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Efeitos da terapia manual laríngea e da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) na diadococinesia laríngea em mulheres disfônicas: estudo clínico randomizado

RESUMO

Objetivo

Verificar e comparar os efeitos da terapia manual laríngea (TML) e da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) na diadococinesia laríngea de mulheres disfônicas.

Método

Participaram 20 mulheres com nódulos vocais, divididas igualmente por sorteio em: Grupo TML–aplicação de TML; Grupo TENS–aplicação de TENS; ambos receberam 12 sessões de tratamento, duas vezes por semana, 20 minutos cada, pelo mesmo terapeuta. As mulheres foram avaliadas quanto à diadococinesia (DDC) laríngea em três momentos, diagnóstico, pré-tratamento e pós-tratamento, o que produziu três grupos de medidas. A gravação da DDC foi realizada por meio da repetição entrecortada das vogais: /a/ e /i/. A análise da DDC foi realizada pelo programa Motor Speech Profile Advanced (MSP)-KayPentax. Os parâmetros da DDC das três avaliações foram comparados entre si pelo teste t pareado (p≤0,05).

Resultados

Parâmetros DDC se apresentaram semelhantes na fase sem tratamento, indicando que não houve variabilidade individual ao longo do tempo. Não houve modificação em relação à velocidade da DDC após intervenções, mas após TML, a DDC da vogal /i/ se apresentou mais estável em relação à duração do período e à intensidade das emissões. Estes resultados indicam que TML melhorou a coordenação de movimentos das pregas vocais à fonação. Não houve modificações dos parâmetros da DDC em relação à estabilidade das emissões após TENS.

Conclusão

TML promove maior regularidade de movimentos diadococinéticos das pregas vocais em mulheres disfônicas, o que amplia o conhecimento sobre o efeito do reequilíbrio da musculatura laríngea na função fonatória, já TENS não proporciona efeitos na diadococinesia laríngea.

Descritores
Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea; Disfonia; Massagem; Voz; Laringe; Fonoaudiologia

ABSTRACT

Purpose

To verify and compare the effect of transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS) and laryngeal manual therapy (LMT) on laryngeal diadochokinesis (DDK) of dysphonic women.

Methods

Twenty women with bilateral vocal nodules participated and were equally divided into: LMT Group – LMT application; TENS Group – TENS application; both groups received 12 sessions of treatment, twice a week, with a duration of 20 minutes each, applied by the same therapist. The women were evaluated as to laryngeal DDK at three moments: diagnostic, pre-treatment, and post-treatment, which produced three groups of measurements. The DDK recording was performed with intersected repetition of vowels /a/ and / i/. The analysis of vowels was performed by the program Motor Speech Profile Advanced (MSP)-KayPentax. The DDK parameters of the three evaluations were compared by means of the paired t-test (p≤0.05).

Results

The measurements of laryngeal DDK parameters were similar in the phase without treatment, indicating no individual variability over time. There was no change with respect to the speed of DDK after intervention, but after LMT, DDK of the vowel /i/ was more stable in terms of the duration of the emissions and intensity of emissions repeated. These results show improved coordination of vocal folds movement during phonation. There were no changes in the DDK parameters following TENS.

Conclusion

LMT provides greater regularity of movement during laryngeal diadochokinesis in dysphonic women, which extends knowledge on the effect of rebalancing the larynx muscles during phonation, although TENS does not impact laryngeal diadochokinesis.

Keywords
Transcutaneous Electric Nerve Stimulation; Dysphonia; Massage; Voice; Larynx; Speech, Language and Hearing Sciences

INTRODUÇÃO

As definições de conduta da reabilitação vocal dependem predominantemente do conhecimento a respeito das manifestações da disfonia na qualidade vocal e na laringe do indivíduo. As disfonias comportamentais associadas à tensão muscular são tratadas tradicionalmente por terapia fonoaudiológica vocal, em que vários autores recomendam que o relaxamento laríngeo seja priorizado, utilizando técnicas de manipulação digital da laringe(11 Roy N, Leeper HA. Effects of the manual laryngeal musculoskeletal tension reduction technique as a treatment for functional voice disorders: perceptual and acoustic measures. J Voice. 1993;7(3):242-9. PMid:8353642. http://dx.doi.org/10.1016/S0892-1997(05)80333-9.
http://dx.doi.org/10.1016/S0892-1997(05)...
,22 Van Lierde KM, De Ley S, Clement G, De Bodt M, Van Cauwenberge P. Outcome of laryngeal manual therapy in four Dutch adults with persistent moderate-to-severe vocal hyperfunction: a pilot study. J Voice. 2004;18(4):467-74. PMid:15567048. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2004.02.003.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2004....
), terapia manual circunlaríngea(33 Roy N, Nissen SL, Dromey C, Sapir S. Articulatory changes in muscle tension dysphonia: evidence of vowel space expansion following manual circumlaryngeal therapy. J Commun Disord. 2009;42(2):124-35. PMid:19054525. http://dx.doi.org/10.1016/j.jcomdis.2008.10.001.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jcomdis.2008...
,44 Van Lierde KM, Bodt MD, Dhaeseleer E, Wuyts F, Claeys S. The treatment of muscle tension dysphonia: a comparison of two treatment techniques by means of an objective multiparameter approach. J Voice. 2010;24(3):294-301. PMid:19497709. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2008.09.003.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2008....
) ou terapia manual laríngea(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
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), além de técnicas de suavização da produção e estabilização da emissão, concomitante à estimulação da onda de mucosa, a fim de regredir lesões de massa nas pregas vocais, caso estejam presentes(66 Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, et al. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008;20(3):189-94.).

