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O vocabulário e as habilidades narrativas se correlacionam em pré-escolares com desenvolvimento típico de linguagem?

RESUMO

Objetivo

Caracterizar o desempenho de pré-escolares com desenvolvimento típico de linguagem em tarefas de vocabulário expressivo e de narrativa oral e verificar possíveis correlações.

Método

Participaram dessa pesquisa 39 crianças com idade entre 4 a 6 anos, de ambos os gêneros, sem queixas sobre o desenvolvimento de linguagem. As mães responderam um questionário de classificação socioeconômica, enquanto para avaliação do vocabulário foi utilizada a prova de Vocabulário Expressivo do ABFW e para eliciar a narrativa oral da criança foi utilizado o livro “Frog, where are you?”. Os dados coletados foram submetidos à análise estatística descritiva e inferencial.

Resultados

Com relação ao vocabulário expressivo, a maioria dos pré-escolares (92,3%) apresentou designação verbal usual (DVU) total adequada para a faixa etária e os campos semânticos com maior DVU foram “animais”, “formas e cores”, “brinquedos e instrumentos musicais”, “meios de transporte” e os com menor foram “profissões” e “locais”. O tipo de narrativa predominante foi causal, seguido pela intencional. Não houve correlação entre DVU e o uso de palavras nas narrativas, mas houve correlação positiva entre o total de palavras e o número de palavras diferentes utilizadas na narrativa.

Conclusão

Não houve correlação entre o vocabulário expressivo (DVU) e o uso de palavras na narrativa, mas os pré-escolares que usaram mais palavras em suas narrativas também apresentaram maior variedade lexical nesta amostra.

Descritores
Linguagem Infantil; Desenvolvimento da Linguagem; Vocabulário; Narração; Pré-Escolar

ABSTRACT

Purpose

To characterize the performance of preschoolers with typical language development in tasks of expressive vocabulary and oral narrative and to verify possible correlations.

Methods

The study included 39 children aged 4 to 6 years old, of both genders, with no complaints about language development. Mothers answered a questionnaire of socioeconomic classification, while the ABFW Vocabulary Test was used to evaluate the vocabulary and the book “Frog, where are you?” was used to elicit the child's oral narrative. The data collected were submitted to descriptive and inferential statistical analysis.

Results

Regarding expressive vocabulary, the majority of preschoolers (92.3%) had the usual verbal designation (UVD) suitable for the age group, and the semantic fields with the highest UVD were “animals”, “shapes and colors”, “toys and musical instruments”, “transportation” and those with children were “professions” and “local”. The predominant type of narrative was causal, followed by intentional. There was no correlation between UVD and the use of words in the narratives, but there was a positive correlation between the total and the number of different words used in the narrative.

Conclusion

There was no correlation between the expressive vocabulary (UVD) and the use of words in the narrative, but the preschoolers who used more words in their narratives also showed greater lexical variety in this sample.

Keywords
Child Language; Language Development; Vocabulary; Narration; Preschool Children

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da linguagem está relacionado a fatores biológicos, sociais e ambientais. Os três primeiros anos de vida de uma criança são um período de grande neuroplasticidade, considerado crítico para o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e sociais; além de ser muito importante para a aquisição de linguagem(11 Carniel CZ, Furtado MCC, Vicente JB, Abreu RZ, Tarozzo RM, Cardia SETR, et al. Influência de fatores de risco sobre o desenvolvimento da linguagem e contribuições da estimulação precoce: revisão integrativa da literatura. Rev CEFAC. 2017;19(1):109-18. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201719115616.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620171...
).

Os primeiros contatos comunicativos das crianças envolvem a mãe, logo o comportamento linguístico materno em suas diversas dimensões acaba moldando o percurso do desenvolvimento da linguagem(22 Smith J, Levickis P, Eadie T, Bretherton L, Conway L, Goldfeld S. Associations between early maternal behaviours and child language at 36 months in a cohort experiencing adversity. Int J Lang Commun Disord. 2019;54(1):110-22. http://dx.doi.org/10.1111/1460-6984.12435. PMid:30387273.
http://dx.doi.org/10.1111/1460-6984.1243...
). Sendo assim, a forma como a linguagem é utilizada pela criança no seu processo de comunicação inicial está diretamente relacionada às relações sociais estabelecidas com outros falantes da língua(33 Silva ACF, Ferreira AA, Queiroga BAM. Desenvolvimento da narrativa oral e o nível de escolaridade materna. Rev CEFAC. 2014;16(1):174-86. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620146412.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620146...
,44 Misquiatti ARN, Nakaguma PG, Brito MC, Olivati AG. Desempenho de vocabulário em crianças pré-escolares institucionalizadas. Rev CEFAC. 2015;17(3):783-91. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201513814.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151...
). Atualmente, o desenvolvimento da linguagem é apontado como um indicador de bem estar da criança e influi na qualidade de vida da família(55 Law J, Charlton J, Asmussen K. Language as a child wellbeing indicator. London: Early Intervention Foundation; 2017.)..

