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Percepções dos colonos a respeito da natureza no sertão da Capitania do Rio Grande

Resumos

O artigo analisa os requerimentos de concessão de terras das Capitania do Rio Grande referentes à última metade do século XVII, objetivando demonstrar a visão do colonizador a respeito da natureza presente no sertão. Da análise dessas fontes, tomando a relação entre espaço e natureza como foco, evidencia-se as diferentes percepções do colono acerca das terras que estavam sendo apropriadas e dos elementos naturais aí presentes, que vão sendo omitidos à medida que o sistema colonial avança sobre o interior.

Espaço; natureza; sertão.


The article analyzes the solicitations of concession of lands of the Capitania do Rio Grande to the last half of the century XVII, aiming at to demonstrate the settler's vision regarding the present nature in the interior. Of the analysis of those sources, taking the relationship between space and nature as focus, is evidenced the colonist's different perceptions concerning the lands that were being appropriate and of the natural elements there presents, that go being omitted to the measure that the colonial system moves forward on the interior.

Space; nature; interior.


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  • WORSTER, Donald. Para fazer história ambiental. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, 1991, p. 198-215.
  • 1
    Índios do Açu e Seridó, 1984, p. 141-50; MACEDO, Helder Alexandre Medeiros de. Os Documentos do Cartório de Pombal -PB e sua importância para o entendimento da História Colonial do Sertão do Rio Grande do Norte, p. 7-9, 2004.
  • 2
    A condição reclamada pelo casal para a residência do padre nas terras doadas era a deque o ministro da igreja não deveria nelas criar gado vacum e cavalar, mas, tão somente algumas cabras para o seu passar. Conforme MONTEIRO, Eymard L'Eraistre. Caicó: subsidios para a história completa do município,1945, p. 33-4.
  • 3
    O termo sertão foi sendo construído, desde os cronistas coloniais, para designar osespaços afastados do litoral, continentais, portanto, e povoados de selvagens, em oposição ao litoral açucareiro e barroco. Na opinião de SILVA, Kalina Vanderlei Paiva da. Nas solidões vastas e assustadoras: os pobres do açúcar e a conquista do sertão de Pernambuco nos séculos XVII e XVIII, p. 189, 2003, "A palavra sertão parece ser um termo oriundo de desertão, de deserto: Não o deserto físico, mas o espaço onde há um vazio de súditos da Coroa Portuguesa". A partir de agora, entretanto, quando nos referirmos a sertão do Rio Grande, estaremos nos reportando à porção centro-meridional do estado do Rio Grande do Norte, hoje conhecida como Sertão do Seridó, a qual, durante o Período Colonial, fazia parte do território da antiga Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó.
  • 4
    Naquele dia iniciaram, também, os trabalhos de construção do templo dedicado àpatrona da freguesia, que já se encontrava concluído, pelo menos, em 1785. Conforme MONTEIRO, Eymard L'Eraistre. Caicó: subsidios para a história completa do município, 1945, p. 35: "Em 1785 ela já existia como se conclue de um documento de doação de umas terras a Sant'Ana, desta época, que diz assim: 'Saibam quantos este publico instrumento de escritura de doação virem que sendo no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e oitenta e cinco, aos 23 dias do mês de Agosto do dito ano... naquele lugar da Povoação de Caicó, possuem (os doadores) um sitio de terras de criar gados, onde se acha erecta a Matriz da Senhora Santa Ana da Freguesia do Caicó...'".
  • 5
    Conforme MACEDO, Helder Alexandre Medeiros de. Desvendando o passado índio do sertão: memórias de mulheres do Seridó sobre as caboclas-brabas(2005).
  • 6
    Conforme LOPES, Fátima Martins. Índios, colonos e missionários na colonização da Capitania do Rio Grande do Norte, 2003, p. 153.
  • 7
    Essa genealogia dos municípios do Seridó encontra-se nos tópicos específicos de cada um dos lugares descritos por CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da Terra: história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte (1968).
  • 8
    Aqui estamos utilizando as obras de AUGUSTO, José. Seridó (1954); DANTAS, José Adelino. Homens e fatos do Seridó Antigo (1962); DANTAS, Manoel. Homens de Outr'ora (1941) e LAMARTINE, Juvenal. Velhos Costumes do Meu Sertão (1965).
  • 9
    A respeito da presença holandesa no Rio Grande (1633-1654), verificar MEDEIROSFILHO, Olavo de. Os holandeses na Capitania do Rio Grande (1998).
