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Riqueza, estrutura e interações edáficas em um gradiente de restinga do Parque Estadual do Acaraí, Estado de Santa Catarina, Brasil1 1 Parte da Tese de Doutorado do primeiro Autor

Richness, structure, and edaphic interactions in the restinga gradient of Parque Estadual do Acaraí, Santa Catarina State, Brazil

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a flora e as fitocomunidades de um gradiente de restinga da planície litorânea Estado de Santa Catarina, correlacionando-as com os atributos edáficos. Para o levantamento florístico foi utilizado o wide patrolling, enquanto a estrutura da comunidade foi determinada pelo método de parcelas. Amostras de solo de cada fisionomia foram coletadas para análise de macronutrientes, matéria orgânica, umidade e espessura da serapilheira. A flora é composta por 319 espécies, dentre as quais 244 ocorrem de forma exclusiva nas formações de restinga herbácea (63), restinga arbustiva (32), restinga arbustivo-arbórea (46) e floresta de transição (103). O padrão estrutural de cada fisionomia da restinga estudada foi influenciado por fatores edáficos, como os teores de matéria orgânica, potássio, alumínio, a capacidade de troca catiônica e espessura da serapilheira, sendo estes atributos determinantes da flora característica de cada fitocomunidade.

Palavras-chave:
diversidade; ecologia de fitocomunidades; gradiente edáfico; relações planta-solo

ABSTRACT

The present work characterized the flora and phytocommunities of a restinga gradient on the coast plain of Santa Catarina State and correlated them to edaphic attributes. The floristic survey followed the wide patrolling method and the community structure was determined through the plot method. Soil samples of each physiognomy were collected for analysis of macronutrients, organic matter, moisture, and litter thickness. Flora comprises 319 species, 244 of which occur exclusively in formations of herbaceous restinga (63), shrub restinga (32), shrub-tree restinga (46), and transition forest (103). The structural pattern of each restinga physiognomy studied was influenced by edaphic factors as organic matter, potassium, and aluminum contents, cation exchange capacity, and litter thickness. These attributes are determinant for the flora characterizing each phytocommunity.

Keywords:
diversity; phytocommunities ecology; plant-soil relationships; soil gradient

Introdução

Pertencente ao domínio da Mata Atlântica, as restingas são formadas por um mosaico de comunidades vegetais florística e fisionomicamente distintas e ocupam as planícies arenosas de origem fluvio-marinha de idade quaternária, localizadas na costa brasileira (Eiten 1983Eiten, G. 1983. Classificação da vegetação do Brasil. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Brasília., Araujo & Henriques 1984Araujo, D.S.D. & Henriques, R.P.B. 1984. Análise florística das restingas do estado do Rio de Janeiro. In : L. D. Lacerda et al. (eds.). Restingas: origem, estrutura e processos. CEUFF, Niterói, pp.159-193., Coutinho 2006Coutinho, C.L. 2006. O conceito de bioma. Acta Botanica Brasilica 20: 13-23., Magnano et al. 2010Magnago, L.F.S., Martins, S.V., Schaefer, C.E.G.R. & Neri, A.V. 2010. Gradiente fitofisionômico-edáfico em formações florestais de restinga no sudeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica 24: 734-746., IBGE 2012IBGE. 2012. Manual técnico da vegetação brasileira. 2 ed, IBGE, São Paulo.). Estão submetidas à condições ambientais extremas, caracterizadas por altas temperaturas, ventos constantes, elevada salinidade e deficiência em nutrientes (Scarano et al. 2001Scarano, F.R., Duarte, H.M., Ribeiro, K.T., Rodrigues, P.J.F.P., Barcellos, E.M.B., Franco, A.C., Brulfert, J., Deleâens, E. & Luèttge, U. 2001. Four sites with contrasting environmental stress in southeastern Brazil: relations of species, life form diversity, and geographical distribution to ecophysiological parameters. Botanical Journal of the Linnean Society 136: 345-364., Scarano 2002Scarano, F.R. 2002. Structure, function and floristic relationships of plant communities in stressful Habitats to the brazilian atlantic rainforest. Annals of Botany 90: 517-524.). Variações fisionômicas são observadas desde a região pós-praia até as áreas mais interiores da planície costeira (Veloso et al. 1991Veloso, H.P., Rangel-Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal . IBGE - DERMA, Rio de Janeiro., Oliveira-Filho & Carvalho 1993Oliveira-Filho, A.T. & Carvalho, D.A. 1993. Florística e fisionomia da vegetação no extremo norte do litoral da Paraíba. Revista Brasileira de Botânica 16: 115-130.). As formações herbáceas, arbustivas e florestais constituem as principais fisionomias de restinga, baseadas na estrutura da vegetação (Silva & Britez 2005Silva, S.M. & Britez, R.M. 2005. A vegetação da planície costeira. In : M. C. M. Marques & R. M. Britez (eds.). História Natural e Conservação da Ilha do Mel. UFPR, Curitiba, pp. 49-84.). Sua diversidade biológica é proveniente do Cerrado, da Caatinga e de outros ecossistemas da Mata Atlântica, e representada por espécies aclimatadas à faixa litorânea (Araujo 2000Araujo, D.S.D. 2000. Análise florística e fitogeografia das restingas do estado do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.). A riqueza florística e a diversidade funcional das restingas aumentam gradativamente das dunas em direção às formações florestais mais distantes do mar (Fernandes 2006Fernandes, A. 2006. Fitogeografia brasileira: províncias florísticas. Realce, Fortaleza.).

As formações de restinga são definidas pela influência marinha e pelas condições de solo (Souza 2004Souza, M.T.R. 2004. O litoral Brasileiro. Revista de Cultura do IMAE 5: 63-67., Sampaio et al. 2005Sampaio, D., Souza, V.C., Oliveira, A.A., Paul-Souza, J. & Rodrigues, R.R. 2005. Árvores da restinga: guia ilustrado para a identificação de espécies da Ilha do Cardoso. Neotrópica, São Paulo.). Os solos associados à região pós-praia possuem coloração amarela, pouca impregnação de ácido húmico, baixa disponibilidade de matéria orgânica e capacidade de retenção de água e nutrientes. Já os solos das formações arbóreas são superficialmente brancos, com maior teor de matéria orgânica e maior impregnação de ácidos húmicos (Araujo & Lacerda 1987Araujo, D.S.D. 1987. Restingas: síntese dos conhecimentos para a costa sul e sudeste brasileira. In : Anais do 54º Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira, São Paulo, pp. 333-337., Martin et al. 1997Martin, L., Suguio, K., Dominguez, J.M.L., Flexor, J.M.1997. Geologia do quaternário costeiro do litoral norte do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. CPRM/FAPESP, Belo Horizonte., Gomes et al.2007Gomes, F.H., Vidal-Torrado, P., Macías, F., Gherard, B. & Perez, X.L.O. 2007. Solos sob vegetação de restinga na ilha do Cardoso (SP), I – caracterização e classificação. Revista Brasileira de Ciências do Solo 31: 1563-1580., Almeida Jr. et al.2009Almeida Jr., E.B., Olivo, M.A., Araujo, E.L. & Zickel, C.S. 2009. Caracterização da vegetação de restinga da RPPN de Maracaípe, Pernambuco, com base na fisionomia, flora, nutrientes do solo e lençol freático. Acta Botanica Brasilica 23: 36-48.). Dessa maneira, as espécies das formações mais próximas ao mar são conhecidas por sobreviverem em condições severas e bastante limitadas em seu suprimento nutricional (Fernandes 2006Fernandes, A. 2006. Fitogeografia brasileira: províncias florísticas. Realce, Fortaleza.).