As condições socioeconômicas e socioculturais do grupo familiar influenciam em todos os níveis do desenvolvimento infantil, inclusive nos aspectos relacionados ao desenvolvimento da linguagem(66 Moretti TCF, Kuroishi RCS, Mandrá PP. Vocabulário de pré-escolares com desenvolvimento típico de linguagem e variáveis socioeducacionais. CoDAS. 2017;29(1):e20160098. PMid:28300961.,77 Carvalho AJ, Lemos SM, Goulart LM. Desenvolvimento da linguagem e sua relação com comportamento social, ambientes familiar e escolar: revisão sistemática. CoDAS. 2016;28(4):470-9. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20162015193. PMid:27652929.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2016...
). Um importante fator de origem social e cultural que interfere nesse processo de desenvolvimento é a escolaridade materna(88 De Giacomo A, Coppola A, Tricarico T, Terrenzio V, Margari M, Petruzzelli MG, et al. Socioeconomic status and imitation on language acquisition in a sample of preschool children. Riv Psichiatr. 2018;53(4):199-204. PMid:30087490.). Mães com maior nível de escolaridade se comunicam com mais variedade lexical e estruturas morfossintáticas mais complexas, influenciando no desenvolvimento desses aspectos em seus filhos; além disso, parecem reter mais informações referentes ao desenvolvimento da criança, fator que influencia a variedade de estimulação e de interação que será estabelecida durante seu crescimento(99 Dias NM, Bueno JOS, Pontes JM, Mecca TP. Linguagem oral e escrita na Educação Infantil: relação com variáveis ambientais. Psicol Esc Educ. 2019;23:e178467. http://dx.doi.org/10.1590/2175-35392019018467.
http://dx.doi.org/10.1590/2175-353920190...
).

A existência de indicadores de riscos para o desenvolvimento infantil (IRDIs) está diretamente relacionada à produção de fala inicial, pois bebês com fatores de risco entre zero e dezoito meses de idade produzem menos palavras quando comparados aos que não possuem riscos ao desenvolvimento durante esse período(1010 Crestani AH, Moraes AB, Souza APR. Análise da associação entre índices de risco ao desenvolvimento infantil e produção inicial de fala entre 13 e 16 meses. Rev CEFAC. 2015;17(1):169-76. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620153514.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620153...
).

Dentre as áreas da linguagem, o vocabulário é uma das que mais sofre interferência de fatores ambientais, sociointeracionais, cognitivos e individuais. Entre nove e doze meses de idade, a criança começa a adquirir suas primeiras palavras, ocorrendo uma rápida e significativa expansão do seu vocabulário a partir dos dois anos, caracterizando um processo chamado de “explosão de vocabulário”(1111 Armonia AC, Mazzega LC, Pinto FCA, Souza ACRF, Perissinoto J, Tamanaha AC. Relação entre vocabulário receptivo e expressivo em crianças com transtorno específico do desenvolvimento da fala e da linguagem. Rev CEFAC. 2015;17(3):759-65. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620156214.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620156...
). No início deste processo, as crianças adquirem de forma mais fácil palavras de classe aberta, em decorrência da exposição mais corriqueira a palavras dessa categoria, posteriormente, são adquiridas as palavras de classe fechada, tornando possíveis as primeiras combinações de palavras e formação de frases(1212 Verreschi MQ, Cáceres-Assenço AM, Befi-Lopes DM, Befi-Lopes DM. Uso de substantivos e verbos por pré-escolares com alteração específica de linguagem. CoDAS. 2016;28(4):362-8. PMid:27652924.).

