Acessibilidade / Reportar erro

A descoberta do território e outras premissas do desenvolvimento territorial

Discovering the territory and other premises of territorial development

Resumo

Neste texto, socializamos algumas reflexões feitas a partir de três projetos de cooperação que efetivamos com camponeses agroecológicos e com moradores simples e humildes da periferia urbana da cidade Francisco Beltrão (Paraná), evidenciando a abordagem territorial adotada na pesquisa e nas ações participativas, a descoberta do território como componente fundamental do desenvolvimento de base local, cultural e ecológica, bem como a centralidade da criação e/ou qualificação da consciência de classe e de lugar na ativação de territorialidades voltadas para a cooperação, a solidariedade, a luta e a resistência política diante das forças hegemônicas do capital e do Estado burguês.

Palavras-chave:
Território; Desenvolvimento urbano e rural; Consciência de classe e de lugar

Abstract

In this article, we set out to socialize a number of reflections through three cooperation projects that were undertaken with agroecological peasants and the humble, modest residents living on the urban periphery of the city of Francisco Beltrão (Paraná). We evidenced the territorial approach adopted in the research and the participatory actions, the discovery of territory as a fundamental component of local, cultural and ecological development, as well as the centrality of the creation and/or qualification of class and place consciousness in activating territorialities aimed at cooperation, solidarity, struggle and political resistance to the hegemonic forces of capital and the bourgeois state.

Keywords:
Territory; Urban and rural development; Class and Place Consciousness

Introdução

Inicialmente é importante mencionar que trabalhamos sistematicamente no ensino, na pesquisa e na extensão acadêmica, tentando contribuir na construção de uma concepção de Geografia voltada para a cooperação e para o desenvolvimento territorial dialógico, ecológico, cultural e participativo (DANSERO, 2008DANSERO, Egidio . Geografia e cooperazione allo sviluppo. Prospettive di ricerca. In: BIGNANTE, E.; DANSERO, E. e SCARPOCCHI, C. (Org.). Geografia e cooperazione allo sviluppo. Temi e prospettive per un approccio territoriale. Milão: Franco Angeli , 2008. p. 9-26.; DANSERO e ZOBEL, 2007DANSERO, Egidio e ZOBEL, B. Verso un dialogo tra comunità scientifica e comunità locale. In: DANSERO, E.; DEMATTEIS, G.; GOVERNA, F. Promozione della sostenibilità nel Pinerolese - un percorso di ricerca/azione territoriale. Turim: Euro Mountains, 2007. p.135-141.; SAQUET, 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2013SAQUET, M . Por uma abordagem territorial: continuando a reflexão. In: SAQUET, M. (Org.). Estudos territoriais na ciência geográfica. São Paulo: Outras Expressões, 2013. p. 47-74., 2014aSAQUET, M. Territorialidades, relações campo-cidade e ruralidades em processos de transformação territorial e autonomia, Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 9, n. 18, 2014a, p. 1-30., 2014bSAQUET, M. Participação social em territórios de identidade e desenvolvimento numa práxis dialógica e cooperada. In: SILVA, Onildo; SANTOS, Edinusia; COELHO-Neto, Agripino. (Org.). Identidade, território e resistência. Rio de Janeiro: Consequência, 2014b. p. 11-36., 2016bSAQUET, M . Territory, geographical indication and territorial development, Desenvolvimento Regional em debate, v.6, p. 4 - 21, 2016a., 2017aSAQUET, M . Território, cooperação e desenvolvimento territorial: contribuições para interpretar a América Latina. In: SAQUET, M . e ALVES, A . (Org.). Processos de cooperação e solidariedade na América Latina. Rio de Janeiro: Consequência , 2017a. p. 37-67.; SAQUET, DANSERO e CANDIOTTO, 2012SAQUET, M; DANSERO, Egidio e CANDIOTTO, L (Org.). Geografia da e para a cooperação ao desenvolvimento territorial: experiências brasileiras e italianas. São Paulo: Outras Expressões , 2012.; SCOPPETTA, 2009SCOPPETTA, Cecilia. Immaginare la metropoli della transizione. La città come living machine. Roma: Campisano, 2009.; GONZALEZ DIAZ et al, 2013GONZÁLEZ DIAZ, Justino et al. La territorialización de la política pública en el proceso de gestión territorial como praxis para el desarrollo, Cuadernos de Desarrollo Rural, Bogotá, 10 (72), 2013, p. 243-265.). Buscamos, assim, valorizar a autonomia decisória, a preservação e conservação da natureza, a identidade, o conhecimento popular, a reciprocidade, a ancoragem e os vínculos territoriais, num movimento contrário à reprodução ampliada do capital.

Nesse contexto, organizamos este texto em cinco partes, complementares entre si. Na Introdução, apresentamos sucintamente a opção de abordagem do território e do desenvolvimento, seguida pela descrição do contexto internacional de descoberta do território em diferentes áreas do conhecimento. Na sequência, evidenciamos as demais premissas que consideramos fundamentais na prática do desenvolvimento territorial, ampliadas e complementadas por uma reflexão inédita sobre a consciência de classe e de lugar, debate estreitamente vinculado a nossa práxis de pesquisa e cooperação com os sujeitos estudados, debate retomado nas Considerações finais.

A perspectiva de abordagem e trabalho comunitário está sendo construída com outros professores, pesquisadores e trabalhadores da extensão/cooperação, por meio de uma concepção histórica, reticular, relacional e pluridimensional (DANSERO e ZOBEL, 2007DANSERO, Egidio e ZOBEL, B. Verso un dialogo tra comunità scientifica e comunità locale. In: DANSERO, E.; DEMATTEIS, G.; GOVERNA, F. Promozione della sostenibilità nel Pinerolese - un percorso di ricerca/azione territoriale. Turim: Euro Mountains, 2007. p.135-141.) ou (i)material, reconhecendo efetivamente as relações sociedade-natureza (SAQUET, 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007.). Trata-se de um movimento no qual sempre tentamos integrar teoria e empiria, conceitos e práticas, para colaborar na utilização, por parte dos sujeitos estudados, dos conhecimentos produzidos no âmbito acadêmico, preferencialmente, trabalhando com eles.

Essa concepção tem sido debatida e construída desde 1996, quando nos envolvemos na discussão e efetivação do Projeto Vida na Roça (1996-1998). Nessa oportunidade, trabalhamos com distintos sujeitos e instituições (públicas, ONGs, sindicatos e associações), num movimento de articulação política em favor do desenvolvimento, na época, denominado de multidimensional (agricultura, educação, ambiente, saúde, cultura e recreação), melhorando a capacidade organizativa local das famílias de agricultores camponeses da comunidade de Jacutinga (Francisco Beltrão - Paraná). As principais diretrizes das ações foram a auto-organização, a interdisciplinaridade, a agroecologia, a diversificação produtiva e a participação social (em reuniões, assembleias, oficinas, cursos, pesquisas e ações comunitárias permeadas pelo debate dos “sonhos”, imaginando uma vida melhor). Considerando esses princípios orientadores, as principais atividades realizadas foram: definição do grupo de trabalho a partir das colaborações estabelecidas; constante diálogo com os colaborares institucionais e com as lideranças da comunidade; assembleias deliberativas; estudo diagnóstico dos estabelecimentos rurais com a participação dos moradores (“metodologia” dos “sonhos” dos homens, mulheres, crianças e idosos); socialização e discussão dos dados e das análises feitas com os habitantes da comunidade; definição, em conjunto, das ações prioritárias para resolver os principais problemas identificados; efetivação de parcerias para conseguir outras colaborações institucionais e recursos financeiros para as ações do projeto; análise do solo dos estabelecimentos rurais; ações de educação ambiental na escola da comunidade; reflorestamento de algumas áreas devastadas; cultivação agroecológica etc. (SAQUET e DUARTE, 1996SAQUET, M e DUARTE, Valdir. Projeto Vida na Roça: da concepção ao plano de ação agropecuário. Francisco Beltrão: FACIBEL/ASSESOAR, 1996.; SAQUET, 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015.).

Já no Projeto Vida no Bairro (2002-2006) os sujeitos com os quais trabalhamos eram diferentes daqueles do rural. Nessa iniciativa de colaboração entre diversas instituições públicas, associativas e sindicatos, efetivamos as ações de pesquisa e cooperação com moradores da periferia urbana, contribuindo diretamente na solução de problemas que poderiam melhorar as condições de vida dos habitantes do bairro São Francisco, na cidade de Francisco Beltrão (Paraná). As principais atividades realizadas foram: reuniões com os moradores do bairro; definição, em conjunto, da equipe de coordenação do projeto; reuniões com os moradores das principais ruas do bairro, para consultá-los e envolvê-los nas ações, identificando problemas e as soluções mais urgentes a serem efetivadas e escrevendo o diagnóstico do bairro; definição das cooperações para realização das atividades previstas com os moradores; coleta dos dados e análises dos mesmos com a participação de alguns habitantes do bairro; socialização e discussão do diagnóstico realizado com os moradores; debate e definição conjunta das ações prioritárias; avaliação e acompanhamento das atividades realizadas; redação do plano de trabalho e das ações discutidas com os moradores, tais como cursos (in)formativos (boas práticas de alimentação; formação de lideranças políticas; música; pintura em tecido); restabelecimento das linhas do transporte coletivo; regularização da titulação das propriedades dos terrenos e das casas dos moradores; iluminação pública de algumas ruas do bairro; criação do laboratório de informática etc. (SAQUET, PACÍFICO e FLÁVIO, 2005SAQUET, M; PACÍFICO, Jucelí; FLÁVIO, Luiz Carlos. Cidade, organização popular e desenvolvimento: a experiência do Projeto Vida no Bairro. Cascavel/PR: UNIOESTE, 2005.; SAQUET 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015.; SAQUET e FLÁVIO, 2015).

Isso significa que um dos principais caminhos por nós considerado para melhorar a qualidade de vida da população mais simples e humilde é a organização popular, trabalhando juntos, pesquisadores e moradores do bairro, em meio à diversidade dos sujeitos. “O PVB tem se orientado, assim, para a práxis da própria ciência de contribuir na superação da opressão cotidiana via consciência política e intervenção organizada [...]” (SAQUET, PACÍFICO e FLÁVIO, 2005SAQUET, M; PACÍFICO, Jucelí; FLÁVIO, Luiz Carlos. Cidade, organização popular e desenvolvimento: a experiência do Projeto Vida no Bairro. Cascavel/PR: UNIOESTE, 2005., p. 17). Houve, portanto, uma combinação de esforços, compartilhamento de conhecimentos e participação dos distintos sujeitos nas atividades realizadas entre 2002 e 2006. “Neste sentido, mais do que um projeto ou uma vontade individual, o PVB é uma forma de ver e compreender o mundo, uma estratégia de ações conjuntas, com um forte caráter participativo” (SAQUET, PACÍFICO e FLÁVIO, 2005SAQUET, M; PACÍFICO, Jucelí; FLÁVIO, Luiz Carlos. Cidade, organização popular e desenvolvimento: a experiência do Projeto Vida no Bairro. Cascavel/PR: UNIOESTE, 2005., p. 23).

São dois projetos nos quais a práxis ocorreu no processo, com o transcorrer das ações entre os distintos sujeitos, na tentativa de superar dificuldades e limites, e ao valorizar e potencializar as singularidades territoriais, a solidariedade, as redes curtas de produção e comercialização, as práticas agroecológicas e a auto-organização. Esse trabalho feito com base na pesquisa bibliográfica, na coleta e análise dos dados secundários municipais (sobretudo do IBGE), na realização das entrevistas, assembleias e oficinas, bem como na aplicação dos questionários, como realizamos, também, no projeto descrito sucintamente a seguir.

Na iniciativa intitulada Agricultura familiar agroecológica nos municípios de Itapejara d’Oeste, Salto do Lontra e Verê (Sudoeste do Paraná), como estratégia de inclusão social e desenvolvimento territorial, financiado pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (SETI), através do Programa Universidade sem Fronteiras (USF), entre 2009 e 2011, nossos objetivos principais foram: compreender as características da produção agroecológica; contribuir para a qualificação dessa produção e para a geração de empregos; identificar as prioridades dos agricultores e viabilizar cursos de capacitação e formação. Para tal, optamos pela metodologia participativa desde a coleta dos dados, passando pela discussão da metodologia até o planejamento e realização das ações voltadas para o desenvolvimento. Na primeira fase, identificamos os produtores agroecológicos, características da produção, as perspectivas e as dificuldades enfrentadas tanto pelos agricultores como pelas instituições parceiras (ONGs, sindicatos e associações). Os trabalhos de campo e os encontros com os representantes das instituições foram muito importantes nessa etapa, pois, a partir deles, obtivemos um diagnóstico mais detalhado da realidade dos produtores e da produção agroecológica dos municípios selecionados. Com a caracterização da produção agroecológica, elaboramos mapas temáticos dos municípios que foram publicados numa “cartilha” informativa elaborada pelos membros da equipe. Por meio da “cartilha”, intitulada Agroecologia e consumo consciente (2010), visamos informar o consumidor sobre a importância do consumo de alimentos ecológicos e divulgar as produções dos municípios. Desse modo, os consumidores passaram a ter informações mais precisas sobre a localização e os produtos de cada família. Entre as atividades realizadas, também participamos na definição dos objetivos no Plano de Desenvolvimento Municipal de Itapejara d’Oeste - PR, realizamos o levantamento do patrimônio histórico-cultural desse município, organizamos alguns cursos de capacitação em parceria com a UTFPR, tais como: Manejo de solo e água, em Salto do Lontra - PR; Manejo e cultivo de frutíferas, em Verê - PR; Pós-colheita e rotulagem, em Itapejara d’Oeste e Salto do Lontra. Além disso, aplicamos, tabulamos e analisamos questionários, junto aos consumidores de Verê, Itapejara, Salto do Lontra e Francisco Beltrão, consultando-os sobre como gostariam de adquirir os produtos agroecológicos, diversidade e prioridades de consumo. Tal levantamento resultou num diagnóstico que foi entregue aos agricultores de cada município para orientar mudanças, caso fosse a vontade deles, na produção e comercialização. Outrossim, ofertamos um curso sobre rotulagens, em Salto do Lontra, para um grupo de mulheres que fabricava bolachas e pães artesanalmente e contribuímos diretamente na reorganização da feira de comercialização daquele município (SAQUET, GAIOVICZ, MEIRA e SOUZA, 2012SAQUET, M; GAIOVICZ, Elaine; MEIRA, Suzana e SOUZA, Poliane. Agricultura familiar agroecológica como alternativa de inclusão social e desenvolvimento territorial em Itapejara d’Oeste, Salto do Lontra e Verê - Sudoeste do Paraná. In: SAQUET, M ; DANSERO, E . e CANDIOTTO, L . (Org.). Geografia da e para a cooperação ao desenvolvimento territorial: experiências brasileiras e italianas . SP: Outras Expressões, 2012. p. 35-62.).

O que realizamos nos projetos de pesquisa e cooperação supracitados foi muito diferente dos encaminhamentos dados a partir do lançamento dos territórios rurais e da cidadania pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) por meio da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) e da Secretaria Executiva do Programa Territórios da Cidadania (PTC), a partir de 2003, quando se classificou, considerando-se algumas variáveis quantitativas (nada mais do que isto), os recortes espaciais que seriam, a partir de então, “irrigados” por algumas migalhas de reais.

Na concepção e na proposta de trabalho que temos, entendemos que os sujeitos são múltiplos, nos espaços urbanos e rurais, vivendo cotidianamente como sínteses das relações sociedade-natureza. O território contém essas relações e significa, num primeiro nível, espaço de (in)formação, mobilização, luta e resistência aos agentes do capital, além de objeto de estudos e orientação conceitual na análise e interpretação científica (SAQUET, 2008 SAQUET, M. A abordagem territorial: considerações sobre a dialética do pensamento e do território. In: HEIDRICH, A.; COSTA, B.; PIRES, C.; UEDA, V. (Org.). A emergência da multiterritorialidade. Porto Alegre: Ed. UFRGS; Ed. ULBRA, 2008. p. 47-60., 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2013SAQUET, M . Por uma abordagem territorial: continuando a reflexão. In: SAQUET, M. (Org.). Estudos territoriais na ciência geográfica. São Paulo: Outras Expressões, 2013. p. 47-74., 2014bSAQUET, M. Participação social em territórios de identidade e desenvolvimento numa práxis dialógica e cooperada. In: SILVA, Onildo; SANTOS, Edinusia; COELHO-Neto, Agripino. (Org.). Identidade, território e resistência. Rio de Janeiro: Consequência, 2014b. p. 11-36., 2017aSAQUET, M . Território, cooperação e desenvolvimento territorial: contribuições para interpretar a América Latina. In: SAQUET, M . e ALVES, A . (Org.). Processos de cooperação e solidariedade na América Latina. Rio de Janeiro: Consequência , 2017a. p. 37-67.).