As comunidades de restinga dependem das condições edáficas (Falkenberg 1999Falkenberg, D.B. 1999. Aspectos da flora e da vegetação secundária da restinga de Santa Catarina, sul do Brasil. Insula 28: 1-30.) e exercem uma importante ação sobre a estabilização do substrato nesse ambiente (Assumpção & Nascimento 2000Assumpção, J. & Nascimento, M.T. 2000. Estrutura e composição florística de quatro formações vegetais de restinga no complexo lagunar Grussaí/Iquipari, São João da Barra, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica 14: 301-315.). Apesar dessa dependência, os principais estudos sobre os padrões de diversidade ao longo dos 5.000 km de extensão de restinga no litoral brasileiro (Holzer et al. 2004Holzer, W., Crichyno, J. & Pires, A.C. 2004. Sustentabilidade da urbanização em áreas de restinga: uma proposta de avaliação pós-ocupação. Paisagem Ambiente 19: 49-66.) focam, principalmente, nos levantamentos florísticos e fitossociológicos (Almeida Jr. et al. 2011Almeida Jr., E.B., Olivo, M.A., Araujo, E.L. & Zickel, C.S. 2009. Caracterização da vegetação de restinga da RPPN de Maracaípe, Pernambuco, com base na fisionomia, flora, nutrientes do solo e lençol freático. Acta Botanica Brasilica 23: 36-48.).

Dos estudos realizados na região sul do Brasil, e que contribuíram para o conhecimento da diversidade florística ou da organização estrutural das comunidades de restinga, predominam os levantamentos realizados nos Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná (Silva 1999). Para o Estado de Santa Catarina, há um menor registro de investigações sobre a vegetação costeira (Reitz 1954Reitz, R. 1954. A vegetação de Laguna. Sellowia 6: 243-258., Reitz 1961Reitz, R. 1961. Vegetação da zona marítima de Santa Catarina. Sellowia 13: 17-111., Bresolin 1979Bresolin, A. 1979. Flora da restinga da Ilha de Santa Catarina. Insula 10: 1-55., Cordazzo & Costa 1989Cordazzo, C.V. & Costa, C.S.B. 1989. Associações vegetais das dunas frontais de Garopaba (SC). Ciência e Cultura 41: 906-910., Danilevicz et al. 1990Danilevicz, E., Janke, H. & Pankowski, L.H.S. 1990. Florística e estrutura da comunidade herbácea e arbustiva da praia do Ferrugem, Garopaba, SC. Acta Botanica Brasilica 4: 21-34., Souza et al. 1992Souza, M.L.E.R., Falkenberg, D.B., Amaral, L.G., Fronza, M., Araújo, A.C. & Sã, M.R. 1992. Vegetação do pontal da Daniela, Florianópolis, SC, Brasil. I.levantamento florístico e mapa fitogeográfico. Insula 21: 87-117., Castellani et al. 1995Castellani, T.T., Folchini, R. & Scherer, K.Z. 1995. Variação temporal da vegetação em um trecho de baixada úmida entre dunas, Praia da Joaquina, Florianópolis, SC. Insula 24: 37-72., Negrelle 1995Negrelle, R.R.B. 1995. Composição florística, estrutura fitossociológica e dinâmica de regeneração da Floresta Atlântica na Reserva Volta Velha, Município de Itapoá, SC. Tese de Doutorado, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos., Dorneles & Negrelle 1999Dorneles, L.P.P. & Negrelle, R.R.B. 1999. Composição florística e estrutura do compartimento herbáceo de um estágio successional avançado da Floresta Atlântica, no sul do Brasil. Biotemas 12: 7-30., Falkenberg 1999Falkenberg, D.B. 1999. Aspectos da flora e da vegetação secundária da restinga de Santa Catarina, sul do Brasil. Insula 28: 1-30., Citadini-Zanette et al.2001Citadini-Zanette, V., Santos, R. & Sobral, M. 2001. Levantamento florístico da vegetação arbustiva-arbórea em área ecotonal entre Restinga e Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (Praia de Palmas, Governador Celso Ramos, Santa Catarina, Brasil). Revista Tecnologia e Ambiente 7: 105-120., Rogalski & Araújo 2005Rogalski, L.D. & Araújo, A.C. 2005. Flórula da ilha de moleques do sul, Santa Catarina, Brasil. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology 9: 45-48., Daniel 2006Daniel, R.B. 2006. Florística e fitossociologia da restinga herbáceo-arbustiva do Morro dos Conventos, Araranguá, SC. Dissertação de Mestrado, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma., Guimarães 2006Guimarães, T.B. 2006. Florística e fenologia reprodutiva de plantas vasculares na restinga do Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis., Negrelle 2006Negrelle, R.R.B. 2006. Composição florística e estrutura vertical de um trecho de Floresta Ombrófila Densa de planície quaternária. Hoehnea 33: 261-289., Klein et al. 2007Klein, A.S., Citadini-Zanette, V. & Santos, R. 2007. Florística e estrutura comunitária de restinga herbácea no município de Araranguá, Santa Catarina. Biotemas 20: 15-26.), considerando aproximadamente os 2.000 km² de formações vegetais litorâneas distribuídas ao longo de 460 km de costa do Estado (Vibrans et al. 2012Vibrans, A.C., Sevegnani, L., Gasper, A.L., Lingner, D.V.(orgs.). 2012. Inventário florístico florestal de Santa Catarina: diversidade e conservação dos remanescentes florestais. Edifurb, Blumenau. v. 1.). No entanto, são raros os estudos que investigam o papel determinante das variáveis de solo sobre a estruturação das comunidades de restinga. Pesquisas com esse objetivo foram realizadas em restingas de outros Estados brasileiros, como Espírito Santo (Fabris 1995Fabris, L.C. 1995. Composição florística e fitossociológica de uma faixa de floresta arenosa litorânea do Parque Estadual de Setiba, Município de Guarapari, ES. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual Paulista, São Paulo., Magnano et al. 2010Magnago, L.F.S., Martins, S.V., Schaefer, C.E.G.R. & Neri, A.V. 2010. Gradiente fitofisionômico-edáfico em formações florestais de restinga no sudeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica 24: 734-746.), Paraná (Britez et al. 1997Britez, R.M., Santos Filho, A., Reissmann, C.B., Silva, S.M., Athayde, S.F., Lima, R.X. & Quadros, R.M.B. 1997. Nutrientes no solo de duas florestas da planície litorânea da ilha do mel, Paranaguá, PR. Revista Brasileira de Ciências do Solo 21: 625-634., Britez 2005Britez, R.M. 2005. Solos. In : M. C. M. Marques & R. M. Britez (eds.). História natural e conservação da Ilha do Mel, Paraná. UFPR, Curitiba, pp. 49-84.), Pernambuco (Almeida Jr. et al. 2011Almeida Jr., E.B., Santos-Filho, F.S., Araújo, E.L. & Zickel, C.S. 2011. Structural characterization of the woody plants in restinga of Brazil. Journal of Ecology and the Natural Environment 3: 95-103.), Piauí (Santos-Filho et al. 2013Santos-Filho, F.S., Almeida Jr., E.B. & Zickel, C.S.2013. Do edaphic aspects alter vegetation structures in the Brazilian restinga? Acta Botanica Brasilica 27: 613-623.), Rio Grande do Sul (Costa et al.2003Costa, C.S.B., Irgang, B.E., Peixoto, A.R. & Marangoni, J.C. 2003. Composição florística das formações vegetais sobre uma turfeira topotrófica da planície costeira do Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 203-212.) e São Paulo (Sztutman & Rodrigues 2002Sztutman, M. & Rodrigues, R.R. 2002. O mosaico vegetacional numa área de floresta contínua da planície litorânea, Parque Estadual de Campina do Encantado, Pariquera-Açu, SP. Revista Brasileira de Botânica 25: 161-176., Guedes et al. 2006Guedes, D., Barbosa, L.M. & Martins, S.E. 2006. Composição florística e estrutura fitossociológica de dois fragmentos de floresta de Restinga no Município de Bertioga, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 299-311.) e identificaram diferenças estruturais nas comunidades vegetais ao longo da restinga em virtude das variações edáficas.