Com o avançar do desenvolvimento da linguagem, as crianças passam da produção de palavras, para frases e para narrativas. O contexto de socialização familiar influencia diretamente no desenvolvimento e evolução das habilidades de narrativa oral(33 Silva ACF, Ferreira AA, Queiroga BAM. Desenvolvimento da narrativa oral e o nível de escolaridade materna. Rev CEFAC. 2014;16(1):174-86. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620146412.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620146...
). Quando comparadas a crianças inseridas em famílias de baixo nível socioeconômico, crianças de maior nível socioeconômico apresentam melhor desempenho em habilidades narrativas(1313 Gardner-Neblett N, Iruka IU. Oral narrative skills: explaining the language-emergent literacy link by race/ethnicity and SES. Dev Psychol. 2015;51(7):889-904. http://dx.doi.org/10.1037/a0039274. PMid:25938554.
http://dx.doi.org/10.1037/a0039274...
). Mas a interação com as mães, através de contação de histórias, por exemplo, favorece o desenvolvimento das capacidades de narração de suas próprias histórias(33 Silva ACF, Ferreira AA, Queiroga BAM. Desenvolvimento da narrativa oral e o nível de escolaridade materna. Rev CEFAC. 2014;16(1):174-86. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620146412.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620146...
).

O aprimoramento das habilidades narrativas também está relacionado com a faixa etária na infância; pois com o aumento da idade, as crianças têm propensão a elaborar discursos mais complexos e extensos estruturalmente(1414 Silveira HG, Brocchi BS, Perissinoto J, Puglisi ML. O efeito da tutela na narrativa de crianças em desenvolvimento típico. CoDAS. 2019;31(2):2-9. PMid:30942288.,1515 Ganthous G, Rossi NF, Giacheti CM. Narrativa oral de indivíduos com Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal. CoDAS. 2017;29(4):e20170012. PMid:28813074.). Aos cinco anos, possuem maior capacidade de moldar as estruturas narrativas, já aos seis anos são mais hábeis na compreensão e narração de histórias complexas, continuando a evolução dessas habilidades de forma significativa durante a vida escolar(1616 Rossi NF, Lindau TA, Gillam RB, Giacheti CM. Adaptação cultural do Test of Narrative Language (TNL) para o Português Brasileiro. CoDAS. 2016;28(5):507-16. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20162016018. PMid:27683830.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2016...
,1717 Costa G, Rossi NF, Giacheti CM. Performance of Brazilian Portuguese speakers in the Test of Narrative Language (TNL). CoDAS. 2018;30(4):e20170148. PMid:30043829.).

As habilidades narrativas orais podem ser avaliadas por meio de conto e reconto de histórias, sendo a narração eliciada por figuras estabelecidas em sequência lógica(1818 Santos AO, Rossi NF, Tandel MCFF, Richieri-Costa A, Giacheti CM. Aspectos da fluência em tarefa de narrativa oral na síndrome del22q11.2. CoDAS. 2016;28(4):373-8. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20162015179. PMid:27509399.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2016...
). Para sua análise podem ser levados em consideração aspectos macroestruturais, que estão relacionados à estrutura dos elementos da narrativa, e aspectos microestruturais, referentes aos conteúdos sintáticos e semânticos da produção(1717 Costa G, Rossi NF, Giacheti CM. Performance of Brazilian Portuguese speakers in the Test of Narrative Language (TNL). CoDAS. 2018;30(4):e20170148. PMid:30043829.).

Diversas informações linguísticas, cognitivas e sociais podem ser avaliadas pela análise da amostra de fala eliciada por meio de tarefas de narrativa, como o número total de palavras e o número de palavras diferentes, fornecendo medidas quantitativas e qualitativas da produção, especialmente quando há possibilidade do uso de softwares para otimizar esse processo(1919 Pezold MJ, Imgrund CM, Storkel HL. Using computer programs for language sample analysis. Lang Speech Hear Serv Sch. 2020;51(1):103-14. http://dx.doi.org/10.1044/2019_LSHSS-18-0148. PMid:31697609.
http://dx.doi.org/10.1044/2019_LSHSS-18-...
).

Para elaborar uma narrativa, o acesso ao léxico é primordial, visto que é necessário selecionar os vocábulos pertinentes para a estruturação sintática e gramatical da sentença, com o objetivo de representar oralmente os acontecimentos da história. Dessa forma, vocabulários mais amplos otimizam esse processo, facilitando a organização semântica e integração das palavras para a formação de frases e consequente competência narrativa. Ademais, os aspectos lexicais atuam como elo entre a memória de curto prazo fonológica e a produção discursiva, principalmente no reconto de histórias(2020 Shivabasappa P, Peña ED, Bedore LM. Core vocabulary in the narratives of bilingual children with and without language impairment. Int J Speech Lang Pathol. 2018;20(7):790-801. http://dx.doi.org/10.1080/17549507.2017.1374462. PMid:28937305.
http://dx.doi.org/10.1080/17549507.2017....
,2121 Korecky-Kröll K, Dobek N, Blaschitz V, Sommer-Lolei S, Boniecki M, Uzunkaya-Sharma K, et al. Vocabulary as a central link between phonological working memory and narrative competence: evidence from monolingual and bilingual four-year-olds from different socioeconomic backgrounds. Lang Speech. 2019;62(3):546-69. http://dx.doi.org/10.1177/0023830918796691. PMid:30223701.
http://dx.doi.org/10.1177/00238309187966...
).

