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Status relacional fronteiriço em dois jornais da fronteira Brasil-Argentina

Estado relacional fronterizo en dos periódicos de la frontera Brasil-Argentina

Resumo

Este artigo apresenta parte de pesquisa sobre como os jornais fronteiriços Folha de São Borja (1970-) e Unión (1977-2010) cobriram dois adventos na travessia do Rio Uruguai entre São Borja (Rio Grande do Sul, Brasil) e Santo Tomé (Corrientes, Argentina): a abertura dos respectivos portos para importações e exportações (1982) e a construção da Ponte Internacional da Integração (1997). O artigo destaca a categoria “status relacional fronteiriço”, proposta para obter indícios do posicionamento acerca da fronteira e dos contatos com o país vizinho a partir dos textos publicados nos jornais. Pretendeu-se, a partir do estudo, formular sugestões para as empresas jornalísticas em prol da integração e do enfrentamento dos fatores de tensão, expondo os problemas de convivência a serem enfrentados concomitantemente. Dentre os resultados encontrados, notamos que o jornal gaúcho deu ligeira ênfase à integração em âmbito internacional e o periódico santo-tomenho valorizou a ligação entre as duas cidades.

Palavras-chave
Jornalismo; Imprensa fronteiriça; Fronteira; História da imprensa; Jornal impresso

Resumen

Este artículo presenta parte de investigación sobre cómo los periódicos fronterizos Folha de São Borja (1970-) y Unión (1977-2010) cubrieron dos advenimientos en la travesía del Río Uruguay entre São Borja (Rio Grande do Sul, Brasil) y Santo Tomé (Corrientes Argentina): la apertura de los respectivos puertos para importaciones y exportaciones (1982) y la construcción del Puente Internacional de la Integración (1997). El artículo destaca la categoría “status relacional fronterizo”, propuesta para obtener indicios del posicionamiento acerca de la frontera y de los contactos con el país vecino a partir de los textos publicados en los periódicos. De entre los resultados encontrados, descubrimos que el periódico brasilero ha destacado la integración en ámbito internacional y el periódico argentino ha valorado las ligaciones entre las dos ciudades gemelas.

Palavras-chave
Periodismo; Prensa fronteriza; Frontera; Historia de la prensa; Periódico impreso

Abstract

This paper discloses results of a research on how Folha de São Borja (1970-) and Unión (1977-2010) newspapers covered two major border-crossing changes over Uruguai River between São Borja (Rio Grande do Sul, Brazil) and Santo Tomé (Corrientes, Argentina), namely: the opening of their ports for trading activities (1982) and the construction of Ponte da Integração Internacional (1997). The aim of the present article is to focus on the “border relational status”, which is a category planned to find evidences on these newspapers’ position taken about situations in the border area and about contacts with the neighbor country based on a corpus of texts. Among the results, we noted that the Brazilian newspaper emphasized integration on an international level and the Argentinian one valued the bonds between the twin cities.

Keywords
Journalism; Border press; Border; History of the press; Newspaper

Introdução

No romance “O Talismã”, de Sir Walther Scott, o encontro entre Ricardo Coração-de-Leão e o sultão Saladino, então oponentes na Cruzada, é pincelado em tons cavalheirescos. As mostras de lealdade entre os soberanos na obra literária contrastam com os atos cruéis perpetrados ao longo desse conflito entre cristãos e muçulmanos, de acordo com relatos históricos. O cavalheirismo entre reis é a estreita faixa matizada que une dois líderes de mundos culturais em conflito. Como um ponto em comum, está marcado pelos traços peculiares dos dois personagens: o rei britânico com sua algo rude e insensata bravura e tenacidade; o sultão em sua refinada inteligência e determinação.

Em certo sentido, os traços culturais compartilhados por povos fronteiriços seguem essa mesma mecânica de semelhança matizada pelas diferenças. A fala, a culinária, a vestimenta e os hábitos se misturam em relevante medida, por exemplo, sem se tornarem totalmente iguais. No caso da vizinhança entre a cidade de São Borja, no estado do Rio Grande do Sul, e Santo Tomé, na província argentina de Corrientes, a exemplo de outras cidades-gêmeas ao longo da linha de fronteira do Brasil, muitas são as semelhanças, mas marcadas por uma diferenciação no cotidiano, resultado da mescla das culturas portuguesas e espanholas.