Considerando o exposto, este estudo teve como objetivo caracterizar a flora e as fitocomunidades de um gradiente de restinga no Estado de Santa Catarina, correlacionando-as com os atributos edáficos. Também avaliou-se a influência dos nutrientes e da disponibilidade hídrica do solo sobre a estrutura da vegetação ao longo do gradiente de restinga.

Material e métodos

O estudo foi realizado no Parque Estadual do Acaraí, Unidade de Conservação de proteção integral do município de São Francisco do Sul, litoral nordeste do Estado de Santa Catarina, Brasil, coordenadas 26º17'S e 48º33'W. Compreende o maior remanescente de restinga em área contínua no Estado, sendo classificado como área de prioridade extremamente alta para a conservação da biodiversidade (PROBIO 2003PROBIO. 2003. Áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. MMA, Brasília.). O clima, fortemente influenciado pela umidade marítima, é mesotérmico sem estação seca definida e com verões quentes (Cfa, segundo a classificação de Köppen), com índices pluviométricos médios de 1.874 mm ao ano (Knie 2002Knie, J.L.W. (org.). 2002. Atlas ambiental da região de Joinville: complexo hídrico da Baía da Babitonga. FATMA/GTZ, Florianópolis.). Seu relevo caracteriza-se em planície costeira com 6.667 ha de área coberta por formação herbácea (Rh), arbustiva (Ra), arbustivo-arbórea (Raa) e floresta de transição (Ft) (figura 1), além de outras formações menos representativas, como floresta submontana, várzeas e manguezais (FATMA 2008FATMA. 2008. Plano de manejo do Parque Estadual do Acaraí. FATMA, Curitiba.). Os solos são classificados, segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA 2013EMBRAPA. 2013. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3 ed. EMBRAPA, Brasília.), como: Neossolo Quartzarênico na formação herbácea, Espodossolo Ferrihumilúvico nas formações arbustiva e arbustivo-arbórea, e Espodossolo Ferrihumilúvico + Organossolo Háplico na floresta de transição (EPAGRI 2002EPAGRI. 2002. Mapa de solos: unidade de planejamento regional litoral norte catarinense. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Florianópolis.). Tais classes de solo representam 90,3% da área total do Parque, fracionadas em 15,1% de Neossolo Quartzarênico de origem eólica e marinha e 75,2% de Espodossolos de origem eólica. O tipo Espodossolo + Organossolo possui origem lagunar (Oliveira & Vieira 2008Oliveira, F.A. & Vieira, C.V. 2008. Proposal of semidetailed geomorphological map of northeastern Santa Catarina State, Brazil. In : Annals of International Meeting and Field Trip Environmental Analysis and Geomorphological Mapping for a Sustainable Development, Roma, pp. 13-15.).

Figura 1
Formações da restinga do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil. Figure 1. Restinga vegetation from the P arque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil.

Para o levantamento qualitativo da flora utilizou-se o wide patrolling(Filgueiras et al. 1994Filgueiras, T.S., Nogueira, P.E., Brochado, A.L. & Guala II, G.F. 1994. Caminhamento: um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências 12: 39-43., Ratter et al. 2003). O critério de inclusão foi baseado na ocorrência de espermatófitas, excetuando-se epífitas e parasitas. O material botânico amostrado durante dois anos de coleta foi herborizado (Fidalgo & Bononi 1989Fidalgo, O. & Bononi, L.R. 1989. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Instituto de Botânica, São Paulo.), identificado e incorporado ao Herbário Joinvillea da Universidade de Joinville (JOI). As identificações foram realizadas por comparações nos herbários Dr. Miguel Klein (FURB), Joinvillea (JOI), Museu Botânico Municipal de Curitiba (MBM), Universidade Federal do Paraná (UPCB) e por meio de consulta a especialistas. A lista de espécies seguiu as classificações de Judd et al. (2008)Judd, W.S., Campbell, C.S., Kellogg, E.A., Stevens, P.F. & Donoghue, M.J. 2008. Plant systematics. Sinauer, Sunderland. e APG III (2009)APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121., sendo também organizada conforme a ocorrência das espécies nas formações estudadas. Nomes de espécies e respectivos autores foram confirmados na Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014).