A terapia manual laríngea (TML) preconiza o trabalho com os músculos esternocleidomastóideos, supra-hióideos e região da membrana tireo-hióidea(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
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). Esta técnica tem como objetivo principal relaxar a musculatura excessivamente tensa que inibe a função fonatória equilibrada(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
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), característica observada nas disfonias comportamentais. Outro recurso capaz de relaxar a musculatura cervical e perilaríngea é a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) que pode ser aplicada nesse tipo de disfonia. Além da analgesia, a TENS é capaz de promover melhora da vascularização na região aplicada(77 Sluka KA, Walsh DM. Transcutaneous electrical nerve stimulation: basic science mechanisms and clinical effectiveness. J Pain. 2003;4(3):109-21. PMid:14622708. http://dx.doi.org/10.1054/jpai.2003.434.
http://dx.doi.org/10.1054/jpai.2003.434...
). Entretanto, a escolha da corrente quanto à sua frequência, intensidade e largura de pulso, bem como a colocação de eletrodos influenciam o tipo de estímulo que a musculatura da laringe pode receber. A TENS de baixa frequência e forte intensidade, com aplicação de eletrodos na região submandibular e fibras descendentes do músculo trapézio, promove fortes vibrações na laringe(88 Silverio KCA, Brasolotto AG, Siqueira LTD, Carneiro CG, Fukushiro AP, Guirro RRJ. Effect of application of transcutaneous electrical nerve stimulation and laryngeal manual therapy in dysphonic women. Clin Trials. 2015;29(2):200-8. PMid:25439510.). Este tipo de corrente tem levado à melhora da qualidade vocal de mulheres disfônicas, bem como diminuição da atividade elétrica dos músculos esternocleidomastóideos depois de 10 sessões(66 Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, et al. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008;20(3):189-94.). Desta forma, a TENS pode ser coadjuvante no tratamento das disfonias comportamentais(66 Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, et al. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008;20(3):189-94.,88 Silverio KCA, Brasolotto AG, Siqueira LTD, Carneiro CG, Fukushiro AP, Guirro RRJ. Effect of application of transcutaneous electrical nerve stimulation and laryngeal manual therapy in dysphonic women. Clin Trials. 2015;29(2):200-8. PMid:25439510.).

Uma das formas de avaliar os efeitos da terapia vocal é a análise acústica. Dentre os diversos tipos de análise está a Diadococinesia (DDC), definida como a habilidade em realizar rápidas repetições de padrões relativamente simples, compostos por contrações oposicionais(99 Baken RJ, Orlikoff RF. Clinical measurement of speech and voice. 2. ed. San Diego: Singular; 2000. Speech movements: diadochokinesis; p. 511-74.), que pode sugerir informações a respeito da integração e maturação neuromotora dos indivíduos(99 Baken RJ, Orlikoff RF. Clinical measurement of speech and voice. 2. ed. San Diego: Singular; 2000. Speech movements: diadochokinesis; p. 511-74.). Esta avaliação acústica tem sido utilizada em diversos casos e populações como em crianças com distúrbios fonológicos(1010 Wertzner HF, Pagan-Neves LO, Alves RR, Barrozo TF. Implications of diadochokinesia in children with speech sound disorder. CoDAS. 2013;25(1):52-8. PMid:24408171. http://dx.doi.org/10.1590/S2317-17822013000100010.
http://dx.doi.org/10.1590/S2317-17822013...
), com implantes cocleares(1111 Eskander A, Gordon KA, Tirado Y, Hopyan T, Russell L, Allegro J, et al. Normal-like motor speech parameters measured in children with long-term cochlear implant experience using a novel objective analytic technique. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2014;140(10):967-74. PMid:25170778. http://dx.doi.org/10.1001/jamaoto.2014.1730.
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) e com distúrbio da fluência(1212 Andrade CRF, Queiróz DP, Sassi FC. Electromyography and diadochokinesis: a study with fluente and stuttering children. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2010;22(2):77-82.), em pacientes neurológicos(1313 Pereira AC, Brasolotto AG, Berretin-Felix G, Padovani CR. Diadococinesia oral e laríngea em pacientes pós-acidente vascular encefálico. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2004;16(3):283-92.

14 Wang Y, Kent R, Duffy JR, Thomas JE. Analysis of diadochokinesis in ataxic dysarthria using the motor speech profile program. Folia Phoniatr Logop. 2008;61(1):1-11. PMid:19088478. http://dx.doi.org/10.1159/000184539.
http://dx.doi.org/10.1159/000184539...