  • 10
    Conforme CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano 1: artes de fazer, p.199-217, 2001. Interessante discussão a respeito de como o espaço vem sendo apropriado e problematizado pelas diferentes correntes geográficas pode ser encontrada em CORRÊA, Roberto Lobato. Espaço, um conceito-chave da Geografia. In: CASTRO, Iná Elias de, GOMES, Paulo César da Costa e CORRÊA, Roberto Lobato (org.). Geografia: conceitos e temas, 1995, p. 15-47.
  • 11
    Conforme SCHAMA, Simon. Paisagem e Memória, p. 13-30, 1996.
  • 12
    Conforme WORSTER, Donald. Para fazer história ambiental, p. 198-215, 1991.
  • 13
    Conforme DRUMMOND, José Augusto. A História Ambiental: temas, fontes e linhas de pesquisa, p. 177-97, 1991.
  • 14
    Idem.
  • 15
    Conforme LOPES, Fátima Martins. Índios, colonos e missionários na colonização da Capitania do Rio Grande do Norte, p. 27-88, 2003.
  • 16
    Gaspar Barléu publicou História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil, sob o Governo de João Maurício, Conde de Nassau (1641); George Marcgrav, em 1648, a História Natural do Brasil; Johan Nieuhof, em 1682, a Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil e Guilherme Piso, em 1658, a História Natural e Médica da Índia Ocidental. Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 17-9, 1984.
  • 17
    A Lagoa de Macaguá era formada, na estação das chuvas, entre a foz do atual Rio Picuí e a garganta do Gargalheiras, no Rio Acauã. A Serra de Macaguá ou da Acauã, atualmente, é conhecida como Serra de Santana. Ela aparece no século XVII com essas denominações, já que os dois vocábulos, no Guarani e no Tupi, respectivamente, designam a ave falconiforme, comedora de cobras e agourenta por seu canto triste e sombrio. Conforme TEENSMA, Benjamin. O diário de Rodolfo Baro (1647) como Monumento aos Índios Tarairiu do Rio Grande do Norte (1998). MEDEIROS FILHO, Olavo de. Os holandeses na Capitania do Rio Grande, p. 12, 1998, entretanto, acredita que a permanência de Rodolfo Baro deva ter acontecido na "aldeia principal do 'rei' Janduí, situada no local hoje ocupado pela cidade do Açu-RN".
  • 18
    Publicada no Brasil com o título Relação da viagem ao País dos Tapuias, junto com a História das últimas lutas no Brasil entre portugueses e holandeses, de Pierre Moureau. Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p.18, 1984.
  • 19
    Tomamos o uso do termo ocidental em seu sentido cultural. Para tanto, nosso entendimento parte da premissa discutida pelo historiador GRUZINSKI, Serge. O Pensamento Mestiço (2001) de que a Ocidentalização corresponde à empreitada da "Europa ocidental, no rastro de Castela, a fazer a conquista das almas, dos corpos e dos territórios do Novo Mundo" (p. 63). Trata-se do primeiro movimento de globalização dos imaginários do Velho Mundo, na busca de novos territórios onde as instituições ocidentais deveriam ser, via de regra, reproduzidas. Para um entendimento melhor sobre a Ocidentalização na América, consultar GRUZINSKI, Serge. O Pensamento Mestiço, p. 93-110, 2001.
  • 20
    O nome tradicionalmente usado para nomear os movimentos de resistência indígena ao avanço da colonização no Norte Colonial é "Guerra dos Bárbaros". PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros: povos indígenas e a colonização do sertão nordeste do Brasil, 16501720 (1998), enxerga esse movimento como tendo ocorrido em várias partes do sertão, sem lideranças formais, seja no Recôncavo, seja no Açu e ribeiras afluentes, daí tratá-lo não como uma "guerra", mas, como "Guerras" dos Bárbaros. Sobre a Guerra dos Bárbaros consultar, ainda, TAUNAY, Afonso E. A Guerra dos Bárbaros (1995); PIRES, Maria Idalina da Cruz. Guerra dos Bárbaros: resistência e conflitos no Norte Colonial (1990).
  • 21
    Sobre a instituição do regime de sesmarias na América Portuguesa, as adaptações da legislação metropolitana na colônia e a presença constante dos posseiros, verificar LIMA, Ruy Cirne. Pequena História Territorial do Brasil: Sesmarias e Terras Devolutas (1991); SILVA, Lígia Osório. A 'questão da terra' e a formação da sociedade nacional no Brasil (1996); DINIZ, Mônica. Sesmarias e posse de terras: política fundiária para assegurar a colonização brasileira (2005). Especificamente para o Rio Grande do Norte, ver MONTEIRO, Denise Mattos. Terra e trabalho em perspectiva histórica (1999).
  • 22
    22 Conforme TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. Pecuária, agricultura de alimentos e recursos naturais no Brasil-Colônia, p. 123, 1997.