Para a avaliação da estrutura das formações vegetais utilizou-se o método de parcelas (Felfili et al. 2011Felfili, J.M., Roitman, I., Medeiros, M. M. & Sanchez, M. 2011. Procedimentos e métodos de amostragem da vegetação. In : J. M. Felfili, P.V. Eisenlohr, M.M.R.F. Melo, L. A. Andrade & J.A.A.M. Neto (eds.). Fitossociologia no Brasil. UFV, Viçosa, pp. 86-121.). Estas foram alocadas ao longo de três transectos perpendiculares à linha de costa e distantes 1,5 km entre si, sendo utilizadas cinco parcelas por formação em cada transecto, dispostas paralelas à costa. Na formação herbácea (Rh) foram usadas parcelas de 1 × 1 m (Munhoz & Araújo 2011Munhoz, C.B.R. & Araújo, G.M. 2011. Métodos de amostragem do estrato herbáceo-subarbustivo. In : J. M. Felfili, P.V. Eisenlohr, M.M.R.F. Melo, L. A. Andrade & J.A.A.M. Neto (eds.). Fitossociologia no Brasil. UFV, Viçosa, pp. 213-232.), distantes 1 m entre si. A cobertura das espécies foi estimada na escala de Causton (1988)Causton, D.R. 1988. Introduction to vegetation analysis. Unwin Hyman, London.. Para cada espécie calculou-se a frequência e cobertura absoluta e relativa, e o valor de importância. Nas demais formações (Ra, Raa e Ft) foram utilizadas parcelas de 10 × 10 m (Moro & Martins 2011Moro, M.F. & Martins, F.R. 2011. Métodos de levantamento do componente arbóreo-arbustivo. In : J. M. Felfili, P.V. Eisenlohr, M.M.R.F. Melo, L. A. Andrade & J.A.A.M. Neto (eds.). Fitossociologia no Brasil. UFV, Viçosa, pp. 174-212.), distantes 10 m entre si. Na formação arbustiva, adotou-se como critério de inclusão o perímetro basal ≥ 5 cm, enquanto que nas formações arbustivo-arbórea e florestal, adotou-se o perímetro a 1,30 m de altura do solo ≥ 10 cm. Para essas formações foram avaliados a freqüência, densidade, dominância e o valor de importância (Mueller-Dombois & Ellenberg 1974Muller-Dombois, D. & Ellenberg, H. 1974. Aims and methods of vegetation ecology. J.Wiley and Sons, New York., Chapman 1976Chapman, S.B. 1976. Methods in plant ecology. John Wiley & Sons, New York., Matteucci & Colma 1982Matteucci, S.D. & Colma, A. 1982. Metodologia para el studio de la vegetación. General Secretariat of the Organization of American Status, Washington.). Os índices de diversidade de Shannon (H’), com base no logaritmo natural, e de similaridade de Jaccard (Magurran 2013Magurran, A.E. 2013. Medindo a diversidade biológica. UFPR, Curitiba.) foram calculados para cada uma das formações estudadas por meio do software Past (Hammer et a l. 2001Hammer, Ø., Harper, D.A.T. & Ryan, P.D. 2001. Past: paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica 4: 1-9.).

Para a caracterização nutricional dos solos de restinga, sessenta amostras de solo foram coletadas a uma profundidade de 15 cm, sendo realizada uma coleta central por parcela ao longo das três transecções para as quatro formações, conforme EMBRAPA (2013)EMBRAPA. 2013. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3 ed. EMBRAPA, Brasília.. A cada cinco parcelas, as amostras foram misturadas de forma a se obter uma amostra composta, por transecto e por formação, totalizando 15 amostras. A análise química dos solos para pH, fósforo (P), potássio (K), sódio (Na), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al, íons H+ e Al3+), soma de bases (SB), capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e matéria orgânica (MO) foi realizada pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). A disponibilidade hídrica do solo em cada formação foi estimada pela umidade gravimétrica tomada em 60 amostras de solo (EMBRAPA, 2013).

A comparação da similaridade da composição florística associada aos tipos de solo das formações de restinga estudadas foi realizada por análise de agrupamento no software Past (Hammer et al. 2001Hammer, Ø., Harper, D.A.T. & Ryan, P.D. 2001. Past: paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica 4: 1-9.). Para explicar as diferenças estruturais entre as formações em função dos fatores edáficos foi empregado o teste de Mantel e adotado o protocolo bioenv (Clarke & Ainsworth 1993Clarke, K.R. & Ainsworth, M. 1993. A method of linking multivariate community structure to environmental variables. Marine Ecology Progress Series 92: 205-219.). Para tanto, foram construídas duas matrizes, uma incluindo a abundânica das espécies e outra com as variáveis de solo. Para visualizar as respostas em relação às interações entre as espécies dentro das comunidades, as parcelas foram ordenadas em relação às variáveis de solo por uma análise de componentes principais (PCA); e a composição das comunidades, por se tratar de um gradiente em pequena escala espacial, por um escalonamento multidimensional não-métrico (NMDS) (Clarke & Ainsworth 1993Clarke, K.R. & Ainsworth, M. 1993. A method of linking multivariate community structure to environmental variables. Marine Ecology Progress Series 92: 205-219.), sendo este método particularmente adequado para análise de formações com elevada diversidade beta (De’ath 1999De'ath G. 1999. Extended dissimilarity: a method of robust estimation of ecological distances from high beta diversity data. Plant Ecology 144: 191-199.), como observado neste estudo. As espécies que mais caracterizaram as formações estudadas foram definidas pelo método do valor indicador (Dufrene & Legendre 1997Dufrene, M. & Legendre, P. 1997. Species assemblages and indicator species: the need for a flexible asymmetrical approach. Ecological Monographs 67: 345-366.). Todas as análises multivariadas foram realizadas em ambiente R versão 3.0 (Crawley 2007Crawley, M.J. 2007. The R book. John Wiley & Sons, Chichester.).

Resultados e Discussão

Diversidade Florística e Estrutura das Formações - Nas quatro formações estudadas, 319 espécies pertencentes a 215 gêneros e 82 famílias foram identificadas (tabela 1, figura 2). As famílias mais representativas, em número de espécies, foram Asteraceae (35), Fabaceae (30), Myrtaceae (20), Rubiaceae (18) e Poaceae (13). Desse total, 244 espécies ocorreram de forma exclusiva nas formações vegetais, sendo 63 espécies exclusivas em Rh, 32 em Ra, 46 em Raa e 103 em Ft. As demais espécies foram compartilhadas entre uma ou mais formações. Maior coocorrência de espécies foi registrada entre Raa e Ft, com 42,6% de similaridade. Apenas três espécies estiveram presentes em todas as fisionomias de restinga. A diversidade de espécies registrada em cada formação foi sumarizada na tabela 2, assim como as famílias de maior riqueza específica.

Tabela 1
Espécies amostradas nas formações da restinga do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil. No Col.: Número de coleta de João Carlos Ferreira de Melo Júnior. Formas de vida (Fv): erva (e), subarbusto (sa), arbusto (ab), arvoreta (at), árvore (av) e liana (l). Formações Vegetais: restinga herbácea (Rh), restinga arbustiva (Ra), restinga arbustivo-arbórea (Raa) e floresta de transição (Ft). Species sampled in the restinga vegetation of the Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil. No Col.: Collector number of João Carlos Ferreira de Melo Júnior. Life forms (Fv): herb (e), subshrub (sa), shrub (ab), small tree (at), tree (av), and liana (l). Vegetation: Herb restinga (Rh), Shrub restinga (Ra), Shrub-tree restinga (Raa), and Transition forest (Ft).
Figura 2
Diagrama de Venn produzido a partir do número de espécies exclusivas e compartilhadas nas formações da restinga do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil. Restinga herbácea (Rh), restinga arbustiva (Ra), restinga arbustivo-arbórea (Raa) e floresta de transição (Ft). Sp: número total de espécies ocorrentes na fisionomia. Figure 2. Venn diagram produced from the number of unique and shared species in the restinga vegetation of the Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil. Herb restinga (Rh), Shrub restinga (Ra), Shrub-tree restinga (Raa), and Transition forest (Ft). Sp: total number of species occurring in the vegetation.
Tabela 2
Comparação entre as diferentes classes de solo em relação à riqueza de espécies vegetais, famílias mais representativas e índice de diversidade de Shannon (H’) das formações da restinga do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, SC, Brasil. restinga herbácea (Rh), restinga arbustiva (Ra), restinga arbustivo-arbórea (Raa) e floresta de transição (Ft). H’: índice de diversidade de Shannon. Comparison of different types of soil in relation to plant species richness, most representative families, and Shannon diversity index (H’) of the restinga vegetation of the Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil. Herb restinga(Rh), Shrub restinga (Ra), Shrub-tree restinga (Raa), and Transition forest (Ft). H’: index of diversity of Shannon.

