Abordagens da psicanálise no atendimento ao idoso: uma revisão integrativa

Santos, Álvaro da Silva; Albino, Araceli; Santos, Vitória de Ávila; Granero, Gabriela Souza; Barros, Maria Teresa Mendonça de; Farinelli, Marta Regina

doi:10.1590/1981-22562018021.180149

Resumo

Objetivo

: mapear as publicações e suas especificidades acerca da clínica psicanalítica com idosos.

Método

: revisão integrativa que considerou o período de 2008 a 2017, nas bases de dados: Index-Psicologia, LILACS, MedLine, PubMED, SciELO e, RedALyC, independente da língua. Utilizaram-se os termos: Aged (Idoso), Elderly (Envelhecimento) e Psychoanalysis (Psicanálise). A questão norteadora foi: qual a produção científica acerca do idoso e a clínica psicanalítica?

Resultados:

na seleção 33 artigos foram considerados. Isto feito, cinco categorias foram construídas: “Clínica de idosos com abordagem psicanalítica” (15), “Abordagens psicanalíticas da velhice” (9), “Intervenções psicanalíticas em instituições de longa permanência para idosos’’ (6), “Representação da velhice para profissionais de saúde à luz da psicanálise” (2) e, “Geracionalidade e psiquismo” (1)”. Há uma incipiente preocupação da psicanálise com o idoso, que precede a questões epistemológicas, de modo que a prática clínica aparece com maior produção; por sua vez, há carência de pesquisas, pois a maioria dos artigos era de reflexão.

Conclusão:

os estudos publicados apontam a possibilidade da psicanálise com o idoso, uma vez que, o inconsciente não envelhece e o sintoma o atualiza. Critica-se a timidez da psicanálise em contraste ao aumento de idosos. E, enfatiza-se que as perdas, os efeitos no corpo e a redução de laços sociais pedem ajustes na clínica; como a inclusão de atividades em grupo e, atuação para além do setting analítico, notadamente hospitais, domicílios e instituições de longa permanência.