  • 23
    Nesse meio tempo também se verificou, amplamente, o simples apossamento de terras de volutas ou incultas por posseiros, sem passar pelo crivo da intricada burocracia colonial. Conforme SILVA, Lígia Osório. A 'questão da terra' e a formação da sociedade nacional no Brasil, p. 36, 1996.
  • 24
    Conforme LIMA, Ruy Cirne. Pequena História Territorial do Brasil: Sesmarias e Terras Devolutas, p. 42, 1991.
  • 25
    Mapa das Capitanias Hereditárias do artista português Luís Teixeira (1574), citado por MONTEIRO, Denise Mattos. Introdução à história do Rio Grande do Norte, p. 18, 2000.
  • 26
    Hoje, município de Campina Grande-PB.
  • 27
    Hoje, município de Pombal-PB.
  • 28
    Conforme SEIXAS, Wilson. O velho Arraial de Piranhas (Pombal), p. 19-24, 1961.
  • 29
    Traslado da Data da ribeira das Espinharas aos Oliveiras em 1670 a qual não écomfirmada nem demarcada.
  • 30
    Traslado da Data da ribeira das Espinharas aos Oliveiras em 1670 a qual não écomfirmada nem demarcada.
  • 31
    Documentos do antigo Cartório de Notas de Pombal-PB dão conta dos contatos maisantigos, até onde se tem conhecimento, de índios e brancos no sertão do Rio Grande. O primeiro desses textos, que foi copiado em 15 de janeiro de 1650 de um original relata a primeira visita os portugueses ao "territorio interiorano inclusivi o Valle Sirido//", em 1545. Se por um lado esse documento rompe com os conhecimentos de que dispomos sobre a história da Capitania do Rio Grande - até mesmo pela longevidade onde está situado -, levando-nos à desconfiar do seu teor, por outro, os topônimos aqui citados nos são bastante conhecidos. A começar pelo nome Seridó, seguido do Boqueirão do Cuó, Riacho de Carnaúbas, Queiquó e Piancó, que ainda persistem na região. Acreditamos, junto com o historiador Olavo de Medeiros Filho, que o Boqueirão do Cuó seja o atual Boqueirão, nominador de acidente geográfico e barragem no município de Parelhas-RN.
  • 32
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 141, 1984. O Riacho de Carnaúbas poderia ser o Rio Carnaúba (em Carnaúba dos Dantas-RN) ou os riachos de mesmo nome que existem nos municípios de Serra Negra do Norte, Caicó e Parelhas. Conforme CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da Terra: história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, p. 80, 1968. O Queiquó deve se tratar do atual Rio Seridó, que anteriormente também foi chamado de Acauã, cuja nomenclatura discutiremos adiante e Piancó o designativo do rio de mesmo nome, que corta o estado da Paraíba.Toponímia á parte, o que nos interessa saber é que o escrito aludido menciona em tão distante época a presença de "tapuyos jundoins" no interior. Conforme MACEDO, Helder Alexandre Medeiros de. Quando o Sertão se descobre: os documentos pombalenses e a redescoberta da História do Seridó Colonial, p. 19, 2000; MEDEIROS FILHO, Olavo de. Notas para a história do Rio Grande do Norte, p. 86, 2001. Um outro documento do Cartório de Pombal relata, por seu turno, a demarcação do Riacho de Carnaúbas, em 1613, que acreditamos tratar-se do atual Rio Carnaúba, em Carnaúba dos Dantas-RN, pela presença de topônimos regionais (Quinturaré, Bico da Arara, Serra do Piauí, Rio Acauã, Marimbondo, Rajada, Sítio Acari, Ermo, Boqueirão do Picuí) localizados espacialmente da mesma forma que nos dias atuais. Possuíam terras no Riacho de Carnaúbas, à época, além de Cosme Francisco de Bourbon (português), Luís Gomes, os reis Janduí, Canindé e Pecarroy, principais dos grupos Janduí, Canindé e Pega, respectivamente. Aparecem, ainda, como possuidores de terra, os negros Firmino, Antonio, Roberto e Jerela, escravos do Capitão-Mor de Ordenanças Filipinas Antonio de Meio Castro Ribeiro. Observando os relatos de 1545 e 1613, nos questionamos sobre quais as razões da presença de portugueses junto aos nativos no sertão em época tão pretérita, até mesmo pelo fato de a historiografia estadual nunca ter se referido a tal. Decerto não se tratava de uma ocupação sistemática, e poderíamos arriscar que essas incursões se deram na tentativa de encontrar metais preciosos para saciar a fome metalista da Coroa Portuguesa. Essa documentação aqui citada foi copiada de um antigo livro existente no Cartório de Pombal-PB pelo historiador paraibano Irineu Ferreira Pinto e chegou às mãos do Bispo Dom José Adelino Dantas, em cujo acervo encontramos tais cópias. O mais provável é que tais documentos estivessem transcritos no 1° Livro de Notas de Pombal, que ia de 1712 a 1719. Conforme MACEDO, Helder Alexandre Medeiros de. Quando o sertão... (p. 20); MEDEIROS FILHO, Olavo de. Notas... (p. 87-90)
  • 33
    Traslado da Data da ribeira das Espinharas aos Oliveiras em 1670 a qual não écomfirmada nem demarcada.
