"É muito difícil pra mim, mesmo trancado, mesmo considerado louco, muitas vezes marginal, em outras um mero verme, deixar de alimentar este monstro faminto que repousa dentro de mim. Quem não iria sentir falta? (...) Tento viver cada minuto, cada abraço, cada beijo que já ganhei para relembrar quem sou." (

VADO VERGARA, 2010

)

INTRODUÇÃO

O abuso de drogas pode ser considerado um marco social de nossos tempos, uma vez que embora seja um fenônemo inerente à história da humanidade, constata-se atualmente importante disseminação do uso de drogas nas sociedades. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (2001) cerca de 10% da população dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias tóxicas.

A dimensão de sintoma social presente nas adições torna-se evidente quando pensamos na articulação existente entre a prática discursiva própria a cada quadro psicopatológico e sua inscrição no discurso social dominante em determinada época (MELMAN, 1992). Por isso, a contextualização socioeconômica de hoje é relevante, quando se constata ser a adição uma das patologias de maior incidência na atualidade. Conforme Birman (1999), dentre todas as patologias que o trabalho clínico nos permite observar, esta é uma das principais causas de procura por tratamento e a que mais tem proliferado nas últimas décadas.

Concordamos com Ribeiro (2009) quando menciona os possíveis lugares da drogadição nos diferentes sujeitos. Para a autora, "existem quatro diferentes formas de relação do(s) sujeito(s) com as drogas e nem todas elas constituem o que é chamado vulgarmente de 'toxicomanias'" (p.6). A partir de parâmetros psicanalíticos, a autora aponta distinções quanto ao caminho da formação do sintoma a partir de diferentes posições psicopatológicas, nomeando quatro tipos de consumidores de drogas: o experimentador, o usuário ocasional, o usuário habitual e o dependente. O primeiro tipo é aquele que se restringe às experiências iniciais quando consome droga por curiosidade, sobretudo na adolescência. O segundo diz respeito àqueles sujeitos que a utilizam com cunho de aceitação social e não apresentam dependência. Os usuários habituais seriam aqueles que fazem uso frequente, mas que se mantêm inseridos na lógica fálica, isto é, conservam laços sociais significativos e pretendem aplacar a angústia de castração com o uso aditivo. Já os dependentes, segundo a autora, seriam os sujeitos que vivem pela e para as drogas, ou seja, que apresentam um enfraquecimento narcísico causador da entrega do eu à morte. Neste artigo, quando nos referirmos à drogadição, estaremos fazendo menção ao quarto grupo descrito por Ribeiro (2009), ou seja, vamos desenvolver reflexões acerca daqueles sujeitos que rompem com a lógica fálica e entregam-se ao consumo de drogas de forma mortífera e tanática.

O DESEJO E O SOCIAL: PENSANDO A CULTURA COMO PRODUTORA DE ADIÇÕES

Refletir sobre a dependência de drogas como uma questão social é fazer alusão à questão do desejo. Freud (1900/1969), nos primórdios de sua escrita, postula uma das ideias centrais de sua obra, a saber, a de um aparelho psíquico construído a partir de um impedimento cultural que veio barrar um desejo intenso, mas culturalmente proibido. O incesto e o parricídio, desejos humanos por natureza, são impedidos de se realizar por uma proposição cultural, criando um conflito que precisa ser psiquicamente elaborado.

Lacan (1949/1998) contribui com o entendimento deste conflito ao propor que a negativa oriunda do Outro, vetor da função paterna, impede que os desejos incestuosos e parricidas se concretizem. A expressão vetor demonstra que o papel do pai edípico, ou seja, aquele que barra o incesto, é uma faceta da proibição maior, gerada pela cultura, e os sujeitos a ela se submetem para ingressarem no processo civilizatório. Esta barra, então, vai dando forma ao psiquismo através da cisão psíquica operada pelo recalcamento, representante metapsicológico desse não cultural, fundando assim o sistema inconsciente.