Palavras Chaves:
Idoso; Psicanálise; Saúde do Idoso; Velhice

[1] Correspondência
Álvaro da Silva Santos alvaroenf@hotmail.com

Título	Proposta do Estudo	Sinopse
O cuidado de idosos como um campo intersubjetivo: reflexões éticas⁸8 Cherix K, Coelho Júnior NE. O cuidado de idosos como um campo intersubjetivo: reflexões éticas. Interface. 2017;21(62):579-88..	Reflexão sobre o cuidado de idosos com base na intersubjetividade.	Mostra quatro tipos de intersubjetividades: transobjetiva (diferença do Eu e do Outro), traumática (o outro numa relação constitutiva e traumática), interpessoal (relação simétrica/ horizontal do Eu e do Outro) e, intrapsíquica (baseada na teoria psicanalítica - relação do Eu e seus objetos psíquicos introjetados). A ética do cuidar é apontada no sentido que o idoso deve assumir o máximo que puder do seu autocuidado.
Considerações sobre a clínica psicanalítica do envelhecimento no SUS: o CRI-Norte⁹9 Genaro Junior F. Considerações sobre a clínica psicanalítica do envelhecimento no SUS: o CRI-Norte. Mais 60. 2016;27(66):20-45..	Relato de experiência sobre coordenação de uma clínica psicanalítica winnicottiana no SUS.	Uso do psicodiagnóstico e psicoterapia individual e grupal breves e grupos terapêuticos temáticos. Aponta-se a dependência própria do humano. A valorização do sentir-se no ciclo de vida real, e estar vivo (em Winnicotti), que está além do determinismo das doenças.
Estética e poética da velhice em narrativas autobiográficas: um estudo a luz da psicanálise⁵5 Lima PMR, Viana TC, Lima SC. Estética e poética da velhice em narrativas autobiográficas: um estudo a luz da psicanálise. Estud Pesqui Psicol. 2015;15(1):58-78..	Reflexão acerca da escrita autobiográfica como técnica.	Defende a autobiografia como técnica propondo sublimação, dessexualização e, o uso das palavras escritas dando vazão às pulsões no idoso. Apresenta o uso de oficinas grupais das quais idosos rememoram fatos para ressignificação da identidade e, o refazer do lugar social e relações.
Direção do tratamento na clínica com idosos¹⁰10 Mucida A. Direção do tratamento na clínica com idosos. Rev Bras Ciênc Envelhec Hum. 2015;12(3):245-55..	Reflexão da clínica psicanalítica com idosos, no olhar do sintoma.	A análise se faz ao sujeito do inconsciente que não envelhece e não ao corpo envelhecido e, com isso, o sintoma atualiza marcas inscritas. Não há sintomas de velhos e sim sintomas antigos que são marcas primárias. Vários idosos têm muitos sintomas corporais como formas de gozo, de tecer laço com o “outro”.
Psicanálise e velhice: considerações clínicas¹¹11 Silva JM, Moreira JO. Psicanálise e velhice: considerações clínicas. Ciênc Téc Vitiv. 2015;30(2):238-56..	Estudo de caso com idosa em síndrome do pânico e “cirurgia delicada”.	Após cirurgia a idosa tem solicitação médica de cuidados, pois agora tem “órgão artificial”. Este “significante” remeteu-a a questões existenciais. O trabalho analítico permitiu a ressignificação e a busca de atividades para dar sentido a sua vida.
Older Adults and psychoanalytic treatment: it’s about time¹²12 Plotkin DA. Older adults and psychoanalytic treatment: it's about time. Psychodyn Psychiatr. 2014;42(1):23-50..	Estudo de caso com idosa, internada numa Clínica de Psiquiatria Geriátrica.	Sessões de análise, três vezes por semana durante 18 meses no hospital e, depois mais três anos após alta. Observou-se transferência sentindo-se a paciente motivada a mudança, tolerância a frustrações e, busca de novos sentidos na vida.
Winnicotti e o desafio do atendimento a pacientes idosos em estado confusional¹³13 Fontoni MR, Oliveira WL, Kaneta CN. Winnicotti e o desafio do atendimento a pacientes idosos em estado confusional. Psicol Saúde Doenças. 2014;15(3):816-27..	Pesquisa qualitativa com categorização realizada com quatro idosas em estado confusional, num hospital ortopédico.	Elucidaram-se duas categorias: “caracterização do quadro clínico” e, “atuações do Psicoterapeuta”. Na primeira as pacientes estavam com distúrbios na atenção e consciência, baixa na memória e confusão. Na segunda categoria, as condições das pacientes impediram análise tradicional usando-se o holding, na perspectiva de acolhimento e suporte. Similar ao atendimento a psicóticos, escuta, acolhimento, orientação a familiares e equipe surtiram efeito.
Special problems for the elderly psychoanalyst in the psychoanalytic process¹⁴14 Chessick RD. Special problems for the elderly psychoanalyst in the psychoanalytic process. J Am Psychoanal Assoc. 2013;61(1):67-93..	Reflexão sobre condições diferenciadas do analista idoso no processo terapêutico.	A condição do analista idoso como contexto exige consciência da sua existência e, monitoramento contínuo da transferência e contratransferência evitando conivência silenciosa, perigosa e inconsciente com seus pacientes.