  • 34
    Conforme CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da Terra: história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, p. 71-2, 1968.
  • 35
    Traslado da Data da ribeira das Espinharas aos Oliveiras em 1670 a qual não écomfirmada nem demarcada.
  • 36
    Perder o ferro é expressão popular utilizada no sertão para demonstrar a situação de"dizimação completa do rebanho, dele não restando nenhuma cabeça - semente - com que se possa recomeçar a criação". Conforme FARIA, Oswaldo Lamartine de, e AZEVÊDO, Guilherme de. Vocabulário do criatório norte-rio-grandense, p. 75, 1997.
  • 37
    Conforme LAMARTINE, Juvenal. Velhos Costumes do Meu Sertão, p. 13, 1965.
  • 38
    Conforme SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na geografia nacional, p. 302, 1987.
  • 39
    Conforme FELIPE, José Lacerda Alves, e CARVALHO, Edilson Alves de. Atlas escolar do Rio Grande do Norte, p. 32, 1999.
  • 40
    Conforme CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da Terra: história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, p. 115, 1968.
  • 41
    Livro no 02 de registro de enterros da Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó (1812-1838), reg. nº 1127, p. 131.
  • 42
    Livro nº 02 de registro de enterros da Freguesia da Gloriosa Senhora Santa Ana do Seridó (1812-1838), reg. nº 1223, p. 144.
  • 43
    Conforme CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da Terra: história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, p. 257, 1968.
  • 44
    Idem.
  • 45
    Serras Negras, segundo MEDEIROS FILHO, Olavo de. Cronologia Seridoense, p. 34, 2002, é denominação homônima, no Período Colonial, para a atual Serra de Santana - em cuja chã situa-se o município de Lagoa Nova-RN -, que também aparece em documentos coetâneos como Serras Azuis.
  • 46
    Conforme CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da Terra: história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, p. 258, 1968. DANTAS, Manoel. Homens d'Outrora, p. 98-9, 1941, expõe uma origem outra para o topônimo Serra Negra. Viria de uma escrava que foi enforcada em ato de suicídio: "A serra ficou então mal-assombrada: uns ouviam, nas noites enluaradas, em dias de sexta-feira, gritos lancinantes junto à árvore do enforcamento; outros afirmavam que, às vezes, pousava na árvore um grande pássaro, de azas brancas, a cabeça com uma forma humana, brilhando como um resplendor." Juvenal Lamartine, por sua vez, afirmava que a origem do nome da montanha vinha de uma "escrava negra do velho Manoel Pereira Monteiro, o do Século XVIII, devorada por uma onça quando apanhava lenha na serra". Citado por CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da Terra: história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, p. 258, 1968.
  • 47
    Conforme MONTEIRO, Vergniaud Lamartine. Monografia de Serra Negra do Norte, citada por MEDEIROS FILHO, Olavo de. Velhas Famílias do Seridó, p. 264, 1981.
  • 48
    Escritura de venda do sítio Irapuá que fazem Teodósio de Oliveira Lêdo e esposa donaCosma Tavares Leitão a Manoel Pereira Monteiro, incluída na "Divisão dos Sítios Arapuá e Conceição" (1851), presente no Acervo do Laboratório de Documentação Histórica (LABORDOC).
  • 49
    Conforme SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na geografia nacional, p. 199, 1987.
  • 50
    Conforme LAMARTINE, Oswaldo. Sertões do Seridó, p. 108, 1980.
  • 51
    Luís da Câmara Cascudo, citado por MEDEIROS FILHO, Olavo de. Velhas Famílias do Seridó, p. 264, 1981.
  • 52
    Conforme SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na geografia nacional, p. 190-1; 274, 1987.
  • 53
    Carta de Data e Sesmaria Pello Capam. Mor Antônio Vaz Gondim a Dona Theodozia Leite deOliveira e outras pessoas, no rio Acauham (Data e Sesmaria nº 30 da Capitania do Rio Grande).