Desse modo, o território tem algumas características epistemológicas e ontológicas fundamentais: a) É apropriado, dominado e tem um conteúdo político e econômico envolvendo pontos, redes e malhas (INDOVINA e CALABI, 1974INDOVINA, Francesco e CALABI, Donatella. Sull’uso capitalistico del territorio. In: LUSSO, G. (Org.). Economia e territorio. Milano: Angeli , 1974. p. 205-222.) que se efetivam também nos níveis cultural e ambiental. b) É produzido em diferentes níveis escalares (MAGNAGHI, 1976MAGNAGHI, Alberto . Il territorio nella crisi, Quaderni del territorio, anno 1, n.1. Milano: CELUC Libri, 1976. p. 15-29.; DEMATTEIS, 1985DEMATTEIS, G . Le metafore della terra. La geografia umana tra mito e scienza. Milano: Feltrinelli, 1985.; RAFFESTIN, 1993 [1980]RAFFESTIN, C . Por uma geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993 [1980].; RULLANI, 2005RULLANI, Enzo . Dai distretti alla distrettualizzazione: le forze che fanno (e disfano) il sistema territoriale. In: BELLANCA, N.; DARDI, M.; RAFFAELLI, T. (Org.). Economia senza gabbie. Bologna: Il Mulino , 2005. p. 111-169.; SAQUET, 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007.; PUTTILLI, 2014PUTTILLI, Matteo . Geografia delle fonti rinnovabili. Milão: Franco Angeli , 2014.), com um significado relacional substantivando uma Geografia reticular (DEMATTEIS, 1985DEMATTEIS, G . Le metafore della terra. La geografia umana tra mito e scienza. Milano: Feltrinelli, 1985., 1994DEMATTEIS, G . Possibilità e limiti dello sviluppo locale, Sviluppo locale, I, 1, Firenze, 1994, p. 10-30., 1995DEMATTEIS, G . Progetto implicito. Il contributo della geografia umana alle scienze del territorio. Milano: Angeli, 1995., 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.; TURCO, 1988TURCO, A. Verso uma teoria geografica della complessità. Milano: Unicopli , 1988. , 2010TURCO, A . Configurazioni della territorialità. Milão: Franco Angeli , 2010. ) ou uma complexa trama territorial trans e multiescalar (DEMATTEIS, 1985DEMATTEIS, G . Le metafore della terra. La geografia umana tra mito e scienza. Milano: Feltrinelli, 1985., 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.; CAMAGNI e SALONE, 1993CAMAGNI, R e SALONE, C. Elementi per una teorizzazione delle reti di città. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G . (Org.). Le reti di città. Teoria, politiche e analisi nell’area padana . Milão: Franco Angeli , 1993. p. 53-67.) ou, ainda, relações trans-territoriais (CAMAGNI, 1993CAMAGNI, R. Le reti di città in Lombardia: introduzione e sintesi della ricerca. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G. (Org.). Le reti di città. Teoria, politiche e analisi nell’area padana. Milão: Franco Angeli , 1993. p. 21-52., 1997CAMAGNI, R . Luoghi e reti nelle politiche di competitività territoriale. In: CAMAGNI, R . eCAPELLO, R . (Org.). Strategie di competitività territoriale: il paradigma a rete . Torino: SEAT , 1997. p.167-179.; CAMAGNI e SALONE, 1993CAMAGNI, R e SALONE, C. Elementi per una teorizzazione delle reti di città. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G . (Org.). Le reti di città. Teoria, politiche e analisi nell’area padana . Milão: Franco Angeli , 1993. p. 53-67.; RULLANI, 2009 RULLANI, Enzo . La città al tempo delle reti. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia . Novara-Torino: UTET , 2009. p. 145-172.) que significam transversalidades (DEMATTEIS, 1994DEMATTEIS, G . Possibilità e limiti dello sviluppo locale, Sviluppo locale, I, 1, Firenze, 1994, p. 10-30., 1995DEMATTEIS, G . Progetto implicito. Il contributo della geografia umana alle scienze del territorio. Milano: Angeli, 1995., 2007DEMATTEIS, G. Per una geografia dell’agire collettivo. In: BORGARELLO, G.; DANSERO, E .; DEMATTEIS, G .; GOVERNA, F .; ZOBEL, B . (Org.). Promozione della sostenibilità nel Pinerolese - un percorso di ricerca/azione territoriale . Turim: Euro Mountains , 2007. p. 27-31.; BRUNETTA, 1997BRUNETTA, Grazia. Reti di trasporto e asseti territoriali. Politiche di integrazione tra reti e strategie di efficienza allocativa. In: CAMAGNI, R. e CAPELLO, R. (Org.). Strategie di competitività territoriale: il paradigma a rete. Torino: SEAT, 1997. p. 119-148.; DEDA, 1997DEDA, Paola. Reti di città e città in rete: politiche, sinergie progettuali ed alleanze strategiche. In: CAMAGNI, R . eCAPELLO, R . (Org.). Strategie di competitività territoriale: il paradigma a rete . Torino: SEAT , 1997. p. 97-117.; RULLANI, MICELLI e DI MARIA, 2000RULLANI, Enzo ; MICELLI, Stefano e DI MARIA, Eleonora. Tra città reale e città virtuale: il territorio nel postfordismo. In: RULLANI, E.; MICELLI, S. e DI MARIA, E. (Org.). Città e cultura nell’economia delle reti. Bologna: Mulino, 2000. p.13-56.; HAKMI e ZAOUAL, 2008HAKMI, Larbi e ZAOUAL, Hassan. La dimension territoriale de l’innovation. In: ZAOUAL, H. (Org.). Développement durable des territoires. Paris: L’Harmattan, 2008. p. 31-60.; BELLIGGIANO e DE RUBERTIS, 2012BELLIGGIANO, Angelo e DE RUBERTIS, Stefano. Le filiere corte agroalimentari nei processi di sviluppo locale, XXIV Convegno di Sinergie, 2012, Lecce (Itália), 2012, p. 513-524.; TOLDO, 2013 TOLDO, Alessia. Smart environment e governance ambientale. In: SANTANGELO, M; ARU, S.; POLLIO, A. (Org.). Smart city. Roma: Carocci , 2013. p. 107-133.). As redes e as malhas estão na base de cada território (GOTTMANN, 1947GOTTMANN, Jean. De la méthode d’analyse en géographie humaine, Bulletin de la Societé de Géographie, Paris, n. 301, 1947, p.1-12., 1952GOTTMANN, Jean . La politique des États et leur Géographie. Paris: Armand Colin, 1952., 1973GOTTMANN, Jean . The significance of territory. Charlottesville: University Press of Virginia, 1973.; INDOVINA e CALABI, 1974; MAGNAGHI, 1976MAGNAGHI, Alberto . Il territorio nella crisi, Quaderni del territorio, anno 1, n.1. Milano: CELUC Libri, 1976. p. 15-29.; RAFFESTIN, 1993 [1980]RAFFESTIN, C . Por uma geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993 [1980]., 1987RAFFESTIN, C . Reperès pour une théorie de la territorialitè humaine, Cahier/Groupe reseaux, n.7, vol.3, 1987, p. 2-22.; DEMATTEIS, 1964DEMATTEIS, G. Alcuni relazioni tra l’ambito territoriale dei rapporti sociali e i caratteri della casa rurale, Atti 19º. Congresso Geografico Italiano, Como, vol. III, 1964, p.239-253., 1985DEMATTEIS, G . Le metafore della terra. La geografia umana tra mito e scienza. Milano: Feltrinelli, 1985., 1994DEMATTEIS, G . Possibilità e limiti dello sviluppo locale, Sviluppo locale, I, 1, Firenze, 1994, p. 10-30., 1995DEMATTEIS, G . Progetto implicito. Il contributo della geografia umana alle scienze del territorio. Milano: Angeli, 1995., 1997DEMATTEIS, G . Il tessuto delle cento città. In: COPPOLA, P. (Org.). Geografia politica delle regioni italiane. Torino: Einaudi, 1997. p. 192-229., 1999DEMATTEIS, G. Sul crocevia della territorialità urbana. In: DEMATTEIS, G . et al. (Org.). I futuri della città - Tesi a confronto. Milano: Angeli , 1999. p. 117-128., 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.; DUPUY, 1985DUPUY, Gabriel. Systèmes, réseaux et territoires: principes de réseautique territoriale. Paris: Presses de l’Ecole Ponts et Chaussées, 1985.; RULLANI, 1997RULLANI, Enzo. Più locale e più globale: verso una economia postfordista del territorio. In: BRAMANTI, A. e MAGGIONI, M. La dinamica dei sistemi produttivi territoriali: teorie, tecniche, politiche. Milano: Franco Angeli, 1997. p. 85-111.). c) É produzido por meio das territorialidades num processo histórico centrado nas relações de poder, nas redes e nas identidades culturais (RAFFESTIN, 1977RAFFESTIN, Claude. Paysage et territorialitè, Cahiers de géographie du Québec, vol. 21, n.53-54, 1977, p.123-134., 1993 [1980]RAFFESTIN, C . Por uma geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993 [1980]., 1986RAFFESTIN, C . Punti di riferimento per una teoria della territorialità umana. In: COPETA, C. (Org.). Esistere ed abitare. Prospettive umanistiche nella geografia francofona. Milano: Angeli , 1986. p. 75-89., 2003RAFFESTIN, C . Immagini e identità territoriali. In: DEMATTEIS, G . e FERLAINO, F . Il mondo e i luoghi: geografie delle identità e del cambiamento . Torino: IRES, 2003. p. 3-11., 2005RAFFESTIN, C . Dalla nostalgia del territorio al desiderio di paesaggio. Elementi per una teoria del paesaggio. Firenze: Alinea, 2005., 2009RAFFESTIN, C . A produção das estruturas territoriais e sua representação. In: SAQUET, M . e SPOSITO, E. (Org.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos. São Paulo: Expressão Popular , 2009. p. 17-35.; CAMAGNI, 1990CAMAGNI, R. Strutture urbane gerarchiche e reticolare: verso una teorizazzione. In: CURTI, F. e DIAPPI, L. (Orgs.). Gerarchie e reti di città: tendenze e politiche. Milão: Franco Angeli, 1990., 1993CAMAGNI, R. Strutture urbane gerarchiche e reticolare: verso una teorizazzione. In: CURTI, F. e DIAPPI, L. (Orgs.). Gerarchie e reti di città: tendenze e politiche. Milão: Franco Angeli, 1990.; CAMAGNI e SALONE, 1993CAMAGNI, R e SALONE, C. Elementi per una teorizzazione delle reti di città. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G . (Org.). Le reti di città. Teoria, politiche e analisi nell’area padana . Milão: Franco Angeli , 1993. p. 53-67.; DI MÉO, 1993DI MÉO, Guy. Les territoires de la localitè, Espace géographique, tome 22, n. 4, 1993, p. 306-317.; DEMATTEIS e GOVERNA, 2003DEMATTEIS, G e GOVERNA, F. Ha ancora senso parlare di identità territoriale? Atti dei Convegni Lincei, 194 - Convegno internazionale: La nuova cultura delle città. Roma: Accademia Nazionale dei Lincei, 2003. p. 264-281.; SAQUET, 2003 [2001] SAQUET, M . Os tempos e os territórios da colonização italiana. Porto Alegre/RS: EST Edições, 2003 [2001]., 2006a SAQUET, M . Proposições para estudos territoriais, Geographia, n.15, 2006a, p.71-85., 2006bSAQUET, M . Por uma abordagem territorial das relações urbano-rurais no Sudoeste paranaense. In: SPOSITO, M. E. e WHITACKER, A. (Org.). Cidade e campo: relações e contradições entre urbano e rural. São Paulo: Expressão Popular , 2006b. p. 157-186., 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007., 2008 SAQUET, M. A abordagem territorial: considerações sobre a dialética do pensamento e do território. In: HEIDRICH, A.; COSTA, B.; PIRES, C.; UEDA, V. (Org.). A emergência da multiterritorialidade. Porto Alegre: Ed. UFRGS; Ed. ULBRA, 2008. p. 47-60., 2009SAQUET, M. Por uma abordagem territorial. In: SAQUET, M . e SPOSITO, E . (Org.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos . São Paulo: Expressão Popular , 2009. p. 73-94., 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2013SAQUET, M . Por uma abordagem territorial: continuando a reflexão. In: SAQUET, M. (Org.). Estudos territoriais na ciência geográfica. São Paulo: Outras Expressões, 2013. p. 47-74., 2016aSAQUET, M . Territorios rurales y perspectivas de desarrollo territorial con autonomía: la agricultura campesina (agro)ecológica, Eutopía , Quito, n. 10, 2016b, p. 57-76., 2016bSAQUET, M . Territory, geographical indication and territorial development, Desenvolvimento Regional em debate, v.6, p. 4 - 21, 2016a., 2017aSAQUET, M . Território, cooperação e desenvolvimento territorial: contribuições para interpretar a América Latina. In: SAQUET, M . e ALVES, A . (Org.). Processos de cooperação e solidariedade na América Latina. Rio de Janeiro: Consequência , 2017a. p. 37-67.).

O processo histórico também é geográfico (e vice-versa), num amplo movimento de desterritorialização e reterritorialização: na desterritorialização, há perda do território inicialmente apropriado e construído, a supressão dos limites, das fronteiras, como afirma Raffestin (1978RAFFESTIN, C. L’evoluzione storica della territorialità in Svizzera. In: RAFFESTIN, C .; RACINE, J. B.; RUFFY, V. (Org.). Territorialità e paradigma centro-periferia. La Svizzera e la Padania. Milano: Unicopli, 1978. p. 11-26., 1984RAFFESTIN, C. Territorializzazione, deterritorializzazione, riterritorializzazione e informazione. In: TURCO, A. (Org.). Regione e regionalizzazione. Milano: Angeli , 1984. p. 69-82.) e, na reterritorialização, ocorre a reprodução dos elementos do território anterior, pelo menos, em algumas das suas características. Acontece outra (i)materialização, com rupturas e continuidades, muito bem expressa numa das afirmações de Deleuze e Guattari (1976 [1972]DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O anti-Édipo. Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976 [1972].), quando afirma que o capitalismo reterritorializa constantemente o que desterritorializa.

Portanto, há complexidade e heterogeneidade nos/dos territórios, internamente e entre eles, substantivadas a partir das relações natureza-sociedade. As atuais relações de poder, no modo capitalista de produção, precisam ser apreendidas e reordenadas; as identidades e os patrimônios culturais, estudados, valorizados e preservados; as redes, por sua vez, precisam ser adequadas para facilitar a cooperação e a solidariedade entre os habitantes do campo e da cidade. É justamente aí onde reside o principal conteúdo da interpretação que resumimos neste texto, tentando vincular explicitamente nossas pesquisas às necessidades, aos desejos e às aspirações do povo e trabalhando com ele, na pesquisa e na cooperação, ao valorizar os conhecimentos próprios, as técnicas, os saberes e as atitudes solidárias e ecológicas, no campo e na cidade.

A cidade e o campo são diferentes entre si e têm papéis díspares, porém, estão em unicidade e complementaridade dialética (SPOSITO, 2006 SPOSITO, Maria Encarnação. A questão cidade-campo: perspectivas a partir da cidade. In: SPOSITO, M. E . e WHITACKER, A . (Org.). Cidade e campo: relações e contradições entre o urbano e o rural. São Paulo: Expressão Popular , 2006. p. 111-130.). Conforme esta mesma autora, há diferenciação social no campo e na cidade, descontinuidades e uma unidade espacial que contém o urbano e o rural superpostos e relacionados. No rural e no urbano, há distintas formas e conteúdos integrados, relacionados, complementando-se (LEFEBVRE, 1995 [1969]LEFEBVRE, Henri . Lógica formal. Lógica dialética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1995 [1969]., 1991 [1967]LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Moraes, 1991 [1967].). Há diversidade, heterogeneidade e unidade entre os espaços rural e urbano que, em Saquet (2006bSAQUET, M . Por uma abordagem territorial das relações urbano-rurais no Sudoeste paranaense. In: SPOSITO, M. E. e WHITACKER, A. (Org.). Cidade e campo: relações e contradições entre urbano e rural. São Paulo: Expressão Popular , 2006b. p. 157-186.), denominamos de articulação territorial, a partir das importantes contribuições de autores como Bagnasco (1977BAGNASCO, Arnaldo. Tre Italie. La problematica territoriale dello sviluppo italiano. Bologna: Il Mulino, 1977. ) e Dematteis (1995DEMATTEIS, G . Progetto implicito. Il contributo della geografia umana alle scienze del territorio. Milano: Angeli, 1995.).

Isso significa, portanto, que o desenvolvimento precisa atender a nossas necessidades fisiológicas e antropológicas, num desenvolvimento de todos (HINKELAMMERT e JIMÉNEZ, 2009HINKELAMMERT, Franz e JIMÉNEZ, Henry. Por una economía orientada hacia la reproducción de la vida, Íconos , n. 33, vol. 13, Quito, 2009, p. 39-49.), ou seja, nossas práticas cotidianas, no campo e na cidade, precisam ser orientadas e concretizadas para a reprodução da vida humana e não humana, por meio de uma pluralidade de sujeitos emancipadores (CORAGGIO, 2009CORAGGIO, José L . Los caminos de la economía social y solidaria, Íconos, n. 33, vol. 13, Quito, 2009, p. 29-38.), de todas as cores, religiões e etnias. Talvez esse seja um dos nossos principais desafios, no presente e no futuro, quer dizer, trabalhar ancorados em cada local. Nesse caso, o desenvolvimento contém uma dupla alma, de natureza dialética e contraditória, uma identidade própria, a partir dos sujeitos capazes de agir com comportamentos coletivos e autônomos, constituindo sistemas locais territoriais ou nós de redes locais e não locais, com uma base territorial bem definida ou multilocalizada (DEMATTEIS, 1994DEMATTEIS, G . Possibilità e limiti dello sviluppo locale, Sviluppo locale, I, 1, Firenze, 1994, p. 10-30.).

Esta é a nossa opção, pois sempre nos esforçamos para trabalhar, simultaneamente, no ensino, na pesquisa e na cooperação (no campo, na cidade e entre ambos). A cooperação é entendida como um processo de construção dialógica de ideias, planejamentos, pesquisas e ações de desenvolvimento que visem a melhoria das condições de vida do povo urbano e rural, a preservação da natureza, a recuperação dos ambientes degradados e poluídos, a valorização do saber-fazer, a concretização da participação popular, do debate, da autonomia decisória, bem como a valorização das identidades e dos patrimônios naturais. A cooperação corresponde à ação voluntária por parte de uma coletividade (BIGNANTE, DANSERO e LODA, 2015BIGNANTE, Elisa; DANSERO, Egidio e LODA, Mirella. Geografia e cooperazione allo sviluppo: prospettive e agende di ricera, GEOTEMA, Bologna, n. 48, anno XIX, 2015, p. 5-24.).

Pensamento e ação precisam acontecer simultaneamente, num movimento contínuo de busca de melhores condições de vida por meio das formas cooperativas e solidárias (CORAGGIO, 2004 [2000]CORAGGIO, José L. Desarrollo local y municipios participativos. In: CORAGGIO, J. L. Descentralizar: barajar y dar de nuevo. La participación en juego. Quito: FLACSO Equador, 2004 [2000]. p. 159-172.). Valores como solidariedade, cooperação comunitária e preservação da natureza precisam, efetivamente, ser identificados, valorizados e recriados cotidianamente, parafraseando Kropotkin (1982 [1885]KROPOTKIN, Piotr. Lo que la Geografia debe ser. In: MENDOZA, J.; JIMÉNEZ, J. e CANTERO, N. (Org.). El pensamiento geográfico - estudio interpretativo y antologia de textos. Madri: Alianza Ed., 1982 (1885), p. 227-240.), com mais liberdade e independência para o desenvolvimento intelectual e cultural.

A descoberta do território e sua relação com o desenvolvimento

Outrora já imaginamos, a partir do pequeno, porém instigante texto de Santos (1994 SANTOS, Milton. O retorno do território. In: SANTOS, M. et. al. (Org.). Território: globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec/ANPUR, 1994. p. 15-20.), que o entendimento do território é “[...] fundamental para afastar o risco da alienação, o risco da perda do sentido da existência individual e coletiva, o risco de renúncia ao futuro” (p. 15). No entanto, não conseguíamos perceber mais claramente a amplitude da abordagem territorial no ensino, na pesquisa e na cooperação, aspecto que acreditamos compreender melhor nesta oportunidade, tanto em razão das pesquisas teórico-metodológicas, como em virtude das pesquisas empíricas e dos projetos de cooperação que já realizados. O próprio Milton Santos, no texto supracitado, alertara adequadamente que [o território] assumira o significado de retorno do território, formado de lugares contíguos e em rede, com uma dialética inerente ao uso humano, no qual as redes são comandadas pelo mercado. Ao mesmo tempo, a sede da resistência social está no lugar, fato que torna indispensável entender o território, pois este se reafirma pelo lugar por meio dos novos nacionalismos e localismos (SANTOS, 1994 SANTOS, Milton. O retorno do território. In: SANTOS, M. et. al. (Org.). Território: globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec/ANPUR, 1994. p. 15-20.).

Lugar e território, portanto, estão ligados, embora sejam diferentes como conceitos e processos sociais e espaciais, consoante detalharemos mais adiante. Ocorre que, o mencionado retorno do território acontece, em nossa opinião, a partir dos anos 1960-70, de acordo com as singularidades dos diferentes países, consoante foi detalhado em Saquet (2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007.), que influenciou diretamente sua inserção como tema, conceito e processo em diferentes áreas do conhecimento.

O território torna-se mais difuso a partir dos anos 1970-80, com a chamada crise do fordismo e redescoberta dos distritos industriais marshallianos, que anunciou o pós-fordismo, por meio dos processos localizados e contextualizados territorialmente, caracterizando um movimento de re-emergência do território (RULLANI, 2003RULLANI, Enzo . Complessità sociale e intelligenza localizzata. In: GAROFOLI, Gioacchino (Org.). Impresa e territorio. Bologna: Il Mulino , 2003. p. 85-130.) também denominado, pelo mesmo economista, de redescoberta do território (RULLANI, 2003RULLANI, Enzo . Complessità sociale e intelligenza localizzata. In: GAROFOLI, Gioacchino (Org.). Impresa e territorio. Bologna: Il Mulino , 2003. p. 85-130., 2005RULLANI, Enzo . Dai distretti alla distrettualizzazione: le forze che fanno (e disfano) il sistema territoriale. In: BELLANCA, N.; DARDI, M.; RAFFAELLI, T. (Org.). Economia senza gabbie. Bologna: Il Mulino , 2005. p. 111-169.), de maneira similar como entendera Dematteis (1981DEMATTEIS, G. Il “terreno” come lotta di classe: la “scoperta” del territorio nel 1968-69. In: CANIGIANI, F.; CARAZZI, M.; GROTTANELLI, E. (Org.). L’inchiesta sul terreno in geografia - geografia democratica. Torino: Giappichelli, 1981 [1979]. p.135-144. [1979]): ‘descoberta’ do território. O território é mediador na transição fordismo-pós-fordismo, introduzindo valor e vantagens competitivas (RULLANI, 2003RULLANI, Enzo . Complessità sociale e intelligenza localizzata. In: GAROFOLI, Gioacchino (Org.). Impresa e territorio. Bologna: Il Mulino , 2003. p. 85-130.), ao ponto que Storper (2003 STORPER, Michael. Le economie locali come beni relazionali. In: GAROFOLI, G . (Org.). Impresa e territorio . Bologna: Il Mulino , 2003. p. 169-208.) chegou a afirmar que, no nascimento do paradigma heterodoxo, na década de 1970, interpretando-se a problemática do desenvolvimento, delineou-se uma nova ‘santa trindade’ da economia regional, com os elementos tecnológicos, organizativos e territoriais, internos e externos às fábricas, concentrados e dispersos, transcendendo a produção em contextos regionais.