15 Godoy JF, Brasolotto AG, Berretin-Félix G, Fernandes AY. Neuroradiology and voice findings in stroke. CoDAS. 2014;26(2):168-74. PMid:24918512. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2014531IN.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2014...
-1616 Brendel B, Synofzik M, Ackermann H, Lindig T, Schölderle T, Schöls L, et al. Comparing speech characteristics in spinocerebellar ataxias type 3 and type 6 with Friedreich ataxia. J Neurol. 2015;262(1):21-6. PMid:25267338. http://dx.doi.org/10.1007/s00415-014-7511-8.
http://dx.doi.org/10.1007/s00415-014-751...
), idosos saudáveis(1717 Padovani M, Gielow I, Behlau M. Phonarticulatory diadochokinesis in young and elderly individuals. Arq Neuropsiquiatr. 2009;67(1):58-61. PMid:19330213. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2009000100015.
http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2009...
), jovens e crianças(1818 Modolo DJ, Berretin-Felix G, Genaro KF, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in children. Folia Phoniatr Logop. 2011;63(1):1-8. PMid:20689303. http://dx.doi.org/10.1159/000319728.
http://dx.doi.org/10.1159/000319728...
,1919 Icht M, Ben-David BM. Oral-diadochokinetic rates for Hebrew-speaking school-age children: real words vs. non-words repetition. Clin Linguist Phon. 2015;29(2):102-14. PMid:25259403. http://dx.doi.org/10.3109/02699206.2014.961650.
http://dx.doi.org/10.3109/02699206.2014....
), além de pacientes com disfonias comportamentais(2020 Louzada T, Beraldinelle R, Berretin-Felix G, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in dysphonic. J Appl Oral Sci. 2011;19(6):567-72. PMid:22230989. http://dx.doi.org/10.1590/S1678-77572011000600005.
http://dx.doi.org/10.1590/S1678-77572011...
,2121 Oliveira DN, Brasolotto AG, Silverio KCA. Controle dos movimentos de pregas vocais em disfônicos de diversas faixas etárias. In: XX Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia [Internet]; 2012; Brasília. Proceedings. São Paulo: SBFA; 2012. p. 3106 [citado em 2016 Set 25]. Disponível em: http://www.sbfa.org.br/portal/anais2012/trabalhos_select.php?id_artigo=3106&tt=SESS%C3O%20DE%20CONCORRENTES%20A%20PR%CAMIO
http://www.sbfa.org.br/portal/anais2012/...
). Considerando-se as avaliações da DDC na prática clínica fonoaudiológica, a DDC laríngea tem por finalidade investigar o controle neuromotor das pregas vocais(2222 Leeper HA, Jones E. Frequency and intensity effects upon temporal and aerodynamic aspects of vocal fold diadochokinesis. Percept Mot Skills. 1991;73(3):880-2. PMid:1792136. http://dx.doi.org/10.2466/pms.1991.73.3.880.
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), sendo utilizada principalmente nas avaliações dos distúrbios da voz(1313 Pereira AC, Brasolotto AG, Berretin-Felix G, Padovani CR. Diadococinesia oral e laríngea em pacientes pós-acidente vascular encefálico. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2004;16(3):283-92.,1515 Godoy JF, Brasolotto AG, Berretin-Félix G, Fernandes AY. Neuroradiology and voice findings in stroke. CoDAS. 2014;26(2):168-74. PMid:24918512. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2014531IN.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2014...
,1717 Padovani M, Gielow I, Behlau M. Phonarticulatory diadochokinesis in young and elderly individuals. Arq Neuropsiquiatr. 2009;67(1):58-61. PMid:19330213. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2009000100015.
http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2009...
,1818 Modolo DJ, Berretin-Felix G, Genaro KF, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in children. Folia Phoniatr Logop. 2011;63(1):1-8. PMid:20689303. http://dx.doi.org/10.1159/000319728.
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,2020 Louzada T, Beraldinelle R, Berretin-Felix G, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in dysphonic. J Appl Oral Sci. 2011;19(6):567-72. PMid:22230989. http://dx.doi.org/10.1590/S1678-77572011000600005.
http://dx.doi.org/10.1590/S1678-77572011...
,2222 Leeper HA, Jones E. Frequency and intensity effects upon temporal and aerodynamic aspects of vocal fold diadochokinesis. Percept Mot Skills. 1991;73(3):880-2. PMid:1792136. http://dx.doi.org/10.2466/pms.1991.73.3.880.
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).

Uma vez que as mudanças na extensão e velocidade de movimentos das pregas vocais podem refletir em modificações na taxa de produção, nos padrões de duração e na velocidade de fluxo de ar transglótico durante a DDC(2323 Leeper HA, Heeneman H, Reynolds C. Vocal function following vertical hemilaryngectomy: a preliminary investigation. J Otolaryngol. 1990;19(1):62-7. PMid:2313787.), recomenda-se que esta avaliação esteja incluída nos procedimentos de reabilitação de pacientes com distúrbios da voz, mesmo na ausência de problemas neurológicos(2121 Oliveira DN, Brasolotto AG, Silverio KCA. Controle dos movimentos de pregas vocais em disfônicos de diversas faixas etárias. In: XX Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia [Internet]; 2012; Brasília. Proceedings. São Paulo: SBFA; 2012. p. 3106 [citado em 2016 Set 25]. Disponível em: http://www.sbfa.org.br/portal/anais2012/trabalhos_select.php?id_artigo=3106&tt=SESS%C3O%20DE%20CONCORRENTES%20A%20PR%CAMIO
http://www.sbfa.org.br/portal/anais2012/...
).

Pode-se considerar que estratégias direcionadas ao relaxamento da musculatura perilaríngea excessivamente tensa, como a terapia manual laríngea e a TENS, possam melhorar a função glótica(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
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) e, possivelmente, a velocidade, ritmo e controle neuromotor laríngeo em mulheres com nódulos vocais, uma vez que um desequilíbrio da musculatura extrínseca da laringe poderá influenciar a atividade da musculatura intrínseca, ocasionando, assim, modificações em tais parâmetros vocais após intervenções. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi verificar e comparar os efeitos da aplicação da terapia manual laríngea (TML) e da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) na diadococinesia laríngea de mulheres disfônicas.

MÉTODO

O presente trabalho faz parte de um estudo maior, o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (099/2011). Todos os indivíduos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foram selecionadas, para este estudo, 20 mulheres na faixa etária de 18 a 45 anos de idade, média de 29,4 anos. O cálculo amostral realizado em estudo anterior(88 Silverio KCA, Brasolotto AG, Siqueira LTD, Carneiro CG, Fukushiro AP, Guirro RRJ. Effect of application of transcutaneous electrical nerve stimulation and laryngeal manual therapy in dysphonic women. Clin Trials. 2015;29(2):200-8. PMid:25439510.), ao qual pertencem os dados da diadococinesia deste trabalho, foi baseado no estudo de Lagorio et al.(2424 Lagorio LA, Carnaby-Mann GD, Crary MA. Treatment of vocal fold bowing using neuromuscular electrical stimulation. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2010;136(4):398-403. PMid:20403858. http://dx.doi.org/10.1001/archoto.2010.33.
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), que, considerando um valor de p< 0,05 (α=5%) e uma força de teste de 90% (β>0,90), indicou a necessidade de 6 indivíduos, sendo mantido para o atual estudo.

