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RBCI: Um Espaço para Inovações

A Cardiologia Intervencionista tem como marca a adoção de tecnologias inovadoras, que progressivamente têm modificado o cenário do tratamento das doenças cardiovasculares, em especial as patologias mais complexas, hoje abordadas com sucesso de forma menos invasiva. Stents farmacológicos de última geração, suportes vasculares biorreabsorvíveis, métodos de imagem de ponta, como a tomografia de coerência óptica, próteses para o tratamento percutâneo de cardiopatias estruturais, valvulares e congênitas, todos fazem parte do conteúdo oferecido pela Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI) a cada edição. Este fascículo não foge à regra e apresenta um painel abrangente da aplicação dessas novas tecnologias, como veremos a seguir.

Chamié et al., do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo (SP), mostram, em investigação inédita, a incidência e a evolução das dissecções de bordas após o implante de suportes vasculares biorreabsorvíveis, próteses com alto perfil, hastes mais espessas, e que requerem técnica mais rigorosa para seu implante. Descrevem em detalhes os aspectos morfométricos qualitativos e quantitativos das dissecções, e a evolução do processo de cicatrização, com imagens seriadas de alta resolução da tomografia de coerência óptica.

Siqueira et al., do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hospital do Coração Associação do Sanatório Sírio, este também localizado em São Paulo (SP), mostram o impacto da curva de aprendizado na seleção de pacientes, aspectos técnicos e resultados clínicos do implante por cateter de prótese aórtica, do grupo multidisciplinar com a maior experiência em nosso meio nesse procedimento. Utilizando próteses como a CoreValve®, a Edwards SAPIEN XT® e a Acurate TF®, os autores demonstraram a diminuição da quantidade de contraste utilizado durante a intervenção com a implementação de protocolos específicos para a obtenção de imagens, e a redução dos tempos de procedimento e fluoroscopia com a maior competência adquirida. Adicionalmente, obtiveram a redução da mortalidade em 30 dias para 4% e diminuição do tempo de internação para 6,8 ± 3,3 dias no grupo mais recentemente tratado.

Souza et al. apresentam subanálise do estudo iWonder, realizado no Hospital São Paulo da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, em São Paulo (SP). Foi feita uma caracterização morfológica, por meio do ultrassom intracoronário, em escala de cinzas, e tecidual, com a tecnologia iMAP®, das lesões culpadas em pacientes com infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST tratados com fibrinolíticos. Tratase de estudo de relevância, já que muito ainda se discute a respeito da composição das placas ateroscleróticas que evoluem de uma situação estável para instável, com a consequente deflagração do evento trombótico e a isquemia coronariana subsequente.

Bergoli et al., do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, em Porto Alegre (RS), avaliaram se o volume plaquetário médio pode predizer o fluxo coronariano do vaso tratado, bem como os desfechos cardiovasculares adversos, em pacientes com infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST submetidos à intervenção coronária percutânea primária. O volume plaquetário médio, calculado automaticamente pela maioria dos equipamentos que fazem a contagem de células do sangue, é um método simples, barato e facilmente disponível em regime hospitalar e ambulatorial.

Ribeiro et al. trazem estudo multicêntrico com o implante percutâneo da válvula Melody®, desenvolvido para tratar disfunções das válvulas pulmonares em condutos protéticos e prolongar sua vida útil. Detalhes técnicos do procedimento com suas respectivas imagens acompanham os resultados dessa experiência inicial em nosso meio. Piazza, Butera e Carminati, do Policlinico San Donato IRCCS, na cidade italiana de San Donato Milanese, em editorial relacionado, comentam os dados da literatura, a limitação atual da utilização do dispositivo e seu uso off-label justificado em alguns cenários. Saúdam, por fim, os resultados do estudo, alinhados com a experiência internacional.

Outros artigos originais desta edição abordam assuntos variados como os resultados dos pacientes tratados no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia no estudo OPTIMIZE; os resultados do ultrassom intracoronário da comparação dos stents farmacológicos eluidores de everolimus com polímero durável e de biolimus A9 com polímero bioabsorvível; o impacto da injúria arterial, avaliada pela relação balão/artéria, no volume de obstrução neontimal, após o implante de stents farmacológicos com eluição de zotarolimus; o impacto do escore SYNTAX no prognóstico de pacientes com doença coronária multiarterial tratados por intervenção percutânea no Registro SAFIRA; os resultados dos pacientes portadores de comunicação interatrial tipo ostium secundum de pequenas dimensões submetidos ao fechamento percutâneo; e a experiência com a punção da artéria axilar como via de acesso para o tratamento percutâneo de pacientes com coarctação da aorta e peso < 25 kg.

Por fim, artigo de revisão de Athayde et al., da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte (MG), apresenta um retrospecto da aplicação do balão farmacológico na doença arterial coronária, apontando os tipos de dispositivos atualmente disponíveis, discutindo os estudos mais relevantes nos diversos cenários clínicos e descrevendo as atuais recomendações para seu uso.

Boa leitura!

Áurea J. Chaves

Editora

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2014
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