É importantíssimo notar, também, que Dematteis (1981 [1979]DEMATTEIS, G. Il “terreno” come lotta di classe: la “scoperta” del territorio nel 1968-69. In: CANIGIANI, F.; CARAZZI, M.; GROTTANELLI, E. (Org.). L’inchiesta sul terreno in geografia - geografia democratica. Torino: Giappichelli, 1981 [1979]. p.135-144.) identificara esse movimento já na década de 1970, registrando-o e analisando-o a partir da luta de classes que ocorrera na Itália, nos anos 1968-69, ou seja, de uma práxis dos operários. Estes últimos e alguns intelectuais e sindicalistas da época descobrem a importância da organização territorial, dentro e fora da fábrica, por meio das relações sociais estabelecidas histórica e geograficamente. “A contradição fundamental do modo de produção capitalista passa também pelo território: este resulta central no jogo estratégico do conflito entre classes sociais” (DEMATTEIS, 1981 [1979]DEMATTEIS, G. Il “terreno” come lotta di classe: la “scoperta” del territorio nel 1968-69. In: CANIGIANI, F.; CARAZZI, M.; GROTTANELLI, E. (Org.). L’inchiesta sul terreno in geografia - geografia democratica. Torino: Giappichelli, 1981 [1979]. p.135-144., p. 137; grifo do original).

A greve foi transformada numa luta pelo território a partir do seu conhecimento, transpassando a fábrica, ampliando-se para o entendimento, por exemplo, dos conselhos de zona, atuando articulados territorialmente e servindo de base para a luta, a partir da proximidade espacial entre os sujeitos e da sua concomitante organização em nível nacional. O território significou e significa, portanto, em distintas situações espaciais e temporais, uma condição local da luta de classes, aspecto por nós evidenciado em Saquet (2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007., 2016aSAQUET, M . Territorios rurales y perspectivas de desarrollo territorial con autonomía: la agricultura campesina (agro)ecológica, Eutopía , Quito, n. 10, 2016b, p. 57-76., 2017bSAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.), quando revelamos o movimento de expansão do debate territorial no Brasil e em outros países da Europa, tanto no âmbito acadêmico e científico, como em relação à definição de algumas políticas públicas e no debate e interpretação dos produtos de identidade territorial.

Sucintamente, a problemática do desenvolvimento e a diferenciação espacial estão na base da emergência da análise territorial (BAGNASCO, 1978BAGNASCO, Arnaldo. Problematiche dello sviluppo e articolazione dell’analisi: un paradigma per l’analisi territoriale. In: BAGNASCO, A.; MESSORI, M. e TRIGILIA, C. (Org.). Le problematiche dello sviluppo italiano. Milão: Feltrinelli, 1978. p. 205-251.; SAQUET, 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007.). A partir do final dos anos 1970, altera-se o modo de ver, compreender e atuar no território, evidenciando-se as singularidades, as diferenças entre os territórios, suas identidades e a participação popular.

Na relação identidade-território, que passa pela discussão do patrimônio dos lugares, há centralidade para formas antigas e atuais, imanentes à construção histórica de cada território, no campo e na cidade, constituindo objetivações que precisam ser estudadas e revitalizadas para o desenvolvimento local (DI MÉO, 1993DI MÉO, Guy. Les territoires de la localitè, Espace géographique, tome 22, n. 4, 1993, p. 306-317.). Para conhecer as singularidades territoriais e para valorizá-las como lugar de vida com identidade própria, é preciso investir no debate, na participação e no planejamento local (QUAINI, 2004QUAINI, Massimo. L’elogio dei luoghi e la voglia di pre-moderno. Riflessioni in margine a un manuale curato da Alberto Magnaghi, Rivista Geografica Italiana , 111, 2004, p. 341-355.), compreendendo os lugares para inventar o futuro (MAGNAGHI, 2000MAGNAGHI, Alberto . Il progetto locale. Torino: Bollati Boringhieri, 2000.), com o significado concreto do retorno ao território (BECATTINI, 2009BECATTINI, Giacomo . Ritorno al territorio . Bologna: Il Mulino , 2009.; MAGNAGHI, 2015), conforme detalharemos na sequência.

A descoberta do território ocorre justamente quando se coloca em cena a identidade distintiva do território, que o diferencia dos demais, induzindo-se sentimentos de pertencimento e partilha, juntamente com a própria gestão dos conflitos a partir da definição de interesses e objetivos comuns. Desse modo, o desenvolvimento é localizado, com características específicas, como argumenta Rullani (2003RULLANI, Enzo . Complessità sociale e intelligenza localizzata. In: GAROFOLI, Gioacchino (Org.). Impresa e territorio. Bologna: Il Mulino , 2003. p. 85-130., 2005RULLANI, Enzo . Dai distretti alla distrettualizzazione: le forze che fanno (e disfano) il sistema territoriale. In: BELLANCA, N.; DARDI, M.; RAFFAELLI, T. (Org.). Economia senza gabbie. Bologna: Il Mulino , 2005. p. 111-169.). “O desenvolvimento é um processo dinâmico que se entrelaça ao fazer-se e desfazer-se do território (RULLANI, 2005RULLANI, Enzo . Dai distretti alla distrettualizzazione: le forze che fanno (e disfano) il sistema territoriale. In: BELLANCA, N.; DARDI, M.; RAFFAELLI, T. (Org.). Economia senza gabbie. Bologna: Il Mulino , 2005. p. 111-169., p. 116). Esse movimento acontece na mente das pessoas, nas suas representações, mediações, apropriações, ancoragens, resistências, lutas etc., ao participarem, debaterem, e mobilizarem-se, sobretudo no âmbito local.

As premissas do desenvolvimento territorial de base local, ecológica e cultural

A partir do que expusemos anteriormente, acreditamos que seja possível identificar e socializar algumas premissas que parecem fundamentais para qualificar os processos de desenvolvimento com base na participação popular, no debate, na conservação da natureza e da cultura, nas relações de proximidade (principalmente na reciprocidade), na agroecologia, na artesanalidade etc.

A premissa inicial é a construção de um paradigma de análise territorial para interpretar as variedades de situações concretas que substantivam certa formação territorial e os processos de desenvolvimento (BAGNASCO, 1978BAGNASCO, Arnaldo. Problematiche dello sviluppo e articolazione dell’analisi: un paradigma per l’analisi territoriale. In: BAGNASCO, A.; MESSORI, M. e TRIGILIA, C. (Org.). Le problematiche dello sviluppo italiano. Milão: Feltrinelli, 1978. p. 205-251.), identificando limites, avanços, contradições, desigualdades, diferenças, cooperações, degradações, preservações, identidades etc., para subsidiar diretamente nossa participação em tais processos dialógicos, participativos, ecológicos e culturais.

A análise territorial, centrada no conceito de território com os significados que descrevemos resumidamente na Introdução deste texto, precisa envolver o paradigma reticular (CAMAGNI, 1993CAMAGNI, R. Le reti di città in Lombardia: introduzione e sintesi della ricerca. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G. (Org.). Le reti di città. Teoria, politiche e analisi nell’area padana. Milão: Franco Angeli , 1993. p. 21-52.; CAMAGNI e SALONE, 1993CAMAGNI, R e SALONE, C. Elementi per una teorizzazione delle reti di città. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G . (Org.). Le reti di città. Teoria, politiche e analisi nell’area padana . Milão: Franco Angeli , 1993. p. 53-67.), identificando-se, compreendendo-se e interpretando-se os diferentes tipos de redes (curtas, intermediárias e longas, concretas e virtuais, efêmeras e duradouras), tentando-se caracterizar as territorializações heterocentradas e autocentradas (TURCO, 1988TURCO, A. Verso uma teoria geografica della complessità. Milano: Unicopli , 1988. , 2010TURCO, A . Configurazioni della territorialità. Milão: Franco Angeli , 2010. ) e potencializando-se as redes de cooperação e solidariedade ancoradas localmente e em processos ecológicos e culturais (SAQUET, 2017bSAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.).

No território e nas redes, as territorialidades estão sempre presentes e significam conflitos, contradições, luta de classes (relações de poder: alteridade e exterioridade), disputas territoriais (RAFFESTIN, 1977RAFFESTIN, Claude. Paysage et territorialitè, Cahiers de géographie du Québec, vol. 21, n.53-54, 1977, p.123-134., 1993 [1980]RAFFESTIN, C . Por uma geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993 [1980].; DEMATTEIS, 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.; DEMATTEIS e GOVERNA, 2005DEMATTEIS, G e GOVERNA, FIl territorio nello sviluppo locale. Il contributo del modelo Slot. In: DEMATTEIS, G . eGOVERNA, F . (Org.). Territorialità, sviluppo locale, sostenibilità: il modello Slot. Milano: Angeli , 2005. p.15-38.; SAQUET, 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007., 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2017bSAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.) e, considerando o conteúdo político da concepção ora argumentada, há necessidade de criação e qualificação da territorialidade ativa (DEMATTEIS, 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30., 2008DEMATTEIS, G. Sistema Local Territorial (SLOT): um instrumento para representar, ler e transformar o território. In: ALVES, A.; CARRIJO, B.; CANDIOTTO, L. (Org.). Desenvolvimento territorial e agroecologia. SP: Expressão Popular, 2008. p. 33-46.; GOVERNA, 2001GOVERNA, F. Il territorio come soggetto collettivo? Comunità, attori, territorialità. In: BONORA, P. (Org.). Slot, quaderno 1 . Bologna: Baskerville , 2001. p. 31-46.; SAQUET, 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007., 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2017bSAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.; SAQUET e SPOSITO, 2008SAQUET, M e SPOSITO, E. Território, territorialidade e desenvolvimento: diferentes perspectivas no nível internacional e no Brasil. In: CANDIOTTO, L .; ALVES, A .; CARRIJO, B . (Org.). Desenvolvimento territorial e agroecologia . São Paulo: Expressão Popular , 2008. p. 15-31.; PUTTILLI, 2014PUTTILLI, Matteo . Geografia delle fonti rinnovabili. Milão: Franco Angeli , 2014.) como cooperação voltada para o desenvolvimento por meio de uma práxis transformadora (dialógica, crítica e reflexiva) para satisfazer as necessidades das pessoas e conquistar o máximo possível de autonomia decisória (MARX, 1991MARX, Karl . Teses sobre Feuerbach. In: MARX, K. e ENGELS, F. A ideologia alemã (Feuerbach). São Paulo: Hucitec , 1991. p. 11-14.; FREIRE, 2011 [1974]FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2011 [1974]., 2011 [1996]FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra , 2011 [1996].; VAZQUEZ, 1990 [1977]VAZQUEZ, Adolfo. Filosofia da Praxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990 [1977].; BORDA, 2008[1999]BORDA, Orlando Fals. Orígenes universales y retos actuales de la IAP (Investigación Acción Participativa), Peripecias, n. 110, 2008 [1999], p. 1-14. ; DEMATTEIS, 1985DEMATTEIS, G . Le metafore della terra. La geografia umana tra mito e scienza. Milano: Feltrinelli, 1985., 1994DEMATTEIS, G . Possibilità e limiti dello sviluppo locale, Sviluppo locale, I, 1, Firenze, 1994, p. 10-30., 1995DEMATTEIS, G . Progetto implicito. Il contributo della geografia umana alle scienze del territorio. Milano: Angeli, 1995., 1999DEMATTEIS, G. Sul crocevia della territorialità urbana. In: DEMATTEIS, G . et al. (Org.). I futuri della città - Tesi a confronto. Milano: Angeli , 1999. p. 117-128., 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.; MAGNAGHI, 2000MAGNAGHI, Alberto . Il progetto locale. Torino: Bollati Boringhieri, 2000., 2009MAGNAGHI, Alberto . Territorio: dal progetto implícito al progetto esplicito. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia. Novara-Torino: UTET, 2009. p. 275-292.; DEMATTEIS e GOVERNA, 2003DEMATTEIS, G e GOVERNA, F. Ha ancora senso parlare di identità territoriale? Atti dei Convegni Lincei, 194 - Convegno internazionale: La nuova cultura delle città. Roma: Accademia Nazionale dei Lincei, 2003. p. 264-281., 2005DEMATTEIS, G e GOVERNA, FIl territorio nello sviluppo locale. Il contributo del modelo Slot. In: DEMATTEIS, G . eGOVERNA, F . (Org.). Territorialità, sviluppo locale, sostenibilità: il modello Slot. Milano: Angeli , 2005. p.15-38.; GOVERNA, 2001GOVERNA, F. Il territorio come soggetto collettivo? Comunità, attori, territorialità. In: BONORA, P. (Org.). Slot, quaderno 1 . Bologna: Baskerville , 2001. p. 31-46.; SAQUET e SPOSITO, 2008SAQUET, M e SPOSITO, E. Território, territorialidade e desenvolvimento: diferentes perspectivas no nível internacional e no Brasil. In: CANDIOTTO, L .; ALVES, A .; CARRIJO, B . (Org.). Desenvolvimento territorial e agroecologia . São Paulo: Expressão Popular , 2008. p. 15-31.; RAFFESTIN, 1993 [1980]RAFFESTIN, C . Por uma geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993 [1980].).

Aancrage (ancoragem) territorial (PECQUEUR e ZIMMERMANN, 2002PECQUEUR, Bernard e ZIMMERMANN, Jean. Les fondementsd’une économie de proximités, Marseille, GREQAM, DT 02A26, 2002, p.1-23., 2005PECQUEUR, Bernard e ZIMMERMANN, Jean. Fundamentos de uma economia da proximidade. In: DINIZ, Clélio e LEMOS, Mauro. (Org.). Economia e território. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005. p. 77-101.; HAKMI e ZAOUAL, 2008HAKMI, Larbi e ZAOUAL, Hassan. La dimension territoriale de l’innovation. In: ZAOUAL, H. (Org.). Développement durable des territoires. Paris: L’Harmattan, 2008. p. 31-60.; RICHEZ-BATTESTI, 2008RICHEZ-BATTESTI, Nadine. Innovations sociales et dynamiques territoriales. Un aproche par la proximité. In: ZAOUAL, H. (Org.). Développement durable des territoires . Paris: L’Harmattan , 2008. p. 61-87.; PIRES, FUINI, MANCINI e PICCOLI NETO, 2011PIRES, Elson; FUINI, Lucas; MANCINI, Rodrigo e PICCOLI NETO, Danilo. Governança territorial: conceito, fatos e modalidades. Rio Claro, SP: UNESP - IGCE; PPGG, 2011.; MAGNAGHI, 2015MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI.) ou rooted in place and context (SCOONES, 2009SCOONES, Ian. Livelihoods perspectives and rural development, The Journal of Peasant Studies, v. 36, n. 1, 2009, p. 171-196.) ou arraigo (CHÁVEZ e SALCIDO, 2014CHAVEZ, Alejandro e SALCIDO, Gerardo. Gobernanza de los sistemas agroalimentarios localizados: el caso de los produtores rurales de nopal en Tlalnepantla, Morelos. México: Universidad Nacional Autónoma do México, 2014.; MARTINEZ e RIVERA, 2014MARTINEZ, Jessica e RIVERA, Maria del Carmen. El sistema agroalimentario local de arroz del estado de Morelos. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2014.; SALCIDO et al 2014SALCIDO, Gerardo et al. Políticas para la producción de cuitlacoche en invernadero en Tlaxcala, México. México: Universidad Nacional Autónoma de México , 2014.; SANZ, 2014SANZ, Javier. Sistemas agroalimentarios locales y multifuncionalidad. Un enfoque de investigación en alimentos, ciencias sociales y territorio. In: RIVERA, M. (Org.). El desarrollo hoy hacia la construción de nuevos paradigmas. México: UNAM - Instituto de Investigaciones Económicas, 2014. p. 87-103.; HARGUINDEGUY, 2014HARGUINDEGUY, Laura Collin. Economía solidaria: local y diversa. Talaxcala, México: El Colegio de Tlaxcala, 2014.; BARTRA, 2014aBARTRA, Armando. Campesinos del tercer milenio: aproximaciones a una quimera, Revista ALASRU, Nueva Época, México, n. 10, 2014a, p. 17-43., 2014bBARTRA, Armando . Campesindios: ethos, clase, predadores, paradigma. Aproximaciones a una quimera. In: HIDALGO, F.; HOUTART, F. e LIZÁRRAGA, P. (Org.). Agriculturas campesinas en Latinoamérica - propuestas y desafios. Quito: Editorial IAEN, 2014b. p. 269-276.; GIRARD, 2015GIRARD, Margaux. Economía social y comercialización de productos orgánicos en Cusco, Perú, Eutopía, n. 7, Quito, 2015, p. 91-108.), também tem centralidade nos vínculos locais e nas redes curtas. No nosso entendimento, estas últimas são as mais adequadas para o desenvolvimento territorial, ecológico e cultural, porque possibilitam as relações face-to-face, a diminuição dos custos dos transportes, a conquista da autonomia decisória, a venda direta dos produtos agroecológicos, a valorização dos saberes locais e das relações de confiança, consoante verificamos no Projeto Vida na Roça (PVR) e no Projeto Vida no Bairro (PVB) - supracitados -, bem como demonstramos empiricamente em Saquet (2017bSAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.).

Aqui, é importante abrir um parênteses, evidenciando que a ancoragem fora revelada anteriormente por Becattini (2000 [1989]BECATTINI, Giacomo . Il distretto industriale . Torino: Rosenberg & Sellier , 2000.), pois: a) envolve uma comunidade de pessoas e um conjunto de empresas que se influenciam; b) requer empresas fornecedoras e consumidoras, numa rede local de transações especializadas em certos produtos também vinculados às redes mundiais; c) ocorre num processo de potencialização das características específicas e da comunidade local (famílias, mercado, empresas, escolas, igrejas, prefeituras e partidos políticos), pois esta está diretamente relacionada à valorização dos vínculos locais.

Estes aspectos também foram identificados e explicados por Bagnasco (1977BAGNASCO, Arnaldo. Tre Italie. La problematica territoriale dello sviluppo italiano. Bologna: Il Mulino, 1977. , 1988BAGNASCO, Arnaldo . La costruzione sociale del mercato. Bologna: Il Mulino , 1988.), embora por meio de outra concepção e abordagem: no desenvolvimento territorial há conexões produtivas no território, vínculos, tradições, relações de confiança, reconhecimento e identidade entre empresas dependentes entre si; sistemas dispersos e articulados; especialização produtiva e agregação territorial; formas sociais e culturais específicas de produzir, continuadas incorporando inovações técnicas e tecnológicas.