A travessia dos limites nacionais é um dos mais interessantes aspectos recursivamente marcantes e marcados no dia a dia de uma área de fronteira. Cruzar essa linha é um ato pleno de significações, é o encontro com o outro país, com outro Estado e suas estruturas burocráticas. Todos os sentidos do corpo humano são acionados: a percepção de sabores, culinária, cheiros, vozes e costumes muito próprios; a linguagem; a expectativa de explorar o outro lado da fronteira, mesmo que seja apenas em busca de mercadorias com preços mais vantajosos.

Essa travessia tem sentidos diferentes para o morador acostumado com o trânsito vicinal e para o visitante, ocasional ou iniciante, que quer experimentar, saciar a curiosidade. Por outro lado, cada alteração na forma de atravessar a linha limítrofe contém suas peculiaridades: os trâmites, o meio de transporte, o tempo dessa viagem, as permissões e interdições estipuladas pela presença das estruturas estatais – presença variável ao sabor das inovações tecnológicas, negociações internacionais e mudanças no cenário político dos países.

Por isso, é de se esperar que qualquer inovação no transporte entre os dois lados de uma linha limítrofe altere essa convivência, alongada no tempo e restrita no compartilhamento do mesmo espaço vivido. Na pesquisa da qual se fala neste artigo, tratou-se dos registros em dois jornais acerca de dois adventos que mudaram a travessia da fronteira Brasil-Argentina no ponto São Borja (Rio Grande do Sul) - Santo Tomé (Corrientes), por meio do rio Uruguai. As fontes documentais foram as edições do jornal bissemanal Folha de São Borja e do quinzenal Unión relativas aos períodos 1981-1982, quando da reforma dos portos fluviais das duas cidades e posterior abertura dos mesmos para exportação e importação por meio de balsas, e de 1996-1997, abrangendo a construção e a inauguração da Ponte da Integração, hoje um importante ponto de contato entre os dois países. A pergunta principal era saber como esses fatos foram anunciados e cobertos pelos dois jornais, quais os pontos de conflito, quais as semelhanças, como as comunidades se manifestam nessas situações, que traços culturais podemos observar na leitura do noticiário. Para tanto, foi necessário investigar as condições de produção desses periódicos, de seus administradores e que relações entre os dois lados da fronteira se poderia inferir com base em cada cobertura jornalística.

A etapa de Análise de Conteúdo, seguindo as indicações de Bardin (2011)BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011., coletou recortes referentes à reforma e abertura dos portos de São Borja e Santo Tomé para importação e exportação, em 1982, e à construção e inauguração da Ponte Internacional da Integração, no período de 1996 a 1997.

No caso do jornal Folha de São Borja, os recortes foram fotografados diretamente dos tomos do arquivo físico na redação, na cidade gaúcha de São Borja. O periódico Unión, encerrado em 2010, teve seu acervo físico digitalizado por um conhecido do editor, então lotado na Prefeitura Naval de Santo Tomé1 1 A Prefeitura Naval é uma das forças armadas do governo argentino, dedicada a proteger os cursos fluviais da nação. . Deste modo, quase a totalidade dos registros processados na pesquisa foram captados de cópia do arquivo digital cedida pelo próprio editor. Notou-se a perda de algumas edições de 1997 no processo de digitalização do acervo do Unión, motivo pelo qual foi preciso buscar o arquivo físico e fotografar os textos pertinentes. A aplicação do formulário de Análise de Conteúdo foi feita com o uso do Statistical Package for Social Sciences (SPSS).