Uma nítida diferenciação florística entre as formações de restinga foi revelada pela baixa similaridade de Jaccard (figura 3). Entre Rh e Ra ocorreram apenas 11 espécies em comum, representando 7% das espécies amostradas nestas formações, com índice de similaridade de Jaccard de 0,100. Ra e Raa compartilharam 15 espécies, resultando num índice de similaridade de 0,207, o que representa 8% das espécies amostradas nestas formações. Um total de 32 espécies ocorreu simultaneamente entre Raa e Ft. O índice de similaridade para estas duas formações foi de 0,230, o que contribuiu com 12% do total de espécies nestas áreas. Os valores do índice de diversidade de Shannon mostraram que o ambiente florestal, sobre solo com alto teor de matéria orgânica (MO), é mais diverso (3,29) quando comparado às demais formações (tabela 2). Ao contrário do esperado, o segundo maior índice (2,89) foi observado em Rh sobre Neossolo Quartzarênico. O menor índice foi apresentado pela formação de Ra (2,47), desenvolvida sobre Espodossolo.

Figura 3
Dendrograma de similaridade florística entre as classes de solo associadas às formações da restinga do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil. Restinga herbácea (Rh), restinga arbustiva (Ra), restinga arbustivo-arbórea (Raa) e floresta de transição (Ft). Figure 3. Dendrogram of floristic similarity between the soil classes associated to the restinga vegetation of the Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil. Herb restinga(Rh), shrub restinga (Ra), shrub-tree restinga(Raa) and transition forest (Ft).

As espécies de maior importância na estrutura das comunidades, apesar de apresentarem ranqueamento distinto entre os valores de importância obtidos no levantamento fitossociológico e nos resultados gerados pelo método do valor indicador (indval), foram, na sua maioria, as mesmas (tabelas 3 e 4). Desta forma, as cinco espécies mais características de cada fisionomia foram: Smilax campestris, Scaevola plumieri, Canavalia rosea, Stylosanthes viscosa e Blutaparon portulacoides em Rh; Guapira opposita, Myrcia pulchra, Norantea brasiliensis, Clusia criuva e Psidium cattleianum em Ra; Ocotea pulchella, Pera glabrata, Ternstroemia brasiliensis, Myrsine venosa e Ilex theezans em Raa; e Calophyllum brasiliense, Alchornea triplinervia, Nectandra oppositifolia, Schinus terebinthifolius e Andira fraxinifolia em Ft.

Tabela 3
Espécies amostradas na formação de restinga herbácea do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil, em ordem decrescente de VC. Número de indivíduos (Ni), freqüência absoluta (FA %), freqüência relativa (FR %), cobertura absoluta (CA %), cobertura relativa (CR %), valor de cobertura (VC %), valor indicador (Indv %) e nível de significância do valor indicador (p). Species sampled in the herb restinga vegetation of the Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil, in descending order of VC. Number of individuals (Ni), absolute frequency (FA %), relative frequency (FR %), absolute coverage (CA %), relative coverage (CR %), coverage value (VC %), indicator value (Indv %), and level of significance of the indicator value (p)
Tabela 4
Espécies amostradas nas formações de restinga arbustiva, restinga arbustivo-arbórea e floresta de transição do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil, em ordem decrescente de VI. Número de indivíduos (Ni), freqüência absoluta (FA %), freqüência relativa (FR %), densidade absoluta (DA ind ha-1), densidade relativa (DR %), dominância absoluta (DoA m2 ha-1), dominância relativa (DoR %), valor de importância (VI), valor indicador (Indv %) e nível de significância do valor indicador (p). Species sampled in the Shrub restinga (Ra), Shrub-tree restinga (Raa), and Transition forest (Ft) vegetation of the Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil, in descending order of VI. Number of individuals (Ni), absolute frequency (FA %), relative frequency (FR %), absolute density (DA ind ha-1), relative density (DR %), absolute dominance (DoA m2 ha-1), relative dominance (DoR %), importance value (VI ), indicator value (Indv %), and level of significance of the indicator value (p).

