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FESTIVAL OU CAMPEONATO? EXPERIÊNCIAS NA GINÁSTICA PARA TODOS

FESTIVAL OR CHAMPIONSHIP? GYMNASTICS FOR ALL EXPERIENCES

RESUMO

Modelos de formação de atletas primam pela ampliação de experiências esportivas, incluindo os eventos esportivos. Assume-se que a variabilidade de propostas incute na vivência de situações paradoxais, importantes na permanência no esporte e/ou vida ativa. Este trabalho discute a percepção da experiência vivida em dois eventos de ginástica para todos com distintos vieses: um com caráter competitivo e outro com caráter demonstrativo. Protagonizaram o estudo 29 crianças participantes de um projeto de extensão universitária. Para a coleta de dados, realizaram-se 8 Grupos Focais, sendo utilizada a Análise Temática. Diários de campo e texto reflexivo do mediador dos GF foram considerados para a triangulação dos dados. Dois eixos foram evidenciados em ambos os eventos: a) aspectos intersubjetivos, cujo comprometimento, o componente estético e a ansiedade perpassaram ambos os eventos e a superação e o nervosismo tiveram maior destaque na competição; e b) inter-relações pessoais, nas quais a importância do outro/grupo foi evidente, com maior relação ao tipo de apresentação coreográfica de grupo, do que especificamente ao tipo de evento. Reconhece-se, então, o fomento a eventos de diferentes naturezas, uma vez que os praticantes de base podem presumir o alto rendimento ou a vida ativa pelo esporte.

Palavras-chave:
Ginástica; Exercício físico; Pesquisa qualitativa

ABSTRACT

Models for athlete development have prioritized sports experiences, including events. It is assumed that the variety of events instills in the experience of paradoxical situations, important in the permanence in sport and/or active life. This article discusses the lived experience perception by children in two gymnastics for all events with different biases: one competitive and the other demonstrative. Based on qualitative research, 29 children were interviewed using Focus Groups (n=8), and data analysis using Thematic Analysis. Furthermore, field notes by 4 coaches and reflective narrative from the Focus Group interviewer were considered for triangulation. Two themes were highlighted: a. intersubjective aspects and b. interrelationships. These themes were addressed in both events to a greater or lesser extent. In item a, commitment, aesthetic components, and anxiety were in both events, but overcoming and nervousness more prominent in the competition. In item b, the importance of the other/ group was evident, mostly because of the presentation than the type of event. Recognizing the sporting bias of a practice is, therefore, promoting events of different natures, as practitioners can presume high performance or an active life through sport.

Keywords:
Gymnastics; Physical exercises; Qualitative research

Introdução

Estudos sobre a prática esportiva evoluíram consideravelmente nos últimos anos, apresentando uma ênfase no desenvolvimento do praticante, em vez do foco na identificação do talento11. Folle A, Nascimento JV do, Graça AB dos S. Processo de formação esportiva: da identificação ao desenvolvimento de talentos esportivos. Rev. educ. fis. UEM (Online). 2015Apr 20;26(2):317-28. DOI: 10.4025/reveducfis.v26i2.23891.
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. Tradicionalmente, acreditava-se que o alcance ao alto rendimento era fruto do talento inato e, como consequência, a iniciação esportiva focava em avaliações para identificar uma provável obtenção de excelência esportiva. Por outro lado, a abordagem de desenvolvimento tem ênfase na formação, com foco na aquisição de habilidades e competências gerais, e centra-se na qualidade do processo tanto para a profissionalização, quanto para a vida ativa.

Neste percurso, a formação de atletas em longo prazo apresenta estágios ao longo de seu processo, que indicam características importantes sobre a experiência esportiva. Destacamos como relevante o Modelo de Desenvolvimento da Participação Desportiva (MDPD)22. Côté J, Fraser-Thomas J. Youth involvement in sport. In: Crocker PRE, editor. Sport psychology: A Canadian perspective. Toronto: Pearson Prentice Hall; 2007. p.266-294., que defende no esporte na juventude a participação esportiva continuada, os benefícios para a saúde e o desenvolvimento pessoal.

Os estágios do MDPD, anos de experimentação, anos de especialização e anos de investimento, são coerentes com as teorias gerais do desenvolvimento da criança e integram os resultados esperados - a performance, a participação e o desenvolvimento pessoal22. Côté J, Fraser-Thomas J. Youth involvement in sport. In: Crocker PRE, editor. Sport psychology: A Canadian perspective. Toronto: Pearson Prentice Hall; 2007. p.266-294.. Neste ponto que trazemos nossa inquietação: estudos propõem uma formação esportiva que prima por diferentes experiências, inclusive no quesito de seus eventos esportivos. Seria, pois, possível discutir a experiência de praticantes iniciantes em eventos com características distintas: aqueles de caráter competitivo - codificado, arbitrário e ranqueado -, e aqueles de caráter festivo - regulamentado, flexível, sem arbitragem e pódio?

Discursos no âmbito esportivo indicam os campeonatos como unânimes na experiência da prática dos esportes. Imbricada de aspectos morais e culturais e associada ao confronto, ao desafio e ao jogo, a competição é vista como um processo inerente ao esporte e é considerada sua própria essência33. Silva ECF da, Corrêa L da S, Almeida C das MD, Sales GT, Carbinatto MV. Narrativas sobre competição esportiva: reflexões e perspectivas. Pensar Prát. (Online). 2023;26. DOI: 10.5216/rpp.v26.75674.
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),(44. Bento JO. Desporto para Crianças e Jovens: das coisas e dos fins. In: Gaya A, Marques A, Tani G, editores. Desporto para Crianças e Jovens: Razões e Finalidades. Porto Alegre: Editora UFRGS; 2004. p. 21-8.. Compreendemos que o contexto competitivo é um potencial ambiente de aprendizagem que, a depender da forma como for vivenciado, pode fortalecer o desenvolvimento social, moral e ético para a vida55. Leonardo L, Galatti LR, Scaglia AJ. Disposições preliminares sobre um modelo de participação competitiva para jovens e o papel do treinador. In: Gonzalez RH, Machado MMT, editores. Pedagogia do Esporte: novas tendências. Fortaleza: UFC; 2017.. Mas não é a única possibilidade de experienciar um evento.