A pulsão traz a urgência de descarregar energia (excitação) através da realização do desejo, a princípio, desejo do Outro primordial, objeto da maternagem. A entrada do terceiro nessa relação - para Lacan (1956-1957/1998), o significante do Nome-do-pai, que vai além do pai real - é a introdução da dimensão da cultura. A interdição surge quando há a percepção de que o lugar de completude é uma ilusão. O sujeito é virtualmente inimigo da cultura, uma vez que esta viria para barrar seu desejo (FREUD, 1927/1969).

A partir deste cenário torna-se relevante pensar como a cultura, como fator decisivo da constituição psíquica, tem implicações nos destinos que o sujeito encontra para lidar com a sua dor. Propor alguns aportes teóricos na tentativa de entender o ponto de interseção entre a cultura e o processo de subjetivação torna-se de grande relevância quando buscamos abordar de que forma a psicanálise pode contribuir com uma reflexão aprofundada sobre o sujeito da drogadição.

Para isso é necessário nos remetermos à época em que Freud (1908/1969) construía sua teoria, num contexto cultural em que o mal-estar era causado pelas morais sexuais civilizantes. O processo civilizatório exigia que a humanidade abdicasse de seus instintos genuínos em nome da relação com os semelhantes. Para elucidar essa questão Freud (1913/1969) propõe, em "Totem e tabu", o mito do pai da horda, detentor de todas as mulheres da aldeia e alvo da hostilidade de todos os filhos homens que desejavam para si aquilo que pertencia ao pai. Os filhos, ao despojarem o pai totêmico de seu trono e o assassinarem instauraram uma era de caos. Impõe-se uma questão: frente ao pai morto, quem ocuparia o seu lugar? As desavenças e o receio de tornar-se alvo de hostilidade trouxeram dificuldades nesse processo sucessório. A partir daí, os interditos frente à sexualidade emergem enquanto representantes da lei: não matar o pai e não ter acesso a tudo que ele tem ou a fazer tudo o que ele faz (FREUD, 1923/1969).

Essa produção mitológica de um pai tirano e castrador do desejo sexual incestuoso aborda temas centrais que cotejam a teoria das neuroses com as questões da órbita social daquela época: início do século XX, nascimento de uma nova disciplina - a Psicanálise. Esta surge como um movimento de crítica às questões culturais, sobretudo àquelas relacionadas à proibição do desejo sexual às mulheres e à negação da sexualidade infantil, entendidas como causadoras de adoecimento psíquico (HAUSEN, 2005).

O século XX foi marcado pela cultura da proibição de um gozo sexual às mulheres, pela repressão do prazer concomitante à exigência de cumprimento de padrões sociais que incluíam a prática sexual para ser boa esposa e para a procriação. Essas mulheres, então, "adoecem denunciando o sistema de expectativas sociais organizado em relação a seu sexo, tanto produto quanto denúncia dessa cultura, desse mesmo sistema social" (idem). A interdição da sexualidade é um marco deste espaço temporal, no qual o demasiado puritanismo gerava sofrimento psíquico, negando o acesso das mulheres ao mundo do prazer sexual e omitindo a existência da sexualidade infantil. É neste cenário que Freud (1930) propõe que o mal-estar causado pela repressão do desejo produz o padecimento neurótico.

Numa tentativa de contextualização história, podemos considerar que o século XX foi cenário de emergências científicas e culturais, além de ser profundamente marcado por transformações sociais, ou seja, produziram-se alterações significativas nas relações entre homens e mulheres referentes ao trabalho, a questão da reprodução e a sexualidade em geral. Surgem, a partir dessas proposições, discussões relacionadas ao perigoso hábito de obter prazer sexual, desvinculado de ideais reprodutivos. Conforme afirma Hausen (2005) "o sexual começa a aparecer como uma questão revolucionária e que, portanto, demandava proibição, represamento, controle sob a luz da moralidade" (p.17).