A riqueza de espécies registrada neste estudo, exibida pelo índice de diversidade de Shannon, mostrou-se expressiva quando comparada a outras áreas de restinga estudadas no Estado, principalmente para as fisionomias da restinga herbácea (Cordazzo & Costa 1989Cordazzo, C.V. & Costa, C.S.B. 1989. Associações vegetais das dunas frontais de Garopaba (SC). Ciência e Cultura 41: 906-910., Souza et al. 1992Souza, M.L.E.R., Falkenberg, D.B., Amaral, L.G., Fronza, M., Araújo, A.C. & Sã, M.R. 1992. Vegetação do pontal da Daniela, Florianópolis, SC, Brasil. I.levantamento florístico e mapa fitogeográfico. Insula 21: 87-117., Castellani et al. 1995Castellani, T.T., Folchini, R. & Scherer, K.Z. 1995. Variação temporal da vegetação em um trecho de baixada úmida entre dunas, Praia da Joaquina, Florianópolis, SC. Insula 24: 37-72., Falkenberg 1999Falkenberg, D.B. 1999. Aspectos da flora e da vegetação secundária da restinga de Santa Catarina, sul do Brasil. Insula 28: 1-30., Daniel 2006Daniel, R.B. 2006. Florística e fitossociologia da restinga herbáceo-arbustiva do Morro dos Conventos, Araranguá, SC. Dissertação de Mestrado, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma., Guimarães 2006Guimarães, T.B. 2006. Florística e fenologia reprodutiva de plantas vasculares na restinga do Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis., Klein et al. 2007Klein, A.S., Citadini-Zanette, V. & Santos, R. 2007. Florística e estrutura comunitária de restinga herbácea no município de Araranguá, Santa Catarina. Biotemas 20: 15-26.) e da restinga arbustiva (Danilevicz et al. 1990Danilevicz, E., Janke, H. & Pankowski, L.H.S. 1990. Florística e estrutura da comunidade herbácea e arbustiva da praia do Ferrugem, Garopaba, SC. Acta Botanica Brasilica 4: 21-34., Korte et al. 2013Korte, A., Gasper, A.L., Kruger, A., Sevegnani, L. 2013. Composição florística e estrutura das restingas de Santa Catarina. In: A. C. Vibrans, L. Sevegnani, A. L. Gasper & D. V. Lingner (eds.). Inventário florísico florestal de Santa Catarina: floresta ombrófila densa. v. 4. Edifurb, Blumenau, pp. 285-309.). Os componentes arbustivo-arbóreo e florestal apresentaram riqueza similar quando comparados ao levantamento realizado em área de planície quaternária do município de Volta Velha, SC (Negrelle 2006). De maneira geral, a riqueza de espécies aumentou em direção à formação florestal; mas em Ra, a baixa diversidade pode decorrer da pequena extensão territorial ocupada por esta fisionomia, além dos fatores edáficos restritivos. As famílias com maior número de espécies (Asteraceae, Fabaceae, Myrtaceae, Rubiaceae e Poaceae) são típicas de outras áreas de restinga dos Estados do sul do Brasil (Silva 1990Silva, S.M. 1990. Composição floristica e fitossociologia de um trecho de floresta de restinga na ilha do Mel, município de Paranaguá. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas., Santos et al. 2012Santos, R., Silva, R.C., Pacheco, D., Martins, R. & Citadini-Zanette, V. 2012. Florística e estrutura do componente arbustivo-arbóreo de mata de restinga arenosa no parque estadual de Itapeva, Rio Grande do Sul. Revista Árvore 36: 1047-1059., Korte et al. 2013Korte, A., Gasper, A.L., Kruger, A., Sevegnani, L. 2013. Composição florística e estrutura das restingas de Santa Catarina. In: A. C. Vibrans, L. Sevegnani, A. L. Gasper & D. V. Lingner (eds.). Inventário florísico florestal de Santa Catarina: floresta ombrófila densa. v. 4. Edifurb, Blumenau, pp. 285-309.). Entre estas famílias, Myrtaceae e Fabaceae têm elevada riqueza de espécies em áreas de restinga localizadas nas regiões sudeste, nordeste e norte do país (Oliveira-Filho & Carvalho 1993Oliveira-Filho, A.T. & Carvalho, D.A. 1993. Florística e fisionomia da vegetação no extremo norte do litoral da Paraíba. Revista Brasileira de Botânica 16: 115-130., Pereira et al. 2001Pereira, M.C.A., Araujo, D.S.D. & Pereira, O.J. 2001. Structure of a scrub community of restinga of Barra de Marica - RJ, Rio de Janeiro - Brazil. Revista Brasileira de Botânica 24: 237-281., Assis et al. 2004Assis, A.M., Thomaz, L.D. & Pereira, O.J. 2004. Florística de um trecho de floresta de restinga no município de Guarapari, Espírito Santo, Brasil. Acta Botanica Brasilica 18: 191-201., Guedes et al. 2006Guedes, D., Barbosa, L.M. & Martins, S.E. 2006. Composição florística e estrutura fitossociológica de dois fragmentos de floresta de Restinga no Município de Bertioga, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 299-311., Almeida Jr. & Zickel 2009Almeida Jr., E.B. & Zickel, C.S. 2009. Fisionomia psamófila-reptante: riqueza e composição de espécies na praia da Pipa, Rio Grande do Norte, Brasil. Pesquisas, Botânica 60: 289-299., Sá & Araujo 2009Sá, C.F.C. & Araujo, D.S.D. 2009. Estrutura e florística de uma floresta de restinga em ipitangas, Saquarema, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia 60: 147-170., Dantas et al. 2010Dantas, T.V.P., Nascimento-Júnior, J.E., Ribeiro, A.S. & Prata, A.P.N. 2010. Florística e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea das Areias Brancas do Parque Nacional Serra de Itabaiana/Sergipe, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 33: 575-588., Silva et al. 2010Silva, R.M., Mehlig, U., Santos, J.U.M. & Menezes, M.P.M. 2010. The coastal restinga vegetation of Pará, Brazilian Amazon: a synthesis. Revista Brasileira de Botânica 33: 563-573., Almeida Jr. et al. 2011Almeida Jr., E.B. & Zickel, C.S. 2009. Fisionomia psamófila-reptante: riqueza e composição de espécies na praia da Pipa, Rio Grande do Norte, Brasil. Pesquisas, Botânica 60: 289-299., Giareta et al. 2013Giaretta, A., Menezes, L.F.T. & Pereira, O.J. 2013. Structure and floristic pattern of a coastal dunes in southeastern Brazil. Acta Botanica Brasilica 27: 87-107.). Estas famílias são reconhecidas como umas das principais famílias neotropicais (Gentry 1988Gentry, A. 1988. Changes in plant community diversity and floristic composition on environmental and geographical gradients. Annals of the Missouri Botanical Garden 75: 1-34.), com grande representatividade na vertente costeira da Mata Atlântica (Salimon & Negrelle 2001Salimon, C.I. & Negrelle, R.R.B. 2001. Natural regeneration in a quaternary coastal plain in Southern brazilian Atlantic rain forest. Brazilian Archives of Biology and Technology 44: 155-163.) e que melhor caracterizam a flora das restingas do Brasil (Klein 1982Klein, R.M. 1982. A importância sociológica das mirtáceas nas florestas rio grandenses. Silvicultuta 16-A., Araujo & Henriques 1984). Assim, a área de estudo tem uma das áreas contínuas de restinga mais bem preservadas do Estado, com vegetação distribuída em distintas formações e estrutura de comunidades bem demarcadas pelo gradiente edáfico.

As espécies com maior valor de importância em cada formação corroboram os resultados obtidos por outros estudos de estrutura comunitária em restingas do Estado de Santa Catarina de outros Estados da costa brasileira (Assumpção & Nascimento 2000Assumpção, J. & Nascimento, M.T. 2000. Estrutura e composição florística de quatro formações vegetais de restinga no complexo lagunar Grussaí/Iquipari, São João da Barra, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica 14: 301-315., Menezes et al. 2012Menezes, C.M., Espinheira, M.J.C.L., Dias, F.J.K. & Silva, V.I.S. 2012. Composição florística e fitossociologia de trechos da vegetação praial dos litorais norte e sul do estado da Bahia. Revista Biociências 18: 35-41., Korte et al. 2013Korte, A., Gasper, A.L., Kruger, A., Sevegnani, L. 2013. Composição florística e estrutura das restingas de Santa Catarina. In: A. C. Vibrans, L. Sevegnani, A. L. Gasper & D. V. Lingner (eds.). Inventário florísico florestal de Santa Catarina: floresta ombrófila densa. v. 4. Edifurb, Blumenau, pp. 285-309.).

Estrutura Edáfica - O teste de Mantel (r= 0,6; p< 0,001) indicou que há um gradiente edáfico correlacionado com a diversidade e a estrutura das formações de restinga. As variáveis de solo mais relacionadas para explicar as variações nas comunidades foram os teores de matéria orgânica (MO), acidez potencial (H + Al) e a espessura da serapilheira.

A análise de componentes principais (PCA) mostrou que os dois primeiros componentes explicaram 89% da variância total dos dados analisados e permitiram a separação das fisionomias de restinga e as suas espécies típicas. As diferenças entre as fisionomias do gradiente de restinga estudado foram mais influenciadas pelas variações nos teores de matéria orgânica (MO), potássio (K), acidez potencial (H + Al), capacidade de troca catiônica (CTC) e espessura da serapilheira, as quais foram positivamente correlacionadas (figura 4, tabela 5). A análise de escalonamento multidimensional não-métrico (NMDS) demonstrou que as formações, apesar de compartilharem algumas espécies, são estruturalmente diferentes entre si (stress = 0,034) (figura 5).