Desse modo, juntamente com a ancoragem, há de se destacar a importância dos circuits courts, entendidos como proximidade geográfica e institucional (CHAFFOTTE e CHIFFOLEAU, 2007CHAFFOTTE, Lydie e CHIFFOLEAU, Yuna. Vente directe et circuits courts: évaluations, définitions et typologie, Les Cahiers de L’Oservatoire CROC, Montpellier, 2007, n. 1, p. 1-8.; AUBRY e CHIFFOLEAU, 2009AUBRY, Christine e CHIFFOLEAU, Yuna. Le développment des circuits courts et l’agriculture periurbane: histoire, evolution en cours et questions actuelles, Innovations Agronomiques, n. 5, 2009, p. 53-67.; DELHOMMEAU, 2009DELHOMMEAU, T. Circuits courts et circuits de proximité, Les Cahiers de la Solidarieté, n. 20, 2009, p. 57-61.; DAROLT, 2013DAROLT, Moacir. Circuitos curtos de comercialização de alimentos ecológicos: reconectando produtores e consumidores. In: NIEDERLE, P.; ALMEIDA, L.; VEZZANI, F. (Org.). Agroecologia: práticas, mercados e políticas para uma nova agricultura. Curitiba: Kairós, 2013. p. 139-170.; CHÁVEZ e SALCIDO, 2014SALCIDO, Gerardo et al. Políticas para la producción de cuitlacoche en invernadero en Tlaxcala, México. México: Universidad Nacional Autónoma de México , 2014.; SALCIDO et al 2014SALCIDO, Gerardo et al. Políticas para la producción de cuitlacoche en invernadero en Tlaxcala, México. México: Universidad Nacional Autónoma de México , 2014.; SANZ, 2014SANZ, Javier. Sistemas agroalimentarios locales y multifuncionalidad. Un enfoque de investigación en alimentos, ciencias sociales y territorio. In: RIVERA, M. (Org.). El desarrollo hoy hacia la construción de nuevos paradigmas. México: UNAM - Instituto de Investigaciones Económicas, 2014. p. 87-103.) ou filière local (SANZ, 2014SANZ, Javier. Sistemas agroalimentarios locales y multifuncionalidad. Un enfoque de investigación en alimentos, ciencias sociales y territorio. In: RIVERA, M. (Org.). El desarrollo hoy hacia la construción de nuevos paradigmas. México: UNAM - Instituto de Investigaciones Económicas, 2014. p. 87-103.) ou filiere corte (BELLIGGIANO e DE RUBERTIS, 2012BELLIGGIANO, Angelo e DE RUBERTIS, Stefano. Le filiere corte agroalimentari nei processi di sviluppo locale, XXIV Convegno di Sinergie, 2012, Lecce (Itália), 2012, p. 513-524.; DANSERO e PUTTILLI, 2013DANSERO, Egidio e PUTTILLI, Matteo. La realtà degli alternative food networks (AFN) in Piemonte. Riflessioni teoriche ed evidenze empiriche. In: GIACCARIA, P., ROTA, F. e SALONE, C. (Org.). Praticare la territorialità. Riflessioni sulle politiche per la green economy, l’agroindustria e la cultura in Piemonte. Roma: Carocci Editore, 2013. p. 77-108. ; FORNO e MAURANO, 2016FORNO, Francesca e MAURANO, Simon. Cibo, sostenibilità e territorio - dai sistemi di approvvigionamento alternativi ai food policy councils, Rivista Geografica Italiana, Florença, n. 123, p. 1-20, 2016.) ou ainda como short-circuiting (RENTING, MARSDEN e BANKS, 2003RENTING, Henk; MARSDEN, Terry; BANKS, Jo. Understanding alternative food networks: exploring the role of short food supply chains in rural developpment, Environment and Planning A, v. 35, 2003, p. 393-411.), justamente como uma das principais formas para valorizar as pessoas, os produtos, as identidades culturais e as informações de cada lugar e território, por meio de um constante processo de (in)formação, mobilização, luta e resistência aos agentes hegemônicos política e economicamente. A proximidade pode gerar eixos de ação úteis para os camponeses, por exemplo, favorecendo lógicas endógenas de desenvolvimento, bem como a recuperação ou reativação das práticas de cooperação e solidariedade (GODOY, 2016GODOY, Diego. Territorios campesinos y agroindustria: un análisis de las transformaciones territoriales desde la economía de la proximidad, Eutopía , Quito, n. 10, 2016, p. 41-55.).

Ter consciência do inacabamento e humildade (FREIRE, 2011 [1996]FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra , 2011 [1996].) também é fundamental para nossa qualificação, mobilização, luta e resistência política, ecológica e cultural. Somos seres em constante transformação; não há técnica nem conhecimento pronto, definitivo, nem uma verdade, uma teoria, uma concepção, um único modo de pesquisar, ensinar e atuar no desenvolvimento. Quando temos consciência do inacabamento, podemos aprofundar os debates, as pesquisas, as aulas, renovar técnicas e concepções, ir além do que fizemos aproveitando e valorizando o que já fora realizado por outros, num movimento contínuo de superação a partir dos saltos quantitativos e qualitativos (LEFEBVRE, 1995 [1969]LEFEBVRE, Henri . Lógica formal. Lógica dialética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1995 [1969].), identificando, compreendendo, valorizando e potencializando a auto-organização e a autogestão (DEMATTEIS, 1985DEMATTEIS, G . Le metafore della terra. La geografia umana tra mito e scienza. Milano: Feltrinelli, 1985., 1994DEMATTEIS, G . Possibilità e limiti dello sviluppo locale, Sviluppo locale, I, 1, Firenze, 1994, p. 10-30., 1995DEMATTEIS, G . Progetto implicito. Il contributo della geografia umana alle scienze del territorio. Milano: Angeli, 1995., 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.; MAGNAGHI, 2000MAGNAGHI, Alberto . Il progetto locale. Torino: Bollati Boringhieri, 2000., 2009MAGNAGHI, Alberto . Territorio: dal progetto implícito al progetto esplicito. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia. Novara-Torino: UTET, 2009. p. 275-292., 2011MAGNAGHI, Alberto . Educare al territorio: conoscere, rappresentare, curare, governare. In: GIORDA, C. e PUTTILLI, M. (Org.). Educare al territorio, educare il territorio - Geografia per la formazione. Roma: Carocci, 2011. p. 32-42.). Movimento concretizado sem abrir mão de um Estado atuando intensamente em suas atribuições sociais e, ao mesmo tempo, contribuindo direta, consistente e permanentemente para a formação e/ou qualificação da consciência de classe e de lugar, como premissa e processo impulsionador da participação popular, da territorialidade ativa, da autonomia decisória, da auto-organização e da autogestão do desenvolvimento territorial de base local, ecológica e cultural, como sintetizamos nesta oportunidade.

A consciência de classe e de lugar no desenvolvimento territorial

Acreditamos que esses paradigmas da análise territorial, histórica e reticular, da proximidade e da ancoragem, bem como da práxis de transformação social e territorial centrada na auto-organização e na autogestão, sem desconsiderar o Estado, podem ser operacionalizados no ensino, na pesquisa e na cooperação voltada para o desenvolvimento com justiça social e preservação da natureza em cada relação espaço-tempo e território-lugar.

Desse modo, o território-lugar (SALVATORI, 2003 SALVATORI, Franco. Il territorio come produttore di conoscenze. In: DEMATTEIS, G . e FERLAINO, F . (Org.). Il mondo e i luoghi: geografie delle identità e del cambiamento . Torino: IRES, SGI, 2003. p. 91.; SAQUET, 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007., 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2014aSAQUET, M. Territorialidades, relações campo-cidade e ruralidades em processos de transformação territorial e autonomia, Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 9, n. 18, 2014a, p. 1-30., 2017bSAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.) também assume centralidade, entendido como espaço-tempo onde o povo vive, sente, percebe, respira, aspira, sofre, interage (social e social-naturalmente), reconhece, luta, resiste, degrada, preserva; onde é extorquido, explorado, subordinado e pode reordenar as relações de poder para viver de maneira mais simétrica (RAFFESTIN, 1977RAFFESTIN, Claude. Paysage et territorialitè, Cahiers de géographie du Québec, vol. 21, n.53-54, 1977, p.123-134. ; MAGNAGHI, 1976MAGNAGHI, Alberto . Il territorio nella crisi, Quaderni del territorio, anno 1, n.1. Milano: CELUC Libri, 1976. p. 15-29., 1990MAGNAGHI, Alberto . Per una nuova carta urbanistica. In: MAGNAGHI, A. (Org.). Il territorio dell’abitare. Milano: Angeli , 1990. p. 21-72., 2000MAGNAGHI, Alberto . Il progetto locale. Torino: Bollati Boringhieri, 2000., 2003MAGNAGHI, Alberto . La rappresentazione identitaria del patrimonio territoriale. In: DEMATTEIS, G . e FERLAINO, F. (Orgs.). Il mondo e i luoghi: geografie delle identità e del cambiamento. Torino: IRES/SGI, 2003. p. 13-20., 2009MAGNAGHI, Alberto . Territorio: dal progetto implícito al progetto esplicito. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia. Novara-Torino: UTET, 2009. p. 275-292., 2011MAGNAGHI, Alberto . Educare al territorio: conoscere, rappresentare, curare, governare. In: GIORDA, C. e PUTTILLI, M. (Org.). Educare al territorio, educare il territorio - Geografia per la formazione. Roma: Carocci, 2011. p. 32-42., 2015MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI.; DEMATTEIS, 1985DEMATTEIS, G . Le metafore della terra. La geografia umana tra mito e scienza. Milano: Feltrinelli, 1985., 1994DEMATTEIS, G . Possibilità e limiti dello sviluppo locale, Sviluppo locale, I, 1, Firenze, 1994, p. 10-30., 1995DEMATTEIS, G . Progetto implicito. Il contributo della geografia umana alle scienze del territorio. Milano: Angeli, 1995., 1999DEMATTEIS, G. Sul crocevia della territorialità urbana. In: DEMATTEIS, G . et al. (Org.). I futuri della città - Tesi a confronto. Milano: Angeli , 1999. p. 117-128., 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.; SANTOS, 1996 SANTOS, Milton. A natureza do espaço. Técnica e tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Hucitec , 1996.; CARLOS, 1996CARLOS, Ana Fani. O lugar no/do mundo. São Paulo: Hucitec, 1996.; GOVERNA, 2001GOVERNA, F. Il territorio come soggetto collettivo? Comunità, attori, territorialità. In: BONORA, P. (Org.). Slot, quaderno 1 . Bologna: Baskerville , 2001. p. 31-46.; TURRI, 2002TURRI, Eugenio. La conoscenza del territorio. Metodologia per un’analise storico-geografica. Venezia: Marsilio, 2002.; CAMAGNI, 1993CAMAGNI, R. Le reti di città in Lombardia: introduzione e sintesi della ricerca. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G. (Org.). Le reti di città. Teoria, politiche e analisi nell’area padana. Milão: Franco Angeli , 1993. p. 21-52., 1997CAMAGNI, R. Strutture urbane gerarchiche e reticolare: verso una teorizazzione. In: CURTI, F. e DIAPPI, L. (Orgs.). Gerarchie e reti di città: tendenze e politiche. Milão: Franco Angeli, 1990.; QUAINI, 2004QUAINI, Massimo. L’elogio dei luoghi e la voglia di pre-moderno. Riflessioni in margine a un manuale curato da Alberto Magnaghi, Rivista Geografica Italiana , 111, 2004, p. 341-355., 2006QUAINI, Massimo . L’ombra del paesaggio. Orizzonti di un’utopia conviviale. Reggio Emilia: Diabasis, 2006., 2010QUAINI, Massimo . Dalla coscienza di classe alla “coscienza di luogo” ovvero “de la lutte des classes à la lutte des places”. Declinazioni del concetto di luogo e di paesaggio. Treviso, Fondazione Benetton, 2010, p. 1-13.; RULLANI, 1997RULLANI, Enzo. Più locale e più globale: verso una economia postfordista del territorio. In: BRAMANTI, A. e MAGGIONI, M. La dinamica dei sistemi produttivi territoriali: teorie, tecniche, politiche. Milano: Franco Angeli, 1997. p. 85-111., 2009 RULLANI, Enzo . La città al tempo delle reti. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia . Novara-Torino: UTET , 2009. p. 145-172.; RULLANI, MICELLI e DI MARIA, 2000RULLANI, Enzo ; MICELLI, Stefano e DI MARIA, Eleonora. Tra città reale e città virtuale: il territorio nel postfordismo. In: RULLANI, E.; MICELLI, S. e DI MARIA, E. (Org.). Città e cultura nell’economia delle reti. Bologna: Mulino, 2000. p.13-56.; SPOSITO, 2004SPOSITO, E . Geografia e filosofia. São Paulo: Ed. UNESP, 2004.).

O território, como o lugar, contém relações sociais e relações sociedade-natureza, conexões e redes, relações e significados plurais, além da produção econômica, natureza, apropriação, identidade e patrimônio cultural (DEMATTEIS e GOVERNA, 2005DEMATTEIS, G e GOVERNA, FIl territorio nello sviluppo locale. Il contributo del modelo Slot. In: DEMATTEIS, G . eGOVERNA, F . (Org.). Territorialità, sviluppo locale, sostenibilità: il modello Slot. Milano: Angeli , 2005. p.15-38.; SAQUET, 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007.), porém, não são conceitos sinônimos. Ao mesmo tempo, os lugares têm qualidades territoriais: a territorialização e as territorialidades geram os lugares como uma das suas configurações históricas que precisam ser compreendidas, representadas e explicadas juntamente com o território (TURCO, 2010TURCO, A . Configurazioni della territorialità. Milão: Franco Angeli , 2010. ). Como afirma o economista italiano Enzo Rullani, a dinâmica econômica, universalizando-se, ocupa-se de culturas nacionais, das especificidades territoriais e das variantes locais ligadas à vida cotidiana.

O território reúne, no lugar, comunidade, instituições, economia e natureza, num tecido de interações pessoais e sociais, com inteligência e enraizamento (RULLANI, 2003RULLANI, Enzo . Complessità sociale e intelligenza localizzata. In: GAROFOLI, Gioacchino (Org.). Impresa e territorio. Bologna: Il Mulino , 2003. p. 85-130.); corresponde à terra e, sobretudo, à história dos homens que habitam os lugares, à prática social e ao conhecimento acumulado (RULLANI, 2005RULLANI, Enzo . Dai distretti alla distrettualizzazione: le forze che fanno (e disfano) il sistema territoriale. In: BELLANCA, N.; DARDI, M.; RAFFAELLI, T. (Org.). Economia senza gabbie. Bologna: Il Mulino , 2005. p. 111-169.). Cada lugar precisa, assim, ser pensado como específico numa rede de lugares conexos territorialmente (RULLANI, 1997RULLANI, Enzo. Più locale e più globale: verso una economia postfordista del territorio. In: BRAMANTI, A. e MAGGIONI, M. La dinamica dei sistemi produttivi territoriali: teorie, tecniche, politiche. Milano: Franco Angeli, 1997. p. 85-111.), sendo diferenciado, epistemológica e ontologicamente, do território (SAQUET, 2005SAQUET, M; PACÍFICO, Jucelí; FLÁVIO, Luiz Carlos. Cidade, organização popular e desenvolvimento: a experiência do Projeto Vida no Bairro. Cascavel/PR: UNIOESTE, 2005., 2009SAQUET, M. Por uma abordagem territorial. In: SAQUET, M . e SPOSITO, E . (Org.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos . São Paulo: Expressão Popular , 2009. p. 73-94., 2013SAQUET, M . Por uma abordagem territorial: continuando a reflexão. In: SAQUET, M. (Org.). Estudos territoriais na ciência geográfica. São Paulo: Outras Expressões, 2013. p. 47-74., 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2017aSAQUET, M . Território, cooperação e desenvolvimento territorial: contribuições para interpretar a América Latina. In: SAQUET, M . e ALVES, A . (Org.). Processos de cooperação e solidariedade na América Latina. Rio de Janeiro: Consequência , 2017a. p. 37-67., 2017bSAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.).

O território [...] se faz e se desfaz, cada dia, por meio do agir dos homens e da força da evolução natural e social. [...] Cruzamento de muitas histórias e de muitos projetos que interagem entre si no lugar e no momento da partilha (RULLANI, 2005RULLANI, Enzo . Dai distretti alla distrettualizzazione: le forze che fanno (e disfano) il sistema territoriale. In: BELLANCA, N.; DARDI, M.; RAFFAELLI, T. (Org.). Economia senza gabbie. Bologna: Il Mulino , 2005. p. 111-169., p. 111; grifo do original).

O território, simultaneamente, contém a natureza da pluralidade dos lugares, (BECATTINI, 2009 [2002]BECATTINI, Giacomo . Ritorno al territorio . Bologna: Il Mulino , 2009. ). E essa compreensão do território-lugar é imprescindível para o entendimento da consciência de classe e de lugar, sem a costumeira separação entre sociedade e natureza, tempo e espaço, território e lugar, influenciando a práxis de transformação social e territorial em favor do povo, das suas necessidades, aspirações e dos seus desejos. O processo de (in)formação da consciência de classe e de lugar influencia a compreensão do território-lugar, do seu reordenamento com justiça social e, ao mesmo tempo, a relação território-lugar possibilita uma ampla e complexa compreensão dos processos de qualificação da consciência de classe e de lugar, no constante movimento de construção popular do desenvolvimento de base local, ecológica, cultural, dialógica e reflexiva.

A práxis, já mencionada, precisa considerar o sentido de pertencimento a uma classe social e a um lugar (HARVEY, 1982HARVEY, David. O trabalho, o capital e o conflito de classes em torno do ambiente construído nas sociedades capitalistas abancadas, Espaço e Debates, ano 2, n. 6, São Paulo, 1982, p. 6-35.; BECATTINI, 2000 [1989]BECATTINI, Giacomo. Il distretto industriale marshalliano come concetto socio-economico. In: BECATTINI, G. (Org.). Il distretto industriale. Torino: Rosenberg & Sellier, 2000 [1989]. p. 57-78., 2000BECATTINI, Giacomo . Il distretto industriale . Torino: Rosenberg & Sellier , 2000., 2009BECATTINI, Giacomo . Costruire il territorio. In: BECATTINI, G. (Org.). Ritorno al territorio. Bologna: Il Mulino , 2009 [2002]. p. 265-280., 2015BECATTINI, Giacomo e MAGNAGHI, Alberto. Coscienza di classe e coscienza di luogo. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi. Roma: Donzelli , 2015. p. 115-222.; MAGNAGHI, 2000MAGNAGHI, Alberto . Il progetto locale. Torino: Bollati Boringhieri, 2000., 2006MAGNAGHI, Alberto . Dalla partecipazione all’autogoverno della comunità locale: verso il federalismo municipale solidade, Democrazia e Diritto, n. 3, 2006, p. 1-13., 2009MAGNAGHI, Alberto . Territorio: dal progetto implícito al progetto esplicito. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia. Novara-Torino: UTET, 2009. p. 275-292., 2011MAGNAGHI, Alberto . Educare al territorio: conoscere, rappresentare, curare, governare. In: GIORDA, C. e PUTTILLI, M. (Org.). Educare al territorio, educare il territorio - Geografia per la formazione. Roma: Carocci, 2011. p. 32-42., 2013MAGNAGHI, Alberto . Riterritorializzare il mondo, Scienze del Territorio, v. 1, Firenze, 2013, p. 47-58., 2015MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI.; LUSSAULT, 2009LUSSAULT, Michel. De la lutte des classes à la lutte de places. Paris: Grasset, 2009.; QUAINI, 2010QUAINI, Massimo . Dalla coscienza di classe alla “coscienza di luogo” ovvero “de la lutte des classes à la lutte des places”. Declinazioni del concetto di luogo e di paesaggio. Treviso, Fondazione Benetton, 2010, p. 1-13.; BECATTINI e MAGNAGHI, 2015MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI.; SAQUET, 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2013SAQUET, M . Por uma abordagem territorial: continuando a reflexão. In: SAQUET, M. (Org.). Estudos territoriais na ciência geográfica. São Paulo: Outras Expressões, 2013. p. 47-74., 2014aSAQUET, M. Territorialidades, relações campo-cidade e ruralidades em processos de transformação territorial e autonomia, Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 9, n. 18, 2014a, p. 1-30., 2014bSAQUET, M. Participação social em territórios de identidade e desenvolvimento numa práxis dialógica e cooperada. In: SILVA, Onildo; SANTOS, Edinusia; COELHO-Neto, Agripino. (Org.). Identidade, território e resistência. Rio de Janeiro: Consequência, 2014b. p. 11-36., 2014cSAQUET, M . Dinâmicas territoriais rurais e urbanas. In: CASTRO, C.; BERNAT, I.; SILVA, Q.; SODRÉ, R. (Org.). Territórios, paisagens e suas dinâmicas. São Luís (MA): Editora UEMA, 2014c. p. 65-92., 2014dSAQUET, M . Agricultura camponesa e práticas (agro)ecológicas. Abordagem territorial histórico-crítica, relacional e pluridimensional, Mercator, Fortaleza, vol. 13, n. 2, 2014d, p. 125-143., 2016aSAQUET, M . Territorios rurales y perspectivas de desarrollo territorial con autonomía: la agricultura campesina (agro)ecológica, Eutopía , Quito, n. 10, 2016b, p. 57-76., 2017aSAQUET, M . Território, cooperação e desenvolvimento territorial: contribuições para interpretar a América Latina. In: SAQUET, M . e ALVES, A . (Org.). Processos de cooperação e solidariedade na América Latina. Rio de Janeiro: Consequência , 2017a. p. 37-67., 2017bSAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.) num movimento contrário à reprodução ampliada do capital, à degradação ambiental etc. A formação e/ou qualificação da consciência nas dimensões de classe e de lugar ocorre, por exemplo, quando um operário têxtil se sente e vive como operário italiano e sobretudo como italiano; podemos pensar no professor universitário de Francisco Beltrão (Paraná, Brasil)-professor de Francisco Beltrão-beltronense ou, ainda, no camponês ecológico ou convencional de Ampére(PR)-camponês de Ampére-amperense. É preciso sentir-se membro de um grupo e de uma classe social e, ao mesmo tempo, de um lugar, participando ativamente dos espaços de debate, reflexão, organização, mobilização, luta e resistência política, cooperando na resolução dos problemas (econômicos, políticos, culturais e ambientais) de cada lugar e território, como fizemos no PVB e no PVR.