De maneira geral, os eventos podem ser divididos em seis categorias66. Getz D. Event studies: Theory, research and policy for planned events. Londres e Nova York: Routledge; 2012. DOI: 10.4324/9780429023002.
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: Celebrações Culturais; Negócios e Comércio; Arte e Entretenimento; Estado e Política; Funções Privadas; e Esporte e Recreação - este último, destaque na área da Educação Física. Sumariamente, os eventos esportivos evidenciam diferenças quanto à finalidade e ao rigor avaliativo. Comumente, no esporte há aqueles que prezam pela participação de todos e não há uma avaliação específica e formalizada (festivais) e aqueles que seguem uma codificação próxima ao alto rendimento e a prerrogativa de classificações (primeiro, segundo e terceiro lugar)66. Getz D. Event studies: Theory, research and policy for planned events. Londres e Nova York: Routledge; 2012. DOI: 10.4324/9780429023002.
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.

É importante considerar os objetivos da participação em eventos esportivos e adaptar suas características às necessidades do público-alvo. Estudos sugerem a possibilidade de alterar as regras das competições formais para promover um maior envolvimento pessoal e experiências positivas77. Furtado LN dos R, Carbinatto MV. Competição esportiva na infância: análise dos regulamentos de ginástica rítmica. Motrivivência. 2020;32(63):1-22. DOI: 10.5007/2175-8042.2020e72097
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.

Dentre eles, destacamos a Engenharia Competitiva88. Burton D, Gillham AD, Hammermeister J. Competitive Engineering: Structural Climate Modifications to Enhance Youth Athletes’ Competitive Experience. International Journal of Sports Science & Coaching. 2011Jun 1;6(2):201-17. DOI: 10.1260/1747-9541.6.2.201.
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, que propõe ajustes sistemáticos no ambiente da competição esportiva, relacionados à estrutura, regras, instalações e equipamentos, para promover a motivação intrínseca e melhorar a experiência competitiva de seus participantes. Assim, o nível de competitividade do evento e seu formato podem se adequar ao nível de desenvolvimento do praticante e à intenção de participação de seu público, ao longo da trajetória da formação esportiva dos atletas, como preconizado pelo Modelo de Participação Competitiva55. Leonardo L, Galatti LR, Scaglia AJ. Disposições preliminares sobre um modelo de participação competitiva para jovens e o papel do treinador. In: Gonzalez RH, Machado MMT, editores. Pedagogia do Esporte: novas tendências. Fortaleza: UFC; 2017..

Na ginástica, existem diferentes tipos de eventos, como apresentações em datas comemorativas, festivais, concursos e competições. Os festivais são eventos comumente sem avaliação formal, com participação aberta, focado no lazer. Em contraste, as competições envolvem avaliações com base em códigos gestuais que pontuam a execução técnica e comparam as notas entre os atletas77. Furtado LN dos R, Carbinatto MV. Competição esportiva na infância: análise dos regulamentos de ginástica rítmica. Motrivivência. 2020;32(63):1-22. DOI: 10.5007/2175-8042.2020e72097
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.

Festivais e campeonatos são, pois, representativos dos mais tradicionais eventos esportivos e que suscitaram algumas questões: quais são as percepções da participação em eventos esportivos com caráter festivo? Quais são as percepções da participação em eventos esportivos com caráter competitivo? São similares ou contraditórias?

A fim de evitar que as respostas se voltassem a diferentes práticas esportivas, nosso projeto versou a análise, especificamente, na prática da Ginástica para Todos (GPT), que é uma das manifestações gímnicas oficiais da Federação Internacional de Ginástica (FIG)99. Fédération Internationale de Gymnastique(FIG). Gymnastics for All: Regulations Manual. Lausanne: FIG / Gymnastics for All Commitee; 2009.),(1010. Bratifische SA, Carbinatto MV. Inovação e criação de materiais: em busca da originalidade na Ginástica para Todos. In: Temas emergentes em ginástica para todos. Várzea Paulista: Fontoura; 2016..

A FIG promove oficialmente, dois eventos no âmbito da GPT: o World Gym For Life Challenge (WGfL) e World Gymnaestrada (WG). O WGfL possui natureza competitiva, uma vez que as apresentações recebem uma avaliação quantitativa entre 1 a 5 pontos seguindo os seguintes critérios: entretenimento, inovação, originalidade e variedade, técnica, qualidade e segurança, impressão geral99. Fédération Internationale de Gymnastique(FIG). Gymnastics for All: Regulations Manual. Lausanne: FIG / Gymnastics for All Commitee; 2009.),(1111. Bento-Soares D, Schiavon LM. Gym For Life Challenge: Reflexões sobre sucesso na ginástica para todos. Revista Didática Sistêmica. 2022;24(1):143-56. DOI: 10.14295/rds.v24i1.13905.
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. Ao consolidar as notas, organizam-se os grupos em primeiro, segundo e terceiro lugar. A WG é de natureza festiva, focando na união entre ginastas, grupos e países. Durante as apresentações, não há avaliação formal, critérios ou feedback formal e a interação com o público é descontraída.

Este artigo discute a percepção da experiência vivida por crianças em dois tipos de eventos de Ginástica para Todos: um festival e um campeonato.

Métodos

Para identificarmos e discutirmos a percepção da experiência vivida nos diferentes eventos de ginástica para todos a pesquisa qualitativa foi tomada como base, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, número 92331118.90000.5391.