Figura 4
Análise de componentes principais (PCA) mostrando a diferença das formações da restinga do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil, em relação às características do solo. As variáveis mais relacionadas com cada componente principal, assim como a explicação e os autovalores dos dois primeiros componentes principais, são mostradas na figura. Restinga herbácea (Rh), restinga arbustiva (Ra), restinga arbustivoarbórea (Raa), floresta de transição (Ft), Comp1 (componente principal 1), Comp 2 (componente principal 2), matéria orgânica (MO), potássio (K), acidez potencial (H + Al), capacidade de troca catiônica (CTC), espessura da serapilehira (ser), saturação por bases (V), soma de bases (SB), magnésio (Mg) e cálcio (Ca). Figure 4. Principal component analysis (PCA) showing the difference of the restinga vegetation of the Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil, in relation to soil characteristics. The variables related to each main component, the eigenvalues , and the explanation of the first two principal components are shown in the figure. Herb restinga (Rh), shrub restinga (Ra), shrub-tree restinga (Raa), transition forest (Ft), Comp1 (principal component 1), Comp 2 (principal component 2), organic matter (MO), potassio (K), potential acidity (H + Al), ion exchange capacity (CTC), litter thickness (ser), base saturation (V), soma of bases (SB), magnesium (Mg), and calcium (Ca).
Figura 5
Ordenação NMDS da diferença das comunidades entre as formações da restinga do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil. Restinga herbácea (Rh), restinga arbustiva (Ra),restinga arbustivo-arbórea (Raa) e floresta de transição (Ft). Figure 5. NMDS ordination of the difference among the communities of the restinga vegetation of the Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil. Herb restinga (Rh), shrub restinga (Ra), shrub-tree restinga (Raa) and transition forest (Ft).
Tabela 5
Variáveis químicas do solo (n = 3), salinidade (n = 3), espessura da serapilheira (n = 25), umidade gravimétrica (n = 15) das classes de solo e formações e correlação entre as variáveis de solo representadas pelos componentes 1 e 2 obtidos pela PCA, da restinga do Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina, Brasil. Restinga herbácea (Rh), restinga arbustiva (Ra), restinga arbustivo-arbórea (Raa), floresta de transição (Ft), Comp1 (componente principal 1), Comp 2 (componente principal 2), fósforo (P), potássio (K), sódio (Na), magnésio (Mg), acidez potencial (H + Al), soma de bases (SB), capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e matéria orgânica (MO). Soil chemical variables (n = 3), saline (n = 3), accumulation of litter (n = 25), and gravimetric moisture (n = 15) of soil and vegetation types, and correlation between soil variables represented by components 1 and 2 obtained by PCA, in the restinga of the Parque Estadual do Acaraí, São Francisco do Sul, Santa Catarina State, Brazil. Herb restinga(Rh), Shrub restinga (Ra), Shrub-tree restinga(Raa), Transition forest (Ft), Comp1 (principal component 1), Comp 2 (principal component 2), phosphorus (P), potassio (K), sodium (Na), magnesium (Mg), potential acidity (H + Al), sum of bases (SB), ion exchange capacity (CTC), base saturation (V), and organic matter (MO).

A análise química dos solos de restinga (tabela 5) mostrou que a acidez do solo aumentou gradativamente do cordão arenoso pós-praia (Rh) em direção à floresta de transição (Ft). Assim, o pH é de início moderadamente ácido e finaliza na floresta como extremamente ácido. Os valores de fósforo (P) e potássio (K) disponíveis foram mais elevados em Ft. O teor de fósforo (P) mais baixo foi encontrado no solo de Raa e de potássio (K) no solo de Rh. Os teores de alumínio (íons Al3+ em H + Al) foram crescentes ao longo do gradiente. Os valores de sódio (Na) foram muito elevados na Ft, sendo o maior valor obtido para este elemento dentre as formações estudadas. Já o cálcio (Ca) mostrou resultado contrário ao sódio (Na) para todas as fisionomias com exceção da Raa, que exibiu os menores valores de sódio (Na) e cálcio (Ca). Os teores de matéria orgânica (MO) foram crescentes no sentido Rh - Ft. O mesmo padrão ocorreu com a espessura da serapilheira, o que justifica os valores de matéria orgânica (MO) encontrados ao longo do gradiente. Influenciada pelo teor de matéria orgânica (MO), a capacidade de troca catiônica (CTC) foi efetivamente superior na Ft. Quanto à disponibilidade de água nos solos, representada pela umidade gravimétrica, apenas o solo de Ft, de natureza hidromórfica, apresenta aporte hídrico satisfatório quando comparado ao solo das demais formações.

A análise química do solo evidenciou o caráter oligotrófico dos solos das formações de restinga estudadas, conforme o esperado para as restingas brasileiras (Araujo 1987). Exceção se faz ao solo da formação florestal que exibiu comparativamente valores mais elevados para a maior parte dos nutrientes analisados, quando comparado às demais formações. As variações edáficas demonstraram, por meio da PCA, haver diferenças significativas entre as formações de restinga, sendo algumas variáveis mais importantes para essa distinção. Assim, o solo tornou-se um fator chave para a composição florística da vegetação de restinga (Silva 1990Silva, S.M. 1990. Composição floristica e fitossociologia de um trecho de floresta de restinga na ilha do Mel, município de Paranaguá. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.), a qual também sofre grande influência pela proximidade do mar e pelo constante déficit hídrico, limitantes, principalmente, à colonização das espécies nas formações imediatas à praia (Daniel 2006Daniel, R.B. 2006. Florística e fitossociologia da restinga herbáceo-arbustiva do Morro dos Conventos, Araranguá, SC. Dissertação de Mestrado, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma.), como observado pela menor diversidade na Rh e Ra neste estudo.

O pH ácido do solo na área de estudo é tido como um fator que pode afetar o estabelecimento das comunidades vegetais (Santos-Filho et al. 2013Santos-Filho, F.S., Almeida Jr., E.B. & Zickel, C.S.2013. Do edaphic aspects alter vegetation structures in the Brazilian restinga? Acta Botanica Brasilica 27: 613-623.) e reduzir as taxas de decomposição no solo (Silva 1990Silva, S.M. 1990. Composição floristica e fitossociologia de um trecho de floresta de restinga na ilha do Mel, município de Paranaguá. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.), o que justifica o maior teor de matéria orgânica (MO) obervado no Espodossolo na Ft.

Quanto mais ácido o pH, maior será a concentração de alumínio sob a forma de cátion trocável, o qual pode se tornar tóxico às plantas quando em alta concentração (Silva 1990Silva, S.M. 1990. Composição floristica e fitossociologia de um trecho de floresta de restinga na ilha do Mel, município de Paranaguá. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.). A presença de alumínio associada a baixos níveis de cálcio dificulta a absorção de água e a captura de nutrientes pelas plantas, provocando o desenvolvimento de um sistema radicial superficial (Casagrande 2003Casagrande, J.C. 2003. Considerações sobre recuperação da fertilidade do solo para áreas degradadas. In : Anais do Seminário Temático sobre Recuperação de Áreas Degradadas, São Paulo, pp. 92-93.), como percebido na vegetação de todas as fisionomias de restinga estudadas. Além disso, o alumínio é responsável por precipitar o fósforo, tornando-o insolúvel no solo, o que pode acarretar o déficit de fósforo nas plantas (Sutcliffe & Baker 1989Sutcliffe, J.F. & Baker, D.A. 1989. As plantas e os sais minerais. EPU, São Paulo.).