A consciência de lugar é vital para a identificação e participação social, para a reprodução do lugar como espaço de convivência com relações comunitárias, podendo significar um possível antídoto à globalização econômica (BECATTINI e MAGNAGHI, 2015MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI.). Ao que parece, Lênin (1988 [1905]LÊNIN, Vladimir. Aos pobres do campo. São Paulo: Ed. Acadêmica, 1988 .) já tivera, a partir da teoria do valor de Marx, noção da importância da consciência de lugar, intimamente vinculada à consciência de classe, ao proclamar a necessidade de união/associação entre os operários, da cidade, e os camponeses pobres, do campo. Essa união é entendida como uma condição fundamental da luta contra a miséria, contra o poder do dinheiro (grifos do original) e dos latifundiários: consciência da classe pobre e trabalhadora, do campo e da cidade, unida, informada, mobilizada e lutando.

A consciência de classe, portanto, tem um conteúdo diretamente vinculado às condições materiais, às ações políticas e aos conflitos entre classes (MARX e ENGELS, 1991MARX, Karl e ENGELS, F. A ideologia alemã (Feuerbach) . São Paulo: Hucitec , 1991.). Desse modo, as ações políticas precisam ser, necessariamente, revolucionárias e contra a burguesia; é necessário formar uma consciência de classe e dos antagonismos, dos sujeitos e projetos, na luta como movimento contra a ordem vigente, subordinadora, acumuladora e excludente (MARX e ENGELS, 1998MARX, Karl e ENGELS, F . Manifesto del partito comunista. Milão: Rizzoli, 1998.).

Há, obviamente, tendências globais homogeneizantes, com severos impactos ambientais e sociais que podem ser subvertidas por meio dos esforços locais, no ensino, na pesquisa e na ação/extensão/cooperação, inspirados e concretizados em valores efetivamente mais humanos e ecológicos, contribuindo para construir um ethos emancipatório (BORDA, 2008BORDA, Orlando Fals. Orígenes universales y retos actuales de la IAP (Investigación Acción Participativa), Peripecias, n. 110, 2008 [1999], p. 1-14. [1999]).

Acreditamos, portanto, que a formação e/ou qualificação da consciência de classe e de lugar é, ao mesmo tempo, fundamental para a construção de um paradigma contra-hegemônico , de pesquisa, ensino e cooperação, com o significado trabalhado por Sánchez (2014 SÁNCHEZ, Armando. Dilemas teóricos y metodológicos de la sociología rural en América Latina, Revista ALASRU , Nueva Época, México, n. 10, 2014, p. 359-380.), Harguindeguy (2014)HARGUINDEGUY, Laura Collin. Economía solidaria: local y diversa. Talaxcala, México: El Colegio de Tlaxcala, 2014., Hidalgo e Fernandez (2012HIDALGO, F e FERNÁNDEZ, Á. Contrahegemonia y buen vivir. Quito: Universidad Central del Ecuador y Universidad del Zulia (Venezuela), 2012.), Quijano (2000QUIJANO, Aníbal. El fantasma del desarrollo en América Latina, Rev. Venezolana de Economía y Ciencias Sociales, Vol. 6, n. 2, 2000, p. 73-90.), Bartra (2014aBARTRA, Armando . Campesindios: ethos, clase, predadores, paradigma. Aproximaciones a una quimera. In: HIDALGO, F.; HOUTART, F. e LIZÁRRAGA, P. (Org.). Agriculturas campesinas en Latinoamérica - propuestas y desafios. Quito: Editorial IAEN, 2014b. p. 269-276., 2014bBECATTINI, Giacomo. Il distretto industriale marshalliano come concetto socio-economico. In: BECATTINI, G. (Org.). Il distretto industriale. Torino: Rosenberg & Sellier, 2000 [1989]. p. 57-78.), Teubal (2008TEUBAL, Miguel. O campesinato frente à expansão dos agronegócios na América Latina. In: PAULINO, E. e FABRINI, J. (Org.). Campesinato e territórios em disputa. São Paulo: Expressão Popular , 2008. p. 139-160., 2011 TEUBAL, Miguel. Apuntes sobre el desarrollo. In: GIARRACCA, N. (Org.). Bicentenarios (otros), transiciones y resistencias. Buenos Aires: Una Ventana, 2011. p. 185-207.), Borda e Mora-Osejo (2004BORDA, Orlando Fals e MORA-OSEJO, Luis Eduardo. La superación del eurocentrismo - enriquecimiento del saber sistémico y endógeno sobre nuestro contexto tropical, POLIS - Revista Latinoamericana, n. 7, p. 1-6, 2004.), Reyes (2009REYES, Luis Alberto. El pensamiento indígena en América. Buenos Aires: Biblos, 2009.) e Lizárraga e Vacaflores (2014LIZÁRRAGA, P e VACAFLORES, C. Lo agrario en la reconstitución del sujeto indígena originario campesino. In: HIDALGO, F .; HOUTART, F . eLIZÁRRAGA, P . (Org.). Agriculturas campesinas en Latinoamérica - propuestas y desafios . Quito: Editorial IAEN , 2014. p. 277-296.), para tentar romper com as castrações intelectuais e com o colonialismo perpetuado por paradigmas dominantes e eurocêntricos (QUIJANO, 2000QUIJANO, Aníbal. El fantasma del desarrollo en América Latina, Rev. Venezolana de Economía y Ciencias Sociales, Vol. 6, n. 2, 2000, p. 73-90.; BORDA e MORA-OSEJO, 2004BORDA, Orlando Fals e MORA-OSEJO, Luis Eduardo. La superación del eurocentrismo - enriquecimiento del saber sistémico y endógeno sobre nuestro contexto tropical, POLIS - Revista Latinoamericana, n. 7, p. 1-6, 2004.; TEUBAL, 2011 TEUBAL, Miguel. Apuntes sobre el desarrollo. In: GIARRACCA, N. (Org.). Bicentenarios (otros), transiciones y resistencias. Buenos Aires: Una Ventana, 2011. p. 185-207.), contribuindo para superar o ethos explorador e opressivo que saturou o mundo (BORDA, 2008 [1999]BORDA, Orlando Fals. Orígenes universales y retos actuales de la IAP (Investigación Acción Participativa), Peripecias, n. 110, 2008 [1999], p. 1-14.).

A construção do paradigma contra-hegemônico precisa ser, necessariamente, participativa e dialógica, reflexiva, envolvendo e valorizando as diferenças, as desigualdades e as identidades de cada lugar e território, sem se desligar do mundo, porém, destacando-se as relações próximas, a solidariedade, a cultura popular, a ancoragem, a artesanalidade, as práticas agroecológicas, as condições edafoclimáticas específicas de cada ecossistema etc.

[...] As gentes comuns merecem conhecer mais sobre suas próprias condições vitais para defender seus interesses [...]. (BORDA, 2008 [1999]BORDA, Orlando Fals. Orígenes universales y retos actuales de la IAP (Investigación Acción Participativa), Peripecias, n. 110, 2008 [1999], p. 1-14., p. 4).

Temos que potencializar tal interação com o conhecimento da nossa história, nossas realidades geográficas, dos nossos recursos de tal modo que resultem valores compartidos, geradores de solidariedade e fortalecedores da nossa identidade cultural. (BORDA e MORA-OSEJO, 2004BORDA, Orlando Fals e MORA-OSEJO, Luis Eduardo. La superación del eurocentrismo - enriquecimiento del saber sistémico y endógeno sobre nuestro contexto tropical, POLIS - Revista Latinoamericana, n. 7, p. 1-6, 2004., p. 5).

Tratando-se, fundamentalmente, de reconstruir consciência de lugar, coesão social e solidariedade entre os homens, desintegrados há décadas pelo mercado selvagem, nós vemos uma possível solução de retorno à responsabilidade dos habitantes dos lugares, fazendo prevalecer o princípio territorial sobre o funcional, por meio do retorno ao território. (BECATTINI e MAGNAGHI, 2015MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI., p. 221).

Esse movimento pode ser entendido como retorno ao território , com o significado propugnado por Becattini (2009BECATTINI, Giacomo . Ritorno al territorio . Bologna: Il Mulino , 2009.), Magnaghi (2015MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI.) e Becattini e Magnaghi (2015)MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI., ou como elogio dos lugares, por Quaini (2004QUAINI, Massimo. L’elogio dei luoghi e la voglia di pre-moderno. Riflessioni in margine a un manuale curato da Alberto Magnaghi, Rivista Geografica Italiana , 111, 2004, p. 341-355.), na perspectiva da identificação, compreensão, representação, interpretação, valorização e potencialização das singularidades (sociais e naturais) de cada lugar-território. “O desenvolvimento das redes criou as condições favoráveis para a redescoberta do valor crítico do território, que adensa muitas redes num único lugar, coligando os seus significados à unidade da sua história, das suas ideias, dos seus habitantes” (RULLANI, 2009 RULLANI, Enzo . La città al tempo delle reti. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia . Novara-Torino: UTET , 2009. p. 145-172., p. 148).

A reemergência da dimensão territorial e das suas variantes locais, consoante já mencionamos, juntamente com os distintos significados enraizados no mundo da vida, estão diretamente vinculados à revalorização do enraizamento local, facilitando-se o acesso às forças específicas e às variedades culturais de cada lugar, fazendo-se parte dele e dos seus significados territorialmente definidos (RULLANI, 1997RULLANI, Enzo. Più locale e più globale: verso una economia postfordista del territorio. In: BRAMANTI, A. e MAGGIONI, M. La dinamica dei sistemi produttivi territoriali: teorie, tecniche, politiche. Milano: Franco Angeli, 1997. p. 85-111.). “A dimensão local contém os processos de aprendizagem e sedimentação de um lugar, quando o conhecimento produzido permanece embedded no contexto e é reusado no tempo [...]”. (RULLANI, 1997RULLANI, Enzo. Più locale e più globale: verso una economia postfordista del territorio. In: BRAMANTI, A. e MAGGIONI, M. La dinamica dei sistemi produttivi territoriali: teorie, tecniche, politiche. Milano: Franco Angeli, 1997. p. 85-111., p. 89; grifos do original).

Esse processo de retorno ao território requer a identificação, explicação e valorização da ancoragem, da proximidade (redes curtas), dos vínculos, do pertencimento, da autogestão e, ao mesmo tempo, a centralidade da consciência de classe e de lugar como mediação fundamental na luta cotidiana e na construção do desenvolvimento territorial (Figuras 1 e 2). A consciência de classe e de lugar condiciona o retorno ao território e, este último influencia a qualificação da consciência de classe e de lugar. As redes de partilha e cooperação podem significar sinergias de desenvolvimento (RULLANI, MICELLI e DI MARIA, 2000RULLANI, Enzo ; MICELLI, Stefano e DI MARIA, Eleonora. Tra città reale e città virtuale: il territorio nel postfordismo. In: RULLANI, E.; MICELLI, S. e DI MARIA, E. (Org.). Città e cultura nell’economia delle reti. Bologna: Mulino, 2000. p.13-56.), gerando cada vez mais colaboração a partir das contradições sociais (MAGNAGHI, 1995MAGNAGHI, Alberto . Per uno sviluppo locale autosostenibile, Materiali, n. 1, Firenze, Centro A-Zeta, 1995., 2000MAGNAGHI, Alberto . Il progetto locale. Torino: Bollati Boringhieri, 2000., 2003MAGNAGHI, Alberto . La rappresentazione identitaria del patrimonio territoriale. In: DEMATTEIS, G . e FERLAINO, F. (Orgs.). Il mondo e i luoghi: geografie delle identità e del cambiamento. Torino: IRES/SGI, 2003. p. 13-20.), nos espaços urbanos e rurais.

Enraizamento é um conceito denso e complexo no qual identifico três dimensões temporais complementares: passado, presente e futuro. Profundidade histórica, densidade organizativa e capacidade de organização do projeto são fatores que se combinam no enraizamento; o recurso mais poderoso dos movimentos territoriais. [...] Sem raízes, organização e esperança, quer dizer, sem enraizamento, não tem muito o que fazer. (BARTRA, 2014aBARTRA, Armando . Campesindios: ethos, clase, predadores, paradigma. Aproximaciones a una quimera. In: HIDALGO, F.; HOUTART, F. e LIZÁRRAGA, P. (Org.). Agriculturas campesinas en Latinoamérica - propuestas y desafios. Quito: Editorial IAEN, 2014b. p. 269-276., p. 39).

Isso também requer uma concepção (de pesquisa e cooperação) que reconheça efetivamente as relações sociedade-natureza e território-lugar, efetivadas com a nossa participação direta e sistemática em processos de desenvolvimento no sentido que descrevemos sucintamente neste texto e detalhamos em outras obras (SAQUET, 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2013SAQUET, M . Por uma abordagem territorial: continuando a reflexão. In: SAQUET, M. (Org.). Estudos territoriais na ciência geográfica. São Paulo: Outras Expressões, 2013. p. 47-74., 2014aSAQUET, M. Territorialidades, relações campo-cidade e ruralidades em processos de transformação territorial e autonomia, Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 9, n. 18, 2014a, p. 1-30., 2014bSAQUET, M. Participação social em territórios de identidade e desenvolvimento numa práxis dialógica e cooperada. In: SILVA, Onildo; SANTOS, Edinusia; COELHO-Neto, Agripino. (Org.). Identidade, território e resistência. Rio de Janeiro: Consequência, 2014b. p. 11-36., 2016bSAQUET, M . Territory, geographical indication and territorial development, Desenvolvimento Regional em debate, v.6, p. 4 - 21, 2016a., 2017aSAQUET, M . Território, cooperação e desenvolvimento territorial: contribuições para interpretar a América Latina. In: SAQUET, M . e ALVES, A . (Org.). Processos de cooperação e solidariedade na América Latina. Rio de Janeiro: Consequência , 2017a. p. 37-67.; SAQUET, CANDIOTTO e DANSERO, 2012SAQUET, M; DANSERO, Egidio e CANDIOTTO, L (Org.). Geografia da e para a cooperação ao desenvolvimento territorial: experiências brasileiras e italianas. São Paulo: Outras Expressões , 2012.; SAQUET e ALVES, 2014SAQUET, M e ALVES, A. Experiências de desenvolvimento territorial em confronto, Revista Campo-Território , Uberlândia, v. 9, n. 17, 2014, p. 574-598., 2015SAQUET, M y ALVES, A. Desarrollo territorial heterocentrado y autocentrado: diferentes formas de movilizar saberes y redes en Brasil, Revista Textual, Chapingo - México, n. 65, 2015, p. 11-34.).

Figura 1
Síntese da relação existente entre os paradigmas destacados, consciência de classe, de lugar e desenvolvimento territorial. Elaboração de Marcos Saquet, 2017-18.

Figura 2
Síntese da relação existente entre reciprocidade, confiança, auto-organização, práxis, luta e resistência no desenvolvimento territorial. Elaboração de Marcos Saquet, 2017-18.

Isso pode parecer utópico ou simplesmente uma propaganda de uma abordagem e concepção que está sendo construída ao longo dos anos por meio das nossas atividades de ensino, pesquisa e cooperação. Porém, muito mais do que isso, é resultado da nossa prática cotidiana, reconhecendo, evidentemente, os limites e as dificuldades que temos todos os dias ao trabalhar contra a classe hegemônica, contra os grupos dominantes, dentro e fora da Universidade. Os desafios são múltiplos, econômicos, políticos e culturais, vinculados à reprodução do status quo e da concomitante dominação social.

Assim como Freire (2011 [1996]FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra , 2011 [1996].), somos a favor da ética que condena o cinismo e a exploração das pessoas, o golpe contra os fracos soterrando as utopias e a criatividade. Não basta dominar determinadas técnicas de pesquisa, procedimentos didáticos e certos conteúdos repassados ano após ano como se fossem modelos absolutos. Requer-se conhecimento dos conteúdos, dos métodos e das técnicas de pesquisa e cooperação, das práticas pedagógicas, e, ao mesmo tempo, de uma práxis ética e profissional, respeitosa e dialógica. Aprender significa ensinar criativa, dialógica e participativamente, lutar e atuar diretamente em projetos de desenvolvimento voltados para melhorar a qualidade de vida do povo, tentando construir uma sociedade mais justa e ecológica, no nível de cada território.

E uma das maneiras para superar o nível utópico é reconhecer, valorizar e potencializar justamente as relações de reciprocidade, a ancoragem, as redes curtas, a consciência de classe e de lugar no âmbito escalar e de vida das comunidades, como alertara coerentemente Funes (1981FUNES, Santiago. Introducción a la utopía de Chayanov, Cuadernos de Pasado y Presente - Chayanov y la teoría de la economía campesina -, n. 94, México, 1981.), passando da utopia para o nível da utopia concreta e realizável pelos sujeitos de cada território e lugar, como fizemos ao longo do tempo trabalhando com camponeses e cidadãos simples e humildes do Paraná.