Contexto da pesquisa

Para evitar influência do contexto na percepção do evento, os dados foram coletados em um projeto de extensão universitária que abrangeu crianças de ambos os sexos, com idades entre 6 e 12 anos, em uma universidade pública brasileira. Durante esse período, a estrutura das aulas, os materiais disponíveis, os grupos de praticantes e os professores-monitores permaneceram inalterados. A coleta de dados ocorreu ao longo de dois semestres consecutivos: um deles destinado à preparação de aulas e composições coreográficas para participação em um festival de GPT, e o outro voltado para a participação em uma competição. Em ambos os eventos, as apresentações aconteceram sequencialmente, permitindo que os praticantes assistissem uns aos outros. No festival, todos os praticantes receberam certificados de participação impressos.

Por outro lado, no campeonato, uma banca composta por cinco avaliadores estava posicionada em frente ao solo, cada um deles com fichas de avaliação que seguiam o modelo do evento "World Gym for Life Challenge" da FIG e incluíam classificação de 1 (valor mais baixo) a 5 (valor mais alto) para: a) valor de entretenimento; b) inovação, originalidade e variedade; c) técnica, qualidade e segurança; e d) impressão geral. Após cada apresentação, os avaliadores preenchiam as fichas e forneciam os dados numéricos ao gestor do evento, que os consolidava em uma planilha. No encerramento do evento, os grupos foram chamados para receber premiações em forma de medalhas, com um único grupo conquistando o primeiro lugar e os demais sendo igualmente divididos entre o segundo e o terceiro lugar.

Sobre as propostas de trabalho

As aulas de GPT, com duração de uma hora e quinze minutos, seguiram a metodologia de três momentos inspirada no Grupo Ginástico Unicamp (GGU)1212. Paoliello E, Toledo E de, Bortoleto MAC, Graner L. Grupo Ginástico Unicamp 25 anos. Campinas: Editora Unicamp; 2014.: exploração de materiais, criação de pequenas coreografias e apresentações entre grupos da turma. A GPT não possui um código gestual institucionalizado1313. Patrício TL, Bortoleto MAC, Toledo E de. Institucionalização da ginástica para todos no Brasil: três décadas de desafios e conquistas (1988-2018). Pensar Prát. (Online). 2020;23. DOI: 10.5216/rpp.v23.61240
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, o que permite interpretações diversas e condução flexível por cada grupo em diferentes contextos1414. Bento-Soares D, Schiavon L. Gymnastics for All: Different Cultures, Different Perspectives. Science of gymnastics journal (Online ed.) 2020Mar 20;12(1):5-18. DOI: 10.52165/sgj.12.1.5-18
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. A prática visa culminar em uma coreografia apresentada em eventos esportivos, sejam festivos ou competitivos.

Os materiais utilizados incluíram aparelhos ginásticos de grande e pequeno porte, bem como materiais não convencionais, incentivando a exploração de movimentos. Os monitores estimularam os alunos a reconhecer o material, formar duplas e quartetos para criar movimentos coletivos, resultando em diversas possibilidades de movimentação1515. Carbinatto MV, Furtado LNR. Choreographic process in gymnastics for all. Science of Gymnastics Journal. 2019Oct 1;11(3):343-53. [acessso em2 nov 2023]. Disponível em:Disponível em:https://www.researchgate.net/publication/337012025
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. As aulas incluíram pequenas apresentações entre os subgrupos como preparação para eventos futuros, promovendo o desenvolvimento e a participação dos ginastas de diferentes níveis de habilidade99. Fédération Internationale de Gymnastique(FIG). Gymnastics for All: Regulations Manual. Lausanne: FIG / Gymnastics for All Commitee; 2009.),(1010. Bratifische SA, Carbinatto MV. Inovação e criação de materiais: em busca da originalidade na Ginástica para Todos. In: Temas emergentes em ginástica para todos. Várzea Paulista: Fontoura; 2016.),(1616. Patrício TL, Bortoleto MAC, Carbinatto MV. Festivais de ginástica no mundo e no Brasil: reflexões gerais. Rev. Bras. Educ. Fís. Esporte(Online). 2016;30(1):199-216. DOI: 10.1590/1807-55092016000100199.
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),(1717. Bortoleto M, Menegaldo F, Valério R, Heinen T. World Gymnaestrada: reasons to join a massive gymnastics festival. JPES. 202331;23(3):756-63. DOI: 10.7752/jpes.2023.03093.
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),(1818. Toledo E de. Fundamentos da Ginástica Rítmica. In: Tsukamoto MHC, Nunomura M, editors. Fundamentos das Ginásticas. Jundiaí: Fontoura; 2016..

Protagonistas da Pesquisa

Protagonizaram este estudo 29 crianças, sendo 25 meninas e 4 meninos, com média de idade de 9 anos. Em média, 25% dos participantes estudavam em escola pública; 22 considerados brancos, 5 pardos, 1 preto e 1 amarelo. Aproximadamente 75% do total de participantes praticavam outras atividades físico-esportivas, como natação e futebol.

Construção dos Dados

Optamos por utilizar Grupos Focais (GF) para obter a percepção das crianças sobre a experiência vivida nos eventos, considerando que este instrumento é eficaz para essa faixa etária1919. Chiesa AM, Ciampone MHT. Princípios gerais para a abordagem de variáveis qualitativas e o emprego da metodologia de grupos focais [Internet]. Brasília: Associação Brasileira de Enfermagem; 1999. [acesso em 02 nov 2023] Disponível em :Disponível em :https://repositorio.usp.br/item/001040377 .
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. Os GF envolvem a interação entre os pesquisadores e os participantes, com foco em tópicos específicos. A escolha dos participantes da coleta foi cuidadosa, seguindo a recomendação de um mínimo de seis e um máximo de doze participantes por GF.

  • 12 crianças, em 02 grupos focais, antes do evento festivo (PRÉ-Fest);

  • 13 crianças, em 02 grupos focais, após o evento festivo (PÓS-Fest);

  • 10 crianças, em 02 grupos focais, antes do evento competitivo (PRÉ-Comp);

  • 09 crianças, em 02 grupos focais, após o evento competitivo (PÓS-Comp).