Psicanálise e velhice: o idoso é obsoleto?¹⁵15 Castilho G. Psicanálise e velhice: o idoso é obsoleto? Trivium. 2012;4(2):48-58..	Reflexão psicanalítica acerca do idoso num ambulatório universitário.	O paciente dá autenticidade de sua doença no gozo que esta pode oferecer, e o médico dá a este, antidepressivo que ao invés de “elaborar o seu contexto” fica entorpecido. Na perspectiva analítica, dor, quedas recorrentes, esquecimento devem ser vistos no idoso na dimensão subjetiva.
Pour une approche intégrative de la maladie d’Alzheimer: pertinence et limites¹⁶16 Pierron-Robinet G. Pour une approche intégrative de la maladie d'Alzheimer: pertinence et limites. Geriatr Psychol Neuropsychiatr Vieil. 2012;10(1):73-81..	Reflexão da necessidade de atuar-se no Alzheimer, além das questões neurológicas.	Traz-se o conceito de traço de memória pertencentes às teorias psicanalíticas e neuropsicológicas. O esquecimento na doença de Alzheimer pode ser um mecanismo de defesa que está enraizado num “desejo de esquecimento", associado com perda traumática, levando ao suicídio real psíquico.
O envelhecimento à luz da psicanálise⁴4 Altman M. O envelhecimento à luz da psicanálise. J Psicanál. 2011;44(80):193-206..	Reflexão sobre perdas vividas pelo idoso.	Defende como mais importante, a idade da neurose do que a idade cronológica, necessitando-se elaborar perdas, luto e, reinventar-se a vida.
The aging of Anna Freud's diagnostic profile: a re-examination and re-application of the psychoanalytic assessment for older adults¹⁷17 Chase C. The aging of Anna Freud's diagnostic profile: a re-examination and re-application of the psychoanalytic assessment for older adults. Psychoanal Study Child. 2011;65:245-74..	Estudo de caso da aplicabilidade do perfil diagnóstico de Anna Freud em idosos.	Estudo de caso de uma mulher de 70 anos, com o uso da técnica de perfil diagnóstico de Ana Freud para maior clareza, no diagnóstico ou na compreensão intrapsíquica.
A oficina de cartas, fotografias e lembranças como intervenção psicoterapêutica grupal com idosos¹⁸18 Gil CA, Tardivo LSPC. A oficina de cartas, fotografias e lembranças como intervenção psicoterapêutica grupal com idosos. Mudanças. 2011;19(1-2):19-30..	Pesquisa psicanalítica winnicottiana, desenvolvida num grupo de 3ª idade com seis idosos.	Usou-se a materialidade mediadora. Os pacientes foram convidados a trazerem cartas, fotografias, ou outros objetos referentes a lembranças. Foram 16 encontros semanais com uma hora e meia cada. Tais objetos eram colocados num quadro de imã e o grupo ao redor falava sobre o que estes suscitavam, depois estes eram fotografados e registrados para uma nova lembrança. A sociabilização dos significados dos objetos permitiu trocas afetivas e projeção de futuro.
Observações clínicas sobre o valor das reminiscências no processo de envelhecimento¹⁹19 Santos SS, Carlos AS. Observações clínicas sobre o valor das reminiscências no processo de envelhecimento. Barbarói. 2011;35:128-40..	Estudo de caso com mulher de 89 anos, sobre reminiscências históricas que rompeu a barreira do recalcamento.	Os filhos (50 anos ou mais) interpelam a idosa para que esta revele histórias amorosas do passado, que implicaram em culpas, por valores religiosos. Ela tem um “apagão” e, crise de raiva e choro. No passado, o marido morreu e ela ficou com cinco filhos pequenos, tendo momentos de depressão e tentativas de suicídio. A análise demorou em torno de dois meses com duas sessões semanais, e emergiram conflitos pelos temas proibidos, que foram cedendo a uma reconciliação consigo mesma, mostrando que não há tempo no retorno do recalcado.
Diagnóstico psicoanalítico²⁰20 Bodni O. Diagnóstico psicoanalítico. Subj Procesos Cogn. 2010;14(2):1-14..	Estudo de caso com diagnóstico psicanalítico Algoritmo David Libermam (ADL).	O caso apresentado é de um escritor idoso, acerca de fragmentos da entrevista de um sonho e de uma obra literária, com estancamento pulsional e vários sintomas físicos (respiratórios). Num poema é demonstrado erotismo fálico genital e fixação a libido intra-somática. No sonho há componente intra-somático menor e dramático maior. A entrevista, foca na questão econômica, na vontade de viver e respirar o ar num rancho. O ADL é defendido como instrumento que ordena palavras, frases, retórica, narrativas, entonações e, ordenação semiológica do discurso.

