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FORMAS SONORAS E SENTIDOS NA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM: A ESCUTA COMO OCUPAÇÃO DE LUGAR ENUNCIATIVO

RESUMO

Este estudo se inspira na reflexão de Barthes (1976) sobre escuta , em diálogo com a linguística proposta por Émile Benveniste e suas releituras, que consideram a perspectiva desse linguista como enunciativo-antropológica (DESSONS, 2006; FLORES, 2013). A integração dessas vozes teóricas possibilitou a formulação das seguintes questões: (1) como a criança, em suas vocalizações iniciais, preenche seu lugar enunciativo de escuta nas relações interlocutivas com o outro? (2) como, nesse lugar enunciativo de escuta, a criança circunscreve a relação entre formas fônicas e o sentido, em seu duplo aspecto, sistêmico e discursivo? Metodologicamente, o estudo vale-se de fatos longitudinais de linguagem de uma criança nos seus primeiros onze meses de vida, com a seleção de cenas enunciativas. Por meio da análise, chegou-se aos seguintes resultados: indícios da criança ocupando seu lugar de escuta de si e do outro por meio de um chamado à voz do outro, pela alternância entre produção de som e pausas na autoescuta, pelo modo como declara a sua posição de locutor-ouvinte e pela implantação de um interlocutor principal nas inversibilidades enunciativas de emissões e de escutas. Esse lugar enunciativo preenchido traz indícios de sentidos discursivos e embriões de sentidos sistêmicos às formas fônicas nas emissões.

aquisição da linguagem; enunciação; escuta; forma fônica; sentido

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