Em complemento à etapa de Análise de Conteúdo, foram entrevistados os dois editores dos jornais: Roque Auri Andres, do Folha de São Borja, e Carlos Segundo Zapata, do Unión, entre 18 e 20 de setembro de 2016. A técnica usada foi a da entrevista semiestruturada. Com base em um roteiro prévio de perguntas e uso de gravador, os editores foram questionados sobre o histórico dos jornais e das suas práticas produtivas, as memórias que guardavam das alterações na travessia e suas impressões a respeito da convivência fronteiriça. Dados que não constavam originalmente dos objetivos previstos pelo roteiro puderam ser registrados por meio dessa técnica. As entrevistas ocorreram entre os dias 18 e 20 de setembro de 2016, na residência de Carlos Zapata, em Santo Tomé, e na redação do jornal Folha de São Borja.

Dada a extensão dos dados coletados, neste artigo tratamos do conceito do status relacional fronteiriço como categoria proposta para a análise realizada com os dois jornais e como potencial elemento de outros estudos sobre a imprensa interiorana fronteiriça.

Os jornais Folha de São Borja e Unión

Os dois jornais podem ser analisados a partir da sugestão de tipos-ideais de imprensa interiorana (BUENO, 2013BUENO, W. C. Jornalismo do interior: conceitos e preconceitos. In: ASSIS, F. (Org.). Imprensa do Interior: conceitos e contextos. Chapecó, SC: Argos, 2013. p. 45-64.). Assim, pode-se anotar as principais características de cada veículo sem pretender uma identificação absoluta ao modelo. Bueno (2013)BUENO, W. C. Jornalismo do interior: conceitos e preconceitos. In: ASSIS, F. (Org.). Imprensa do Interior: conceitos e contextos. Chapecó, SC: Argos, 2013. p. 45-64. indicou os tipos-ideais da “imprensa quase artesanal”, da “imprensa local” (com o subtipo “imprensa local consolidada”) e da “imprensa regional”. As diferenças dizem respeito à escala de abrangência geográfica, fator diretamente relacionado a sua capacidade e estrutura produtiva, com forte influência no relacionamento do veículo de imprensa com seus leitores e todas as consequências:

[...] o jornal local “quase artesanal”, o jornal local estruturado e o jornal regional. Os dois primeiros têm como limite de circulação a cidade ou o município em que mantêm a sua sede, e o terceiro objetiva exercer a sua influência numa determinada região, abarcando, portanto, com sua circulação e cobertura algumas cidades e municípios. Neste texto, para evitar ambiguidades entre os jornais locais, chamaremos o primeiro de “quase artesanal” e o segundo apenas de jornal local (consolidado, estruturado)

(BUENO, 2013BUENO, W. C. Jornalismo do interior: conceitos e preconceitos. In: ASSIS, F. (Org.). Imprensa do Interior: conceitos e contextos. Chapecó, SC: Argos, 2013. p. 45-64., p. 45).

O jornal Unión foi fundado em setembro de 1977, por Carlos Segundo Zapata, na cidade de Santo Tomé, e teve sua última edição em maio de 2010, quando o editor e proprietário se aposentou. A sala de redação era também a sala de estar da residência da família Zapata, atuante em diferentes funções de apoio à publicação. No contínuo proposto por Bueno (2013)BUENO, W. C. Jornalismo do interior: conceitos e preconceitos. In: ASSIS, F. (Org.). Imprensa do Interior: conceitos e contextos. Chapecó, SC: Argos, 2013. p. 45-64., o jornal quinzenal argentino se aproxima do tipo-ideal de “imprensa quase artesanal” em termos de sua estrutura produtiva, sempre restrita, ao longo de sua trajetória, ao relacionamento muito próximo com os leitores de Santo Tomé, base da maior parte de sua circulação e receita publicitária. No entanto, não se pode falar em “baixa agressividade”: o jornal argentino tinha alguma circulação de exemplares na cidade gaúcha de São Borja e um relacionamento consistente com anunciantes brasileiros, como comprovam os anúncios de restaurantes e outros serviços aos santotomenhos. Ao transitar constantemente a fronteira desde antes da inauguração da ponte em 1997, o jornal Unión, ainda que modesto, chegava ao Brasil e obtinha alguma receita em São Borja.