Título	Proposta do Estudo	Sinopse
O Silenciamento da velhice: apagamento social e processos de subjetivação²¹21 Rosa MC. Vilhena J. O Silenciamento da velhice: apagamento social e processos de subjetivação. Rev Subj. 2016;16(2):9-19..	Reflexão sobre subjetividades do corpo envelhecido e imaginário social.	Preconceito como atitudes do cotidiano: exclusão social, apagamento subjetivo, desinteresse pela história de vida e medo do contato com a velhice pela vinculação à morte. Termos como “melhor idade” mascararam a dificuldade de aceitação deste ciclo. A passagem do “ideal do eu” regula o sujeito com marcas das insígnias do “outro”, na esperança de reconhecimento.
Terceira idade, subjetivação e biopolítica²²22 Birman J. Terceira idade, subjetivação e biopolítica. História Ciênc Saúde. 2015;22(4):1267-82..	Reflexão do conceito de terceira idade como significante, na leitura do biopoder e biopolítica.	O significante “terceira idade’’ traz novas modalidades de subjetivação no campo da velhice - como, o “fim da vida” para o “novo tempo da vida”. Na figura do biopoder e da biopolítica e controle dos processos vitais, tem-se a medicalização do espaço social, a prevenção de agravos e a promoção da saúde.
Corpo e envelhecimento: uma perspectiva psicanalítica²³23 Cherix K. Corpo e envelhecimento: uma perspectiva psicanalítica. Rev SBPH. 2015;18(1):39-51..	Reflexão sobre corpo, envelhecimento e psicanálise.	Cria-se uma imagem corporal inconsciente, com identidade, apesar das mudanças corporais no tempo. É a fase do “espelho negativo”. Há perdas na subjetivação, diminuição do fluxo libidinal, busca de saídas (doenças, terapêuticas, consumo medicamentoso); modos de recriação de vínculos e contatos com o “outro”.
A sombra de um corpo que se anuncia: corpo, imagem e envelhecimento²⁴24 Vilhena J, Novaes JV, Rosa CM. A sombra de um corpo, imagem e envelhecimento. Rev Latinoam Psicopatol Fundam. 2014;17(2):251-64..	Reflexão sobre velhice e, impactos no sujeito num olhar psicanalítico.	Há desencontro entre o inconsciente atemporal e o corpo, âmbito da temporalidade. A redução ou perda de libido faz com que o idoso busque certo narcisismo, focalizando memórias, fantasias e dores.
Sintomas de velhos?²⁵25 Mucida A, Pinto JM. Sintomas de velhos? Cad Psicanal (CPRJ). 2014;36(30):45-60..	Reflexão acerca de sintomas em idosos.	O sintoma na psicanálise contrasta com o olhar biologicista e cultural do envelhecer. O sintoma pode ser antigo, mas não específico de idosos. A psicanálise não opera com patologias e sim com os sintomas subjetivados, na qual os sujeitos estão implicados. Não há “sintomas de velhos” e, no real e simbólico, o sintoma também pode ser “gozo”.
“Velhice? Acho ótima, considerando a alternativa”: reflexões sobre velhice e humor²⁶26 Lima PMR, Viana TC, Lazzarini ER. "Velhice? Acho ótima, considerando a alternativa": reflexões sobre velhice e humor. Rev Mal-estar e Subj. 2011;11(4):1597-618..	Reflexão articulando humor e velhice, a partir da psicanálise.	A velhice é vista e vivida de forma negativa e há busca incessante pela felicidade e negação do sofrimento e morte. Apresentam-se exemplos da vida de Freud com o uso de humor para o alívio de sofrimentos e tolerância às ambiguidades da vida.
A Velhice e a morte: reflexões sobre o processo de luto²⁷27 Concentino JMB, Viana TC. A Velhice e a morte: reflexões sobre o processo de luto. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2011;14(3):591-600..	Reflexão sobre morte e envelhecimento à luz da psicanálise.	Morte de amigos e companheiros, perda de trabalho, relações familiares e sociais remetem a perdas reais e simbólicas. A morte não é aceita como natural e, ideias e crenças religiosas nascem da necessidade que se tem de tornar o desamparo suportável. Na supressão do objeto amado, a libido precisa ser direcionada, algo doloroso e lento.
Vieillir en terre étrangère: une nouvelle épreuve de l’exil²⁸28 Sittou R. Vieillir en terre étrangère: une nouvelle épreuve de l'exil. Psychol NeuroPsychiatr Vieil. 2008;6(1):23-31..	Reflexão sobre envelhecimento em ILPI* e situação migratória.	Estar velho e fora do contexto cultural, pode gerar sofrimentos da ordem social e psíquica. Idosos estrangeiros em ILPI tem sofrimento psíquico pela proximidade da morte e, por não enxergar chances de reformulação da vida. Espaços de escuta vendo a singularidade como investimento consciente ou inconsciente na cultura, são necessários, considerando os recursos simbólicos.
Encontros e solidões do nosso tempo²⁹29 Corbella S. Encontros e solidões do nosso tempo. Rev Bras Psicanal. 2008;42(3):149-67..	Reflexão na relação da Psicanálise com a Filosofia do contemporâneo, destacando: adolescência, idoso e amor.	Adolescência, envelhecimento e amor são colocados como momentos de transição, difíceis de serem vividos. Com o trabalho analítico, é possível assumir a “responsabilidade” pelo próprio destino, que permite a emancipação do passado vivido, abrindo o futuro através da liberdade humana, que é limitada.

