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A memória do acontecido e a memória-acontecimento: um estudo semiótico dos gêneros autobiográficos1 1 Este artigo retoma parte das conclusões a que chegamos em nossa tese de doutorado, O discurso da memória: entre o sensível e o inteligível (BARROS, Mariana, 2011), realizada sob a orientação da Profa. Dra. Norma Discini de Campos, com bolsa do CNPq [140032/2008-8], redimensionadas agora à luz da pesquisa de pós-doutorado, realizada com bolsa da CAPES do PNPD [33002010103P3]. A publicação da tese pode ser encontrada em <http://spap.fflch.usp.br/node/68>.

RESUMO

Com base nas noções de campo de presença e de acontecimento, desenvolvidas pela gramática tensiva, são propostas duas formas de memória como categoria analítica dos discursos autobiográficos: a memória do acontecido e a memória-acontecimento. Essas organizações discursivas da memória determinam modos diferentes de adesão do enunciatário aos discursos, uma vez que a primeira coloca em cena estratégias que privilegiam a legibilidade do texto e a segunda explora sua dimensão sensorial e afetiva. Tendo isso em vista, o objetivo central deste artigo é investigar, no quadro teórico da semiótica discursiva, a interação entre enunciador e enunciatário em diferentes gêneros autobiográficos, como a autobiografia literária em prosa, os poemas de caráter autobiográfico e os memoriais acadêmicos. Em cada gênero, a memória do acontecido e a memória-acontecimento se articulam de forma singular. É justamente a tensão que se estabelece entre essas duas memórias, entre essas duas formas de conhecer e produzir o mundo, que parece ser fundadora dos discursos autobiográficos.

Memória; Gêneros autobiográficos; Semiótica; Gramática tensiva; Enunciação; Acontecimento

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