Por fim, acreditamos que esta síntese pode ser utilizada em estudos urbanos e rurais (Quadro 1), para orientação tanto da pesquisa científica como da realização de projetos de cooperação e desenvolvimento territorial de base local, ecológica e cultural. Para tal, inspiramo-nos em Marx (1984MARX, Karl: Manuscritos: economia y filosofia. Traducción, introducción y notas de francisco R. Llorente. Madrid, Alianza Editorial, 1984., 1985MARX, Karl . GRUNDRISSE - Lineamientos fundamentales para la crítica de la economia política. 1857-1858 (Vol I e II). Traducción de Wenceslao Roces. México, D. F., Fondo de Cultura Econômica, 1985., 1991MARX, Karl . Teses sobre Feuerbach. In: MARX, K. e ENGELS, F. A ideologia alemã (Feuerbach). São Paulo: Hucitec , 1991. p. 11-14., 2005MARX, Karl . Il capitale (I, II, III). Roma: Newton Compton, 2005.), Marx e Engels (1991)MARX, Karl e ENGELS, F. A ideologia alemã (Feuerbach) . São Paulo: Hucitec , 1991., Quaini (2010QUAINI, Massimo . Dalla coscienza di classe alla “coscienza di luogo” ovvero “de la lutte des classes à la lutte des places”. Declinazioni del concetto di luogo e di paesaggio. Treviso, Fondazione Benetton, 2010, p. 1-13., 2011QUAINI, Massimo . Geografia: pensamento impensado (Aos colegas e companheiros geógrafos do grande Brasil). In: SAQUET, M.; SUZUKI, J. e MARAFON, G. (Org.). Territorialidades e diversidade nos campos e nas cidades latino-americanas e francesas. São Paulo: Expressão Popular, 2011. p. 15-25.), Dematteis (1964DEMATTEIS, G. Alcuni relazioni tra l’ambito territoriale dei rapporti sociali e i caratteri della casa rurale, Atti 19º. Congresso Geografico Italiano, Como, vol. III, 1964, p.239-253., 1985DEMATTEIS, G . Le metafore della terra. La geografia umana tra mito e scienza. Milano: Feltrinelli, 1985., 1995DEMATTEIS, G . Progetto implicito. Il contributo della geografia umana alle scienze del territorio. Milano: Angeli, 1995., 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.), Raffestin (1977RAFFESTIN, Claude. Paysage et territorialitè, Cahiers de géographie du Québec, vol. 21, n.53-54, 1977, p.123-134., 1993 [1980]RAFFESTIN, C . Por uma geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993 [1980]., 1984RAFFESTIN, C. Territorializzazione, deterritorializzazione, riterritorializzazione e informazione. In: TURCO, A. (Org.). Regione e regionalizzazione. Milano: Angeli , 1984. p. 69-82., 2003RAFFESTIN, C . Immagini e identità territoriali. In: DEMATTEIS, G . e FERLAINO, F . Il mondo e i luoghi: geografie delle identità e del cambiamento . Torino: IRES, 2003. p. 3-11., 2005RAFFESTIN, C . Dalla nostalgia del territorio al desiderio di paesaggio. Elementi per una teoria del paesaggio. Firenze: Alinea, 2005., 2009RAFFESTIN, C . A produção das estruturas territoriais e sua representação. In: SAQUET, M . e SPOSITO, E. (Org.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos. São Paulo: Expressão Popular , 2009. p. 17-35.), Santos (1996 SANTOS, Milton. A natureza do espaço. Técnica e tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Hucitec , 1996.), Magnaghi (1976MAGNAGHI, Alberto . Il territorio nella crisi, Quaderni del territorio, anno 1, n.1. Milano: CELUC Libri, 1976. p. 15-29., 2000MAGNAGHI, Alberto . Il progetto locale. Torino: Bollati Boringhieri, 2000., 2006MAGNAGHI, Alberto . Dalla partecipazione all’autogoverno della comunità locale: verso il federalismo municipale solidade, Democrazia e Diritto, n. 3, 2006, p. 1-13., 2009MAGNAGHI, Alberto . Territorio: dal progetto implícito al progetto esplicito. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia. Novara-Torino: UTET, 2009. p. 275-292., 2015MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI.), Indovina e Calabi (1974INDOVINA, Francesco e CALABI, Donatella. Sull’uso capitalistico del territorio. In: LUSSO, G. (Org.). Economia e territorio. Milano: Angeli , 1974. p. 205-222.), Deleuze e Guattari (1976 [1972]DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O anti-Édipo. Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976 [1972].), Bagnasco (1977BAGNASCO, Arnaldo. Tre Italie. La problematica territoriale dello sviluppo italiano. Bologna: Il Mulino, 1977. , 1978BAGNASCO, Arnaldo. Problematiche dello sviluppo e articolazione dell’analisi: un paradigma per l’analisi territoriale. In: BAGNASCO, A.; MESSORI, M. e TRIGILIA, C. (Org.). Le problematiche dello sviluppo italiano. Milão: Feltrinelli, 1978. p. 205-251.), Turco (1988TURCO, A. Verso uma teoria geografica della complessità. Milano: Unicopli , 1988. , 2010TURCO, A . Configurazioni della territorialità. Milão: Franco Angeli , 2010. ), Thompson (1998 [1991]THOMPSON, Edward. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia das Letras, 1998 [1991].), Rullani, Micelli e Di Maria (2000RULLANI, Enzo ; MICELLI, Stefano e DI MARIA, Eleonora. Tra città reale e città virtuale: il territorio nel postfordismo. In: RULLANI, E.; MICELLI, S. e DI MARIA, E. (Org.). Città e cultura nell’economia delle reti. Bologna: Mulino, 2000. p.13-56.), Pecqueur e Zimmermann (2002PECQUEUR, Bernard e ZIMMERMANN, Jean. Les fondementsd’une économie de proximités, Marseille, GREQAM, DT 02A26, 2002, p.1-23.), Hakmi e Zaoual (2008HAKMI, Larbi e ZAOUAL, Hassan. La dimension territoriale de l’innovation. In: ZAOUAL, H. (Org.). Développement durable des territoires. Paris: L’Harmattan, 2008. p. 31-60.), Richez-Battesti (2008)RICHEZ-BATTESTI, Nadine. Innovations sociales et dynamiques territoriales. Un aproche par la proximité. In: ZAOUAL, H. (Org.). Développement durable des territoires . Paris: L’Harmattan , 2008. p. 61-87., Scoones (2009SCOONES, Ian. Livelihoods perspectives and rural development, The Journal of Peasant Studies, v. 36, n. 1, 2009, p. 171-196.), Camagni (1990CAMAGNI, R. Strutture urbane gerarchiche e reticolare: verso una teorizazzione. In: CURTI, F. e DIAPPI, L. (Orgs.). Gerarchie e reti di città: tendenze e politiche. Milão: Franco Angeli, 1990., 1993CAMAGNI, R. Le reti di città in Lombardia: introduzione e sintesi della ricerca. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G. (Org.). Le reti di città. Teoria, politiche e analisi nell’area padana. Milão: Franco Angeli , 1993. p. 21-52., 1997CAMAGNI, R . Luoghi e reti nelle politiche di competitività territoriale. In: CAMAGNI, R . eCAPELLO, R . (Org.). Strategie di competitività territoriale: il paradigma a rete . Torino: SEAT , 1997. p.167-179.), Saquet e Sposito (2008SAQUET, M e SPOSITO, E. Território, territorialidade e desenvolvimento: diferentes perspectivas no nível internacional e no Brasil. In: CANDIOTTO, L .; ALVES, A .; CARRIJO, B . (Org.). Desenvolvimento territorial e agroecologia . São Paulo: Expressão Popular , 2008. p. 15-31.), Saquet (2003 [2001] SAQUET, M . Os tempos e os territórios da colonização italiana. Porto Alegre/RS: EST Edições, 2003 [2001]., 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007., 2009SAQUET, M. Por uma abordagem territorial. In: SAQUET, M . e SPOSITO, E . (Org.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos . São Paulo: Expressão Popular , 2009. p. 73-94., 2015 [2011]SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015., 2013SAQUET, M . Por uma abordagem territorial: continuando a reflexão. In: SAQUET, M. (Org.). Estudos territoriais na ciência geográfica. São Paulo: Outras Expressões, 2013. p. 47-74., 2014bSAQUET, M. Participação social em territórios de identidade e desenvolvimento numa práxis dialógica e cooperada. In: SILVA, Onildo; SANTOS, Edinusia; COELHO-Neto, Agripino. (Org.). Identidade, território e resistência. Rio de Janeiro: Consequência, 2014b. p. 11-36., 2014cSAQUET, M . Dinâmicas territoriais rurais e urbanas. In: CASTRO, C.; BERNAT, I.; SILVA, Q.; SODRÉ, R. (Org.). Territórios, paisagens e suas dinâmicas. São Luís (MA): Editora UEMA, 2014c. p. 65-92., 2016aSAQUET, M . Territorios rurales y perspectivas de desarrollo territorial con autonomía: la agricultura campesina (agro)ecológica, Eutopía , Quito, n. 10, 2016b, p. 57-76., 2016bSAQUET, M . Territory, geographical indication and territorial development, Desenvolvimento Regional em debate, v.6, p. 4 - 21, 2016a., 2017bSAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.), Saquet e Duarte (1996)SAQUET, M e DUARTE, Valdir. Projeto Vida na Roça: da concepção ao plano de ação agropecuário. Francisco Beltrão: FACIBEL/ASSESOAR, 1996., Saquet e Flávio (2015) e Saquet e Alves (2015)SAQUET, M y ALVES, A. Desarrollo territorial heterocentrado y autocentrado: diferentes formas de movilizar saberes y redes en Brasil, Revista Textual, Chapingo - México, n. 65, 2015, p. 11-34..

Quadro 1
Uma síntese para compreender o processo TDR numa concepção voltada para a cooperação e para o desenvolvimento territorial. Produção de Marcos Saquet, 2015-2017.

Desse modo, a pesquisa precisa ter um conteúdo político muito bem definido, com um caráter operativo (DEMATTEIS, 1994DEMATTEIS, G . Possibilità e limiti dello sviluppo locale, Sviluppo locale, I, 1, Firenze, 1994, p. 10-30., 2001DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1. Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.; BOZZANO, 2000BOZZANO, Horacio. Territorios reales, territorios pensados, territorios posibles. Buenos Aires: Espacio Editorial, 2000.; SAQUET, 2007SAQUET, M . Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular , 2007.; BIGNANTE, DANSERO e LODA, 2015BIGNANTE, Elisa; DANSERO, Egidio e LODA, Mirella. Geografia e cooperazione allo sviluppo: prospettive e agende di ricera, GEOTEMA, Bologna, n. 48, anno XIX, 2015, p. 5-24.), subsidiando direta e sistematicamente o planejamento, o debate, as ações, o acompanhamento, a avaliação e a ressignificação, sempre que necessária, dos processos de desenvolvimento territorial. Mais do que subsidiar, a pesquisa precisa ser participativa, pois a ciência é construída socialmente e, portanto, é necessário levar em consideração a construção de conhecimentos úteis para causas justas, descobrindo outros tipos de conhecimentos, como os dos indígenas e das outras gentes, gerando conhecimento mais completo e aplicável à realidade (BORDA, 2008 [1999]BORDA, Orlando Fals. Orígenes universales y retos actuales de la IAP (Investigación Acción Participativa), Peripecias, n. 110, 2008 [1999], p. 1-14.).

Considerações finais

Nesse movimento permanente, acreditamos que a formação e/ou qualificação da consciência de classe e de lugar é central, juntamente com o retorno ao território construído por meio da pesquisa, do ensino e da cooperação, que serve de base para a ativação das territorialidades, da participação popular, da mobilização, da luta, da autogestão, do diálogo e da contra-hegemonia. Esta última precisa ser construída pelos habitantes do campo e da cidade, intelectuais, operários e camponeses, sindicalistas e governantes, brancos, mestiços, afrodescendentes e indígenas, de todas as cores, etnias e religiões.

Uma possibilidade concreta da práxis de transformação territorial com base na consciência de classe e de lugar está na temporalidade mais lenta, pois pode indicar uma alternativa de desenvolvimento, sem a racionalidade das grandes iniciativas produtivas, preservando a cultura e a natureza (SAQUET, 2003 [2001] SAQUET, M . Os tempos e os territórios da colonização italiana. Porto Alegre/RS: EST Edições, 2003 [2001].; MARTINS, 2008MARTINS, José de Souza. A sociabilidade do homem simples. São Paulo: Contexto, 2008.), num mundo mais justo (SANTOS, 1996 SANTOS, Milton. A natureza do espaço. Técnica e tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Hucitec , 1996.; FERNANDES, 2004FERNANDES, Bernardo. Vinte anos de MST e a perspectiva da reforma agrária no Governo Lula. In: OLIVEIRA, A. e MARQUES, M. (Org.). O campo no século XXI - território de vida, de luta e de construção da justiça social. São Paulo: Casa Amarela e Paz e Terra, 2004. p. 273-291.), juntamente com as redes curtas, as práticas agroecológicas, a produção artesanal (comidas e objetos em geral), o pequeno comércio, a educação ambiental, a valorização da criatividade, da solidariedade, da simplicidade, da humildade etc. Que tal planejarmos e construímos condomínios móveis onde as casas possam ser deslocadas sobre trilhos, com motores elétricos, para mudar a localização conforme as estações do ano? Que tal debatermos e construirmos cidades sem as demarcações e apropriações privadas dos bairros e terrenos?

Outra possibilidade de práxis, nos termos que destacamos neste texto, pode acontecer a partir do encontro de saberes técnicos com as gentes (CORAGGIO, 2004 [2000]CORAGGIO, José L. Desarrollo local y municipios participativos. In: CORAGGIO, J. L. Descentralizar: barajar y dar de nuevo. La participación en juego. Quito: FLACSO Equador, 2004 [2000]. p. 159-172.), num processo que podemos denominar de produção de inteligência territorial (TURCO, 1988TURCO, A. Verso uma teoria geografica della complessità. Milano: Unicopli , 1988. ; FOURNY, 2004FOURNY, M. C. Le città alpine tra urbanizzazione, innovazione e mantenimento dell’identità, Convegno Internazionale Città delle Alpi, Trento, IstitutoTrentino di Cultura, 2004. p. 15-22.; BOZZANO, 2012aBOZZANO, Horacio . La inteligencia territorial en America Latina: cinco triangulaciones y cinco fases entre la ciencia y la gente. In: GIRARDOT, J. J.; CIRIO, G.; BARRIONUEVO, C.; GLIEMMO, F. (Org.). Inteligencia territorial: teoría, métodos e iniciativas en Europa y América Latina. La Plata: Universitaria de La Plata, 2012a. p. 90-119., 2012bBOZZANO, Horacio . Territorios posibles: procesos, lugares y actores. 2a. Ed. Buenos Aires: Lumiere, 2012b.; GIRARDOT, 2004GIRARDOT, Jean-Jacques. Intelligence territoriale et participation, III Rencontres «TIC & Territoire: quels développements ?», Lille, n. 16, n. 161, 2004, p. 1-13., 2012GIRARDOT, Jean-Jacques. Seis hitos en la creación y el desarrollo de la inteligencia territorial. In: GIRARDOT, J. J .; CIRIO, G .; BARRIONUEVO, C .; GLIEMMO, F . (Org.). Inteligencia territorial: teoría, métodos e iniciativas en Europa y América Latina . La Plata: Universitaria de La Plata , 2012. p. 30-37.; SANZ, 2014SANZ, Javier. Sistemas agroalimentarios locales y multifuncionalidad. Un enfoque de investigación en alimentos, ciencias sociales y territorio. In: RIVERA, M. (Org.). El desarrollo hoy hacia la construción de nuevos paradigmas. México: UNAM - Instituto de Investigaciones Económicas, 2014. p. 87-103.), na qual se mobilizam as capacidades dos homens para dividir objetivos, riscos e conhecimentos (RULLANI, MICELLI e DI MARIA, 2000RULLANI, Enzo ; MICELLI, Stefano e DI MARIA, Eleonora. Tra città reale e città virtuale: il territorio nel postfordismo. In: RULLANI, E.; MICELLI, S. e DI MARIA, E. (Org.). Città e cultura nell’economia delle reti. Bologna: Mulino, 2000. p.13-56.), como realizamos nos supracitados Projeto Vida no Bairro (PVB) e Projeto Vida na Roça (PVR).

O fato é que o conhecimento precisa ser construído na práxis, para melhorar nossa própria pesquisa e cooperação, bem como o ensino, qualificando-nos como sujeitos colaboradores dentro e fora da Universidade, por meio da participação popular, insistimos, como fizemos no PVR e no PVB. A pesquisa e a ação participantes necessitam ser encaradas como uma filosofia de vida, como muito bem afirmara Borda (2008 [1999]BORDA, Orlando Fals. Orígenes universales y retos actuales de la IAP (Investigación Acción Participativa), Peripecias, n. 110, 2008 [1999], p. 1-14.). Por que não reproduzimos, então, iniciativas como as do PVB e do PVR?

No PVR e no PVB, trabalhamos com distintos sujeitos a partir dos mesmos princípios (participação, interdisciplinaridade, agroecologia, diversificação das atividades produtivas e culturais, formação política continuada e solidariedade) e das mesmas práticas, nas pesquisas e nas ações, conseguindo resultados muito relevantes, inerentes à compreensão e atuação no desenvolvimento territorial - na época denominado comunitário -, numa perspectiva multidimensional: produção agropecuária (manejo florestal, pastagens, recursos hídricos e eliminação dos agrotóxicos); saúde e saneamento ambiental (família, habitação e infraestrutura); lazer e cultura (recreação, cursos e oficinas); educação (formal e informal); divulgação dos projetos com o envolvimento direto dos moradores da comunidade de Jacutinga e do Bairro São Francisco - Francisco Beltrão. Em ambos os projetos, as ações - participativas na pesquisa e na cooperação - visaram o desenvolvimento respeitando a natureza, a cultura e as necessidades mais imediatas das populações locais valorizando as singularidades territoriais e seus respectivos sujeitos e saberes.

Os princípios foram transformados em diretrizes e práticas, por meio das discussões feitas com os sujeitos de cada projeto, com as lideranças (das instituições, das “linhas” de Jacutinga e das ruas do Bairro São Francisco) e grupos de moradores. Debatemos e definimos em conjunto o jeito de trabalhar, devolvendo/apresentando/discutindo os dados coletados (com vistas a valorizar os sujeitos do campo e da cidade, bem como a construir uma sociedade mais justa e democrática); redigimos as análises, nas quais caracterizamos a situação atual dos estabelecimentos rurais, dos lotes urbanos e das famílias e estabelecemos as metas, as ações, o orçamento necessário e os responsáveis por cada atividade prevista e aprovada nas assembleias deliberativas; debatemos e definimos as ações prioritárias para os primeiros meses e anos de cada projeto; concretizamos estas ações, em conjunto, avaliando-as, identificando dificuldades, avanços conseguidos e prioridades para o futuro.

Evidentemente, há vários outros movimentos exitosos nessa perspectiva: em Cuba, com a produção de arroz popular para o autoabastecimento (MONZOTE, 2011MONZOTE, Fernando. Transición hacia la agricultura sostenible em Cuba. In: GASCÓN, Jordi y MONTAGUT, Xavier. (Org.). Estado, movimientos sociales y soberanía alimentaria en America Latina. Quito: FLACSO - Equador; ICARIA Ed.; XARXA de Consum Solidari, 2011. p. 99-133.); no México, com a fabricação do pan de fiesta de San Juan Huactzinco, num híbrido de inovação e conservação do sabor e do manejo, tentando manter a identidade repassada de geração em geração como patrimônio familiar (ELIZALDE e SÁNCHEZ, 2012ELIZALDE, Argelia e SÁNCHEZ, Alfonso. El pan de fiesta de San Juan Huactzinco, Tlaxcala: tradición detonante del desarrollo local? In: SÁNCHEZ, Alfonso y CORTÉS, Celia. (Org.). Desarrollo y territorio: abordajes teórico-metodológicos y expresiones socioterritoriales. Tlaxcala, México: El Colegio de Tlaxcala; CIISDER, Universidad Autónoma de Tlaxcala, 2012. p. 199-222.); na Argentina, a revalorização do tomate platense resultou da ativação dos produtores e significa a reativação de um produto típico, por meio da reprodução de um saber-fazer inerente à identidade histórica e cultural platense (VELARDE, 2003VELARDE, Irene. Metodología de activación de productos locales: construyendo una calidad ‘posible’ con pequeños productores rioplatenses, Sistemas Agroalimentarios Localizados, INRA/INTA, La Plata, 2003, p. 9-20.).

Nas cidades, pode-se criar bairros de valor ambiental ou ecológicos (RACINE, 2009RACINE, Jean-Bernard. Città e democrazia partecipativa: le nozze tra esperto e profano. Riflessioni sul possibile coinvolgimento del sapere geografico. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia . Novara-Torino: UTET , 2009. p.129-143.), valorizando-se o patrimônio cultural e estimulando uma cultura da sustentabilidade para a preservação do ambiente por meio de um processo educativo. Pode ser efetivada uma colaboração entre diferentes instituições associativas, governamentais e não-governamentais, para estabelecer as diretrizes e os princípios da iniciativa e sua concretização, estimulando o trabalho solidário das pessoas dos bairros envolvidos.