Título	Proposta do Estudo	Sinopse
Amor demais: o cuidado institucional à velhice³⁰30 Barbieri NA, Sarti C. Amor demais: o cuidado institucional à velhice. Vibrant 2015;13(1):71-88..	Estudo de caso etnográfico, com base psicanalítica realizada numa ILPI* sobre representações da velhice.	Amor, carinho e atenção, foram entendidos pelos profissionais como requisitos para o bom exercício da tarefa, concebidos como doação (dom) e independendo do saber técnico. A ideia do dom como ação desinteressada evidencia o cuidado numa relação de “caridade” e poder.
L'apport de la psychanalyse aux soins en institution gériatrique³¹31 Charazac PM. L'apport de la psychanalyse aux soins en institution gériatrique. Geriatr Psychol Neuropsychiatr. 2014;12(2):193-8..	Reflexão sobre contribuições da psicanálise aos sujeitos cuidadores.	Há transferência e contratransferência do profissional em relação ao idoso; além disto, o mesmo vivencia as frustrações nas perdas constantes de autonomia e morte. A psicanálise pode contribuir com a compreensão da prática cuidativa tanto para o idoso quanto para o profissional.
Estrangeiro, familiar: o cuidado do outro na instituição geriátrica³²32 Carrano I, Grifo P. Estrangeiro, familiar: o cuidado do outro na instituição geriátrica. Rev Inter Mob Hum. 2012;20(38):163-79..	Pesquisa ação quantiqualitativa, com base na psicanálise, sobre representações culturais.	Trabalhadores estrangeiros na ILPI* eram mulheres, média de 39 anos, provenientes da América do Sul e Europa Oriental, mais de 13 anos de estudo, residindo na Itália por volta de 10 anos, e na sua maioria enfermeiros ou técnicos de enfermagem, 25% já tendo sofrido discriminação. Em entrevistas com 13 chefes de enfermagem apareceram três categorias: “segurança de nós” (aspectos que unem e tranquilizam), “familiar, mas ameaçante” (medo dos familiares e parentes) e, “radicalmente estranho” (partir de um lugar e chegar em outro). As atividades grupais mostraram que através do simbólico se pode reduzir a sensação de estranheza a “nós mesmos”, elaborando-a, sem vivê-la na recusa desse “outro”.
Institucionalização da velhice e regressão: um olhar psicanalítico sobre os asilos de velhos³³33 Rozendo AS, Justo JS. Institucionalização da velhice e regressão: um olhar psicanalítico sobre os asilos de velhos. Rev Kairós. 2012;15(8):25-51..	Reflexão da realidade prática em duas ILPI em parceria com universidades, com uso de “oficinas de Psicologia”, e passeios.	Observou-se infantilização (fala, tipo de cuidados) e regressão psicológica dos idosos, pela prostração, apatia da rotina; e, dos cuidadores, pois apenas as necessidades básicas eram valorizadas o estímulo ao autocuidado era inexistente. Há uma mortificação do ‘Eu” pela perda da subjetividade e noção de território. A saída da instituição (passeios) buscava ressignificação, contato com o mundo externo.
A velhice como marca da atualidade: uma visão psicanalítica³⁴34 Silva BR, Finocchio AL. A velhice como marca da atualidade: uma visão psicanalítica. Vínculo. 2011;8(2):22-8..	Relato de experiência de trabalho em grupo numa ILPI*.	Atividade desenvolvida com quatro a seis idosas em quatro encontros de um universo de 16 moradores. As narrativas mostraram silencio da instituição sobre sintomas, tentativa de proteger os desejos, num contraste da pulsão de vida e de morte. Verificou-se desvalorização do saber do idoso; sentimento de abandono e desamparo; comunicação intolerada pela ILPI*; apagamento dos traços individuais; e, repetição de histórias.
O desvelar da velhice: as contribuições da psicanálise na busca de sentidos para a experiência do envelhecer³⁵35 Abrahão ES. O desvelar da velhice: as contribuições da psicanálise na busca de sentidos para a experiência do envelhecer. Rev SPAGESP. 2008;9(1):57-65..	Relato de experiência na relação da psicanálise, envelhecimento e velhice, com seis idosos.	A experiência mostrou que há vida emocional, psíquica, e a existência de processos inconscientes que regem os comportamentos, ações e sintomas de pessoas muito idosas.