A diversidade de vocabulário, o domínio do uso gramatical e da estruturação frasal são fatores que propiciam uma melhor narração de histórias(1313 Gardner-Neblett N, Iruka IU. Oral narrative skills: explaining the language-emergent literacy link by race/ethnicity and SES. Dev Psychol. 2015;51(7):889-904. http://dx.doi.org/10.1037/a0039274. PMid:25938554.
http://dx.doi.org/10.1037/a0039274...
). Em contexto clínico, os resultados obtidos com essas tarefas podem auxiliar tanto no diagnóstico, uma vez que crianças com transtorno de linguagem tendem a apresentar menor diversidade lexical(2222 Kapantzoglou M, Fergadiotis G, Auza Buenavides A. Psychometric evaluation of lexical diversity indices in spanish narrative samples from children with and without developmental language disorder. J Speech Lang Hear Res. 2019;62(1):70-83. http://dx.doi.org/10.1044/2018_JSLHR-L-18-0110. PMid:30950757.
http://dx.doi.org/10.1044/2018_JSLHR-L-1...
), quanto na identificação de objetivos terapêuticos e no monitoramento da evolução(1919 Pezold MJ, Imgrund CM, Storkel HL. Using computer programs for language sample analysis. Lang Speech Hear Serv Sch. 2020;51(1):103-14. http://dx.doi.org/10.1044/2019_LSHSS-18-0148. PMid:31697609.
http://dx.doi.org/10.1044/2019_LSHSS-18-...
).

Além disso, a comparação entre os aspectos de compreensão narrativa e narração oral, pode fornecer dados clínicos para diagnóstico de alterações de linguagem e o desempenho na narrativa oral pode ser indicador prévio para futuros problemas acadêmicos, como dificuldades no processo de leitura e escrita(1616 Rossi NF, Lindau TA, Gillam RB, Giacheti CM. Adaptação cultural do Test of Narrative Language (TNL) para o Português Brasileiro. CoDAS. 2016;28(5):507-16. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20162016018. PMid:27683830.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2016...
).

Assim, considerando a escassez de artigos que relacionem o desempenho do vocabulário e da narrativa no Brasil, este estudo teve como objetivo caracterizar o desempenho de pré-escolares potiguares em provas de vocabulário expressivo e de narrativa oral e verificar possíveis correlações.

MÉTODO

Este estudo faz parte de um projeto mais amplo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (CAAE 87485518.0.0000.5292). Os responsáveis pelos participantes autorizaram seus filhos a integrar o estudo assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Participantes

Participaram dessa pesquisa 39 pré-escolares pertencentes à faixa etária de 4 a 6 anos, de ambos os sexos, com desenvolvimento típico de linguagem e matriculados no Núcleo de Educação da Infância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os critérios de exclusão adotados foram: alteração fonoaudiológica previamente diagnosticada, síndromes, deficiências sensoriais e motoras, ou deficiência intelectual; e não ser brasileiro ou não ter o Português Brasileiro como língua materna.

O grupo foi composto por 48,7% (19) meninos e a média de idade foi de 65,7 ±8,49 meses. Entretanto, a distribuição pela faixa etária não foi uniforme, pois se tratou de uma amostra de conveniência: 25,6% (10) participantes estavam na faixa etária de 4 anos (média 54,6 ±2,17); 33,3% (13) estavam na faixa etária de 5 anos (média 63,7 ±3,54) e 41% (16) estavam na faixa etária de 6 anos (média 74,3 ±2,18). Com relação às variáveis familiares foi possível notar que a maioria das mães concluiu ensino superior ou realizou mestrado (38,5% cada), teve faixa de renda mais frequente entre R$2401 a R$4800 (28,2%) e a classificação econômica mais frequente foi a B2 (38,5%), conforme Tabela 1.

