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Trauma e memória

RESUMO

Para viver é necessário esquecer o penoso. Para que isso seja possível, é imprescindível a construção do passado. Embora resulte paradoxal, Freud sustenta que a única possibilidade do esquecimento é a lembrança, pois esta constitui a condição que permite ao aparelho psíquico delimitar, recortar um passado. Caso contrário, o trauma tende a se repetir compulsivamente, sem cessar, o que atormenta o sujeito num presente eterno e ilimitado. Em relação à memória e ao trauma, podemos estabelecer um paralelismo entre as operações que realiza o aparelho psíquico singular e uma comunidade, já que, segundo Freud, não há diferenças entre os mecanismos individuais e coletivos. Desde esta concepção, interessa-nos pensar o processo de tramitação que se produziu na Argentina a partir de 1976. Nesse ano, como sabemos, começou o sangrento terrorismo de Estado da última ditadura militar. No caso da Argentina, observaremos como se estabeleceu a relação entre memória e trauma a partir das Mães da Praça de Maio e dos organismos de direitos humanos. No processo do trauma veremos surgir o que nomeamos memória coletiva, que constitui uma nova modalidade do amor. Habitualmente, a dimensão do amor não se inclui na política. No entanto, a cultura produziu uma nova forma do amor que não se pode pensar fora da política: a memória coletiva, um amor que se fez público.

Palavras-chave:
Memória; Trauma; Terrorismo de Estado; Argentina; Mães da Praça de Maio.

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