A emancipação feminina e o declínio da autoridade patriarcal geravam medo e angústia. O sofrimento psíquico instaura-se sob outra modalidade, não mais aquela decorrente de um destino predeterminado, oriundo da escolha divina, da crença vigente no século XIX, a saber, do homem feito à imagem e semelhança de Deus. Surge, assim, um sofrimento originado por um duplo chamamento: o conflito entre o desejado e o proibido, o represamento do sexual e a criação de recursos possíveis de satisfação.

Autores da ciência, dentre eles Freud (1908/1969), começam a desvendar os destinos das repressões sexuais hipócritas da era vitoriana, problematizando os efeitos patológicos da repressão sexual. Com o surgimento da Psicanálise, então, emerge uma revolução na forma de percepção da sexualidade. O sofrimento psíquico passa a ser entendido como o interjogo entre o desejo e o proibido, o sintoma como formação de compromisso, vela e desvela o desejo. Nesse sentido, Hausen (2005) assinala ser o proibido aquilo que se relaciona ao prazer pelo gozo do sexual, implicando, assim, os aspectos incestuosos. Segundo a autora "é da repressão imposta à realização direta desse desejo que se efetiva o que passa a ser o sofrimento psíquico. Inaugura-se o conceito de neurose desde uma perspectiva psíquica" (p.18).

O século XXI aponta para algumas transformações na esfera da forma de satisfação do desejo. Assim, os aportes de Melman (2003) configuram um cenário contemporâneo no qual a economia psíquica parece ser regida não mais pelo recalque, mas, sim pela exibição do gozo. Diferente da busca de felicidade, atravessada pelo reconhecimento da castração, o gozo impõe a suspensão do reconhecimento do impossível.

O mal-estar predominante na atualidade, que contribui para o aumento nos casos de toxicomanias, faz referência a um desejo que se tornou insaciável e devorador, um tirano, um castigo (SISSA, 1999). Não barrado no Outro primordial, esse desejo se transforma em dependência. Os entorpecentes fazem com que o sujeito se torne passivo diante de um objeto que o escraviza por ser alvo do desejo que não encontrou alívio ou fonte de descarga no organizador psíquico, que é o significante não. A droga, então, poderia ser pensada como uma representação substitutiva do Outro primordial que condena o sujeito ao lugar de assujeitamento e passividade diante do objeto. Este lugar, para Conte e Hausen (2009), é um representante do mal-estar que se instala e que evidencia subjetividades dotadas de vazios representacionais, empobrecidas de recursos que permitam dar destinos possíveis para a pulsão.

Atribuir o incremento nos casos de toxicomanias ao declínio das figuras/instituições símbolos da autoridade parental na atualidade parece-nos pertinente. O curto-circuito do desejo, que não se articula dentro de um trajeto pulsional regido pelo princípio do prazer, também pode ser proveniente dessa carência. Contudo, o tempo presente nos convoca à complexa tarefa de pensá-lo também a partir dos avanços tecnológicos e das mudanças de perspectivas morais que nos possibilitam analisá-lo de forma mais abrangente.

O século XXI é marcado por uma grande transformação na ordem econômica mundial e atravessado por inúmeros avanços tecnológicos. Esta nova lógica pode ser representada pela expansão dos governos neoliberais e pela permeabilidade das fronteiras entre os diferentes países, o que não exclui o controle e a dominação daqueles que monopolizam os recursos financeiros, científicos e tecnológicos. As consequências desta escassez nas barreiras são citadas por Melman (2003) quando pontua como particularidades dos nossos tempos a exigência da exibição e da transparência, a permissividade e o voyerismo, entre os fatores que contextualizam o modus operandi do sujeito atualmente.

Essa tentativa de descrever a cultura atual é necessária, pois pensamos as questões do inconsciente como vinculadas às proposições sociais. Dessa forma, acreditamos que "O sujeito somente é pensável imerso no histórico-social, entramando práticas, discursos, sexualidade, ideais, desejos, ideologia e proibições" (HORNSTEIN, 2008, p.17). Evidencia-se a importância do contexto cultural na produção das subjetividades. Com isso, queremos ressaltar que a descrição do tempo atual, longe de pretender atribuir-lhe um juízo de valores, almeja propor possíveis conexões e hipóteses entre o uso que se faz das transformações ocorridas até aqui com o padecimento adicto.