Tabela 1
Distribuição de frequência das variáreis familiares

Ao considerar os itens que o pré-escolar possui notamos que os menos frequentes foram computador (23,1%) e dicionário (35,9%), ao passo que os mais frequentes foram jogos e livros (100% cada). Os jogos e livros educativos que eles possuem estão mais relacionados com conhecimento de números (97,4%) e do alfabeto (94,9%) e menos canções (71,8%). Os hábitos familiares de leitura compartilhada, visita a parques e refeições compartilhadas são frequentes nessa amostra, conforme Tabela 2.

Tabela 2
Distribuição de frequência de práticas familiares

Materiais e procedimento

Inicialmente, os pais que concordaram com a participação no estudo responderam a um breve questionário a respeito do desenvolvimento infantil e práticas familiares e ao questionário de classificação socioeconômica da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP)(2323 ABEP: Associação Nacional de Empresas e Pesquisas. Critério de classificação econômica do Brasil. São Paulo: ABEP; 2016.).

A bateria de avaliação da linguagem para o estudo mais amplo inclui a gravação em vídeo de tarefas de vocabulário, fonologia, fluência, discurso e memória de curto prazo fonológica, mas para responder aos objetivos desta pesquisa apenas os dados de vocabulário e narrativa foram considerados. A coleta de dados foi realizada individualmente na própria instituição de ensino infantil em uma única sessão com duração média de 30 minutos.

Para avaliação do vocabulário foi utilizada a prova de vocabulário expressivo do teste ABFW(2424 Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas da linguagem, vocabulário, fluência e pragmática. 2. ed. Barueri: Pró-fono; 2004. Cap. 2, p. 33-50.), que consiste em solicitar à criança que nomeie 118 figuras que lhe são apresentadas sequencialmente e estão divididas em nove campos semânticos: vestuário, animais, alimentos, meios de transporte, móveis e utensílios, profissões, locais, formas e cores, brinquedos e instrumentos musicais. Para responder aos objetivos deste estudo foram consideradas apenas as respostas classificadas como designação verbal usual (DVU), tanto em cada um dos campos semânticos, quanto o total na prova. A transcrição do desempenho foi realizada separadamente por dois pesquisadores distintos e quando encontrada divergência entre as análises, um terceiro pesquisador realizou conferência, garantindo assim precisão dos dados obtidos.

Para eliciar a narrativa foi utilizado o livro “Frog, where are you?”(2525 Mayer M. Frog, where are you? New York: Dial Books for Young Readers; 1996.), que é composto por 25 cenas em preto e branco, sem escrita e dispostas em sequência lógica. Foi solicitado que o participante explorasse as páginas e depois narrasse uma história com base no livro em mãos. As amostras de fala foram analisadas e classificadas levando em consideração o número total de palavras, o número de palavras diferentes e o tipo de narrativa.

O tipo de discurso foi classificado como: descritivo, quando não foi estabelecida relação sequencial entre as cenas, abrangendo as produções em que as figuras foram descritas isoladamente; causal, quando foi estabelecida causalidade entre as cenas e houve uso de conjunções aditivas com valor causal que demonstrassem que um acontecimento ocorreu em consequência de outro; ou intencional, quando foram expressos estados mentais ou sentimentos das personagens e falas de um personagem foram expressas por discurso. Caso ocorresse mais de um tipo de discurso em uma mesma narrativa, a classificação foi feita de acordo com o tipo predominante(2626 Baron-Cohen S, Leslie AM, Frith U. Mechanical, behavioral and intentional understanding of picture stories in autistic children. Br J Dev Psychol. 1986;4(2):113-25. http://dx.doi.org/10.1111/j.2044-835X.1986.tb01003.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.2044-835X.19...
).

Análise dos dados

O tratamento estatístico dos dados foi realizado no software SPSS versão 21. A distribuição dos dados não respeitava a normalidade, portanto para a análise descritiva das variáveis numéricas foi utilizada a mediana e o intervalo interquartil, enquanto para as variáveis categóricas foi utilizada a distribuição de frequência. A análise inferencial foi realizada pela ANOVA de Friedman e as comparações por pares pelo teste de Dunn nos campos semânticos. O coeficiente de correlação de Spearman foi utilizado para investigar a relação entre o DVU e o uso de palavras nas narrativas. O nível de significância adotado foi de 5%.