  • 54
    Detalhe a ser anotado é que a sesmaria das Espinharas (1670) foi solicitada na Bahia deTodos os Santos, especificamente na Cidade do Salvador, enquanto a Data nº 30 teve seu pedido formulado na Fortaleza dos Santos Reis, localizada no litoral norte da própria Capitania do Rio Grande. Essa informação nos leva a deduzir que a representação mental sobre o sertão era mais ou menos correlata nas sedes das capitanias do Norte.
  • 55
    Espaço liso e espaço estriado são conceitos problematizados por DELEUZE, Gilles .1440 - o liso e o estriado. In: DELEUZE, G. & GUATARRI, Félix, Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia (1997), de quem tomamos emprestado para comparar com os espaços objetivados pelos colonos no século XVII.
  • 56
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Cronologia Seridoense, p. 35, 2002.
  • 57
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 105, 1984.
  • 58
    Conforme FELIPE, José Lacerda Alves, e CARVALHO, Edilson Alves de. Atlas escolar do Rio Grande do Norte, p. 34, 1999.
  • 59
    A primeira proposição que conhecemos a respeito dessa inversão do entendimento hidrográfico dos rios Seridó e Acauã foi formulada por MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó (1984), baseado no exame das sesmarias dos séculos XVII e XVIII cujos territórios correspondem, atualmente, à região do Seridó potiguar ou paraibano. Essa assertiva foi posteriormente reproduzida em Cronologia Seridoense (2002).
  • 60
    E, de modo ambíguo, à "serra da Cahã do rio Sirido" (1699), à "capela da Srª Santannado Cahã sirido" (1699). Conforme MACEDO, Helder Alexandre Medeiros de. Quando o Sertão se descobre: os documentos pombalenses e a redescoberta da História do Seridó Colonial, p. 20-2, 2000. Provavelmente por essa época já havia hesitação em se denominar a região de Acauã ou Seridó.
  • 61
    A respeito da conquista do litoral do Rio Grande e da participação de Jerônimo deAlbuquerque consultar LIRA, Augusto Tavares de. História do Rio Grande do Norte, p. 27-47, 1982; POMBO, Rocha. Historia do Estado do Rio Grande do Norte, p. 37-51, 1922; CASCUDO, Luís da Câmara. História do Rio Grande do Norte, p. 15-34, 1984.
  • 62
    Conforme FONSECA, Antonio José Victoriano Borges da. Nobiliarchia Pernambucana - v. I, p. 9, 1992.
  • 63
    Conforme FONSECA, Antonio José Victoriano Borges da. Nobiliarchia Pernambucana - v. I, p. 11, 1992.
  • 64
    Conforme FONSECA, Antonio José Victoriano Borges da. Nobiliarchia Pernambucana - v. I, p. 12, 1992.
  • 65
    Carta de data e Sismaria de Luiz de Souza Furna, Antônio de Albuquerque da Câmara,Lopo de Albuquerque da Câmara e Pedro de Albuquerque da Câmara de Serra Trapuha e Acahuã (Data e Sesmaria nº 39 da Capitania do Rio Grande).
  • 66
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Cronologia Seridoense, p. 32, 2002.
  • 67
    Conforme SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na geografia nacional, p. 332, 1987.
  • 68
    Conforme SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na geografia nacional, p. 322, 1987.
  • 69
    MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 106, 1984, considera Potim Açu o mesmo rio Potengi. A crer-se em ambas as denominações como oriundas do tupi, sua opinião, de fato, procede. Potim vem de pó-t), "as mãos pontiagudas: o camarão, o crustáceo". Conforme SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na geografia nacional, p. 307, 1987 (grifos do autor); açu, por sua vez, significa "grande, considerável". Conforme SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na geografia nacional, p. 191, 1987. Assim, potim + açu (= camarão grande) seria o mesmo que Potengi, que, em tupi, quer dizer "rio dos camarões". CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da Terra: história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte, p. 17, 1968. Esse rio, que nasce na Serra de Santana, deságua no Atlântico nas proximidades de Natal.
  • 70
    Carta de data e Sesmaria de Luiz de Souza Furna, Antônio de Albuquerque da Câmara,Lopo de Albuquerque da Câmara e Pedro de Albuquerque da Câmara de Serra Trapuha e Acahuã (Data e Sesmaria nº 39 da Capitania do Rio Grande).
  • 71
    Carta de data e Sismaria de Luiz de Souza Furna, Antônio de Albuquerque da Câmara, Lopo de Albuquerque da Câmara e Pedro de Albuquerque da Câmara de Serra Trapuha e Acahuã (Data e Sesmaria nº 39 da Capitania do Rio Grande).