Entender a função paterna enquanto uma entidade simbólica, representante da cultura, encarnada em indivíduos que sejam seus vetores, nos interroga sobre a época em que vivemos e que é fortemente marcada pela ausência de representantes desta operação (MELMAN, 2003). Falhas referentes aos modelos identificatórios produzem lapsos na representação que o sujeito tem de si próprio, bem como na capacidade de simbolização.

Evitando o pessimismo, uma sociedade em crise carrega possibilidades de transformações criativas. Da mesma forma, o sujeito do inconsciente, ou seja, o sujeito do desejo pode ser pensado como um intervalo aberto, que "pulsa entre o tempo próprio da pulsão e o tempo urgente da demanda do Outro" (KEHL, 2009, p.112). É por entendermos o inconsciente como um aparelho aberto que consideramos ser através das frestas pelas quais ele se manifesta que temos a chance de produzir mudanças no indivíduo que sofre.

Assim, constata-se que estamos em tempo de sermos criativos, uma vez que os entorpecentes perderam o caráter romântico e malandro de outras épocas, esparramando-se como um mal social que chega a rivalizar com o Estado (TERRON, 2005). Uma transgressão destrutiva que congela a capacidade de criação do sujeito, o objeto droga ocupa o lugar de modelo com o qual o sujeito pode se identificar quando este está vago.

Esta dimensão alienante e destrutiva da droga nos dias de hoje fica clara ao fazermos um paralelo, por exemplo, entre os anos 1960 e os anos 2000. Naquela época, com o surgimento do movimento hippie o uso de narcóticos expandiu-se, sobretudo no festival Woodstock, ocorrido no estado de Nova York, quando manifestações musicais estavam associadas a um movimento de ruptura com uma sociedade moralista e desigual. Militantes de um movimento de contracultura, os hippies se articulavam a serviço da liberação da repressão social e sexual da época. Através do ideal romântico faça amor, não faça a guerra, numa referência à guerra do Vietnã, traduziam sua luta pela liberdade de expressão (HAUSEN, 2005).

No ano seguinte, a célebre frase de John Lennon, o sonho acabou, aponta não apenas para o fim de sua banda, os Beatlles, bem como o fim de uma era repleta de ideais revolucionários. No Brasil, assim como na maior parte da América Latina, os anos 1970 foram marcados pela vigência da ditadura militar, da repressão não só social e sexual como política, apontando para o fim de uma era em que as práticas subversivas pretendiam produzir novas visões de mundo e promover mudanças na vida das pessoas.

O visível aumento do número de usuários de narcóticos, desde os anos 1960 até os anos 2000, aliado a outros fatores sociais, marcam o momento em que há o apogeu do uso de drogas, bem como a criminalização associada a seu consumo. Embora o usuário seja um sujeito que padece e representa uma questão de saúde pública para o Estado, e não de justiça, ao uso crescente está associado o aumento de situações de criminalização, como por exemplo, as questões referentes ao narcotráfico e ao mercado ilegal de armamentos.

Frente a uma sociedade permissiva e negligente com a implementação e o valor de limites e fronteiras, que deixa vazio o lugar no qual a função de corte deveria advir, surgem condições para que, por exemplo, a figura do um traficante passe a ocupar o espaço destinado à função paterna. Quando esse personagem passa a ser o vetor desta função a legislação decorrente é outra, marginal, à parte da lei universal e, sobretudo, tirânica, pois se paga, muitas vezes, com a própria vida. As drogas, então, perderam sua dimensão simbólica, como um marco revolucionário, para assumirem um lugar mortífero e devastador na comunidade, proliferando-se como uma praga e movimentando a economia do crime mundial (BIRMAN, 1999).

O vazio no processo identificatório produz condutas performáticas, "o imperativo categórico de nossa existência social" (BIRMAN, 2009, p.231). A palavra performance remete-nos a questões narcísicas, ao uso do meio social com o objetivo de promoção individual. Para pensar essas questões, Birman (1999) cita alguns exemplos como o fundamentalismo, o capitalismo, as neurociências e a globalização. Estes acontecimentos fazem com que percebamos as discrepâncias sociais, bem como as implicações destes nos ideais atuais - ser famoso, ser poderoso e ser satisfeito com o imediatismo.