RESULTADOS

A comparação com os dados de referência indicou que 92,3% dos pré-escolares teve desempenho adequado para a faixa etária na prova de vocabulário expressivo. Não foi realizada comparação nas diferentes faixas etárias, pois o número amostral em cada faixa era discrepante. A análise da porcentagem de DVU em cada campo semântico indicou haver diferença entre eles (p<0,001). As comparações par a par indicam que os campos semânticos que mais diferiram dos demais são locais e profissões, mas que eles não diferem entre si (p=1,000) e de vestuário (p=0,166 e p=0,137, respectivamente). Estes campos são exatamente aqueles com menor mediana de DVU, sendo vestuário (70,0) e móveis e utensílios (75,0) os mais próximos.

O campo vestuário, por sua vez, diferiu de meios de transporte (p=0,001), brinquedos (p<0,001), formas e cores (p<0,001) e animais (p<0,001); enquanto móveis e utensílios diferiu de animais (p<0,001) e de formas e cores (p=0,003); e alimentos diferiu apenas de animais (p=0,002), tendo menor mediana, conforme Tabela 3.

Tabela 3
Estatística descritiva do desempenho no vocabulário por campo semântico e geral

O tipo de narrativa mais frequente foi causal (43,6%), seguido pela intencional (35,9%). A análise da quantidade de palavras usadas em cada narrativa indicou que a mediana do total de palavras por narrativa foi 170, com intervalo interquartil de 127,0 a 226,0, enquanto que a mediana de palavras diferentes foi 68 com intervalo interquartil 56,0 a 81,0.

Por fim, não houve correlação entre DVU e o total de palavras (rho=0,206 p=0,207) e as palavras diferentes na narrativa (rho=0,132 p=0,422), porém houve correlação positiva entre o total de palavras e o número de palavras diferentes na narrativa (rho=0,882 p<0,001), como pode ser observado nas Figura 1 e 2.

Figura 1
Gráfico de dispersão do total de DVU no vocabulário e o uso de palavras nas narrativas
Figura 2
Gráfico de dispersão do total de palavras e palavras diferentes nas narrativas

DISCUSSÃO

Este estudo buscou caracterizar o desempenho de pré-escolares em provas de vocabulário expressivo e de narrativa oral, além de investigar a existência de correlação entre eles.

O desempenho geral dos pré-escolares na prova de vocabulário expressivo encontra-se adequado para a faixa etária. Quando comparada a porcentagem de DVU entre os campos semânticos notamos que “animais”, “brinquedos e instrumentos musicais” e “formas e cores” tiveram as maiores porcentagens, ao passo que “profissões”, “locais” e “vestuário” tiveram as menores. Dessa forma, indaga-se se os resultados encontrados devem ser considerados como alterados, ou resultantes das variações culturais e geográficas relacionadas aos vocábulos pertencentes a essas classes semânticas, como observado em outros estudos(2727 Medeiros VP, Valença RKL, Guimarães JATL, Costa RCC. Expressive vocabulary and analyze the variables in a regional sample of students in Maceió. ACR. 2013;18(2):71-7.

28 Cáceres-Assenço AM, Cristina S, Ferreira A, Befi-lopes DM. Application of a Brazilian test of expressive vocabulary in European Portuguese children. CoDAS. 2018;1782(2):2-7. PMid:29791612.
-2929 Brancalioni AR, Zauza A, Karlinski CD, Quitaiski LF, Thomaz MFO. Desempenho do vocabulário expressivo de pré-escolares de 4 a 5 anos da rede pública e particular de ensino. ACR. 2018;23:e1836. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1836.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1...
).

Este achado concorda com estudos anteriores em que as crianças apresentaram maior e menor número de designações verbais usuais para os mesmos campos semânticos encontrados, nem sempre estando o campo “vestuário” incluso entre os de menor porcentagem de acertos(44 Misquiatti ARN, Nakaguma PG, Brito MC, Olivati AG. Desempenho de vocabulário em crianças pré-escolares institucionalizadas. Rev CEFAC. 2015;17(3):783-91. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201513814.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151...
,2828 Cáceres-Assenço AM, Cristina S, Ferreira A, Befi-lopes DM. Application of a Brazilian test of expressive vocabulary in European Portuguese children. CoDAS. 2018;1782(2):2-7. PMid:29791612.,2929 Brancalioni AR, Zauza A, Karlinski CD, Quitaiski LF, Thomaz MFO. Desempenho do vocabulário expressivo de pré-escolares de 4 a 5 anos da rede pública e particular de ensino. ACR. 2018;23:e1836. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1836.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1...
). Ademais, vale salientar que esse padrão observado vai de encontro com os valores de referência estabelecidos no protocolo ABFW(2424 Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas da linguagem, vocabulário, fluência e pragmática. 2. ed. Barueri: Pró-fono; 2004. Cap. 2, p. 33-50.) para as faixas etárias pesquisadas, seguindo o processo de desenvolvimento natural da aquisição de vocábulos.

