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2021: entre restrições e retrocessos, razões para comemorar

Prezados leitores,

Este ano termina, como tem sido nos últimos anos, com o enfrentamento de muitas dificuldades e multiplicados desafios. Apesar do avanço nas vacinas, foi um ano que ainda enfrentou os fantasmas oriundos da crise sanitária iniciada em 2020 (vide as novas variantes do coronavírus que se propagam pelo mundo). Além dos impactos no campo da saúde e nos âmbitos econômico e político, a crise atual revelou consequências psicossociais e de saúde mental significativas, um quadro que tem chamado a atenção dos estudiosos: “Embora o impacto da disseminação do coronavírus para as doenças psíquicas ainda esteja sendo mensurado, as implicações para a saúde mental em situações como a que estamos vivendo já foram relatadas na literatura científica” (BRASIL, [2020?]BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Saúde mental e a pandemia de Covid-19. [2020?]. Disponível em: Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/saude-mental-e-a-pandemia-de-covid-19/#footer . Acesso em: 20 dez. 2021.
https://bvsms.saude.gov.br/saude-mental-...
, par. 2).

Contudo, ao fazermos um balanço geral, como é próprio dos finais de ano, percebemos que ainda há o que comemorar. Comemoramos por não termos esmorecido, por termos firmado boas parcerias, por fortalecermos vínculos importantes, por termos adquirido novos conhecimentos em nosso campo de atuação, por termos parceiros leais com quem podemos contar, etc. Aproveitamos para agradecer àqueles que têm confiado o resultado de suas pesquisas ao nosso periódico, apesar de toda crise que ele enfrenta, tornada pública em nossas políticas editoriais. Nosso agradecimento especial, e mais uma vez (e sempre), aos pareceristas ad hoc, peças fundamentais para o nosso trabalho, colegas que nos auxiliam, de forma silenciosa e generosa, no trabalho de divulgação do conhecimento científico. A luta para manter a revista dentro do padrão de qualidade que almejamos é muito grande e envolve muitos atores/fatores. Mas até aqui tem vencido os frutos do nosso empenho em divulgar os estudos no campo da psicologia de forma transdisciplinar, lutando para que esse conhecimento continue sendo gratuito, democrático e acessível a todos os que se interessarem por nossa área de pesquisa.

O presente volume se abre com o artigo Uma crítica às facetas da medicalização pela gestão de riscos, de Flávia Cristina Silveira Lemos, Maria Lívia do Nascimento e Dolores Galindo. As autoras tomam os aportes conceituais da filosofia, psicologia, educação, sociologia e história para problematizar a medicalização pela gestão dos riscos, na educação, na cidade, no trabalho e na família.

Um olhar errante sobre as intervenções urbanas em Porto Alegre, de Guilherme Augusto Flach e Simone Mainieri Paulon, objetiva explorar as intervenções urbanas na cidade de Porto Alegre e seus efeitos sobre os modos de vida na cidade.

Sexualidade no envelhecimento: relatos de idosos, de Izabella Lenza Crema e Rafael De Tilio, apresenta o resultado de entrevistas realizadas com idosos da Universidade Aberta à Terceira Idade de uma cidade da região do Triângulo Mineiro. O estudo toma o conceito de gênero para observar como se constroem os discursos sobre masculinidade e feminidade entre os idosos entrevistados.

“Desaprender 8 horas por dia”: psicologia e saúde indígena, de Catia Paranhos Martins, traz uma cartografia realizada a partir das experiências profissionais da autora como docente de psicologia e como trabalhadora da atenção e da gestão do Sistema Único de Saúde com os povos Kaiowá e Guarani da região de Dourados, em Mato Grosso do Sul.

Estratégias defensivas contra o sofrimento psíquico entre trabalhadores, de Wellington Lima Amorim, Ana Flavia Moura Carvalho e Rachel Vianna Leão, avalia o perfil do trabalhador de sucesso, o sofrimento presente no contexto do trabalho e como Dejours e Nietzsche percebem tragicamente o sofrimento, como inerente à vida.

Gênero, saúde e prisão: maternidades possíveis no contexto prisional, de Marina Corbetta Benedet e Ana Beatriz Medeiros, apresenta reflexões sobre um estágio voltado para a atenção integral à saúde da mulher no contexto de privação de liberdade. O estudo aborda o relato de experiência das atividades desenvolvidas, tomando como base de análise as proposições da Análise de Discurso do Círculo de Bakhtin.

Oficinas terapêuticas em saúde mental: pesquisando COM a Teoria Ator-Rede, de Jackeline Sibelle Freires Aires, Keyth Vianna e Alexandra Tsallis, descreve uma experiência vivida em uma Oficina Terapêutica desenvolvida em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), tomado como um dispositivo fundamental para a Reforma Psiquiátrica e para o cuidado em Saúde Mental pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Necropolítica e objetivação da vida: aniquilação e mercantilização do criminoso, de Paula de Melo Ribeiro, aborda a questão do enfrentamento do comércio de drogas ilícitas no Brasil e a criminalização da pobreza. O objetivo é apontar a concomitância de duas práticas dirigidas aos negros e pobres, potencialmente considerados como perigosos.

COVID-19: psychosocial impact and mental health in Latin America, de Miguel Gallegos, Andrés J. Consoli, Ilka Franco Ferrari, Mauricio Cervigni, Viviane de Castro Peçanha, Pablo Martino, Tomás Caycho-Rodríguez e Anastasia Razumovskiy, analisou diferentes documentações e estudos sobre saúde mental, com o objetivo de resgatar os diversos problemas detectados durante a pandemia de COVID-19, considerando que esta teve impactos não apenas na saúde ou nos âmbitos econômico e político, mas também acarretou consequências psicossociais e de saúde mental significativas no mundo atual.

Desejamos a todos uma boa leitura e um excelente ano de 2022!

Referência

Editado por

Editora interina de Fractal: Revista de Psicologia

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Fev 2022
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2021
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