A cultura da felicidade performática, estimulada pelas neurociências e pela psicofarmacologia, proporciona a ilusão de um possível bem-estar constante. Os avanços tecnológicos, genéticos e científicos promovem tomadas de decisões anteriormente vetadas ao sujeito humano e atribuídas a forças superiores ou à biologia, como por exemplo, inseminações artificiais, cirurugias plásticas e a escolha do sexo dos bebês. Todos esses fatores conduzem à ilusão narcísica não só de que o homem é senhor de sua casa, como também de que a ele é permitido controlar questões mundanas relacionadas à vida e à morte. "O céu está vazio" afirma Melman (2003, p.36), apontando que vivemos na era da ausência de referências de autoridade, o que não significa que o Outro não mais exista. O fenômeno atual parece ser a ausência de quem ocupe o lugar do Outro, sua função, "(...) quem se responsabilize e se disponha a pagar o preço de não participar da festa" (ibidem).

A velocidade com que as trocas e as comunicações acontecem a partir dos avanços tecnológicos exige-nos uma nova forma de posicionamento no tempo para atendermos às demandas culturais, que também se alteram. Cada vez mais, produzir, ter bens materiais, atender à vida social como ofício e parecer feliz são exigências que fazem com que, no entender de Kehl (2009), a depressão se configure como um movimento de resistência a essa lógica imediata e frenética que descreve a existência humana nos dias de hoje.

A ilusão de que a eterna felicidade pode ser proporcionada pelo "ter", ou seja, pela aquisição através da via material de recursos que viabilizem uma alquimia dos sentimentos nos faz pensar em subjetividades repletas de vazios e falhas referentes ao sentimento-de-si. Acreditamos que a política neoliberal pode ser analisada como um fator de influência nesta realidade. Não apenas a economia globalizada, mas, sobretudo, a ideia de que o sujeito pode ser universal é uma marca do homem contemporâneo, autocentrado em função da manutenção de um ideal de completude. Contudo, esse sujeito sem fronteiras, ao invés de ser mais livre, demonstra um rastro de esterilidade de pensamento.

Os atravessamentos do plano econômico mundial na forma como os indivíduos se subjetivam evidenciam que o projeto capitalista também pode ser visto como um fator de confluência com o projeto adicto (RIBEIRO, 1999). O viciado, manifestamente visto como um vilão em nossa sociedade, de forma latente é o verdadeiro herói: aquele que exerce plenamente a lógica do capitalismo ao consumir desenfreadamente um mesmo objeto até o êxtase. Desta forma, coloca a drogadição como o ideal do projeto capitalista (MELMAN, 1992), o que pode ser evidenciado pelo estudo da Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro (RODRIGUES, 2009) apontando que, na capital do estado, os traficantes lucram R$130 milhões por ano com a venda de drogas.

Evidenciam-se as interferências da esfera intersubjetiva na constituição intrapsíquica dos sujeitos. A primeira é representada pela cultura e pelas trocas realizadas entre os indivíduos. Estas compõem as experiências que dão consistência à constituição psíquica dos sujeitos por formarem o histórico vivencial que marca a identidade do indivíduo. Assim, é importante ressaltarmos os ecos da economia capitalista e das políticas liberais no homem contemporâneo, que busca transparecer uma existência performática, na tentativa ilusória de manutenção da completude.

A possibilidade de ter acesso irrestrito a bens materiais ou de realizar os desejos até então recalcados em nome do processo civilizatório são expressões sociais do ideal de plenitude corrente. A lógica do mercado capitalista, neste contexto, parece ganhar espaço, uma vez que ela rege também o mercado do tráfico de drogas.