Para formar os grupos, buscaram-se mulheres inscritas para tratamento vocal no Setor de Voz da Clínica de Fonoaudiologia da instituição. Para participar do estudo, as voluntárias deveriam apresentar queixa de alteração vocal, voz alterada evidenciada por uma pré-avaliação perceptivo-auditiva fonoaudiológica, nódulos vocais bilaterais ou espessamento mucoso e fenda à fonação, evidenciados pela avaliação otorrinolaringológica.

Foram excluídas do estudo todas as voluntárias que: receberam tratamento prévio fonoaudiológico vocal ou cirúrgico na laringe; estavam no período de menopausa; com alterações da glândula tireoide ou alterações hormonais; problemas cardíacos ou vasculares; e com idade superior a 45 anos, com a finalidade de isolar variáveis como alterações resultantes do processo natural de envelhecimento ou mudanças da musculatura pela idade(2525 Satallof RT, Linville SE. The effects of age on the voice. In: Sataloff RT. Professional voice: the science and art of clinical care. New York: Raven Press; 1991. p. 497-511.).

Desta forma, as voluntárias que atenderam aos critérios de inclusão foram divididas em: Grupo TML – submetidas à aplicação da TML, segundo a descrição da técnica da terapia manual laríngea (TML) proposta no estudo de Mathieson et al.(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
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); Grupo TENS – submetidas à aplicação da TENS segundo Guirro et al.(66 Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, et al. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008;20(3):189-94.). A distribuição das voluntárias em cada grupo foi realizada por sorteio manual: 20 pedaços de papel com mesma aparência e com os nomes de cada tratamento (dez pedaços de papel para TENS; dez pedaços de papel para TML) que foram colocados em uma caixa. A terapeuta pegou o papel sorteado para cada indivíduo e aplicou o tratamento. É importante ressaltar que a terapeuta era proficiente na execução de ambos os métodos realizados no presente estudo e não participou da análise dos resultados.

Depois de considerados os critérios de inclusão, participaram do estudo dez voluntárias sorteadas para o Grupo TENS (idade média de 28,7 anos) e dez voluntárias sorteadas para o Grupo TML (idade média de 30,1 anos). O Quadro 1 mostra a distribuição das voluntárias em relação à idade, profissão e atividades com uso da voz, peso e altura para o Grupo TENS e Grupo TML. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os dois grupos quanto a estas variáveis, revelando que os grupos eram homogêneos.

Quadro 1
Distribuição das voluntárias do Grupo TENS e Grupo TML em relação à idade, profissão e atividades com o uso da voz, peso, altura e IMC

Procedimentos

O estudo foi composto de duas fases: a primeira fase foi constituída de avaliação inicial e após seis semanas sem tratamento ou qualquer orientação fonoaudiológica; a segunda fase foi constituída de intervenção fonoaudiológica composta de 12 sessões de TENS ou TML.

A gravação da DDC laríngea foi realizada em três momentos, referentes às fases do estudo:

  • Primeira gravação: realizada na fase inicial do estudo - ocorreu após diagnóstico otorrinolaringológico e definição dos grupos;

  • Segunda gravação: realizada após seis semanas sem tratamento, ainda na primeira fase do estudo;

  • Terceira gravação: realizada após 12 sessões de aplicação de TENS ou de TML, na segunda fase do estudo.

Diadococinesia

A gravação da voz foi realizada em ambiente silencioso, acusticamente tratado, utilizando-se um sistema computadorizado formado por: computador Intel Pentium (R) 4, CPU 2.040 GHz e 256 MB de RAM, monitor LG Flatron E7015 17” e placa de som modelo Audigy II, marca Creative. As gravações foram realizadas por um software de edição de áudio profissional – Sound Forge 10.0, em taxa de amostragem de 44.100Hz, canal Mono em 16Bit e microfone AKG modelo C 444 PP.

Para a avaliação do controle motor laríngeo, foi realizada a gravação da Diadococinesia (DDC) laríngea por meio da repetição entrecortada de cada uma das vogais separadamente: /a/ e /i/. As voluntárias foram instruídas a “manter a produção tão rápida quanto possível”, durante o tempo determinado. Cada emissão foi gravada por oito segundos, sendo excluídos os dois primeiros e os dois últimos segundos da amostra para posterior análise.