O jornal brasileiro Folha de São Borja, fundado em setembro de 1970, por José Grisólia, adquirido pela família Andres em 1977, pode ser classificado como um jornal local consolidado. Algum tempo após a aquisição do periódico, a família Andres obteve a concessão para transmitir programação de rádio na modalidade AM (Rádio Cultura) e para FM (Rádio Fronteira FM). Esses veículos formam o Grupo Andres, que manteve gráfica própria até 1992. A linha editorial do jornal é muito dirigida à cidade de São Borja, com eventuais menções de fatos ocorridos em outras cidades. Com periodicidade bissemanal (quartas e sábados), o Folha de São Borja cultiva a ligação com o público da cidade e conta com uma equipe de redação com divisão de tarefas2 2 Em 2017, essa equipe era composta por um editor, um redator, uma diagramadora, uma gerente comercial, uma estagiária. Colaboram ainda uma repórter de polícia (que é policial), um repórter da rádio encarregado da cobertura policial para a emissora AM, além de articulistas e colunistas. e mais numerosa que a do Unión em qualquer época. Ainda assim, não conseguiu firmar uma prática de vender publicidade junto ao empresariado de Santo Tomé, em uma experiência diferente da vivida pelo jornal argentino.

A venda de anúncios publicitários é indício de circulação no mercado anunciante e pode dar pistas de como cada um dos dois jornais encarou a condição de circular e de noticiar em um espaço fronteiriço. A fronteira pode ser, ou não, atravessada e pode ser transposta de modo consistente ou eventual, em uma configuração que não depende apenas da disposição da empresa jornalística – embora esse pareça um fator relevante. A estrutura estatal que regula a travessia, incluindo os trâmites e meios para atravessar a fronteira e o histórico de relações entre os dois ou mais lados são também importantes.

O contexto social, cultural, econômico e político das cidades de fronteira entre o Brasil e a Argentina, especificamente entre o estado do Rio Grande do Sul e as províncias de Corrientes e Misiones, possui aspectos mais evidentes, como o bucolismo, similaridade de costumes, o chimarrão, a música e o compartilhamento do bioma Pampa, além do fato de tais cidades serem pontos de passagem de um país ao outro.

O principal motivo que permite considerar a imprensa fronteiriça como uma subcategoria dentro da categoria “imprensa interiorana” é a sua localização em municípios de pequeno e médio porte que estão distantes de suas respectivas capitais estaduais e situados nas divisas entre países, em consonância com a proposta de Assis (2013)ASSIS, F. (Org.). Imprensa do Interior: conceitos e contextos. Chapecó: Argos, 2013. para o sentido de “interior” na pesquisa em Jornalismo.

As regiões fronteiriças tendem a ser as menos desenvolvidas por conta do isolamento em relação às capitais estaduais e federais, baixa representatividade política e econômica, dependência do setor primário, geralmente monocultor (CORRÊA; OLIVEIRA, 2012CORRÊA, G. C. P.; OLIVEIRA, T. S. M. Cooperação política entre cidades nas fronteiras do Mercosul. Revista Organização Sistêmica, v. 1, n. 1, p. 64-88, jan./jun. 2012.), fatores que se podem conectar às políticas históricas de segurança nacional, que visavam, em suma, evitar que ativos valiosos ficassem em áreas mais expostas a conflitos regionais. Devido à tendência para ciclos econômicos de exploração de commodities do setor agropecuário, são regiões com desenvolvimento em geral bastante lento. Suas populações passaram por períodos de migrações, perdendo habitantes para outras regiões e tendo esses problemas agravados.