Para a inclusão das crianças nos grupos, estabelecemos assiduidade nas aulas, participação ativa na composição coreográfica e presença em ambos os festivais. Além disso, a mediadora descreveu suas percepções sobre os grupos focais em textos dissertativos, que foram entregues à pesquisadora principal após cada coleta, contribuindo para a confiabilidade e validação dos dados. Utilizou-se, também, a utilização de diários de campo mantidos por quatro monitoras-pesquisadoras que acompanharam todo o processo.

Análise dos Dados

Para a análise dos dados, adotamos a Análise Temática (AT)2020. Braun V, Clarke V. Using thematic analysis in psychology. QRP(Online). 20061;3(2):77-101. DOI: 10.1191/1478088706qp063oa.
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) que, segundo Braun e Clarke, “examina as maneiras como eventos, realidades, significados, experiências e assim por diante são feitos de uma série de discursos que operam dentro da sociedade”2020. Braun V, Clarke V. Using thematic analysis in psychology. QRP(Online). 20061;3(2):77-101. DOI: 10.1191/1478088706qp063oa.
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);(77. Furtado LN dos R, Carbinatto MV. Competição esportiva na infância: análise dos regulamentos de ginástica rítmica. Motrivivência. 2020;32(63):1-22. DOI: 10.5007/2175-8042.2020e72097
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e, portanto, “funciona tanto para refletir a realidade, como para desfazer ou desvendar a superfície da ‘realidade’”2020. Braun V, Clarke V. Using thematic analysis in psychology. QRP(Online). 20061;3(2):77-101. DOI: 10.1191/1478088706qp063oa.
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);(88. Burton D, Gillham AD, Hammermeister J. Competitive Engineering: Structural Climate Modifications to Enhance Youth Athletes’ Competitive Experience. International Journal of Sports Science & Coaching. 2011Jun 1;6(2):201-17. DOI: 10.1260/1747-9541.6.2.201.
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.

Esta análise se desdobra nas seguintes etapas: a) familiarização com os dados; b) geração dos códigos iniciais; c) busca por temas; d) revisão dos temas; e) definição e denominação dos temas; e f) produção do relatório2020. Braun V, Clarke V. Using thematic analysis in psychology. QRP(Online). 20061;3(2):77-101. DOI: 10.1191/1478088706qp063oa.
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.

Confiabilidade e Validade dos Dados

A triangulação de dados foi adotada para melhorar a qualidade da coleta de informações no estudo e envolveu a análise de diários de campo de quatro monitores-pesquisadores, grupos focais e percepções gerais do mediador dos grupos focais, visando garantir a confiabilidade e validade dos dados. A combinação de diferentes instrumentos permitiu a triangulação dos dados para as questões discutidas nos resultados2121. Decrop A. Trustworthiness in qualitative tourism research. In: Phillmore J, Goodson L, editors. JQRT.. Nova York: Routledge; 2004. DOI: 10.4324/9780203642986.
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.

A análise temática foi conduzida por dois pesquisadores, que inicialmente propuseram temas. Após reunião com um supervisor, os temas foram revisados e aprimorados por meio de reflexão recursiva, resultando na identificação de duas temáticas principais: aquelas relacionadas aos aspectos intersubjetivos da experiência e aquelas relacionadas aos aspectos inter-relacionais da experiência.

Resultados e Discussão

Aspectos intersubjetivos

Comprometimento

Independentemente do evento, as crianças revelaram comprometimento em relação à experiência. O fato do “produto” da GPT revelar-se com a coreografia pode ter facilitado a compreensão da responsabilidade de cada um na composição: “eu devo evitar faltar”, “é importante que eu venha a aula”, “minha presença no evento é relevante, afinal, minha posição é única no contexto”.

(Diálogo PRÉ-Fest)

Barbara: “Ia ter coreografia pronta, porque tem gente que falta e prejudica!”

Nathalia: “No nosso grupo uma pessoa faltou uma vez, e o outro faltou quando esse que tinha faltado veio.”

Barbara: “Aí deu um desencaixe na coreografia.”

Rafaela: “Atrapalhou muito!”

Para além da reprodução cinemática de elementos corporais com a música, as coreografias de GPT adentram o mundo do sensível, e a gestualidade corporal, para além da demonstração física, descreve o itinerário linguístico. É preciso retratar formações no espaço, mudanças de planos, combinações inesperadas e oferecer um momento de sapiência, não apenas ao espectador, mas também ao ginasta-intérprete1515. Carbinatto MV, Furtado LNR. Choreographic process in gymnastics for all. Science of Gymnastics Journal. 2019Oct 1;11(3):343-53. [acessso em2 nov 2023]. Disponível em:Disponível em:https://www.researchgate.net/publication/337012025
https://www.researchgate.net/publication...
. Estudiosos no campo das composições coreográficas alertam que, independentemente do objetivo do evento em que a coreografia será apresentada, há um comprometimento intrínseco ao seu componente artístico, afinal, há um poema corporal como linguagem temática da composição. Metaforicamente, um ginasta a menos é como se excluíssemos uma letra da poesia. Palavras ficam sem sentido e a frase, por vezes, deve ser desfeita ou refeita, a depender da disposição físico-técnica de quem é posicionado no lugar.

As narrativas coadunam Patricio e Carbinatto2222. Patrício TL, Carbinatto MV. Merleau-Ponty e ginástica para todos: repensando paradigmas na educação física/esporte. Conexões. 2021 10;19(1):e021025-e021025. DOI: 10.20396/conex.v19.i1.8661275.
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);(1313. Patrício TL, Bortoleto MAC, Toledo E de. Institucionalização da ginástica para todos no Brasil: três décadas de desafios e conquistas (1988-2018). Pensar Prát. (Online). 2020;23. DOI: 10.5216/rpp.v23.61240
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:

Na responsabilidade sensível ao aceitar a participação em um evento esportivo, também é colocado em cena um compromisso. Horas de treino, horas de contato, horas de respeito. Dias de interação sem limites. Um entrar no mundo-outro. O cuidado e a preocupação para que “tudo saia bem”. Nesta assinatura, nem sempre às claras, firmamos que durante o processo prévio e durante o evento, o grupo torna-se único.

b. Superação

O evento competitivo levou os praticantes a uma maior atenção na apresentação. Letícia percebeu claramente esta relação: “Acho que a gente só acertou porque a gente tava mais atenta, e a gente tava mais atenta porque tava em uma competição, ou seja, a gente presta mais atenção (PÓS-Comp)”.

