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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E TAUTISMO: UMA QUESTÃO DE PREFIXO? EPISTEMICÍDIO E CAPACITISMO NA ANÁLISE CRÍTICA À INFOCOMUNICAÇÃO

Autism spectrum disorder and tautism: A prefix issue? Epistemicide and ableism in the critical analysis of infocommunication

RESUMO

Objetivo:

Trata-se de um debate sobre os efeitos ético e ontoepistemológico do conceito de tautismo (neologismo entre tautologia e autismo), elaborado por Lucien Sfez no escopo das Teorias da Informação e Comunicação, como crítica à chamada comunicação confusional, onde a desinformação e o fim da comunicação seriam seus produtos imediatos. Sem desconsiderar a legitimidade, relevância e atualidade do problema apresentado por Sfez, o artigo reflete sobre a apropriação do termo autismo para construção de metáforas embasadas nas definições temporais e contextuais do espectro, domínio ainda em desenvolvimento.

Métodos:

Estudo de natureza básica, descritivo, abordagem qualitativa e bibliográfica e análise hermenêutica. O percurso teórico-metodológico examina os conceitos de tautismo e comunicação confusional, de Lucien Sfez, em contraponto à leitura sofista acerca da linguagem, em Barbara Cassin. Como fio condutor, o conceito de justiça informacional de Kay Mathiesen.

Resultado:

Com base nos estudos críticos informacionais e de linguagem, sustenta-se que o princípio ocidental de não-contradição aristotélico hegemônico fortalece o uso do prefixo grego - autós na instituição de identidade autista como indivíduo alheio à realidade, consequentemente, não-sujeito dotado de logos, abrindo brecha para representações capacitistas e epistemicidas da população avaliada, seus saberes e suas práticas.

Conclusões:

Como cientistas da informação, averiguamos as pegadas terminológicas que não espelham o universal, mas apontam historicidade. O gesto ontológico de exclusão funda o tautismo, cuja metaforologia negativa resguarda um problema legítimo: os efeitos físicos, mentais e políticos emergentes da digitalização de atividades e processos, capturados e agenciados por empresas e governos com interesses próprios. Apesar de Sfez desenvolver argumentação crítica à comunicação enquanto forma simbólica e ideológica, reforça uma racionalidade técnica autônoma na figura de Frankenstein.

PALAVRAS-CHAVE:
Representação da Informação; Transtorno do Espectro Autista; Tautismo; Teorias da Informação; Justiça informacional

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