A análise das vogais foi realizada por meio do programa computadorizado Motor Speech Profile Advanced (MSP), modelo 5141, versão 252 da KayPentax. No ajuste de captura, foram utilizadas taxas de amostragem de 11025 Hz. O programa MSP apresenta um registro gráfico das emissões, apresentando um eixo na horizontal (tempo em segundos) e um eixo vertical (energia em dB). Para realizar as contagens da DDC, o programa traça uma linha no ponto central da escala de energia em dB do eixo vertical. O valor utilizado para delimitar o ponto foi o valor da intensidade média da amostra da DDC (DDKava) fornecido pelo próprio programa MSP durante a análise em cada emissão(1818 Modolo DJ, Berretin-Felix G, Genaro KF, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in children. Folia Phoniatr Logop. 2011;63(1):1-8. PMid:20689303. http://dx.doi.org/10.1159/000319728.
http://dx.doi.org/10.1159/000319728...
)Figura 1. Foi padronizado que a linha de análise deveria ser rebaixada ou elevada a fim de não computar subpicos devido a possíveis instabilidades nos contornos de energia produzidos pelo gráfico(1818 Modolo DJ, Berretin-Felix G, Genaro KF, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in children. Folia Phoniatr Logop. 2011;63(1):1-8. PMid:20689303. http://dx.doi.org/10.1159/000319728.
http://dx.doi.org/10.1159/000319728...
,2020 Louzada T, Beraldinelle R, Berretin-Felix G, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in dysphonic. J Appl Oral Sci. 2011;19(6):567-72. PMid:22230989. http://dx.doi.org/10.1590/S1678-77572011000600005.
http://dx.doi.org/10.1590/S1678-77572011...
). Os parâmetros da DDC são fornecidos automaticamente pelo programa MSP. Foram analisados os parâmetros: média da taxa da DDC (DDCavR), taxa de repetição (DDCavP), desvio padrão do período da DDC (DDCdpP), coeficiente de variação do período da DDC (DDCcvp), perturbações do período da DDC (DDCjitP) e coeficiente de variação do pico da intensidade da DDC (DDCcvI). As definições de cada parâmetro estão descritas no Quadro 2.

Figura 1
Gráfico do programa Motor Speech Profile Advanced modelo 5141, versão 252 da KayPentax no qual se observa o tempo (segundos) no eixo horizontal e a energia (dB) no eixo vertical a linha horizontal de análise da DDC
Quadro 2
Parâmetros analisados na diadococinesia laríngea

Intervenção fonoaudiológica

Aplicação da Terapia Manual Laríngea (TML)

A TML foi aplicada por 20 minutos, com a voluntária sentada confortavelmente em uma cadeira. A terapeuta permaneceu atrás da voluntária e iniciou a massagem nos músculos esternocleidomastóideos, supra-hióideos e laringe, bilateralmente, com movimentos descendentes circulares, amassamento e alongamento em cada grupo muscular, além de deslocamento da laringe(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007....
). Os toques aplicados nas voluntárias foram realizados superficialmente, de modo delicado, com pressão diferente em cada uma das mãos, e trabalhando mais detalhadamente as áreas de maior resistência muscular, sensação de maior tonicidade ou presença de nódulos. Durante o procedimento, foi solicitado à participante que permanecesse em silêncio, sem nenhuma emissão vocal, respirasse tranquilamente e que procurasse relaxar os ombros e a mandíbula, sem realizar contato dentário. Os seguintes passos foram realizados durante a TML, de forma adaptada(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007....
), a fim de acompanhar o mesmo tempo de aplicação de TENS (20 minutos):

  • Cinco minutos de massagem, com movimentos circunlaríngeos no músculo Esternocleidomastóideo (ECM) por completo;

  • Cinco minutos de massagem, com movimentos de deslizamento em toda região supralaríngea;

  • Repetição de dois minutos de massagem no músculo ECM;

  • Repetição de dois minutos de massagem na região supralaríngea;

  • Um minuto de movimentos de deslizamentos, abaixando a laringe na região laríngea;

  • Dois minutos com movimentos de deslocamento da cartilagem tireoide;

  • Repetição de mais um minuto de movimentos de deslizamento, abaixando a laringe;

  • Repetição de mais dois minutos de movimentos de deslocamento da cartilagem tireoide.

Foram realizadas 12 sessões de aplicação da TML, por 20 minutos cada, duas vezes por semana. Depois de cada sessão foi realizada a gravação da voz, bem como a investigação das sensações propiciadas pela técnica para posterior controle.

Aplicação da TENS

A aplicação da TENS foi realizada com a voluntária em repouso na posição decúbito dorsal, em uma maca, por 20 minutos. Durante o procedimento foi solicitado que a voluntária permanecesse em silêncio, sem nenhuma emissão vocal, respirasse tranquilamente e que procurasse relaxar os ombros e a mandíbula. O equipamento utilizado para a aplicação da TENS foi o Dualpex 961 - dois canais da marca Quark. Os parâmetros utilizados foram os da TENS de baixa frequência, com pulso quadrático bifásico simétrico, fase de 200μs, frequência de 10 Hz e intensidade no limiar motor. Os eletrodos (3,0 cm x 4,0 cm) foram posicionados na região do músculo trapézio (fibras descendentes) e na região submandibular, bilateralmente, totalizando o número de quatro(77 Sluka KA, Walsh DM. Transcutaneous electrical nerve stimulation: basic science mechanisms and clinical effectiveness. J Pain. 2003;4(3):109-21. PMid:14622708. http://dx.doi.org/10.1054/jpai.2003.434.
http://dx.doi.org/10.1054/jpai.2003.434...
). Os eletrodos foram fixados à pele com fita adesiva antialérgica após terem sido untados com gel eletrocondutor.

Foram realizadas 12 sessões de aplicação com TENS, de 20 minutos cada, duas vezes por semana. Depois de cada sessão foi realizada a gravação da voz, bem como a investigação das sensações propiciadas pela técnica para posterior controle.

Análise dos dados

Os parâmetros da DDC laríngea das três avaliações foram comparados entre si por meio do teste t pareado, adotando-se o nível de significância de 5% (p≤0,05). Utilizou-se o programa Statistics 7.0 para análise dos dados.

RESULTADOS

Foram realizados neste estudo 58 exames laringológicos. Depois do diagnóstico otorrinolaringológico, 24 voluntárias iniciaram o tratamento vocal, porém quatro voluntárias foram excluídas por apresentarem alterações da glândula tireoide. Dessa forma, completaram o tratamento até o final 20 voluntárias (tratamento e avaliações finais), sendo 10 do Grupo TENS e 10 do Grupo TML. A representação da amostra encontra-se na Figura 2.