Constata-se que a disseminação do consumo tem, dentre outros fatores, uma explicação econômica que parece ser reflexo dos ideais atuais descritos até aqui. A pesquisa das Nações Unidas divulga que a maconha, comprada no atacado por U$$150/kg, chega a render U$ 300 após a venda pelos traficantes, em média. O mesmo ocorre com o crack, cujo lucro triplica, e com a cocaína, cuja "distribuição" significa o quádruplo do preço de atacado (MELO, 2010). A economia do mercado informal de compra/venda de entorpecentes, mercado das riquezas materiais, revela a falência da condição humana. É o sujeito quem perde ao acreditar na possibilidade do prazer permanente mediante a aquisição de objetos, como por exemplo, de uma poção mágica que tem o poder de transformar seu humor mediante o pagamento de uma taxa.

Os efeitos de um ideal econômico/político na subjetivação dos indivíduos contemporâneos denunciam um sujeito sem fronteiras, ou seja, que já não é mais o sujeito do recalcamento. As fronteiras demarcam as diferenças, pois nelas residem os fiscais, atentos para inspecionar o que pode passar de um espaço a outro e o que deve ser retido. Logo, a fronteira demonstra uma proibição, uma lei, uma diferença, dá corpo à alteridade (FREUD, 1900/1969).

A proibição insere o princípio de realidade no psiquismo como um limite ao prazer permanente, demarca barreiras. A postergação do prazer é uma forma de preservação da existência humana, já ressaltava Freud em 1911, e é a introdução do princípio de realidade que vai fundando a capacidade de pensamento e simbolização. Contudo Mellman (2003) acredita que vivemos uma era de busca incessante por identificações faltantes que fazem com que os ideais percam espaço frente aos objetos e o simbólico se esvazie em relação ao real do corpo. Daí a importância de repensarmos o processo de constituição psíquica a partir deste novo contexto.

O CÉU ESTÁ VAZIO: A DROGA COMO OBJETO IDENTIFICATÓRIO

Por que alguém se torna um drogado? Pergunta-se William Bourroughs (2005) em seu livro Junkie:

"A resposta é que habitualmente ninguém tem a intenção de se tornar um drogado. Não se acorda certa manhã decidindo ser um drogado. (...) Você se torna um viciado em drogas por não ter fortes motivações em qualquer outro sentido. A droga vence por não ter adversário. Eu experimentei por curiosidade. Dava uns picos quando conseguia. Acabei dependente. A maioria dos viciados com quem conversei relata uma experiência semelhante." (p.54)

O sujeito da drogadição é aquele que sucumbe diante da lógica fálica, que não encontra outras motivações na vida e entrega seu eu à morte no percurso de uma alquimia anestésica e mortífera. A droga vence quando há uma ausência de ideais e de projetos nos quais a libido possa ser investida. Assim, o tema dos ideais e dos processos identificatórios constitutivos do eu ganham evidência. Freud (1914/1969) propõe que a passagem do estado de autoerotismo para o narcisismo, a saber, para a constituição do eu, exige uma nova ação psíquica.

É o desejo materno que, nesse momento inicial, se encontra projetado no bebê, fazendo com que este passe a ocupar o lugar de eu ideal. Para Marucco (1999), essa ação específica exercida pela mãe, ao nomear seu bebê com o seu desejo inconsciente, outorgando-lhe a existência, chama-se identificação primária passiva.

Em O Ego e o Id, a identificação primária é descrita por Freud (1923/1969) como direta e imediata e com efeitos duradouros, uma vez que é nessa experiência que estaria a origem do ideal-do-eu, projeto que o eu cria para si e passa a vida tentando alcançar. No entanto, numa fase inicial, o bebê vivencia um estado de completude, no qual ele e o objeto primordial vivem uma relação de espelhamento (LACAN, 1949/1998), representantes de uma unidade não fracionada. O infans surge aqui como um representante do desejo da mãe, seu falo, ou seja, parte de uma totalidade que garante sua existência na correspondência do desejo materno, que espelha seu ser. Neste tempo a mãe é para a criança um Outro absoluto e onipotente.