A história recente dessas populações aponta para uma convivência bastante pacífica, sem tensões relevantes após um histórico de lutas durante as fases de definições territoriais. A ocorrência de matrimônios entre brasileiros e argentinos é algo comum, bem como a travessia da divisa para comprar itens de uso cotidiano, provar da gastronomia da cidade vizinha ou passear. A tendência para uma relação distanciada entre as cidades fronteiriças e seus respectivos centros de decisão é outro ponto relevante:

As linhas divisórias ali demarcadas são fronteiras vivas, as relações entre os povos são dinâmicas, as interações são constantes, muito embora pareça não existir uma integração completa, mas sim várias formas de cooperação e entrelaçamento entre os campos sociais presentes. As necessidades de um lado são sanadas pela participação do outro, as brechas de um são preenchidas pela ação do outro [...]. As bordas naquelas localidades são ultrapassadas. Tornaram-se, graças à ação do próprio homem, porosas, onde os limites impostos a partir de definições provenientes dos centros de decisão são distantes e, muitas vezes, elaborados por desconhecedores da realidade dos povos que habitam regiões limítrofes dos territórios nacionais

(MÜLLER, 2002MÜLLER, K. M. Práticas Comunicacionais em Espaços de Fronteira: Os casos do Brasil-Argentina e Brasil-Uruguai. In: MARTINS, M. H. (Org.). Fronteiras Culturais: Brasil-Argentina-Uruguai. Porto Alegre: Ateliê Editorial, 2002., p. 230-231).

Diferentemente da imbricação dos centros urbanos, que torna o convívio de nacionais de dois países algo intensamente banal, como na “Fronteira da Amizade” entre Livramento e Rivera, os pontos de encontro entre cidades gaúchas e argentinas envolvem o recurso a prestadores de serviços (lanchas, balsas, barcas) ou a obras binacionais. Em qualquer dos casos, outro fator provoca efeitos pela ausência ou pela presença: os órgãos dos Estados nacionais, para controle de segurança e regulação fiscal e fazendária.

Esse enlace entre dados relacionados à cultura e ao desenvolvimento socioeconômico das cidades fronteiriças é relevante para analisar o jornalismo produzido ali em relação ao temário dos periódicos interioranos e fronteiriços. As marcas culturais e identitárias características da fronteira, já percebidas em estudos anteriores sobre a imprensa desses locais, tendem a se refletir nos estilos redacionais, na estrutura dos periódicos, na forma de se tratar dos temas fronteiriços e na interação do leitor com os seus jornais locais3 3 Outras leituras: Müller (2001, 2003a, 2003b, 2015), Müller e Oliveira (2005). .

Os veículos de comunicação fronteiriços, embora, em geral, manifestem características da imprensa do interior, por vezes tendem a replicar visões da imprensa metropolitana sobre as áreas de fronteira a partir de um viés securitário (SILVEIRA, 2005SILVEIRA, A. C. M. Fronteiras da globalização: polifonia, identidade, estado-nação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 28., 2005, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: Intercom, 2005. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R0268-2.pdf. Acesso em: 30 set. 2015.
http://www.intercom.org.br/papers/nacion...
, 2006SILVEIRA, A. C. M. Comunicação e Estado: políticas e zonas de intervalo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 29., 2006, Brasília. Anais... São Paulo: Intercom, 2006. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R0005-1.pdf. Acesso em: 30 set. 2015.
http://www.intercom.org.br/papers/nacion...
, 2011SILVEIRA, A. C. M. Problematizando a política de identidade: narrativas securitárias e imunização contra a diferença. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 34., 2011, Recife. Anais... São Paulo: Intercom, 2011. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-2467-1.pdf. Acesso em: 12 abr. 2015.
http://www.intercom.org.br/papers/nacion...
, SIMI; SILVEIRA, 2010SIMI, G.; SILVEIRA, A. C. M. O Enquadramento Jornalístico sobre a Tríplice Fronteira. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 33., 2010, Caxias do Sul. Anais... São Paulo: Intercom, 2010. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2010/resumos/R5-2131-1.pdf. Acesso em: 13 abr. 2015.
http://www.intercom.org.br/papers/nacion...
, SEIBT; SILVEIRA, 2004SEIBT, M.; SILVEIRA, A. C. M. O surgimento da TV local e artesanal nas Terras de Fronteira do Brasil Meridional. In: ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MÍDIA, 2., 2004, Florianópolis (SC). Anais... Porto Alegre: UFRGS, 2004. Disponível em: http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/2o-encontro-2004-1/O%20surgimento%20da%20tv%20local%20e%20artesanal%20nas%20Terras%20de%20Fronteira%20do%20Brasil%20Meridional.doc. Acesso em: 31 mar. 2015.
http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-naci...
), alternando essa postura com a luta pelas demandas da comunidade, como se entende que seja uma das funções da imprensa interiorana. Esse segundo motivo leva a que muitos jornais interioranos se digam “comunitários” (DORNELLES, 2004DORNELLES, B. C. P. Jornalismo Comunitário em Cidades do Interior: uma radiografia das empresas jornalísticas. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 2004.).