A competição não foi revelada nos preceitos paradigmáticos dos aportes bélicos e militares (combater o outro) e capitalista (ser melhor que o outro)33. Silva ECF da, Corrêa L da S, Almeida C das MD, Sales GT, Carbinatto MV. Narrativas sobre competição esportiva: reflexões e perspectivas. Pensar Prát. (Online). 2023;26. DOI: 10.5216/rpp.v26.75674.
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),(2323. Silva ECF da, Corrêa L da S, Almeida C das MD, Sales GT, Carbinatto MV. Aspectos bibliométricos das publicações científicas brasileiras sobre competição esportiva. Corpoconsciência. 2023Jun 1;27:e15176-e15176. DOI: 10.51283/rc.27.e15176.
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, mas no entendimento de que precisamos nos superar e buscar melhorar44. Bento JO. Desporto para Crianças e Jovens: das coisas e dos fins. In: Gaya A, Marques A, Tani G, editores. Desporto para Crianças e Jovens: Razões e Finalidades. Porto Alegre: Editora UFRGS; 2004. p. 21-8.),(2424. Gaya A, Gaya A. O Esporte como manifestação da cultura corporal do movimento. In: Nascimento JV, Ramos V, Tavares F, editors. Jogos Desportivos: formação e investigação. Florianópolis: UDESC; 2013. p. 41-55.:

Então, esse negócio de primeiro, segundo e terceiro. Tipo assim, se ficar em terceiro tudo bem, porque você vai ficar feliz porque fez uma apresentação. E é que nem ela disse, você tem que saber o que melhorar. Como todo mundo diz, não importa ganhar (Carlos, PÓS-Comp).

Vou falar que nem antes, eu gosto de primeiro, segundo e terceiro lugar, porque daí você sabe em que lugar exatamente você ficou e você sabe o que melhorar. Você pensa “olha, eu não fiz tão perfeito, podia ter feito mais!”. Eu posso melhorar alguma coisa. (Jéssica, PÓS-Comp).

É pra também ficar em primeiro lugar, e a gente quer ficar em primeiro lugar e se esforça mais (Amanda, PÓS-Comp).

Os praticantes adquirem um conhecimento que terá função instrumental de superação das insuficiências, e neste caso poderíamos relacionar com as defasagens técnicas da própria modalidade em questão, no caminho de uma evolução esportiva e pessoal44. Bento JO. Desporto para Crianças e Jovens: das coisas e dos fins. In: Gaya A, Marques A, Tani G, editores. Desporto para Crianças e Jovens: Razões e Finalidades. Porto Alegre: Editora UFRGS; 2004. p. 21-8..

Há uma relação entre o sujeito e o “mundo vivido” na prática esportiva, que através do corpo consegue expressar sentimentos e realizar diversos movimentos2525. Carbinatto MV, Henrique NR, Patricio TL. Se-Movimentar ginástico: um olhar fenomenológico sobre o processo de ensino e aprendizagem da ginástica. Educ Pesqui. 20236;49:e247388. DOI: 10.1590/S1678-4634202349247388.
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. Em ambos os eventos, pudemos identificar que a experiência vivida em cada modelo transparecia no fazer gímnico. Porém, a superação ficou nítida tanto nas falas das crianças ao se expressarem, quanto na realização dos movimentos.

A prática esportiva, independentemente do contexto e finalidade, deveria dar sentido e significado à vida, em todas as suas formas. Desta maneira, no contexto das práticas competitivas, a autossuperação revela um movimento de transcendência e busca pela sua essência, concretizada pela subida de degraus, no viés do desenvolvimento técnico e pessoal do atleta, e pela superação das dificuldades encontradas ao longo do caminho esportivo44. Bento JO. Desporto para Crianças e Jovens: das coisas e dos fins. In: Gaya A, Marques A, Tani G, editores. Desporto para Crianças e Jovens: Razões e Finalidades. Porto Alegre: Editora UFRGS; 2004. p. 21-8..

É importante ressaltar que a competição pode favorecer o desenvolvimento do aspecto motor, uma vez que foi apenas no ambiente com presença de avaliação e feedback que identificamos nas falas das crianças maior esforço para realização das tarefas motoras empregadas nos movimentos gímnicos.

A essência do esporte está associada ao confronto, ao desafio e ao jogo e, portanto, à competição55. Leonardo L, Galatti LR, Scaglia AJ. Disposições preliminares sobre um modelo de participação competitiva para jovens e o papel do treinador. In: Gonzalez RH, Machado MMT, editores. Pedagogia do Esporte: novas tendências. Fortaleza: UFC; 2017., pois o contexto competitivo pode ser um rico ambiente de aprendizagem. O valor educativo da participação em competições vai depender da forma como os atletas são conduzidos, assim como das experiências vividas nesse contexto. Gaya e Gaya2424. Gaya A, Gaya A. O Esporte como manifestação da cultura corporal do movimento. In: Nascimento JV, Ramos V, Tavares F, editors. Jogos Desportivos: formação e investigação. Florianópolis: UDESC; 2013. p. 41-55. assinalam que se construídos sobre princípios éticos e morais, as competições esportivas e os desafios contribuem para a formação integral de crianças e jovens.

c. Componente estético

Questionado por um participante sobre o caráter teatral da composição de uma das turmas, as crianças reforçaram que a expressividade “entretém as pessoas, porque tem os sentimentos também, a gente fez o sentimento de risada, mas a gente poderia ter feito qualquer outro sentimento” (Jéssica, PÓS-Comp). Nitidamente, suscitou-se não apenas a movimentação por si só da ginástica e sua exibição, mas também o entendimento deste movimento2525. Carbinatto MV, Henrique NR, Patricio TL. Se-Movimentar ginástico: um olhar fenomenológico sobre o processo de ensino e aprendizagem da ginástica. Educ Pesqui. 20236;49:e247388. DOI: 10.1590/S1678-4634202349247388.
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.

