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A endocrinologia pediátrica e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

editorial

A Endocrinologia Pediátrica e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

Luiz de Lacerda Filho1

Margaret C.S. Boguszewski2

1Chefe do Departamento de Pediatria

e da Unidade de Endocrinologia

Pediátrica da Universidade

Federal do Paraná (UFPR) e

Ex-Presidente do Departamento de

Endocrinologia Pediátrica da SBEM

2Professora Adjunta do Departamento

de Pediatria da UFPR e

Doutora em Endocrinologia

Pediátrica pela Universidade de

Gotemburgo, Suécia.

EM MEIO SÉCULO DE EXISTÊNCIA A SBEM tornou-se uma das maiores Sociedades de Endocrinologia, suplantando a maioria das congêneres em todos os continentes. Seu crescimento deveu-se a vários fatores, entre os quais sobressaem o trabalho das várias Diretorias Nacionais e Regionais que dirigiram a sociedade ao longo dos cinqüenta anos de sua existência, a participação ativa da quase totalidade dos sócios nos conclaves nacionais e regionais de endocrinologia organizados sob sua égide, e a existência de um órgão de divulgação científica, os ABE&M, cuja qualidade científica e editorial aumentou consideravelmente nos anos recentes.

Junto com a expansão da SBEM, algumas sub-especialidades cresceram, adquiriram contornos mais nítidos e começaram a aglutinar um número cada vez maior de endocrinologistas e outros profissionais com maior interesse em ampliar seus conhecimentos e aprofundar suas pesquisas naquelas sub-especialidades. O sucesso e a qualidade dos Encontros de Tireóide e dos Simpósios Internacionais de Neuroendocrinologia fizeram com que as últimas Diretorias Nacionais da SBEM, entendendo o novo processo de crescimento da endocrinologia brasileira, criassem os Departamentos de sub-especialidades a fim de evitar sua fragmentação e, por conseqüência, o aparecimento de pequenas sociedades, quase como um contra-senso à essência da endocrinologia, que é seu caráter abrangente e integrador.

A criação dos Departamentos de Tireóide e de Neuroendocrinologia foi um processo de formalização do que já existia. Os demais Departamentos, de Endocrinologia Básica, de Adrenal, de Endocrinologia Pediátrica e de Endocrinologia Feminina serviram não só para manter a integridade da SBEM como, ao mesmo tempo, criar novos nichos de interação de vários grupos de pesquisa ou de endocrinologistas que procuram expandir seus conhecimentos e melhorar a qualidade de sua prática clínica. A criação, recentemente, da Federação Brasileira de Sociedades de Endocrinologia e Metabologia (FEBRASEM), tendo como denominador comum os ABE&M, mostra a força da SBEM e seu caráter de "ancestralidade" sobre as sociedades de sub-especialidades saídas de seu seio.

Nas últimas décadas a endocrinologia pediátrica tem sido uma área altamente atraente para clínicos e cientistas (não obrigatoriamente médicos) de outras especialidades. Embora fortemente ligada à pediatria, ela apresenta uma extensa interface com outras disciplinas, o que tem propiciado sua expansão e sub-especialização. A SBEM, a Associação Médica Brasileira, o Conselho Federal de Medicina e a Sociedade Brasileira de Pediatria, a partir deste ano, passarão a reconhecer o título de Área de Atuação em Endocrinologia Pediátrica, mediante prova de proficiência e outros pré-requisitos da formação profissional. Isto vem materializar a aspiração de um grupo substancial e crescente de endocrinologistas clínicos que têm se dedicado exclusiva ou preferencialmente à endocrinologia pediátrica.

É inegável a expansão da endocrinologia pediátrica em nosso país e a existência de grupos de pesquisadores e clínicos voltados à sua prática, ensino e pesquisa. Além do mais, a oferta de programas de pós-graduação em endocrinologia pediátrica, especialmente a nível acadêmico, vem aumentando nos últimos anos. Aos serviços pioneiros implantados na Universidade Federal do Paraná pelo Professor Romolo Sandrini, e no Instituto da Criança na Universidade de São Paulo, pela Professora Nuvarte Setian, na década de setenta, juntaram-se outros como os da Santa Casa de São Paulo, da UNICAMP, da UNIFESP, da UFRJ, da UFMG, da UFSC, entre outros.

O presente número dos ABE&M reúne uma coletânea de temas de endocrinologia pediátrica. Para sua confecção foram convidados vários grupos envolvidos em pesquisa clínica ou básica, as quais interessam o endocrinologista de um modo geral e o endocrinologista pediátrico em particular. O que caracteriza cada grupo de autores é o conjunto de sua produção científica de excelente qualidade, publicada nos ABE&M ou em revistas internacionais, e que atesta o crescimento da SBEM no contexto da endocrinologia mundial.

O sucesso do presente número dos ABE&M propiciará a outros grupos de endocrinologistas trabalhando ativamente na área (clínica ou básica) de endocrinologia pediátrica a usar com mais freqüência os ABE&M para veicular suas experiências e mostrar o status quo da endocrinologia pediátrica no Brasil.

O empenho do Editor-Chefe dos ABE&M, Dr. Cláudio Kater, cuja política editorial tem prestigiado os vários Departamentos da SBEM, e a aquiescência dos colegas que na prática, no ensino e na pesquisa têm se destacado por sua produção na área de endocrinologia pediátrica e participam desta publicação, foram fundamentais para que pudéssemos brindar os colegas endocrinologistas e de outras especialidades com os artigos aqui inseridos.

O Departamento de Endocrinologia Pediátrica da SBEM é ainda muito novo. A dedicação do Dr. Walter Bloise, seu primeiro presidente, auxiliado por seus colegas Berenice Mendonça, Ivo Arnhold e Ana Cláudia Latrônico, foi crucial para que após sua criação se tornasse irreversível. Com esta publicação, e agora sob a presidência do Dr. Carlos Alberto Longui, de verá continuar atuante e produtivo. Assim vamos contribuindo pelo engrandecimento da SBEM e fazendo a história da endocrinologia no Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Jul 2001
  • Data do Fascículo
    Fev 2001
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