Figura 2
Fluxograma referente às etapas da pesquisa em relação à amostra do estudo

A Tabela 1 apresenta as comparações entre os registros da DDC laríngea: gravações 1 e 2 (sem tratamento), gravações 2 e 3 (após intervenção TML). Não foi verificada variação individual ao longo do tempo em relação à fase sem tratamento. Observa-se também que houve diminuição do desvio padrão do período (DDC dpP), do coeficiente de variação do período (DDCcvP) e redução do coeficiente da variação do pico da intensidade (DDCcvI) após o tratamento, o que indica melhora da estabilidade da emissão da vogal /i/ após TML.

Tabela 1
Valores da DDC laríngea no grupo TML referentes às fases do estudo: fase 1 – sem tratamento (1ª e 2ª gravações), fase 2 – com tratamento (2ª e 3ª gravações)

A Tabela 2 apresenta as comparações entre as gravações da DDC laríngea: gravações 1 e 2 (sem tratamento), gravações 2 e 3 (após intervenção TENS). Foi verificada diferença estatisticamente significante entre a primeira e a segunda gravação da DDC apenas para a variação do parâmetro DDCcvI, o que mostra variabilidade do indivíduo em relação a este parâmetro ao longo do tempo. Observou-se que após a TENS não houve modificação dos parâmetros diadococinéticos laríngeos.

Tabela 2
Valores da DDC laríngea no grupo TENS referentes às fases do estudo: fase 1 – sem tratamento (1ª e 2ª gravações), fase 2 – com tratamento (2ª e 3ª gravações)

DISCUSSÃO

A avaliação da diadococinesia (DDC) laríngea identifica a velocidade dos movimentos de abertura e fechamento das pregas vocais, bem como a regularidade destes movimentos. Além de condições neuromotoras íntegras e controle do sistema nervoso central, esta habilidade depende de aspectos morfológicos e comportamentais, como o equilíbrio de forças musculares, aspecto este trabalhado na terapia vocal das disfonias comportamentais.

Por este motivo, o teste de DDC pode contribuir para a compreensão dos efeitos de tratamentos nestes casos, uma vez que desequilíbrios na musculatura extrínseca da laringe afeta diretamente a funcionalidade da musculatura intrínseca, o que pode levar a alterações nas habilidades diadococinéticas das pregas vocais. Além disso, autores(2222 Leeper HA, Jones E. Frequency and intensity effects upon temporal and aerodynamic aspects of vocal fold diadochokinesis. Percept Mot Skills. 1991;73(3):880-2. PMid:1792136. http://dx.doi.org/10.2466/pms.1991.73.3.880.
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) comprovaram em estudo com mulheres sem alterações neurológicas e com alterações vocais que a intensidade vocal pode influenciar a velocidade da DDC. Outros estudos em diferentes populações(2222 Leeper HA, Jones E. Frequency and intensity effects upon temporal and aerodynamic aspects of vocal fold diadochokinesis. Percept Mot Skills. 1991;73(3):880-2. PMid:1792136. http://dx.doi.org/10.2466/pms.1991.73.3.880.
http://dx.doi.org/10.2466/pms.1991.73.3....
,2626 Dworkin JP. Characteristics of frontal lispers clustered according to severity. J Speech Hear Disord. 1980;45(1):37-44. PMid:7354629. http://dx.doi.org/10.1044/jshd.4501.37.
http://dx.doi.org/10.1044/jshd.4501.37...

27 Fletcher SG, Meldrum JR. Lingual function and relative length the lingual frenulum. J Speech Hear Res. 1968;11(2):382-90. PMid:5664266. http://dx.doi.org/10.1044/jshr.1102.382.
http://dx.doi.org/10.1044/jshr.1102.382...
-2828 Hale ST, Kellum GD, Richardson JF, Messer SC, Gross AM, Sisakun S. Oral motor control, posturing, and myofunctional variables in 8-year-olds. J Speech Hear Res. 1992;35(6):1203-8. PMid:1494265. http://dx.doi.org/10.1044/jshr.3506.1203.
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) revelam que, quando há alterações morfológicas e/ou funcionais nas estruturas participantes da fala, incluindo laringe, observa-se prejuízo na velocidade e precisão dos seus movimentos diadococinéticos. Desta forma, decidiu-se verificar os efeitos da aplicação de duas técnicas, a terapia manual laríngea (TML) e a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), na diadococinesia laríngea de mulheres disfônicas, pois estas técnicas terapêuticas têm sido utilizadas no tratamento vocal de pacientes com disfonia comportamental com o objetivo de relaxar a musculatura da região laríngea e perilaríngea(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007....
,66 Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, et al. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008;20(3):189-94.,88 Silverio KCA, Brasolotto AG, Siqueira LTD, Carneiro CG, Fukushiro AP, Guirro RRJ. Effect of application of transcutaneous electrical nerve stimulation and laryngeal manual therapy in dysphonic women. Clin Trials. 2015;29(2):200-8. PMid:25439510.), as quais podem maximizar a habilidade de DDC.