A proposta ocasionou não só uma necessidade estética própria das modalidades que têm como eixo um produto a ser exibido, mas também de perceber a GPT como uma oportunidade de expressar sentimentos e relacionar-se com o público presente.

Percebemos que alguns grupos têm mais facilidade em elaborar uma coreografia quando contam uma “história”, como o grupo de hoje, que elaboraram uma composição de “polícia e ladrão”, no entanto, não queriam algo pesado, mas sim, algo que no final todos fossem “amigos”, que trouxesse uma mensagem de paz para o público, demonstrando sentimentos de o “bem sempre vence”. Após uma longa discussão entre eles, conseguiram chegar em um roteiro (Diário de Campo dos Monitores).

A presença do público pareceu envolver o valor que os alunos dão aos eventos, assinalando um comprometimento (item a) com a qualidade da apresentação e o tempo disponível para tal:

Eu acho bem melhor do que a gente levar uma coreografia pronta e imitar, sabe? Fica autêntico! Eu só acho que a gente poderia ter mais tempo, mas fora isso, eu acho bem legal a gente criar (Nathalia, PRÉ-Fest).

O processo inicial é sempre lento. As crianças querem elaborar algo que seja “incrível e surpreendente”, então, as discussões sobre o tema e o que vai ter em cada coreografia é sempre demorado. Normalmente, dois ou três alunos iniciam com as ideias e, com a nossa mediação, os outros vão colaborando. No entanto, com o tempo limitado das aulas, eles começam a ficar ansiosos com a demora na criação e, por vezes, reclamam entre os pares para “resolver logo'” (Diário de Campo dos Monitores).

Para as crianças, constatamos o componente estético como referência independentemente do tipo de evento. Mas, no competitivo, aspectos gerais da avaliação foi balizadora de parte do processo:

Durante a elaboração da coreografia hoje, tentamos relembrar o que seria avaliado durante o evento, quais eram os critérios que seriam observados pelos árbitros. Essa retomada aos conceitos avaliativos foram super importantes, pois, quando os alunos ficaram sem ideias para continuar a criação, retomamos o que ainda não tinha sido contemplado - no caso, a segurança das poses acrobáticas e a sincronicidade dos movimentos (Diário de Campo dos Monitores).

O alinhamento entre trabalho corporal, uso da música e manuseio de aparelhos de pequeno porte é recorrente em modalidades tradicionais, como a ginástica rítmica2626. Rinaldi IPB, Martineli TAP, Teixieira RTS. Ginástica rítmica: história, características, elementos corporais e música. Maringá: EDUEM; 2009.. Ora, se a base, ou a fase formativa de futuros ginastas, praticantes ou mesmo espectadores está em voga, parece proeminente a atenção ao desenvolvimento de competências estéticas.

d. Emoções

Notamos que a ansiedade prevaleceu em ambos os eventos e trouxeram a importância de apresentar-se bem, como exposto por Marcos (PRÉ-Fest): “poderia ser mais rápido, porque a gente só tem mais um dia pra lembrar a coreografia inteira, porque no sábado já é a apresentação”.

A relevância do público suscitou sentimentos de ansiedade, o que pode nos alertar para conversar e explanar claramente o público que pode estar presente nos eventos: “eu estou ansiosa, porque eu sei que os pais de cada um vão vir, só que eu não sei se vão vir outras pessoas de fora pra olhar a gente” (Nathalia, PRÉ-Fest). A presença de uma banca de arbitragem foi retratada por Amanda (PÓS-Comp): “eu fingi que não tinha ninguém ali!”.

A experiência prévia foi destacada como caminho para lidar com esta emoção. A participação em eventos passados, no próprio local e projeto colaborou para que os alunos se sentissem mais à vontade: “eu não me senti nervoso, porque eu já apresentei! Eu estava no ano passado, eu já apresentei duas vezes” (Rafaela, PRÉ-Fest). Este fato levanta a relevância de se ofertar uma gama de eventos esportivos para ampliar a participação dos praticantes, como defendido na literatura da Pedagogia do Esporte2727. Krahenbühl T, Souza NP de, Galatti LR, Scaglia AJ, Leonardo L. Competição de base e a formação de jovens atletas na perspectiva de treinadores de elite no handebol. Pensar a Prát. (Online), 2019. DOI: 10.5216/rpp.v22.53089
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.

Além disso, praticantes que participaram de vivências semelhantes como atividades físico-esportivas, eventos de modalidades diferentes, sentiram-se mais tranquilos quanto à participação nos eventos analisados:

Sábado passado eu tinha participado do festival de natação, né? Eu fiquei muito nervosa! Então eu falei “tá”, nesse festival eu não vou ficar nervosa! Aí eu fiquei um pouco menos nervosa, no dia, nem no dia anterior eu estava nervosa, mas na hora que a gente estava entrando bateu um frio na barriga. (Barbara, PÓS-Fest).

Então, concordou-se com os modelos de formação esportiva2828. Barreiros A, Côté J, Fonseca A. Sobre o Desenvolvimento do Talento no Desporto: Um Contributo dos Modelos Teóricos do Desenvolvimento Desportivo. RPD. 2013Jan 1;22(2):489-94 [acesso em12 mar 2024] Disponível em :Disponível em :https://ddd.uab.cat/record/114242
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, que indicam a participação dos alunos em diferentes eventos, com propostas adequadas para cada etapa, ofertando uma gama de experiências ao longo de sua trajetória em cada prática, que auxiliará em suas escolhas futuras e favorecerá a continuidade de uma vida esportiva saudável.