  • 72
    O problema da generalização dos povos indígenas das Capitanias do Norte como sendo todos Cariri proveio, segundo MEDEIROS FILHO, Olavo de. Os holandeses na Capitania do Rio Grande, p. 51, 1998, de uma interpretação apressada do historiador paraibano Irineu Joffily feita ao consultar a Descrição Geral da Capitania da Paraíba (1639), de Elias Herckman. Joffily disse ser Cariri o nome genérico de todas as tribos tapuia do espaço que hoje corresponde ao Nordeste, generalização que seria adotada por Capistrano de Abreu ao prefaciar seu livro, Notas sobre a Paraíba, de 1892. Segundo MEDEIROS, Ricardo Pinto de. O descobrimento dos outros: povos indígenas do sertão nordestino no Período Colonial, p. 34, 2000, essa mesma generalização está presente nos trabalhos posteriores de Capistrano de Abreu e de Rodolfo Garcia, que foram escritos entre a última década do século XIX e as duas primeiras do século XX, obras "que influenciaram várias gerações de pesquisadores".
  • 73
    A respeito dos hábitos dos Tarairiu, que foram anotados dos relatos dos cronistas coloniais, consulte-se MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó (1984) e POMPA, Cristina. Os Tapuia. In: Religião como tradução: missionários, Tupi e Tapuia no Brasil Colonial, p. 221-93, 2003.
  • 74
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Os holandeses na Capitania do Rio Grande, p. 49-62, 1998.
  • 75
    Confirmando nossa assertiva, ALMEIDA, Luiz Sávio de. Umas poucas palavras. In:_____; GALINDO, Marcos & ELIAS, Juliana Lopes. Índios do Nordeste: temas e problemas 2, p. 16, 2000, nos diz sobre os nativos de que aqui estamos tratando que Basicamente, aduzimos, nada se sabe em profundidade sobre a identidade étnica desses Tarairiu e seria possível levantar a hipótese de que se estaria (...) diante de uma estereotipação colonial extensível ao conjunto dos índios no período {da Dominação Holandesa}".
  • 76
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 17-30, 1984.
  • 77
    Em Lisboa, a 10 de dezembro de 1687, o Conselho Ultramarino recomendava ao Rei D. Pedro II o cuidado e vigilância que deveria ter com o "Gentio Tapuya da Nação Jandoim", rebelado na então Capitania do Rio Grande (AHU_ACL_CU_018, Cx. 1, D. 27). Em 20 de novembro de 1695 foi retificada a paz feita entre o Capitão Mor do Rio Grande, Bernardo Vieira de Meio e os "tapuyos Jahiuinz da Rybeira do Assu" (AHU_ACL_CU_018, Cx. 1, D. 42). MARIZ, Marlene da Silva. Repertório de Documentos para a História Indígena existentes no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1995, em levantamento de documentos para a história indígena nos manuscritos do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte cita requerimentos, cartas dos oficiais da Câmara do Natal, bando e carta do Governo da Capitania da Paraíba dos anos de 1689, 1700, 1702, 1708, 1712, 1713 e 1721 dando conta dos Janduí.
  • 78
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 132-5, 1984.
  • 79
    Entre as culturas andinas o personagem mais importante da sociedade era o Inca,imperador, chefe político e religioso, que era também proprietário das terras do Império. Esse título se estendia aos membros de sua família e às linhagens aparentadas. Os súditos do Inca eram, também, chamados de atas. Conforme PEREGALLI, Enrique. A América que os europeus encontraram, p. 49-68, 1994.
  • 80
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 37, 1984.
  • 81
    MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 84-5, 1984, acredita que o rei Janduí possa ser o Índio Tarairiu pintado por Eckhout.
  • 82
    A respeito do rei Janduí, Olavo de Medeiros Filho (Correspondência Pessoal com oautor, 07/mar/1997) diz que "Este viveu mais de 150 anos, conforme informavam os holandeses. Com a nova documentação revelada pelo cartório de Pombal, constata-se a verocidade do fato. Janduí, já vivo e dando nome à sua tribo (Janduis) em 1545, ainda era vivo em 1654, quando ocorreu a expulsão dos Holandeses! Ele morreu combatendo outros Tapuias, desta vez, dos Portugueses... Em 1545, estava ao lado dos Portugueses; em 1579, encontrava-se aliado aos Franceses; em 1613, com os Portugueses; em 1630, com os Holandeses; em 1654, novamente com os Portugueses...".
  • 83
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Os holandeses na Capitania do Rio Grande, p. 50, 1998. O que há de consenso entre os estudos contemporâneos envolvendo os indígenas do sertão das Capitanias do Norte "é a percepção de pelo menos três grupos culturais distintos, os Cariri, os Tarairiu e os Jê, e um grande número de grupos isolados e ainda sem classificação, dentro da denominação de Tapuia predominante no período colonial. É importante também ressaltar que aparecem muitos grupos sobre os quais não temos praticamente nenhuma informação a respeito de sua cultura". Conforme MEDEIROS, Ricardo Pinto de. O descobrimento dos outros: povos indígenas do sertão nordestino no Período Colonial, p. 34, 2000.