O presente estudo foi composto por três gravações da DDC laríngea. As duas primeiras gravações correspondem à fase sem tratamento e foram realizadas com o objetivo de observar variações inerentes aos indivíduos, sendo considerados como controle da amostra. A fase sem tratamento teve a mesma duração – seis semanas – que a fase com tratamento. As medidas dos parâmetros da DDC laríngea se apresentaram semelhantes nos dois primeiros momentos – fase sem tratamento (Tabelas 1 e 2), o que indica que não houve variabilidade individual significante ao longo do tempo, permitindo melhor observar os efeitos do tratamento com TML e TENS. Apenas o coeficiente de variação do pico da intensidade (DDCcvI) do grupo TENS apresentou diferença significante na fase sem tratamento, o que pode indicar variabilidade individual, já que uma das participantes do grupo TENS apresentou taxa mais alta deste parâmetro na segunda execução da DDC do que as demais voluntárias.

A repetição das vogais /a/ e /i/ avaliam o mesmo comportamento de abertura e fechamento das pregas vocais, mas autores relatam que a avaliação da DDC laríngea por meio das duas vogais traz resultados diferentes(1818 Modolo DJ, Berretin-Felix G, Genaro KF, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in children. Folia Phoniatr Logop. 2011;63(1):1-8. PMid:20689303. http://dx.doi.org/10.1159/000319728.
http://dx.doi.org/10.1159/000319728...
), como foi encontrado no presente estudo. Porém, não existe nada na literatura que revele o porquê dessas diferenças, apenas que utilizam essas vogais para tal avaliação. Apenas a DDC laríngea da vogal /i/ promoveu diferença significativa após intervenção com TML (Tabela 1), ressaltando a importância de se utilizar ambas as vogais na avaliação da diadococinesia laríngea, pois, segundo Ludlow et al.(2929 Ludlow CL. Central nervous system control of the laryngeal muscles in humans. Respir Physiol Neurobiol. 2005;147(2-3):205-22. PMid:15927543. http://dx.doi.org/10.1016/j.resp.2005.04.015.
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), existem diferenças no uso da musculatura laríngea entre os indivíduos durante a produção do som, que levariam a modificações nas estruturas supraglóticas que ocasionam mudanças na tensão, abertura e pressão subglótica das pregas vocais. Além disso, supõe-se possível diferença no uso das musculaturas supra-hióidea e articulatória durante a produção das vogais, o que levaria a achados diadococinéticos distintos para cada vogal.

Os resultados da DDC laríngea de ambas as intervenções permitiu observar que não houve modificação com relação à velocidade da DDC após TML e TENS (Tabelas 1 e 2), já que não houve variação significante dos valores da média da taxa de repetição (DDCavR) e média da duração do período das emissões (DDCavP), em ambas as vogais. Porém, foi verificado que apenas a DDC laríngea da vogal /i/ se apresentou mais estável com relação à duração do período das emissões, observada pela diminuição do desvio padrão do período (DDC dpP) e do coeficiente de variação do período (DDCcvP) - Tabela 1. Além disso, a DDC da vogal /i/ se apresentou mais estável com relação à intensidade das emissões repetidas, detectada pela redução do coeficiente da variação do pico da intensidade (DDCcvI) após o tratamento (Tabela 1).

A TML é um tipo de massagem que se inicia nos músculos esternocleidomastóideos, avançando-se com movimentos de deslizamentos na musculatura supra-hióidea, seguindo-se com abaixamento e deslocamentos laterais na laringe(66 Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, et al. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008;20(3):189-94.). Há, portanto, uma intensa atuação na musculatura extrínseca que tem forte relação com a musculatura intrínseca e a configuração do trato vocal(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007....
). Autores(22 Van Lierde KM, De Ley S, Clement G, De Bodt M, Van Cauwenberge P. Outcome of laryngeal manual therapy in four Dutch adults with persistent moderate-to-severe vocal hyperfunction: a pilot study. J Voice. 2004;18(4):467-74. PMid:15567048. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2004.02.003.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2004....
,55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007....
) observaram, após intervenção com algum tipo de terapia manual, que houve melhora da função fonatória, o que pode ser observado no presente estudo já que o possível relaxamento da musculatura extrínseca proporcionado pela TML levou à melhor regularidade nos movimentos de abertura e fechamento das pregas vocais, com melhora dos parâmetros desvio padrão do período (DDCdpP) e coeficiente de variação do período (DDCcvP). Da mesma forma, ajustes mais relaxados na musculatura laríngea são capazes de influenciar mudanças na pressão sub e supraglótica(3030 Ludlow CL, Sedory SE, Fujita M. Neurophysiological control of vocal fold adduction and abduction for phonation onset and offset during speech. In: Gauffin J, Hammarberg B, editores. Vocal fold physiology. New York: Ravens Press. p. 197-205.), o que também leva à melhora de valores da DDC relacionados à regularidade da intensidade da emissão. O relaxamento muscular proporcionado pela TML pode ter levado ao melhor equilíbrio entre forças aerodinâmicas e mioelásticas da laringe, com melhora do fluxo aéreo, diminuindo os valores do coeficiente de variação do pico da intensidade da DDC. Portanto, os resultados demonstram que a TML é capaz de melhorar a coordenação de movimentos de pregas vocais durante a fonação.

Quanto à TENS, verificou-se que não houve mudanças nos parâmetros diadococinéticos (Tabela 2). A TENS utilizada no presente estudo é uma corrente de baixa frequência e forte intensidade, o que provoca fortes contrações na musculatura. A configuração selecionada em cada canal do aparelho gerador de corrente define como a musculatura será estimulada. Neste estudo, dois eletrodos pertencentes ao mesmo canal foram distribuídos: um na região submandibular e outro nas fibras descendentes do músculo trapézio, formando um campo de eletroestimulação de forma que toda a musculatura submandibular, músculo esternocleidomastóideo e trapézio - fibras descendentes, assim como a laringe, fossem estimulados. A configuração da corrente elétrica, portanto, gerada pelos dois canais, levou à eletroestimulação bilateral deste grupo muscular, proporcionando forte vibração mecânica passiva da laringe e do músculo trapézio, além de relaxamento do grupo muscular citado anteriormente. Embora haja relatos de pacientes que sentiram grande conforto laríngeo após a aplicação da TENS(66 Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, et al. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008;20(3):189-94.,88 Silverio KCA, Brasolotto AG, Siqueira LTD, Carneiro CG, Fukushiro AP, Guirro RRJ. Effect of application of transcutaneous electrical nerve stimulation and laryngeal manual therapy in dysphonic women. Clin Trials. 2015;29(2):200-8. PMid:25439510.), no presente estudo, este tipo de eletroestimulação não foi capaz de alterar parâmetros diadococinéticos. Ou seja, a TENS não influenciou o comportamento de controle de movimentos de abertura e fechamento das pregas vocais.