O segundo momento pode ser pensado como aquele em que entre a mãe e o bebê passa a abrir-se um intervalo em que o terceiro poderá ingressar, fracionando esta unidade. Para isso, este terceiro deverá ingressar no discurso materno, enquanto um representante simbólico. A mãe precisa reconhecer-se castrada, conseguir retirar-se do lugar de Outro absoluto e deixar transparecer a falta, que levará essa unidade adiante no trajeto rumo à triangulação (LACAN, 1958/1998).

O pai ingressa nesta dinâmica enquanto presença real causando a inversão da questão infantil que até então se apresentava como: 'sou o falo?' O exercício da função paterna propõe uma nova questão: 'tenho o falo?' , pois proporciona o ingresso na lógica fálica da competitividade e da potência. É a função paterna que situa o sujeito enquanto desejante, por inserí-lo na castração simbólica, operando um corte na unidade inicial e permitindo que este venha a desejar o futuro, construir um ideal-de-eu na medida em que constata a falta (idem).

A entrada de um terceiro nessa relação depende da permissão materna. Para Poli e Becker (2004), a função paterna protege a criança de ser absorvida maciçamente pela demanda da mãe. É por meio desse terceiro que a pulsão poderá representar-se e figurar-se pela via da troca em sua meta, somente assim encontrará uma meta possível. Caso o terceiro elemento não se presentifique e a função paterna não possa efetivar-se barrando a relação alienante da mãe com o sujeito, o trajeto pulsional entra em curto-circuito, e a descarga possível se dá através de um atalho que não tange os processos de identificação e seu trajeto até a escolha objetal.

Na adolescência, período de reedição de toda conflitiva edípica, evidencia-se a necessidade de firmar novas possibilidades identificatórias para poder separar-se das lógicas primárias descritas até aqui. O terceiro, aqui representado pela função paterna, também pode ser entendido enquanto um representante da cultura, algo exterior a essa ligação inicial da mãe com o seu bebê. Nesse sentido, a escola, os amigos e as atividades do adolescente passam a ser novas metas pulsionais, novos objetos/espaços em que ele investirá sua energia.

É nessa passagem adolescente que o conflito entre autonomia e alienção se manifesta, ao mesmo tempo em que é só nela que poderá dissolver-se. O paradoxo aqui expresso mostra-nos que a crise, por mais que evidencie angústias, é a chance de esse sujeito se ressituar em sua relação com o Outro e criar uma nova lógica identificatória. Esta deve permir-lhe o movimento de separação dos objetos parentais e a assunção de uma identidade desejante, através do encontro com novos objetos com que possa identificar-se.

Sabe-se, através do legado da Psicanálise, que o percurso identificatório faz com que, em parte, o sujeito abandone os objetos originários, contudo, suas novas escolhas seriam, em alguma medida, reedições dos clichês estereotípicos iniciais, agora atrelados a novas representações (FREUD, 1912/1969). Dessa forma, também as novas possibilidades identificantes do adolescente, assim como a chance de ele se separar dessa lógica primária, são uma decorrência da entrada de um terceiro em sua relação originária com o outro materno, uma reedição ou a chance transformação.

Para ilustrar o que expomos teoricamente até aqui, recorreremos a um exercício clínico. Trata-se de um sujeito de 20 anos, dependente de drogas, que se considera anarquista e que tem como ideal-de-eu ser como Kurt Cobain,fazer sucesso e morrer jovem por abuso de substâncias tóxicas. Entre o início do uso da droga e a busca por tratamento, transcorreu um curto espaço de tempo. Contudo, esse período foi suficiente para que se desligasse da escola, do trabalho e de qualquer atividade social que não contemplasse o uso da droga. Qualquer projeto de vida encontrava-se bloqueado, a possibilidade de vida estava atrelada à ideia de morte. Assim como nesse caso, visualiza-se inúmeras situações de dependência de drogas em que esse lugar de servidão tanática diante do objeto primordial e de seu desejo segue reeditado, tendo agora como senhor o objeto droga.