  • 84
    Carta de data e sesmaria concedida a Antonio Gonçalves Cabral, Antonio de AzevedoCabral, Pascoal Pereyra de Lima, Antonio Moreyra e Antonio da Fonçequa, no Rio Acauham (Data e Sesmaria nº 44 da Capitania do Rio Grande).
  • 85
    Carta de data e sesmaria concedida a Antonio Gonçalves Cabral, Antonio de AzevedoCabral, Pascoal Pereyra de Lima, Antonio Moreyra e Antonio da Fonçequa, no Rio Acauham (Data e Sesmaria nº 44 da Capitania do Rio Grande).
  • 86
    LIRA, Augusto Tavares de. História do Rio Grande do Norte, p. 101, 1982, a propósito, cita o caso de uma sesmaria concedida em 1682 pelo Governador Geral do Brasil, Roque da Costa Barreto, tendo como beneficiários José Peixoto Viegas, Antonio de Albuquerque da Câmara, Manuel da Silva Vieira e mais trinta e dois colonos, na região limítrofe à Ribeira do Açu, da qual não dispomos de registro.
  • 87
    Conforme LIMA, Ruy Cirne. Pequena História Territorial do Brasil: Sesmarias e Terras Devolutas, p. 49-59, 1991.
  • 88
    Carta de data e Sesmaria concedida a Antonio de Albuquerque da Câmara, Luiz deSouza Furna, Lopo de Albuquerque da Câmara e Pedro de Albuquerque da Câmara, de sobras no Rio Acauhã. Transcrita por MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 114-6, 1984, da cópia dos autos da demarcação do Sítio Ingá, no Sertão do Seridó, no ano de 1772 (Acervo documental do IHGRN, Pasta nº 46).
  • 89
    Conforme CORRÊA, Manuel Antonio Dantas. Sem título. In: GUERRA, Phelipe &GUERRA, Theophilo. Seccas contra a secca, p. 10-2, 2001. Manuel Antonio era filho do Coronel Caetano Dantas Corrêa e de Josefa de Araújo Pereira. Morador na antiga Fazenda do Cajueiro (Acari-RN), era casado com Maria José de Medeiros. Dirigiu o Senado da Câmara da Vila do Acari por diversas vezes, na primeira metade do século XIX, além de ter escrito a crônica supra citada em 1847, relatando os efeitos das secas no sertão. Instigantes análises desse manuscrito, que representa uma narrativa edênica do Sertão do Seridó, foram desenvolvidas por MACÊDO, Muirakytan Kennedy de. Espaço da provação e da promissão, In: A Penúltima Versão do Seridó: uma história do regionalismo seridoense, p. 89-121, 2005, e também por ARAÚJO, Douglas. O Seridó como espaço correlato ao das escrituras sagradas. In: A morte do Sertão Antigo no Seridó: o desmoronamento das fazendas agropecuaristas em Caicó e Florânia (1970-90), p. 59-65, 2003.
  • 90
    Carta de data e Sesmaria concedida a Antonio de Albuquerque da Câmara, Luiz deSouza Furna, Lopo de Albuquerque da Câmara e Pedro de Albuquerque da Câmara, de sobras no Rio Acauhã. Transcrita por MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 114-6, 1984, da cópia dos autos da demarcação do Sítio Ingá, no Sertão do Seridó, no ano de 1772 (Acervo documental do IHGRN, Pasta nº 46).
  • 91
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 121-2, 1984; Notas para a História do Rio Grande do Norte, p. 122-4, 2001.
  • 92
    SOARES, Antonio. Dicionário Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, v. I, p. 91, 1988, porém, afirma que a Casa Forte do Cuó localizava-se no Açu, pelo fato de haver nesse município uma serra com esse nome, opinião compartilhada por LIRA, Augusto Tavares de. História do Rio Grande do Norte, p. 112, 1982. No entanto, havia realmente urna outra casa forte às margens do Rio Açu, onde ficaram acomodadas as tropas de Manuel de Abreu Soares. Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 118-9, 1984.
  • 93
    Embora pensemos que as Guerras dos Bárbaros pudessem ser confrontos envolvendo índios contra brancos, devemos ter o cuidado de lembrar que os Terços Militares formados na Colônia abrangiam indivíduos procedentes de diversos grupos étnicos, como negros, mestiços e até mesmo índios. O próprio Domingos Jorge Velho, líder mais conhecido do Terço dos Paulistas, era mestiço. Conforme PIRES, Maria Idalina da Cruz. Resistência indígena no Nordeste Colonial: a Guerra dos Bárbaros,p. 69-70, 1989.