A partir destes dados e os achados da literatura(55 Mathieson L, Hirani SP, Epstein R, Baken RJ, Wood G, Rubin JS. Laryngeal manual therapy: a preliminary study to examine its treatment effects in the management of muscle tension dysphonia. J Voice. 2009;23(3):353-66. PMid:18036777. http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007.10.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jvoice.2007....
,66 Guirro RRJ, Bigaton DR, Silvério KCA, Berni KCS, Distéfano G, Santos FL, et al. Transcutaneous electrical nerve stimulation in dysphonic women. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008;20(3):189-94.,88 Silverio KCA, Brasolotto AG, Siqueira LTD, Carneiro CG, Fukushiro AP, Guirro RRJ. Effect of application of transcutaneous electrical nerve stimulation and laryngeal manual therapy in dysphonic women. Clin Trials. 2015;29(2):200-8. PMid:25439510.), é possível inferir que a TML e a TENS, embora proporcionem relaxamento muscular, atuam de forma diferente e apresentam efeitos diferenciados, podendo ser utilizadas separadamente ou em combinações para o tratamento vocal de pacientes disfônicos.

É importante ressaltar que há escassez de estudos que tenham investigado o comportamento de abertura e fechamento das pregas vocais de indivíduos com disfonia comportamental. A maioria dos trabalhos com DDC laríngea foi realizada em pacientes neurológicos(1313 Pereira AC, Brasolotto AG, Berretin-Felix G, Padovani CR. Diadococinesia oral e laríngea em pacientes pós-acidente vascular encefálico. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2004;16(3):283-92.,1515 Godoy JF, Brasolotto AG, Berretin-Félix G, Fernandes AY. Neuroradiology and voice findings in stroke. CoDAS. 2014;26(2):168-74. PMid:24918512. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2014531IN.
http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/2014...
), idosos(1717 Padovani M, Gielow I, Behlau M. Phonarticulatory diadochokinesis in young and elderly individuals. Arq Neuropsiquiatr. 2009;67(1):58-61. PMid:19330213. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2009000100015.
http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2009...
) ou em crianças(1818 Modolo DJ, Berretin-Felix G, Genaro KF, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in children. Folia Phoniatr Logop. 2011;63(1):1-8. PMid:20689303. http://dx.doi.org/10.1159/000319728.
http://dx.doi.org/10.1159/000319728...
). Apenas dois trabalhos avaliaram a DDC oral e laríngea em indivíduos com disfonia comportamental, com vários tipos de afecções vocais, comparando os parâmetros diadococinéticos entre disfônicos e não disfônicos(2020 Louzada T, Beraldinelle R, Berretin-Felix G, Brasolotto AG. Oral and vocal fold diadochokinesis in dysphonic. J Appl Oral Sci. 2011;19(6):567-72. PMid:22230989. http://dx.doi.org/10.1590/S1678-77572011000600005.
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) e investigaram o comportamento das pregas vocais por faixas etárias de homens e mulheres com alterações vocais(2121 Oliveira DN, Brasolotto AG, Silverio KCA. Controle dos movimentos de pregas vocais em disfônicos de diversas faixas etárias. In: XX Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia [Internet]; 2012; Brasília. Proceedings. São Paulo: SBFA; 2012. p. 3106 [citado em 2016 Set 25]. Disponível em: http://www.sbfa.org.br/portal/anais2012/trabalhos_select.php?id_artigo=3106&tt=SESS%C3O%20DE%20CONCORRENTES%20A%20PR%CAMIO
http://www.sbfa.org.br/portal/anais2012/...
). Assim, é necessário que mais estudos sejam realizados a fim de averiguar e caracterizar o comportamento neuromotor das pregas vocais nas diferentes lesões de massas, assim como o efeito de diferentes tipos de exercícios e técnicas terapêuticas. Além disso, é preciso que sejam realizados estudos que verifiquem os efeitos que a terapia vocal, a longo prazo, proporciona no comportamento laríngeo.

CONCLUSÃO

A maior regularidade de movimentos diadococinéticos das pregas vocais após intervenção com TML em mulheres disfônicas amplia o conhecimento sobre o efeito do reequilíbrio da musculatura da laringe na função fonatória. O mesmo não foi encontrado após aplicação de TENS, a qual não modificou nenhum parâmetro da DDC laríngea.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (processo n. 2010/19470-9) pelo apoio financeiro.

  • Trabalho realizado no Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo – USP - Bauru (SP), Brasil.
  • Fonte de financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, processo 2010/19470-9.

REFERÊNCIAS

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    Roy N, Leeper HA. Effects of the manual laryngeal musculoskeletal tension reduction technique as a treatment for functional voice disorders: perceptual and acoustic measures. J Voice. 1993;7(3):242-9. PMid:8353642. http://dx.doi.org/10.1016/S0892-1997(05)80333-9
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    25 Set 2016
  • Aceito
    21 Jan 2017
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