Podemos pensar aqui em falhas na construção do ideal-do-ego, uma vez que no psiquismo do sujeito há um vazio ocupando o lugar do qual poderia advir o desejo do outro. O ideal-do-ego é, conforme Hornstein (2008), uma subestrutura do superego que se relaciona ao ser e ao ter projetados no futuro. A passagem do eu-ideal ao ideal-do-eu, descrita por Freud (1914) implica além do reconhecimento do outro (eu e não-eu) a sua superestima. Essa diferença entre o que o sujeito não é e o que considera necessário tornar-se para que o outro superestimado o reconheça é o ideal-do-eu. Instância constituída pelo discurso alienante oferecido pela mãe, discurso que oferece referenciais identificatórios que, logo em seguida, serão internalizados pela criança e gerarão seus enunciados identificatórios. Na adolescência, esses enunciados serão postos à prova pela sociedade e poderão encontrar novas conexões, na tentativa de se representarem e satisfazerem as exigências do outro estimado e as próprias do sujeito, consolidando as possíveis vias do prazer.

Para que esse caminho seja traçado, é necessário que, num período posterior ao de servidão, o infans, a partir da entrada do terceiro, possa ressituar-se nessa dialética do desejo, posicionando-se enquanto sujeito faltante, mas que possui um caminho a seguir: se não posso ser ele e nem ter o que ele tem, devo seguir meu caminho, identificar-me com ele para poder vir a conquistar o que desejo. É o imperativo categórico kantiano.

Essa passagem de sujeito assujeitado a sujeito desejante é alicerçada no projeto identificatório. Na adolescência, como dissemos, a dimensão da cultura insere-se de forma mais intensa, sendo que, neste momento, existe a possibilidade de o sujeito identificar-se com objetos outros além dos endogâmicos, na tentativa de dar sentido ao seu desejo. Contudo, aqui se apresentam as questões do social e suas interferências nas questões do desejo.

Na ausência de alguém que exerça a função paterna, cabe a questão: quem ocupa o lugar vazio no processo identificatório? Há hoje, entre os jovens, um mórbido paradoxo. Identificam-se tanto com os bandidos quanto com a polícia, a partir da ideia de que a diferenciação entre estas duas marcas identitárias está tão borrada a ponto de as diferenças se esvanescerem (PACHECO FILHO, 2010).

Essa busca desenfreada por objetos identificatórios que ocupem espaços vazios faz com que não nos surpreendamos quando a droga é utilizada como uma tentativa de inscrição identitária. Nesta direção, Pacheco Filho (2010) assinala que "Criam-se grupos ou comunidades de indivíduos, ligados por elos de identificação que são constituídos a partir do consumo ou tráfico de drogas". Diante do vazio identificatório surgiria uma derradeira tentativa de existência psíquica através do pertencimento a um grupo que venha a representar um ideal que defina o sujeito, como por exemplo, sou um drogado.

A partir dessa perspectiva, torna-se importante refletir sobre as questões que subjazem à adição. Embora o sujeito da adição seja aquele que atinge o apogeu da lógica capitalista, do lucro e do consumo, também é aquele que anuncia a escassez de sua economia psíquica. Na pobreza de instrumentos próprios adere a um "recurso" que, ao mesmo tempo em que pode remediar seu sofrimento o envenena até a morte. Este sofrimento é a denúncia de uma totalidade não fracionável, ou seja, de uma unidade entre o sujeito e o objeto que não é passível de ser repartida. A adesividade da relação original com o objeto primordial é reeditada numa unidade do sujeito com o objeto droga. Embora tenhamos convicção de que o consumo de drogas não está atrelado a questões de classes sociais e nem seja um fenômeno restrito às classes mais pobres, acreditamos ser importante considerar que, dentro dos padrões da cultura brasileira, descritos até aqui, os entorpecentes podem ser a busca por insígnias fálicas ausentes e, paradoxalmente, uma busca de salvação, um projeto de vida na morte.

Recebido em 16/9/2010.

Aprovado em 14/2/2011.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Jul 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 2013

Histórico

  • Recebido
    16 Set 2010
  • Aceito
    14 Fev 2011
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