Contudo, na competição o sentimento de nervosismo também foi perceptível, revelado por Maria (PÓS-Comp):

eu fiquei muito nervosa... Quando chamou a gente pra (...) fazer a apresentação. Eu fiquei meio nervosa. Porque tinham falado que a gente tem que ter confiança no grupo, tem que ter bastante ritmo de ginástica.

A despreocupação ficou evidenciada nas narrativas pré-festival e foi notada concomitantemente a características da prática. Laura (PRÉ-Fest) revelou que a GPT “desenvolve a imaginação”, sobretudo explicitando as desamarras de código e manuais específicos de elementos ginásticos específicos. Fato confirmado por Nathália (PRÉ-Fest) e Rafaela (PRÉ-Fest) concomitantemente: “era para usar a imaginação: o que você via naquele aparelho?”; “o que você achava que era uma coisa que dava pra fazer”. Apesar dessa prerrogativa ter sido seguida também para a competição, ela foi mais evidenciada nos GFs relativos ao festival, o que pode ser um indício da natureza mais abrangente e de valorização dos movimentos no referido evento.

Nossas reflexões indicaram uma preparação dos eventos, que atenderam às questões pedagógicas das crianças e da GPT2929. Toledo E de, Tsukamoto MHC, Carbinatto MV. Fundamentos da Ginástica para Todos. In: Tsukamoto MHC, Nunomura M, editors. Fundamentos das Ginásticas. Jundiaí: Fontoura; 2016. p.12-40., pois, tendo avaliação formalizada ou não, foram percebidas com leveza por Augusto (PÓS-Comp): “pra mim ginástica é uma coisa divertida”; e reforçada por Emily (PRÉ-Comp): “era meio [a apresentação] que pra se divertir vamos dizer assim”; e Henrique (PÓS-Comp), “foi bem legal, foi divertido! Ver as apresentações e fazer a apresentação!”.

As experiências nos eventos introduziram as crianças ao “competir” e ao “apresentar” de maneira tranquila e adequada:

“Não importa o lugar [pódio], pelo menos a gente se divertiu fazendo. E, mesmo que a gente errar uma coisa, depois a gente vai começar a rir disso!” (Jéssica, PRÉ-Comp).

Aspectos inter-relacionais

Menegaldo e Bortoleto3030. Menegaldo FR, Bortoleto MAC. Ginástica para todos: o que a Praxiologia Motriz diz sobre isso? Conexões. 2020;18. DOI: 10.20396/conex.v18i0.8659110
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),(3131. Menegaldo FR, Bortoleto MAC. Ginástica para todos e coletividade: nos meandros da literatura científica. Motrivivência. 202016;32(61). DOI: 10.5007/2175-8042.2020e62007
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confirmam o cuidado teórico ao revelar aspectos da coletividade, uma vez que a GPT e sua potencialidade na interação social, não deve ser dada de maneira superficial2929. Toledo E de, Tsukamoto MHC, Carbinatto MV. Fundamentos da Ginástica para Todos. In: Tsukamoto MHC, Nunomura M, editors. Fundamentos das Ginásticas. Jundiaí: Fontoura; 2016. p.12-40.),(3030. Menegaldo FR, Bortoleto MAC. Ginástica para todos: o que a Praxiologia Motriz diz sobre isso? Conexões. 2020;18. DOI: 10.20396/conex.v18i0.8659110
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.

Envoltos no aspecto coreográfico e a possibilidade de propor, percebemos valores de cunho democrático, pronunciado por Jéssica (PRÉ-Comp):

E eu acho bem legal que a gente pode escolher, por quê? Porque aí a gente não tem que seguir uma ideia já escolhida, que a gente não pode mudar nada. Mas sim a gente ouvir opções, e a gente decide todo mundo junto! Eu acho isso bem legal!

Estudos recentes3232. Henrique NR, Patrício TL, Batista MS, Furtado LN dos R, Carbinatto MV. Percepção de ginastas a diferentes propostas pedagógicas na Ginástica para Todos .Rev. Bras. Ciênc. Mov. (Online). 202230(3): DOI:10.31501/rbcm.v30i3.14327
https://doi.org/10.31501/rbcm.v30i3.1432...
),(3333. Reverdito RS, Scaglia AJ, Paes RR. Pedagogia do esporte: panorama e análise conceitual das principais abordagens. Motriz(Online).2009;15(3):600-10. DOI:10.5016/2478
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propõem que o processo pedagógico centrado no aluno contribui para que construam suas trajetórias e colaborem durante o processo:

É, eu acho que a gente desenvolve a imaginação e alguns movimentos que a gente acaba aprendendo, porque às vezes você sabe fazer alguma coisa, mas outra pessoa não sabe e você quer encaixar isso na coreografia, você ensina outra pessoa ou a outra pessoa te ensina (Nathalia; PRÉ-Fest).

A proposta metodológica reverberou na experiência do evento e dialoga com a literatura recente sobre o processo e o momento de apresentação na GPT2222. Patrício TL, Carbinatto MV. Merleau-Ponty e ginástica para todos: repensando paradigmas na educação física/esporte. Conexões. 2021 10;19(1):e021025-e021025. DOI: 10.20396/conex.v19.i1.8661275.
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),(3434. Patrício TL. Ser no mundo e Ser com outro: experiências vividas em um festival de ginástica [Tese de Doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2021. [acesso em 03 mar 2024] Disponível em:Disponível em:https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39136/tde-16032022-170822/pt-br.php
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. Jéssica (PÓS-Comp) clarificou essa relação do tipo de apresentação (coreografia em conjunto) e a experiência percebida:

É muito melhor pra mim você trabalhar em equipe, porque você não vai estar sozinho lá em cima, sempre vai ter alguém lá te apoiando, mesmo que seu lugar for o último, todo mundo vai estar lá! Não vai ser só você, você não vai se sentir sozinho.