Título	Proposta do Estudo	Sinopse
Imaginário coletivo de profissionais de saúde mental sobre envelhecimento³⁶36 Simões CHD, Ferreira-Teixeira MC, Aiello-Vaisberg TMJ. Imaginário coletivo de profissionais de saúde mental sobre envelhecimento. Bol Psicol. 2014;64(140):65-77..	Pesquisa qualitativa sobre imaginário coletivo de trabalhadores de saúde mental.	Emergiram dois campos de sentido afetivo-emocional: “sofrimento e solidão” e “a idade não importa”. Isto aponta que o ser idoso é visto como triste e solitário, mas poucos profissionais vêem a possibilidade de modos de vida criativo e saudável.
O óbito sob a ótica da equipe de limpeza³⁷37 Silva DPG, Kiyan L, Wanderley KS. O óbito sob a ótica da equipe de limpeza. Saúde Debate. 2009;33(81):140-7..	Pesquisa com trabalhadoras da limpeza numa enfermaria geriátrica acerca da morte.	Obteve-se quatro categorias: percepção acerca da morte (repetição, medo da fragilidade); morte e religião (prática religiosa para manejar o desamparo); morte de idosos (aceitação neste ciclo etário, penalização); espaço oferecido às participantes (reflexão da finitude).

Título	Proposta do Estudo	Sinopse
Transmissão do psiquismo entre as gerações³⁸38 Hartmann IB, Schestatsky S. Transmissão do psiquismo entre as gerações. Rev Bras Psicoter. 2011;13(2):992-1114..	Reflexão sobre caso na transmissão do psiquismo.	Idosa com história de repetições geracionais incluindo eventos como: incesto, negação e, segredo de fatos, mostrando que traumas psíquicos não elaborados podem passar às futuras gerações.