Vale ressaltar que as categorias semânticas em que foi obtida maior porcentagem de DVU, “animais”, “brinquedos e instrumentos musicais” e “formas e cores”, relacionam-se diretamente aos itens educativos, livros e brinquedos aos quais os participantes possuem acesso, conforme a distribuição das práticas familiares. Logo, indica que a presença destes itens nos estímulos parece favorecer sua aquisição. Este dado concorda com achados de que ambientes familiares mais positivos em aspectos de variedade de experiências, como, por exemplo, exposição a instrumentos musicais, visitas a lugares como museus, teatro, ou viagem com a família; e estilo de interação, por exemplo, reação dos pais aos sentimentos dela, hábito de seguir regras, estimulação à interação social, associam-se a um melhor desempenho lexical dos sujeitos(99 Dias NM, Bueno JOS, Pontes JM, Mecca TP. Linguagem oral e escrita na Educação Infantil: relação com variáveis ambientais. Psicol Esc Educ. 2019;23:e178467. http://dx.doi.org/10.1590/2175-35392019018467.
http://dx.doi.org/10.1590/2175-353920190...
).

Para que se tenha dados mais esclarecedores cremos que a análise dos processos de substituição realizados pelos pré-escolares possibilitará a investigação qualitativa desse cenário e a compreensão de seu nível de conhecimento. Além disso, pode-se realizar uma investigação com distribuição por faixa etária, ou acompanhando os escolares ao longo da primeira infância, para caracterização mais precisa.

Na análise das narrativas, obteve-se predomínio do tipo de discurso causal quando comparado às demais categorias, reforçando que com o aumento da faixa etária ocorre a redução do discurso descritivo e aumento do discurso intencional, sendo este o mais recorrente a partir dos oito e nove anos(1414 Silveira HG, Brocchi BS, Perissinoto J, Puglisi ML. O efeito da tutela na narrativa de crianças em desenvolvimento típico. CoDAS. 2019;31(2):2-9. PMid:30942288.,3030 Zenaro MP, Rossi NF, Souza ALDM, Giacheti CM. Estrutura e coerência da narrativa oral de crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. CoDAS. 2019;31(6):e20180197. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20192018197. PMid:31778423.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2019...
). Visto que os pré-escolares do presente estudo encontram-se na faixa etária entre quatro e seis anos, os elementos característicos do discurso causal estão dentro do espero para a idade.

Com relação ao objetivo de investigar a relação entre os desempenhos nas tarefas de vocabulário e de narrativa, os achados obtidos não indicaram correlação. Não obstante, observou-se que ao usar mais palavras em uma narrativa o pré-escolar também apresentava maior diversidade lexical. Um estudo recente verificou relação semelhante após apoio para construção da história (tutela), indicando que o efeito positivo da tutela foi influenciado pelo potencial linguístico dos sujeitos(1414 Silveira HG, Brocchi BS, Perissinoto J, Puglisi ML. O efeito da tutela na narrativa de crianças em desenvolvimento típico. CoDAS. 2019;31(2):2-9. PMid:30942288.).

A análise da classe das palavras utilizadas nas narrativas, observando a prevalência dos adjetivos, advérbios, substantivos, verbos, interjeições, artigos, conjunções, numerais, preposições, pronomes, poderá complementar estas informações, pois é interessante determinar o predomínio dos vocábulos que compõem o discurso, caracterizando-o de maneira qualitativa.