A diferença de escala de veículos da imprensa tende a ser um fator importante para explicar as distintas visões sobre as áreas limítrofes do território nacional, como no caso do Rio Grande do Sul (GRIMBERG, 2014GRIMBERG, D. S. Territorialidades da imprensa: estudo da noticiabilidade sobre as fronteiras sul-rio-grandenses em veículos de diferentes escalas de circulação. 2014. 179f. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) - Faculdade de Comunicação Social, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. Disponível em: http://hdl.handle.net/10923/5890. Acesso em: 10 abr. 2015.
http://hdl.handle.net/10923/5890...
). Em situações especiais, fatos que pertencem à escala internacional, como conflitos entre países, podem repercutir nos jornais de fronteira a partir de um enfoque local (NAZÁRIO; HAUSSEN, 2015NAZÁRIO, H. R.; HAUSSEN, D. F. Guerra das Malvinas (1982) nos jornais fronteiriços Folha de São Borja (Brasil) e Unión (Argentina). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 38., 2015, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: Intercom, 2015. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/nacional2015/resumos/R10-0712-2.pdf. Acesso em: 13 dez. 2015.
http://portalintercom.org.br/anais/nacio...
).

As alterações na travessia são fatos importantes para o jornalismo interiorano fronteiriço porque: a) são obras binacionais, dependentes de negociações em diversos níveis (portanto, demoradas) e, em geral, anunciadas com grande antecedência pela classe política (portanto, ansiosamente esperadas pelas populações diretamente atendidas e pelos veículos de comunicação atuantes nas localidades); b) impactam a economia e a política das localidades fronteiriças, com novos empregos e fontes de receita fiscal e com o aumento da presença estatal, por meio dos órgãos e servidores ali instalados; c) não raro, são oriundas de demandas históricas das comunidades fronteiriças, desejosas de melhorar o trânsito cotidiano entre os municípios por diversos motivos (comércio, lazer, convívio); e d) modificam a infraestrutura e os procedimentos requeridos para a travessia, fechando algumas possibilidades e abrindo outras.

Entende-se que o noticiário desses jornais sobre as inovações na travessia das fronteiras permite ver indícios de como esses fatos de alto impacto comunal foram abordados. A premissa é que os jornais fronteiriços se posicionam e expõem as suas percepções sobre como as respectivas comunidades avaliam, valorizam e enfatizam os relacionamentos com as populações e instituições do país vizinho ao cobrir esse tipo de acontecimento.

A Análise de Conteúdo mostrou nuances distintas na cobertura feitas pelos dois jornais sobre as mudanças na forma de travessia do rio Uruguai. O primeiro ponto verificado foi a diferença de cobertura, nos dois jornais, entre a liberação dos portos para trânsito de cargas, em 1982, e a construção, inauguração e liberação da Ponte da Integração, entregue às comunidades em 1997, como apontado no Gráfico 2. Em relação às balsas, no período de junho de 1981 a junho de 1982, apenas 20 textos foram catalogados como pertinentes: 12 textos no jornal Folha de São Borja e oito no jornal Unión. Já no período de dezembro de 1996 a dezembro de 1997, ao todo 152 textos foram coletados: 95 deles na Folha de São Borja e 57 no Unión.