Reconhecemos, portanto, a centralidade, nas atividades cotidianas (econômicas, políticas, culturais e ambientais), da reciprocidade, com cooperação e solidariedade entre distintos sujeitos, famílias, grupos e classes, em territórios de existência, vida, luta e resistência (THOMPSON, 1998 [1991]THOMPSON, Edward. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia das Letras, 1998 [1991].; FERNANDES, 1996FERNANDES, Bernardo. MST: formação e territorialização. São Paulo: Hucitec , 1996.; BARTRA, 2014aBARTRA, Armando . Campesindios: ethos, clase, predadores, paradigma. Aproximaciones a una quimera. In: HIDALGO, F.; HOUTART, F. e LIZÁRRAGA, P. (Org.). Agriculturas campesinas en Latinoamérica - propuestas y desafios. Quito: Editorial IAEN, 2014b. p. 269-276.; RODRÍGUEZ, LIZÁRRAGA e BÓRQUEZ, 2014RODRÍGUEZ, Violeta; LIZÁRRAGA, P e BÓRQUEZ, Luciano. Procesos políticos y movimientos campesinos e indígenas en Abya Yala. In: HIDALGO, F .; HOUTART, F . eLIZÁRRAGA, P . (Org.). Agriculturas campesinas en Latinoamérica - propuestas y desafios . Quito: Editorial IAEN , 2014. p. 167-177.).

Territórios e lugares onde o desenvolvimento contém mudanças e permanências, tradições e identidades, relações de pertencimento e confiança, redes de cooperação e especialização produtiva, ancoragens e proximidades, mercado e reciprocidade. O desenvolvimento significa um sistema de valores, instituições e vínculos, com um forte sentido de pertencimento à comunidade local (BECATTINI, 2000 [1989]BECATTINI, Giacomo . Il distretto industriale . Torino: Rosenberg & Sellier , 2000.), ou seja, de retorno e vida cotidiana em cada território e lugar.

Desse modo, identificamos, no povo, no pobre e humilde, juntamente com Funes (1981FUNES, Santiago. Introducción a la utopía de Chayanov, Cuadernos de Pasado y Presente - Chayanov y la teoría de la economía campesina -, n. 94, México, 1981.), uma potência ou um importante capital humano que pode ser mobilizado, no campo e na cidade, por meio de uma estratégia territorial endógena que, por sua vez, depende diretamente das decisões políticas para a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual (MARTÍNEZ VALLE, 2007MARTÍNEZ VALLE, Luciano. Puede la pobreza rural ser abordada a partir de lo local? Íconos , n. 29, v. 11, Quito, 2007, p. 51-61.), a partir do local, do reconhecimento, do pertencimento, da territorialidade ativa, da consciência do inacabamento, da auto-organização e autogestão, da partilha, da sinergia e da consciência de classe e de lugar.

Quem sabe, assim, teremos mais condições de construir um pluriverso, com múltiplos mundos interconectados, diferentes, com novos valores (solidariedade e ética), auto-organização e confiança (ESCOBAR, 2012ESCOBAR, Arturo. Más allá del desarrollo: postdesarrollo y transiciones hacia el pluriverso, Revista de Antropología Social, 2012, n. 21, p. 23-62.), nos termos que já experimentamos na pesquisa e na ação participantes, contribuindo direta e sistematicamente para produzir homens mais humanos, ecológicos, solidários e autônomos politicamente.

Agradecimentos

Agradecemos os financiamentos concedidos pelo CNPq (bolsa de produtividade em pesquisa e Edital Universal - 14/2013), pela Fundação Araucária (Edital Pesquisa Básica e Aplicada - 24/2012) e pelo Programa Universidade Sem Fronteiras - Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (SETI/PR), entre 2009 e 2011.

Referências:

  • AUBRY, Christine e CHIFFOLEAU, Yuna. Le développment des circuits courts et l’agriculture periurbane: histoire, evolution en cours et questions actuelles, Innovations Agronomiques, n. 5, 2009, p. 53-67.
  • BAGNASCO, Arnaldo. Tre Italie. La problematica territoriale dello sviluppo italiano. Bologna: Il Mulino, 1977.
  • BAGNASCO, Arnaldo. Problematiche dello sviluppo e articolazione dell’analisi: un paradigma per l’analisi territoriale. In: BAGNASCO, A.; MESSORI, M. e TRIGILIA, C. (Org.). Le problematiche dello sviluppo italiano Milão: Feltrinelli, 1978. p. 205-251.
  • BAGNASCO, Arnaldo . La costruzione sociale del mercato Bologna: Il Mulino , 1988.
  • BARTRA, Armando. Campesinos del tercer milenio: aproximaciones a una quimera, Revista ALASRU, Nueva Época, México, n. 10, 2014a, p. 17-43.
  • BARTRA, Armando . Campesindios: ethos, clase, predadores, paradigma. Aproximaciones a una quimera. In: HIDALGO, F.; HOUTART, F. e LIZÁRRAGA, P. (Org.). Agriculturas campesinas en Latinoamérica - propuestas y desafios. Quito: Editorial IAEN, 2014b. p. 269-276.
  • BECATTINI, Giacomo. Il distretto industriale marshalliano come concetto socio-economico. In: BECATTINI, G. (Org.). Il distretto industriale Torino: Rosenberg & Sellier, 2000 [1989]. p. 57-78.
  • BECATTINI, Giacomo . Il distretto industriale . Torino: Rosenberg & Sellier , 2000.
  • BECATTINI, Giacomo . Costruire il territorio. In: BECATTINI, G. (Org.). Ritorno al territorio Bologna: Il Mulino , 2009 [2002]. p. 265-280.
  • BECATTINI, Giacomo . Ritorno al territorio . Bologna: Il Mulino , 2009.
  • BECATTINI, Giacomo . La coscienza dei luoghi Il territorio come soggetto corale. Roma: Donzelli, 2015.
  • BECATTINI, Giacomo e MAGNAGHI, Alberto. Coscienza di classe e coscienza di luogo. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi Roma: Donzelli , 2015. p. 115-222.
  • BELLIGGIANO, Angelo e DE RUBERTIS, Stefano. Le filiere corte agroalimentari nei processi di sviluppo locale, XXIV Convegno di Sinergie, 2012, Lecce (Itália), 2012, p. 513-524.
  • BIGNANTE, Elisa; DANSERO, Egidio e LODA, Mirella. Geografia e cooperazione allo sviluppo: prospettive e agende di ricera, GEOTEMA, Bologna, n. 48, anno XIX, 2015, p. 5-24.
  • BORDA, Orlando Fals. Orígenes universales y retos actuales de la IAP (Investigación Acción Participativa), Peripecias, n. 110, 2008 [1999], p. 1-14.
  • BORDA, Orlando Fals e MORA-OSEJO, Luis Eduardo. La superación del eurocentrismo - enriquecimiento del saber sistémico y endógeno sobre nuestro contexto tropical, POLIS - Revista Latinoamericana, n. 7, p. 1-6, 2004.
  • BOZZANO, Horacio. Territorios reales, territorios pensados, territorios posibles Buenos Aires: Espacio Editorial, 2000.
  • BOZZANO, Horacio . La inteligencia territorial en America Latina: cinco triangulaciones y cinco fases entre la ciencia y la gente. In: GIRARDOT, J. J.; CIRIO, G.; BARRIONUEVO, C.; GLIEMMO, F. (Org.). Inteligencia territorial: teoría, métodos e iniciativas en Europa y América Latina. La Plata: Universitaria de La Plata, 2012a. p. 90-119.
  • BOZZANO, Horacio . Territorios posibles: procesos, lugares y actores. 2a. Ed. Buenos Aires: Lumiere, 2012b.
  • BRUNETTA, Grazia. Reti di trasporto e asseti territoriali. Politiche di integrazione tra reti e strategie di efficienza allocativa. In: CAMAGNI, R. e CAPELLO, R. (Org.). Strategie di competitività territoriale: il paradigma a rete. Torino: SEAT, 1997. p. 119-148.
  • CAMAGNI, R. Strutture urbane gerarchiche e reticolare: verso una teorizazzione. In: CURTI, F. e DIAPPI, L. (Orgs.). Gerarchie e reti di città: tendenze e politiche. Milão: Franco Angeli, 1990.
  • CAMAGNI, R. Le reti di città in Lombardia: introduzione e sintesi della ricerca. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G. (Org.). Le reti di città Teoria, politiche e analisi nell’area padana. Milão: Franco Angeli , 1993. p. 21-52.
  • CAMAGNI, R . Luoghi e reti nelle politiche di competitività territoriale. In: CAMAGNI, R . eCAPELLO, R . (Org.). Strategie di competitività territoriale: il paradigma a rete . Torino: SEAT , 1997. p.167-179.
  • CAMAGNI, R e SALONE, C. Elementi per una teorizzazione delle reti di città. In: CAMAGNI, R . e DE BLASIO, G . (Org.). Le reti di città Teoria, politiche e analisi nell’area padana . Milão: Franco Angeli , 1993. p. 53-67.
  • CARLOS, Ana Fani. O lugar no/do mundo São Paulo: Hucitec, 1996.
  • CHAFFOTTE, Lydie e CHIFFOLEAU, Yuna. Vente directe et circuits courts: évaluations, définitions et typologie, Les Cahiers de L’Oservatoire CROC, Montpellier, 2007, n. 1, p. 1-8.
  • CHAVEZ, Alejandro e SALCIDO, Gerardo. Gobernanza de los sistemas agroalimentarios localizados: el caso de los produtores rurales de nopal en Tlalnepantla, Morelos. México: Universidad Nacional Autónoma do México, 2014.
  • CORAGGIO, José L. Desarrollo local y municipios participativos. In: CORAGGIO, J. L. Descentralizar: barajar y dar de nuevo. La participación en juego. Quito: FLACSO Equador, 2004 [2000]. p. 159-172.
  • CORAGGIO, José L . Los caminos de la economía social y solidaria, Íconos, n. 33, vol. 13, Quito, 2009, p. 29-38.
  • DANSERO, Egidio . Geografia e cooperazione allo sviluppo. Prospettive di ricerca. In: BIGNANTE, E.; DANSERO, E. e SCARPOCCHI, C. (Org.). Geografia e cooperazione allo sviluppo Temi e prospettive per un approccio territoriale. Milão: Franco Angeli , 2008. p. 9-26.
  • DANSERO, Egidio e ZOBEL, B. Verso un dialogo tra comunità scientifica e comunità locale. In: DANSERO, E.; DEMATTEIS, G.; GOVERNA, F. Promozione della sostenibilità nel Pinerolese - un percorso di ricerca/azione territoriale. Turim: Euro Mountains, 2007. p.135-141.
  • DANSERO, Egidio e PUTTILLI, Matteo. La realtà degli alternative food networks (AFN) in Piemonte. Riflessioni teoriche ed evidenze empiriche. In: GIACCARIA, P., ROTA, F. e SALONE, C. (Org.). Praticare la territorialità Riflessioni sulle politiche per la green economy, l’agroindustria e la cultura in Piemonte. Roma: Carocci Editore, 2013. p. 77-108.
  • DAROLT, Moacir. Circuitos curtos de comercialização de alimentos ecológicos: reconectando produtores e consumidores. In: NIEDERLE, P.; ALMEIDA, L.; VEZZANI, F. (Org.). Agroecologia: práticas, mercados e políticas para uma nova agricultura. Curitiba: Kairós, 2013. p. 139-170.
  • DEDA, Paola. Reti di città e città in rete: politiche, sinergie progettuali ed alleanze strategiche. In: CAMAGNI, R . eCAPELLO, R . (Org.). Strategie di competitività territoriale: il paradigma a rete . Torino: SEAT , 1997. p. 97-117.
  • DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O anti-Édipo. Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976 [1972].
  • DELHOMMEAU, T. Circuits courts et circuits de proximité, Les Cahiers de la Solidarieté, n. 20, 2009, p. 57-61.
  • DEMATTEIS, G. Alcuni relazioni tra l’ambito territoriale dei rapporti sociali e i caratteri della casa rurale, Atti 19º. Congresso Geografico Italiano, Como, vol. III, 1964, p.239-253.
  • DEMATTEIS, G. Il “terreno” come lotta di classe: la “scoperta” del territorio nel 1968-69. In: CANIGIANI, F.; CARAZZI, M.; GROTTANELLI, E. (Org.). L’inchiesta sul terreno in geografia - geografia democratica. Torino: Giappichelli, 1981 [1979]. p.135-144.
  • DEMATTEIS, G . Le metafore della terra La geografia umana tra mito e scienza. Milano: Feltrinelli, 1985.
  • DEMATTEIS, G . Possibilità e limiti dello sviluppo locale, Sviluppo locale, I, 1, Firenze, 1994, p. 10-30.
  • DEMATTEIS, G . Progetto implicito Il contributo della geografia umana alle scienze del territorio. Milano: Angeli, 1995.
  • DEMATTEIS, G . Il tessuto delle cento città. In: COPPOLA, P. (Org.). Geografia politica delle regioni italiane Torino: Einaudi, 1997. p. 192-229.
  • DEMATTEIS, G. Sul crocevia della territorialità urbana. In: DEMATTEIS, G . et al (Org.). I futuri della città - Tesi a confronto. Milano: Angeli , 1999. p. 117-128.
  • DEMATTEIS, G . Per uma geografia della territorialità attiva e dei valori territoriali. In: BONORA, Paola. (Org.). Slot, quaderno 1 Bologna: Baskerville, 2001. p.11-30.
  • DEMATTEIS, G. Per una geografia dell’agire collettivo. In: BORGARELLO, G.; DANSERO, E .; DEMATTEIS, G .; GOVERNA, F .; ZOBEL, B . (Org.). Promozione della sostenibilità nel Pinerolese - un percorso di ricerca/azione territoriale . Turim: Euro Mountains , 2007. p. 27-31.
  • DEMATTEIS, G. Sistema Local Territorial (SLOT): um instrumento para representar, ler e transformar o território. In: ALVES, A.; CARRIJO, B.; CANDIOTTO, L. (Org.). Desenvolvimento territorial e agroecologia SP: Expressão Popular, 2008. p. 33-46.
  • DEMATTEIS, G e GOVERNA, F. Ha ancora senso parlare di identità territoriale? Atti dei Convegni Lincei, 194 - Convegno internazionale: La nuova cultura delle città. Roma: Accademia Nazionale dei Lincei, 2003. p. 264-281.
  • DEMATTEIS, G e GOVERNA, FIl territorio nello sviluppo locale. Il contributo del modelo Slot. In: DEMATTEIS, G . eGOVERNA, F . (Org.). Territorialità, sviluppo locale, sostenibilità: il modello Slot. Milano: Angeli , 2005. p.15-38.
  • DI MÉO, Guy. Les territoires de la localitè, Espace géographique, tome 22, n. 4, 1993, p. 306-317.
  • DUPUY, Gabriel. Systèmes, réseaux et territoires: principes de réseautique territoriale. Paris: Presses de l’Ecole Ponts et Chaussées, 1985.
  • ELIZALDE, Argelia e SÁNCHEZ, Alfonso. El pan de fiesta de San Juan Huactzinco, Tlaxcala: tradición detonante del desarrollo local? In: SÁNCHEZ, Alfonso y CORTÉS, Celia. (Org.). Desarrollo y territorio: abordajes teórico-metodológicos y expresiones socioterritoriales. Tlaxcala, México: El Colegio de Tlaxcala; CIISDER, Universidad Autónoma de Tlaxcala, 2012. p. 199-222.
  • ESCOBAR, Arturo. Más allá del desarrollo: postdesarrollo y transiciones hacia el pluriverso, Revista de Antropología Social, 2012, n. 21, p. 23-62.
  • FERNANDES, Bernardo. MST: formação e territorialização. São Paulo: Hucitec , 1996.
  • FERNANDES, Bernardo. Vinte anos de MST e a perspectiva da reforma agrária no Governo Lula. In: OLIVEIRA, A. e MARQUES, M. (Org.). O campo no século XXI - território de vida, de luta e de construção da justiça social. São Paulo: Casa Amarela e Paz e Terra, 2004. p. 273-291.
  • FORNO, Francesca e MAURANO, Simon. Cibo, sostenibilità e territorio - dai sistemi di approvvigionamento alternativi ai food policy councils, Rivista Geografica Italiana, Florença, n. 123, p. 1-20, 2016.
  • FOURNY, M. C. Le città alpine tra urbanizzazione, innovazione e mantenimento dell’identità, Convegno Internazionale Città delle Alpi, Trento, IstitutoTrentino di Cultura, 2004. p. 15-22.
  • FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido São Paulo: Paz e Terra, 2011 [1974].
  • FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra , 2011 [1996].
  • FUNES, Santiago. Introducción a la utopía de Chayanov, Cuadernos de Pasado y Presente - Chayanov y la teoría de la economía campesina -, n. 94, México, 1981.
  • GIRARD, Margaux. Economía social y comercialización de productos orgánicos en Cusco, Perú, Eutopía, n. 7, Quito, 2015, p. 91-108.
  • GIRARDOT, Jean-Jacques. Intelligence territoriale et participation, III Rencontres «TIC & Territoire: quels développements ?», Lille, n. 16, n. 161, 2004, p. 1-13.
  • GIRARDOT, Jean-Jacques. Seis hitos en la creación y el desarrollo de la inteligencia territorial. In: GIRARDOT, J. J .; CIRIO, G .; BARRIONUEVO, C .; GLIEMMO, F . (Org.). Inteligencia territorial: teoría, métodos e iniciativas en Europa y América Latina . La Plata: Universitaria de La Plata , 2012. p. 30-37.
  • GODOY, Diego. Territorios campesinos y agroindustria: un análisis de las transformaciones territoriales desde la economía de la proximidad, Eutopía , Quito, n. 10, 2016, p. 41-55.
  • GONZÁLEZ DIAZ, Justino et al. La territorialización de la política pública en el proceso de gestión territorial como praxis para el desarrollo, Cuadernos de Desarrollo Rural, Bogotá, 10 (72), 2013, p. 243-265.
  • GOVERNA, F. Il territorio come soggetto collettivo? Comunità, attori, territorialità. In: BONORA, P. (Org.). Slot, quaderno 1 . Bologna: Baskerville , 2001. p. 31-46.
  • GOTTMANN, Jean. De la méthode d’analyse en géographie humaine, Bulletin de la Societé de Géographie, Paris, n. 301, 1947, p.1-12.
  • GOTTMANN, Jean . La politique des États et leur Géographie Paris: Armand Colin, 1952.
  • GOTTMANN, Jean . The significance of territory Charlottesville: University Press of Virginia, 1973.
  • HAKMI, Larbi e ZAOUAL, Hassan. La dimension territoriale de l’innovation. In: ZAOUAL, H. (Org.). Développement durable des territoires Paris: L’Harmattan, 2008. p. 31-60.
  • HARGUINDEGUY, Laura Collin. Economía solidaria: local y diversa. Talaxcala, México: El Colegio de Tlaxcala, 2014.
  • HARVEY, David. O trabalho, o capital e o conflito de classes em torno do ambiente construído nas sociedades capitalistas abancadas, Espaço e Debates, ano 2, n. 6, São Paulo, 1982, p. 6-35.
  • HIDALGO, F e FERNÁNDEZ, Á. Contrahegemonia y buen vivir Quito: Universidad Central del Ecuador y Universidad del Zulia (Venezuela), 2012.
  • HINKELAMMERT, Franz e JIMÉNEZ, Henry. Por una economía orientada hacia la reproducción de la vida, Íconos , n. 33, vol. 13, Quito, 2009, p. 39-49.
  • INDOVINA, Francesco e CALABI, Donatella. Sull’uso capitalistico del territorio. In: LUSSO, G. (Org.). Economia e territorio Milano: Angeli , 1974. p. 205-222.
  • KROPOTKIN, Piotr. Lo que la Geografia debe ser. In: MENDOZA, J.; JIMÉNEZ, J. e CANTERO, N. (Org.). El pensamiento geográfico - estudio interpretativo y antologia de textos. Madri: Alianza Ed., 1982 (1885), p. 227-240.
  • LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade São Paulo: Moraes, 1991 [1967].
  • LEFEBVRE, Henri . Lógica formal. Lógica dialética Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1995 [1969].
  • LÊNIN, Vladimir. Aos pobres do campo São Paulo: Ed. Acadêmica, 1988 .
  • LIZÁRRAGA, P e VACAFLORES, C. Lo agrario en la reconstitución del sujeto indígena originario campesino. In: HIDALGO, F .; HOUTART, F . eLIZÁRRAGA, P . (Org.). Agriculturas campesinas en Latinoamérica - propuestas y desafios . Quito: Editorial IAEN , 2014. p. 277-296.
  • LUSSAULT, Michel. De la lutte des classes à la lutte de places Paris: Grasset, 2009.
  • MAGNAGHI, Alberto . Il territorio nella crisi, Quaderni del territorio, anno 1, n.1. Milano: CELUC Libri, 1976. p. 15-29.
  • MAGNAGHI, Alberto . Per una nuova carta urbanistica. In: MAGNAGHI, A. (Org.). Il territorio dell’abitare Milano: Angeli , 1990. p. 21-72.
  • MAGNAGHI, Alberto . Per uno sviluppo locale autosostenibile, Materiali, n. 1, Firenze, Centro A-Zeta, 1995.
  • MAGNAGHI, Alberto . Il progetto locale Torino: Bollati Boringhieri, 2000.
  • MAGNAGHI, Alberto . La rappresentazione identitaria del patrimonio territoriale. In: DEMATTEIS, G . e FERLAINO, F. (Orgs.). Il mondo e i luoghi: geografie delle identità e del cambiamento. Torino: IRES/SGI, 2003. p. 13-20.
  • MAGNAGHI, Alberto . Dalla partecipazione all’autogoverno della comunità locale: verso il federalismo municipale solidade, Democrazia e Diritto, n. 3, 2006, p. 1-13.
  • MAGNAGHI, Alberto . Territorio: dal progetto implícito al progetto esplicito. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia Novara-Torino: UTET, 2009. p. 275-292.
  • MAGNAGHI, Alberto . Educare al territorio: conoscere, rappresentare, curare, governare. In: GIORDA, C. e PUTTILLI, M. (Org.). Educare al territorio, educare il territorio - Geografia per la formazione. Roma: Carocci, 2011. p. 32-42.
  • MAGNAGHI, Alberto . Riterritorializzare il mondo, Scienze del Territorio, v. 1, Firenze, 2013, p. 47-58.
  • MAGNAGHI, Alberto . La lunga marcia del ritorno al territorio. In: BECATTINI, G . (Org.). La coscienza dei luoghi . Roma: Donzelli , 2015. p. VII-XVI.
  • MARTINEZ, Jessica e RIVERA, Maria del Carmen. El sistema agroalimentario local de arroz del estado de Morelos México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2014.
  • MARTÍNEZ VALLE, Luciano. Puede la pobreza rural ser abordada a partir de lo local? Íconos , n. 29, v. 11, Quito, 2007, p. 51-61.
  • MARTINS, José de Souza. A sociabilidade do homem simples São Paulo: Contexto, 2008.
  • MARX, Karl: Manuscritos: economia y filosofia. Traducción, introducción y notas de francisco R. Llorente. Madrid, Alianza Editorial, 1984.
  • MARX, Karl . GRUNDRISSE - Lineamientos fundamentales para la crítica de la economia política. 1857-1858 (Vol I e II). Traducción de Wenceslao Roces. México, D. F., Fondo de Cultura Econômica, 1985.
  • MARX, Karl . Teses sobre Feuerbach. In: MARX, K. e ENGELS, F. A ideologia alemã (Feuerbach) São Paulo: Hucitec , 1991. p. 11-14.
  • MARX, Karl . Il capitale (I, II, III). Roma: Newton Compton, 2005.
  • MARX, Karl e ENGELS, F. A ideologia alemã (Feuerbach) . São Paulo: Hucitec , 1991.
  • MARX, Karl e ENGELS, F . Manifesto del partito comunista Milão: Rizzoli, 1998.
  • MONZOTE, Fernando. Transición hacia la agricultura sostenible em Cuba. In: GASCÓN, Jordi y MONTAGUT, Xavier. (Org.). Estado, movimientos sociales y soberanía alimentaria en America Latina Quito: FLACSO - Equador; ICARIA Ed.; XARXA de Consum Solidari, 2011. p. 99-133.
  • PECQUEUR, Bernard e ZIMMERMANN, Jean. Les fondementsd’une économie de proximités, Marseille, GREQAM, DT 02A26, 2002, p.1-23.
  • PECQUEUR, Bernard e ZIMMERMANN, Jean. Fundamentos de uma economia da proximidade. In: DINIZ, Clélio e LEMOS, Mauro. (Org.). Economia e território Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005. p. 77-101.
  • PIRES, Elson; FUINI, Lucas; MANCINI, Rodrigo e PICCOLI NETO, Danilo. Governança territorial: conceito, fatos e modalidades. Rio Claro, SP: UNESP - IGCE; PPGG, 2011.
  • PUTTILLI, Matteo . Geografia delle fonti rinnovabili Milão: Franco Angeli , 2014.
  • QUAINI, Massimo. L’elogio dei luoghi e la voglia di pre-moderno. Riflessioni in margine a un manuale curato da Alberto Magnaghi, Rivista Geografica Italiana , 111, 2004, p. 341-355.
  • QUAINI, Massimo . L’ombra del paesaggio Orizzonti di un’utopia conviviale. Reggio Emilia: Diabasis, 2006.
  • QUAINI, Massimo . Dalla coscienza di classe alla “coscienza di luogo” ovvero “de la lutte des classes à la lutte des places”. Declinazioni del concetto di luogo e di paesaggio. Treviso, Fondazione Benetton, 2010, p. 1-13.
  • QUAINI, Massimo . Geografia: pensamento impensado (Aos colegas e companheiros geógrafos do grande Brasil). In: SAQUET, M.; SUZUKI, J. e MARAFON, G. (Org.). Territorialidades e diversidade nos campos e nas cidades latino-americanas e francesas São Paulo: Expressão Popular, 2011. p. 15-25.
  • QUIJANO, Aníbal. El fantasma del desarrollo en América Latina, Rev. Venezolana de Economía y Ciencias Sociales, Vol. 6, n. 2, 2000, p. 73-90.
  • RACINE, Jean-Bernard. Città e democrazia partecipativa: le nozze tra esperto e profano. Riflessioni sul possibile coinvolgimento del sapere geografico. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia . Novara-Torino: UTET , 2009. p.129-143.
  • RAFFESTIN, Claude. Paysage et territorialitè, Cahiers de géographie du Québec, vol. 21, n.53-54, 1977, p.123-134.
  • RAFFESTIN, C. L’evoluzione storica della territorialità in Svizzera. In: RAFFESTIN, C .; RACINE, J. B.; RUFFY, V. (Org.). Territorialità e paradigma centro-periferia La Svizzera e la Padania. Milano: Unicopli, 1978. p. 11-26.
  • RAFFESTIN, C . Por uma geografia do Poder São Paulo: Ática, 1993 [1980].
  • RAFFESTIN, C. Territorializzazione, deterritorializzazione, riterritorializzazione e informazione. In: TURCO, A. (Org.). Regione e regionalizzazione Milano: Angeli , 1984. p. 69-82.
  • RAFFESTIN, C . Punti di riferimento per una teoria della territorialità umana. In: COPETA, C. (Org.). Esistere ed abitare Prospettive umanistiche nella geografia francofona. Milano: Angeli , 1986. p. 75-89.
  • RAFFESTIN, C . Reperès pour une théorie de la territorialitè humaine, Cahier/Groupe reseaux, n.7, vol.3, 1987, p. 2-22.
  • RAFFESTIN, C . Immagini e identità territoriali. In: DEMATTEIS, G . e FERLAINO, F . Il mondo e i luoghi: geografie delle identità e del cambiamento . Torino: IRES, 2003. p. 3-11.
  • RAFFESTIN, C . Dalla nostalgia del territorio al desiderio di paesaggio Elementi per una teoria del paesaggio. Firenze: Alinea, 2005.
  • RAFFESTIN, C . A produção das estruturas territoriais e sua representação. In: SAQUET, M . e SPOSITO, E. (Org.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos. São Paulo: Expressão Popular , 2009. p. 17-35.
  • RENTING, Henk; MARSDEN, Terry; BANKS, Jo. Understanding alternative food networks: exploring the role of short food supply chains in rural developpment, Environment and Planning A, v. 35, 2003, p. 393-411.
  • REYES, Luis Alberto. El pensamiento indígena en América Buenos Aires: Biblos, 2009.
  • RICHEZ-BATTESTI, Nadine. Innovations sociales et dynamiques territoriales. Un aproche par la proximité. In: ZAOUAL, H. (Org.). Développement durable des territoires . Paris: L’Harmattan , 2008. p. 61-87.
  • RODRÍGUEZ, Violeta; LIZÁRRAGA, P e BÓRQUEZ, Luciano. Procesos políticos y movimientos campesinos e indígenas en Abya Yala. In: HIDALGO, F .; HOUTART, F . eLIZÁRRAGA, P . (Org.). Agriculturas campesinas en Latinoamérica - propuestas y desafios . Quito: Editorial IAEN , 2014. p. 167-177.
  • RULLANI, Enzo. Più locale e più globale: verso una economia postfordista del territorio. In: BRAMANTI, A. e MAGGIONI, M. La dinamica dei sistemi produttivi territoriali: teorie, tecniche, politiche. Milano: Franco Angeli, 1997. p. 85-111.
  • RULLANI, Enzo . Complessità sociale e intelligenza localizzata. In: GAROFOLI, Gioacchino (Org.). Impresa e territorio Bologna: Il Mulino , 2003. p. 85-130.
  • RULLANI, Enzo . Dai distretti alla distrettualizzazione: le forze che fanno (e disfano) il sistema territoriale. In: BELLANCA, N.; DARDI, M.; RAFFAELLI, T. (Org.). Economia senza gabbie Bologna: Il Mulino , 2005. p. 111-169.
  • RULLANI, Enzo . La città al tempo delle reti. In: Bagnasco, A. Le frontiere della Geografia . Novara-Torino: UTET , 2009. p. 145-172.
  • RULLANI, Enzo ; MICELLI, Stefano e DI MARIA, Eleonora. Tra città reale e città virtuale: il territorio nel postfordismo. In: RULLANI, E.; MICELLI, S. e DI MARIA, E. (Org.). Città e cultura nell’economia delle reti Bologna: Mulino, 2000. p.13-56.
  • SALCIDO, Gerardo et al. Políticas para la producción de cuitlacoche en invernadero en Tlaxcala, México México: Universidad Nacional Autónoma de México , 2014.
  • SALVATORI, Franco. Il territorio come produttore di conoscenze. In: DEMATTEIS, G . e FERLAINO, F . (Org.). Il mondo e i luoghi: geografie delle identità e del cambiamento . Torino: IRES, SGI, 2003. p. 91.
  • SÁNCHEZ, Armando. Dilemas teóricos y metodológicos de la sociología rural en América Latina, Revista ALASRU , Nueva Época, México, n. 10, 2014, p. 359-380.
  • SANZ, Javier. Sistemas agroalimentarios locales y multifuncionalidad. Un enfoque de investigación en alimentos, ciencias sociales y territorio. In: RIVERA, M. (Org.). El desarrollo hoy hacia la construción de nuevos paradigmas México: UNAM - Instituto de Investigaciones Económicas, 2014. p. 87-103.
  • SANTOS, Milton. O retorno do território. In: SANTOS, M. et. al. (Org.). Território: globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec/ANPUR, 1994. p. 15-20.
  • SANTOS, Milton. A natureza do espaço Técnica e tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Hucitec , 1996.
  • SAQUET, M . Os tempos e os territórios da colonização italiana Porto Alegre/RS: EST Edições, 2003 [2001].
  • SAQUET, M . Entender a produção do espaço geográfico para compreender o território. In: SPOSITO, E . (Org.). Produção do espaço e redefinições regionais: a construção de uma temática Presidente Prudente/SP: FCT/UNESP/GAsPERR, 2005, p. 35-51.
  • SAQUET, M . Proposições para estudos territoriais, Geographia, n.15, 2006a, p.71-85.
  • SAQUET, M . Por uma abordagem territorial das relações urbano-rurais no Sudoeste paranaense. In: SPOSITO, M. E. e WHITACKER, A. (Org.). Cidade e campo: relações e contradições entre urbano e rural. São Paulo: Expressão Popular , 2006b. p. 157-186.
  • SAQUET, M . Abordagens e concepções de território São Paulo: Expressão Popular , 2007.
  • SAQUET, M. A abordagem territorial: considerações sobre a dialética do pensamento e do território. In: HEIDRICH, A.; COSTA, B.; PIRES, C.; UEDA, V. (Org.). A emergência da multiterritorialidade Porto Alegre: Ed. UFRGS; Ed. ULBRA, 2008. p. 47-60.
  • SAQUET, M. Por uma abordagem territorial. In: SAQUET, M . e SPOSITO, E . (Org.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos . São Paulo: Expressão Popular , 2009. p. 73-94.
  • SAQUET, M . Por uma abordagem territorial: continuando a reflexão. In: SAQUET, M. (Org.). Estudos territoriais na ciência geográfica São Paulo: Outras Expressões, 2013. p. 47-74.
  • SAQUET, M. Territorialidades, relações campo-cidade e ruralidades em processos de transformação territorial e autonomia, Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 9, n. 18, 2014a, p. 1-30.
  • SAQUET, M. Participação social em territórios de identidade e desenvolvimento numa práxis dialógica e cooperada. In: SILVA, Onildo; SANTOS, Edinusia; COELHO-Neto, Agripino. (Org.). Identidade, território e resistência Rio de Janeiro: Consequência, 2014b. p. 11-36.
  • SAQUET, M . Dinâmicas territoriais rurais e urbanas. In: CASTRO, C.; BERNAT, I.; SILVA, Q.; SODRÉ, R. (Org.). Territórios, paisagens e suas dinâmicas São Luís (MA): Editora UEMA, 2014c. p. 65-92.
  • SAQUET, M . Agricultura camponesa e práticas (agro)ecológicas. Abordagem territorial histórico-crítica, relacional e pluridimensional, Mercator, Fortaleza, vol. 13, n. 2, 2014d, p. 125-143.
  • SAQUET, M . Por uma Geografia das territorialidades e das temporalidades: uma concepção multidimensional voltada para a cooperação e para o desenvolvimento territorial. Rio de Janeiro: Editora Consequência, 2015 (1ª. Ed., São Paulo, Outras Expressões, 2011).
  • SAQUET, M . Territory, geographical indication and territorial development, Desenvolvimento Regional em debate, v.6, p. 4 - 21, 2016a.
  • SAQUET, M . Territorios rurales y perspectivas de desarrollo territorial con autonomía: la agricultura campesina (agro)ecológica, Eutopía , Quito, n. 10, 2016b, p. 57-76.
  • SAQUET, M . Território, cooperação e desenvolvimento territorial: contribuições para interpretar a América Latina. In: SAQUET, M . e ALVES, A . (Org.). Processos de cooperação e solidariedade na América Latina Rio de Janeiro: Consequência , 2017a. p. 37-67.
  • SAQUET, M. Consciência de classe e de lugar, práxis e desenvolvimento territorial Rio de Janeiro: Ed. Consequência, 2017b.
  • SAQUET, M e ALVES, A. Experiências de desenvolvimento territorial em confronto, Revista Campo-Território , Uberlândia, v. 9, n. 17, 2014, p. 574-598.
  • SAQUET, M y ALVES, A. Desarrollo territorial heterocentrado y autocentrado: diferentes formas de movilizar saberes y redes en Brasil, Revista Textual, Chapingo - México, n. 65, 2015, p. 11-34.
  • SAQUET, M; DANSERO, Egidio e CANDIOTTO, L (Org.). Geografia da e para a cooperação ao desenvolvimento territorial: experiências brasileiras e italianas. São Paulo: Outras Expressões , 2012.
  • SAQUET, M e DUARTE, Valdir. Projeto Vida na Roça: da concepção ao plano de ação agropecuário. Francisco Beltrão: FACIBEL/ASSESOAR, 1996.
  • SAQUET, M e FLAVIO, Luiz Carlos. Contribuições para o planejamento e a gestão urbana: a experiência do Projeto Vida no Bairro - Francisco Beltrão (PR), GUAJU - Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial. Matinhos - Paraná, v.1, p. 123 - 141, 2015.
  • SAQUET, M; GAIOVICZ, Elaine; MEIRA, Suzana e SOUZA, Poliane. Agricultura familiar agroecológica como alternativa de inclusão social e desenvolvimento territorial em Itapejara d’Oeste, Salto do Lontra e Verê - Sudoeste do Paraná. In: SAQUET, M ; DANSERO, E . e CANDIOTTO, L . (Org.). Geografia da e para a cooperação ao desenvolvimento territorial: experiências brasileiras e italianas . SP: Outras Expressões, 2012. p. 35-62.
  • SAQUET, M; PACÍFICO, Jucelí; FLÁVIO, Luiz Carlos. Cidade, organização popular e desenvolvimento: a experiência do Projeto Vida no Bairro. Cascavel/PR: UNIOESTE, 2005.
  • SAQUET, M e SPOSITO, E. Território, territorialidade e desenvolvimento: diferentes perspectivas no nível internacional e no Brasil. In: CANDIOTTO, L .; ALVES, A .; CARRIJO, B . (Org.). Desenvolvimento territorial e agroecologia . São Paulo: Expressão Popular , 2008. p. 15-31.
  • SCOONES, Ian. Livelihoods perspectives and rural development, The Journal of Peasant Studies, v. 36, n. 1, 2009, p. 171-196.
  • SCOPPETTA, Cecilia. Immaginare la metropoli della transizione La città come living machine. Roma: Campisano, 2009.
  • SPOSITO, Maria Encarnação. A questão cidade-campo: perspectivas a partir da cidade. In: SPOSITO, M. E . e WHITACKER, A . (Org.). Cidade e campo: relações e contradições entre o urbano e o rural. São Paulo: Expressão Popular , 2006. p. 111-130.
  • SPOSITO, E . Geografia e filosofia São Paulo: Ed. UNESP, 2004.
  • STORPER, Michael. Le economie locali come beni relazionali. In: GAROFOLI, G . (Org.). Impresa e territorio . Bologna: Il Mulino , 2003. p. 169-208.
  • TEUBAL, Miguel. O campesinato frente à expansão dos agronegócios na América Latina. In: PAULINO, E. e FABRINI, J. (Org.). Campesinato e territórios em disputa São Paulo: Expressão Popular , 2008. p. 139-160.
  • TEUBAL, Miguel. Apuntes sobre el desarrollo. In: GIARRACCA, N. (Org.). Bicentenarios (otros), transiciones y resistencias Buenos Aires: Una Ventana, 2011. p. 185-207.
  • THOMPSON, Edward. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia das Letras, 1998 [1991].
  • TOLDO, Alessia. Smart environment e governance ambientale. In: SANTANGELO, M; ARU, S.; POLLIO, A. (Org.). Smart city Roma: Carocci , 2013. p. 107-133.
  • TURCO, A. Verso uma teoria geografica della complessità Milano: Unicopli , 1988.
  • TURCO, A . Configurazioni della territorialità Milão: Franco Angeli , 2010.
  • TURRI, Eugenio. La conoscenza del territorio Metodologia per un’analise storico-geografica. Venezia: Marsilio, 2002.
  • VAZQUEZ, Adolfo. Filosofia da Praxis Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990 [1977].
  • VELARDE, Irene. Metodología de activación de productos locales: construyendo una calidad ‘posible’ con pequeños productores rioplatenses, Sistemas Agroalimentarios Localizados, INRA/INTA, La Plata, 2003, p. 9-20.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Dec 2018

Histórico

  • Recebido
    15 Ago 2017
  • Aceito
    22 Jun 2018
Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional - ANPUR FAU Cidade Universitária, Rua do Lago, 876, CEP: 05508-080, São Paulo, SP - Brasil, Tel: (31) 3409-7157 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@anpur.org.br