  • 94
    Baseado na documentação do antigo Senado da Câmara do Natal e em deduçõeshistóricas a partir do teor desses mesmos documentos, o historiador Olavo de Medeiros Filho situou os alicerces da Casa-Forte do Cuó nas proximidades do atual Bairro Penedo, na cidade de Caicó, além de ter atribuído ao Coronel Antonio de Albuquerque da Câmara a iniciativa de sua construção. Segundo ele, "Antonio de Albuquerque da Câmara tratou de construir urna casa-forte, para servir de aquartelamento às tropas sob o seu comando. Escolheu um ponto muito adequado, capaz de controlar o trânsito que ocorresse nos rios Acauã (hoje o trecho é considera, como sendo o Seridó), Quipauá (atualmente Barra Nova), e Sabugi.Tal ponto estratégico corresponde ao Sítio do Penedo, vizinho à atual cidade caicoense, à margem esquerda do rio Seridó. Pertinho da casa-forte edificada, ficava o atual Poço de Santana, manancial inesgotável dágua, fator indispensável à sobrevivência do Corpo de Ordenanças. Em torno à casa-forte ficaram acampadas, certamente em choupanas de palha, as tropas empregadas no combate ao gentio tapuia levantado". Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Verdadeira origem da cidade de Caicó, 1986.
  • 95
    Conforme MEDEIROS FILHO, Olavo de. Notas para a História do Rio Grande do Norte, p. 114, 2001.
  • 96
    Carta de data e Sesmaria concedida a Antonio de Albuquerque da Câmara, Luiz deSouza Furna, Lopo de Albuquerque da Câmara e Pedro de Albuquerque da Câmara, de sobras no Rio Acauhã. Transcrita por MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó, p. 114-6, 1984, da cópia dos autos da demarcação do Sítio Ingá, no Sertão do Seridó, no ano de 1772 (Acervo documental do IHGRN, Pasta nº 46).
  • 97
    Carta de data e Sesmaria concedida a Antonio de Albuquerque da Câmara, Luiz deSouza Furna, Lopo de Albuquerque da Câmara e Pedro de Albuquerque da Câmara, de sobras no Rio Acauhã. Transcrita por Olavo, Índios, p. 114-6, da cópia dos autos da demarcação do Sítio Ingá, no Sertão do Seridó, no ano de 1772 (Acervo documental do IHGRN, Pasta nº 46).
  • 98
    É bem possível, também, que os Albuquerque Câmara já estivessem de posse (informal)das terras da Ribeira do Acauã antes do ano de 1679, quando requereram a primeira data.
  • 99
    MELO, Protásio Pinheiro de. Contribuição indígena à fala norte-rio-grandense, p. 5, 1971.
  • 100
    Idem.
  • 101
    Segundo LIRA, Augusto Tavares de. História do Rio Grande do Norte (p. 116, 1982), o Senado da Câmara da Cidade do Natal, em 28 de agosto de 1692, dirigiu-se a El-Rei, reclamando medidas de defesa para a capitania. Dentre estas, "Pela grande extensão dos sertões considerava conveniente que Sua Majestade mandasse fundar quatro arraiais nos lugares Jaguaribe, Açu, Acauã e Curimataú, sendo mantidos e sustentados pela gente do Arco Verde e do Camarão, que existia de Pernambuco ao Ceará, ficando sob direção do referido mestre-de-campo, e só assim, flanqueando cada arraial pela sua parte a campanha, ver-se-iam povoar os sertões, recuperando desta sorte as perdas que tinham tido os dízimos reais".
  • 102
    Conforme DUQUE, Guimarães. O Nordeste e as lavouras xerófilas, p. 9, 1980.
  • 103
    Essa discussão tomou por base o debate acerca do maravilhamento dos europeus como Novo Mundo, presente em GREENBLATT, Stephen. Posessões Maravilhosas (1996). Infelizmente não dispomos de relatos de espaço deixados pelos colonos que estiveram no sertão do Rio Grande na época das sesmarias que estamos analisando (segunda metade do século XVII), mas, tão somente, os textos dos pedidos de concessão. A existência de narrativas, decerto, nos proporcionaria uma melhor visão acerca do maravilhamento, positivo ou negativo, dos conquistadores com relação ao sertão.
  • 104
    Conforme MONTEIRO, Eymard L'Eraistre. Caicó: subsidios para a história completa do município, p. 40, 1945.
  • 105
    Transcrita integralmente por MEDEIROS FILHO, Olavo de. Velhas Famílias do Seridó, p. 262-3, 1981.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2007

Histórico

  • Recebido
    Nov 2005
  • Aceito
    Jan 2007
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