Foi notada a instauração de caminhos facilitadores do enlace da ginástica a outras práticas corporais, o que amplia o acesso a possibilidades e limitações de cada praticante1212. Paoliello E, Toledo E de, Bortoleto MAC, Graner L. Grupo Ginástico Unicamp 25 anos. Campinas: Editora Unicamp; 2014.),(3535. Domingues LS, Tsukamoto MHC. Ginástica para todos e lazer: onde seus caminhos se cruzam? Corpoconsciência(Online). 2021 29;25(1):171-86. DOI: 10.51283/rc.v25i1.11921
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, fator reforçado por Letícia (PRÉ-Comp):

Mas isso que você falou, sobre algumas pessoas que conseguem e outras não. Às vezes a gente põe só essas pessoas que conseguem fazer esses passos e as outras fazem outras coisas.

Perceber-se com o outro também foi mencionado por Letícia (PRÉ-Comp): “A gente ouve algumas outras pessoas e a gente põe os nossos passos junto com eles. E então a gente consegue fazer uma coreografia onde todo mundo tá unido!”.

Isabela alerta que, por vezes, é preciso renunciar a habilidades que você possui, em prol da sintonia ou momento em que todos devem mostrar um mesmo movimento: “eu consigo fazer parada de mãos, rodante, mas tem gente que não consegue, (...) então tem que ser uma coisa pra todo mundo” (Isabela, PRÉ-Fest). Ideal que dialoga com as reflexões apresentadas por Patricio e Carbinatto2222. Patrício TL, Carbinatto MV. Merleau-Ponty e ginástica para todos: repensando paradigmas na educação física/esporte. Conexões. 2021 10;19(1):e021025-e021025. DOI: 10.20396/conex.v19.i1.8661275.
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);(1111. Bento-Soares D, Schiavon LM. Gym For Life Challenge: Reflexões sobre sucesso na ginástica para todos. Revista Didática Sistêmica. 2022;24(1):143-56. DOI: 10.14295/rds.v24i1.13905.
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, afinal,

era necessária a reflexão prévia conjunta: quem consegue executar? De tal forma, que as ideias só tinham sentido perante nossos processos de transcendência esportiva e superação gímnica.

A relação com os avaliadores e o possível retorno avaliativo da competição foram identificadas como positivas pelos ginastas: “porque quando não tem árbitro, você não sabe o que você tem que melhorar” (Jéssica, PÓS-Comp).

Nossos dados indicam que os diferentes objetivos do evento não fizeram diferença, mas sim o modelo de apresentação - coreografias - que circunscreveu uma relação eu-outro intensa. No dia de ambos os eventos, as crianças estavam apreensivas quando o início da atividade se aproximava e sentiam falta de alguns colegas. Ora, pois, se não indicamos que essas situações podem incutir em outras áreas da formação humana, como a empatia e mesmo a valorização do outro no nosso con-viver55. Leonardo L, Galatti LR, Scaglia AJ. Disposições preliminares sobre um modelo de participação competitiva para jovens e o papel do treinador. In: Gonzalez RH, Machado MMT, editores. Pedagogia do Esporte: novas tendências. Fortaleza: UFC; 2017..

Interessante descrever que o processo de participação nos eventos também evocou um perceber situações e compreender resultados, atrelados a proposta metodológica explicitada anteriormente. Por exemplo, no decorrer das aulas os grupos realizavam pequenas apresentações uns para os outros. Esta dinâmica se tornava um espaço de preparação. A possibilidade de assistir outros grupos pareceu desenvolver e potencializar a própria criação, e a capacidade de reconhecer o valor do trabalho de seus pares: “A gente esperava que eles iam ganhar, porque o deles tinham muita ginástica e tinham ideias que a gente nunca ia pensar.” (Jéssica, PÓS-CP).

Conclusões

Independentemente do caminho que um esportista percorrerá em sua trajetória, para que o esporte se torne um fenômeno importante em sua vida - quer seja pelo profissionalismo, quer seja pela vida ativa - os primeiros anos de envolvimento com a prática esportiva devem promover, para além do desenvolvimento de habilidades, o desenvolvimento social, moral e pessoal. Para isso, os eventos devem se afastar de modelos únicos, comumente subsidiados por modelos competitivos adultocêntricos.

A construção de nossos dados evidencia que a variabilidade de situações pode evocar situações de formação mais ampla. Se um evento facilita o reconhecimento do sucesso, outro pode revelar situações mais fragilizadas. Ambos, no entanto, importantes para conhecermos e reconhecermos fraquezas, virtudes, potencialidades e limitações.

Além disso, supomos que este estudo se mostrou contra hegemônico. Pairados sobre uma atmosfera usual dualista - ou isto ou aquilo - percebemos que ambas as propostas trouxeram aspectos interessantes para a experiência esportiva. O caminho de preparação dos ginastas para os eventos foi salutar e trouxe à tona uma percepção geral do papel de cada um e do grupo no contexto geral. Logo, não apontamos a substituição ou supremacia de um sobre o outro.

Ovacionamos que as propostas de trabalho no esporte permitam a ida a eventos diversos, conscientes de possíveis desfechos: ora com proximidade aos preceitos do lazer, ora daqueles do rendimento esportivo, ora com a premissa de fortalecimento social e pertencimento de grupo. Eventos que forneçam vivências e estímulos à prática sem enfoque exacerbado nos resultados parecem salutares77. Furtado LN dos R, Carbinatto MV. Competição esportiva na infância: análise dos regulamentos de ginástica rítmica. Motrivivência. 2020;32(63):1-22. DOI: 10.5007/2175-8042.2020e72097
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. Para tal, metodologias fundamentadas aos preceitos mais contemporâneos da educação, em que inclusão, interação social e autonomia estejam presentes.

Além disso, reconhecer o viés esportivo da GPT é tratar de fomentar eventos de diferentes naturezas, em prol do incentivo da prática. Afinal, há praticantes que terão a ginástica como base para vida ativa. Outros, como presunção para o alto rendimento. Pensemos, pois, na base como amplificadora de possibilidades!

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Editado por

Editor: Jorge Both.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Abr 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    09 Nov 2023
  • Revisado
    10 Mar 2024
  • Aceito
    11 Mar 2024
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