O bom desempenho geral obtido pelos pré-escolares em ambas as provas pode ser explicado por questões socioculturais, como um bom nível socioeconômico (NSE) e um ambiente facilitador(44 Misquiatti ARN, Nakaguma PG, Brito MC, Olivati AG. Desempenho de vocabulário em crianças pré-escolares institucionalizadas. Rev CEFAC. 2015;17(3):783-91. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201513814.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151...
,77 Carvalho AJ, Lemos SM, Goulart LM. Desenvolvimento da linguagem e sua relação com comportamento social, ambientes familiar e escolar: revisão sistemática. CoDAS. 2016;28(4):470-9. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20162015193. PMid:27652929.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2016...
,2727 Medeiros VP, Valença RKL, Guimarães JATL, Costa RCC. Expressive vocabulary and analyze the variables in a regional sample of students in Maceió. ACR. 2013;18(2):71-7.,2929 Brancalioni AR, Zauza A, Karlinski CD, Quitaiski LF, Thomaz MFO. Desempenho do vocabulário expressivo de pré-escolares de 4 a 5 anos da rede pública e particular de ensino. ACR. 2018;23:e1836. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1836.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1...
). De forma geral, os participantes desse estudo estão inseridos em contexto familiar estimulador, com hábitos de leitura e de socialização, com acessibilidade a brinquedos e instrumentos educativos, cenário importante para o desenvolvimento dos aspectos comunicativos e de linguagem da criança(66 Moretti TCF, Kuroishi RCS, Mandrá PP. Vocabulário de pré-escolares com desenvolvimento típico de linguagem e variáveis socioeducacionais. CoDAS. 2017;29(1):e20160098. PMid:28300961.,2727 Medeiros VP, Valença RKL, Guimarães JATL, Costa RCC. Expressive vocabulary and analyze the variables in a regional sample of students in Maceió. ACR. 2013;18(2):71-7.).

Além disso, o contexto escolar em que eles estão inseridos também exerce influência nos aspectos do desenvolvimento da linguagem, já que estão diretamente relacionados aos fatores de socialização, interação e exposição a recursos sociolinguísticos(44 Misquiatti ARN, Nakaguma PG, Brito MC, Olivati AG. Desempenho de vocabulário em crianças pré-escolares institucionalizadas. Rev CEFAC. 2015;17(3):783-91. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201513814.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151...
,2929 Brancalioni AR, Zauza A, Karlinski CD, Quitaiski LF, Thomaz MFO. Desempenho do vocabulário expressivo de pré-escolares de 4 a 5 anos da rede pública e particular de ensino. ACR. 2018;23:e1836. https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1836.
https://doi.org/10.1590/2317-6431-2016-1...
). Em um estudo prévio, pré-escolares inseridos em escolas públicas obtiveram bom desempenho na prova de vocabulário quando comparadas a crianças matriculadas em escolas privadas, por estarem inseridas em instituição pública considerada como referência na região(44 Misquiatti ARN, Nakaguma PG, Brito MC, Olivati AG. Desempenho de vocabulário em crianças pré-escolares institucionalizadas. Rev CEFAC. 2015;17(3):783-91. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201513814.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151...
). Os sujeitos desta pesquisa estão matriculados em uma instituição pública, mas que por ser uma escola modelo vinculada à Universidade, oferece uma educação de qualidade, o que influencia positivamente nos dados obtidos.

Com relação às limitações do estudo podemos citar que o tamanho da amostra ainda é pequeno por se tratar de população com desenvolvimento típico, entretanto, esses resultados são da primeira fase do estudo. Além disso, devido ao fato de a coleta ter sido realizada em uma única escola, não obtivemos variação nos aspectos socioeconômicos da população, inviabilizando comparações entre diferentes níveis. Sendo assim, para continuidade do estudo consideramos a ampliação da amostra incluindo diferentes escolas e maior variabilidade de escolaridade materna, para que possamos investigar a influência do nível socioeconômico sobre o desenvolvimento da linguagem.

De maneira geral, este estudo apresenta contribuições por comparar e caracterizar aspectos de dois campos distintos da linguagem, vocabulário e narrativa; além de contribuir para caracterizar os aspectos linguísticos de crianças com desenvolvimento típico fora das regiões sul e sudeste, para as quais já temos mais pesquisas. Estas informações são essenciais, pois é relevante levar em consideração as variações culturais e regionais no processo de avaliação, já que esses fatores podem interferir no desempenho das crianças principalmente quando relacionado aos aspectos lexicais da linguagem.

Destaca-se, também, a importância da análise de desempenho do vocabulário e da narrativa, e a correlação entre eles, por fornecer dados clínicos no processo de avaliação e diagnóstico de alterações de linguagem, além de predizer possíveis dificuldades acadêmicas.

CONCLUSÃO

Os pré-escolares com desenvolvimento típico de linguagem deste estudo em sua maioria obtiveram desempenho adequado na prova de vocabulário expressivo e narrativa oral predominantemente causal. Não houve correlação entre o vocabulário e o uso de palavras na narrativa, porém houve correlação positiva entre o total de palavras e a diversidade lexical, indicando que aqueles que usam mais palavras em suas narrativas também apresentam maior variedade lexical.

  • Trabalho realizado no Departamento de Fonoaudiologia, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN - Natal (RN), Brasil.
  • Fonte de financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Jul 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    10 Jun 2020
  • Aceito
    30 Out 2020
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