Introdução:
O fígado é um dos órgãos mais afetados nos traumas abdominais. Atualmente, o tratamento de escolha na maioria dos casos é o não operatório; porém, a intervenção cirúrgica pode ser necessária nos traumas abdominais severos com lesão hepática grave, principalmente naqueles que provocam hemorragias de difícil controle. Apesar das abordagens de controle de danos visando a estabilidade hemodinâmica, muitos pacientes evoluem para choque hipovolêmico, insuficiência hepática aguda, falência múltipla de órgãos e óbito. Nesse contexto, o transplante hepático surge como última opção de tratamento.
Objetivo:
Analisar a utilização do transplante hepático como modalidade terapêutica em traumas hepáticos graves.
Método:
Foram revisados 14 artigos obtidos nas bases de dados Pubmed, Medline e Lilacs entre 2008-2014, sendo selecionados 10 para o presente estudo.
Resultados:
Foram identificados 46 relatos de casos de pacientes submetidos à transplante de fígado após trauma hepático; o principal mecanismo de trauma foi o fechado/contuso com 83%, e traumas graves (>grau IV) em 81%. O transplante pôde ser realizado em uma etapa (paciente com órgão lesado removido e imediatamente recebia o enxerto), utilizado em 72% dos casos. Nos procedimentos em duas etapas realizava-se shunt temporário portocava até que um órgão fosse disponibilizado. Na análise de dois períodos distintos - 1980 a 2000 e 2000 a 2014 -, taxa de sobrevida aumentou significativamente, passando de 48% para 76% e a mortalidade caiu de 52% para 24%.
Conclusão:
O transplante hepático apesar de ter indicações bastante restritas no cenário do trauma hepático, representa modalidade terapêutica nos dias de hoje viável e factível, podendo ser empregada em casos onde o tratamento cirúrgico, assim como outras modalidades terapêuticas, não ofereçam ao paciente chances de sobrevida a curto e longo prazo.
Transplante hepático; Trauma hepático; Cirurgia