Por outro lado, áreas com maior teor de matéria orgânica são mais propensas ao desenvolvimento de plantas lenhosas, cuja fertilidade associada à disponibilidade de água nos solos determina as diferenças florísticas e estrututrais das formações (Silva & Somner 1984Silva, J.G. & Somner, G.V. 1984. The vegetation of the restinga at Barra de Marica, RJ. In : L. D. Lacerda et al. (eds.). Restingas: origem, estrutura e processos. CEUFF, Niterói, pp. 217-225., Sztutman & Rodrigues 2002Sztutman, M. & Rodrigues, R.R. 2002. O mosaico vegetacional numa área de floresta contínua da planície litorânea, Parque Estadual de Campina do Encantado, Pariquera-Açu, SP. Revista Brasileira de Botânica 25: 161-176., Cestaro & Soares 2004Cestaro, L.A. & Soares, J.J. 2004. Floristic and structural variations, and the phytogeographical relationships of a deciduous forest fragment in Rio Grande do Norte State, Brazil. Acta Botanica Brasilica 18: 203-218., Almeida Jr. et al. 2009Almeida Jr., E.B. & Zickel, C.S. 2009. Fisionomia psamófila-reptante: riqueza e composição de espécies na praia da Pipa, Rio Grande do Norte, Brasil. Pesquisas, Botânica 60: 289-299.). Os resultados obtidos pela PCA neste estudo suportam essa hipótese, mostrando a forte influência da matéria orgânica (MO) na organização das comunidades de restinga, apesar da umidade gravimétrica não ter sido responsável pelo arranjo das formações estudadas. Associado a isso, ocorre o aumento progressivo na espessura da serapilheira ao longo do gradiente de restinga em direção Ft, que representa a matéria orgânica a ser decomposta no sistema para liberação de nutrientes disponíveis no solo.

Os teores de matéria orgânica (MO) mostraram relação proporcional com a capacidade de troca catiônica (CTC), sendo os maiores valores na Ft sobre Espodossolo, decrescendo abruptamente ao longo do gradiente em direção ao Neossolo Quartzarênico na Rh. Em ambientes de restinga, o teor de matéria orgânica é o principal responsável pelo aumento da capacidade de troca catiônica que, por sua vez, contribui para a retenção de nutrientes no solo (Ruivo et al. 2005Ruivo, M.L.P., Amaral, I.G., Faro, M.P.S., Ribeiro, E.L.C., Guedes, A.L.S. & Santos, M.M.L.S. 2005. Caracterização química da manta orgânica e da matéria orgânica leve em diferentes tipos de solo em uma toposseqüência na ilha de Algodoal/Maiandeua, PA. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Ciências Naturais 1: 227-234., Guedes et al.2006Guedes, D., Barbosa, L.M. & Martins, S.E. 2006. Composição florística e estrutura fitossociológica de dois fragmentos de floresta de Restinga no Município de Bertioga, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20: 299-311.). Desta forma, a CTC representa a capacidade de liberação de nutrientes, propiciando a manutenção da fertilidade do solo por um período prolongado (Ronquim 2010Ronquim, C.S. 2010. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais. EMBRAPA, Campinas.).

O teor de potássio (K) também foi crescente ao longo do gradiente e preditor das diferenças entre as formações de restinga. Este nutriente exerce grande efeito sobre o metabolismo das plantas e pode influenciar positivamente a produção de matéria seca (Andrade et al. 2010Andrade, A.C., Fonseca, D.M., Gomide, J.A., Alvarez, V.H., Martins, C.E. & Souza, D.P.H. 2010. Produtividade e valor nutritivo do capim-elefante cv. napier sob doses crescentes de nitrogênio e potássio. Revista Brasileira de Zootecnia 29: 1589-1595.). Em solos com maior concentração de sódio, como o observado nos solos da restinga estudada, o potássio pode atenuar os efeitos nocivos causados pela salinidade, reduzindo as taxas de transporte de sódio no xilema e sua acumulação nos órgãos aéreos das plantas (Rodrigues et al. 2012Rodrigues, C.R.F., Silveira, J.A.G., Silva, E.N., Dutra, A.T.B. & Viégas, R.A. 2012. Transporte e distribuição de potássio atenuam os efeitos tóxicos do sódio em plantas jovens de pinhão-manso. Revista Brasileira de Ciência do Solo 36: 223-232.).

Resultados semelhantes aos atributos de solo aqui discutidos foram descritos para outras áreas de restinga da costa brasileira, indicando, dentre outras variáveis edáficas, a matéria orgânica como fator de grande contribuição na diferenciação da composição de espécies e dos padrões estruturais encontrados (Magnago et al. 2010Magnago, L.F.S., Martins, S.V., Schaefer, C.E.G.R. & Neri, A.V. 2010. Gradiente fitofisionômico-edáfico em formações florestais de restinga no sudeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica 24: 734-746., Almeida Jr. et al. 2011Almeida Jr., E.B., Santos-Filho, F.S., Araújo, E.L. & Zickel, C.S. 2011. Structural characterization of the woody plants in restinga of Brazil. Journal of Ecology and the Natural Environment 3: 95-103., Santos-Filho et al. 2013Santos-Filho, F.S., Almeida Jr., E.B. & Zickel, C.S.2013. Do edaphic aspects alter vegetation structures in the Brazilian restinga? Acta Botanica Brasilica 27: 613-623.).

O conjunto de informações obtidas neste estudo sugere que, dentre as variáveis ambientais aqui consideradas, determinados componentes do solo, com destaque à matéria orgânica (MO) e à espessura da serapilheira, tiveram maior influência sobre a distribuição das espécies e o padrão estrutural das comunidades vegetais, explicando as variações observadas entre as formações.

O conhecimento sobre as influências pedológicas como fatores ambientais condicionantes ao desenvolvimento das comunidades vegetais em ambientes de restinga reforça o pressuposto de que tais comunidades dependem mais da natureza do solo do que do clima. Deste modo, a diversidade florística da planície litorânea, formada por zonas ecológicas estruturalmente complexas e limitada pelos fatores ambientais estressantes, está aclimatada a este ambiente peculiar e se reveste de grande importância biológica. Sob a perspectiva da conservação, torna-se necessário ampliar o esforço de conservação do ambiente de restinga no Estado de Santa Catarina, incrementando os estudos em remanescentes ainda não pesquisados como subsídio às políticas de criação de novas áreas para conservação da biodiversidade das restingas.

Agradecimentos

Este trabalho teve apoio financeiro à coautora, concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo n. 309386/2007-1. Agradecemos aos sistematas Anderson Santos de Mello, Rafael Trevisan e Osmar dos Santos Ribas, pelo auxílio na identificação das espécies e ao Prof. André Adrian Padial, pelo suporte nas análises estatísticas.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    07 Ago 2014
  • Aceito
    16 Dez 2014
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