As diferenças nessa cobertura se relacionam às diferenças estruturais de cada jornal, como exposto anteriormente, e à natureza de cada um desses adventos. Em 1982, ainda no período de vigência das ditaduras militares no Brasil e na Argentina, o principal motivo era de ordem econômica: a necessidade de viabilizar a importação de soja para abastecer a indústria gaúcha era a principal das vantagens, com a melhoria no trânsito dos moradores entre as duas cidades sendo um ganho marginal.

Já a construção da ponte internacional representou um investimento binacional relevante, decorrente de uma movimentação mais intensa de forças políticas em uma fase democrática e em apoio ao ideal de integração via Mercado Comum do Sul, o Mercosul (NAZÁRIO, 2017NAZÁRIO, H. R. Notícias da Travessia: o status fronteiriço nos jornais Folha de São Borja (BR) e Unión (AR). Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017. 275 f. Disponível em http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/7353. Acesso em: 22 out. 2018.
http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/...
). É a partir desse contexto que se buscou identificar o posicionamento dos textos e, por conseguinte, dos periódicos, por meio da categoria de status relacional fronteiriço.

Relações entre povos fronteiriços e os centros de poder nas notícias

Dentre as categorias usadas na análise esteve a do status relacional fronteiriço, pensado como um indício de posicionamento que:

indica o caráter multiescalar (desde a escala da cidade até a escala nacional) e variável (podendo variar da reação favorável à tendência de integração até a ausência de manifestação a respeito) que caracteriza as interações entre as populações locais de São Borja e Santo Tomé e delas com seus centros administrativos regionais e os centros nacionais de decisão. Essas relações, quando presentes no texto, podem ser classificadas como pendendo de modo gradativo entre a integração e o distanciamento

(NAZÁRIO, 2017NAZÁRIO, H. R. Notícias da Travessia: o status fronteiriço nos jornais Folha de São Borja (BR) e Unión (AR). Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017. 275 f. Disponível em http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/7353. Acesso em: 22 out. 2018.
http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/...
, p. 44).

A relação pendular entre a integração e a rivalidade é um conceito oriundo dos estudos da área das Relações Internacionais, um ponto de vista sobre o histórico dos posicionamentos entre o Brasil e a Argentina (GRANATO, 2012GRANATO, L. As Relações Bilaterais Argentino-brasileiras no Quadro da Integração Regional: de um Quadro de Rivalidade ao Despertar de uma Efetiva Cooperação. Revista Cadernos de Estudos Sociais e Políticos, v. 1, n. 2, 69-95, ago./dez. 2012.) e que encontra um eco em estudos na área da Comunicação, como o desenvolvido por Jacks, Machado e Müller (2004)JACKS, N.; MACHADO, M. B.; MÜLLER, K. M. Hermanos, pero no mucho. El periodismo narra la paradoja de la fraternidad y rivalidad entre Brasil y Argentina. Buenos Aires: La Crujía, 2004.. Na pesquisa, indicou-se as formas nas quais o status relacional fronteiriço seria registrado nos textos dos jornais Folha de São Borja e Unión, como uma marca da percepção desses veículos sobre os temas relacionados às mudanças nos meios e trâmites de travessia dos limites nacionais, um contributo desses periódicos à construção do “mundo possível” (ALSINA, 2005ALSINA, M. R. La construcción de la noticia. Barcelona: Paidós, 2005.) ofertado aos leitores.

A categoria do status relacional fronteiriço foi criada para classificar as diferentes posições dos participantes dos relatos noticiosos sobre as modificações na travessia do rio Uruguai entre São Borja e Santo Tomé. O intuito é visibilizar esses posicionamentos e concessões de importância como são relatados nas notícias. Parte-se da premissa de que as notícias produzidas pelos jornalistas de veículos e assessores de imprensa partem da realidade social para ajudar a construir um “mundo possível” de ser abrangido pela cobertura jornalística e de ser apresentado nos formatos e ritmos da imprensa. No trabalho noticioso operam processos de seleção, edição e veiculação peculiares. As seguintes relações foram buscadas e analisadas, tendo em comum as gradações integração, distanciamento e ausência/indiferença:

  1. população fronteiriça X centro regional de decisão – relação metrópole/periferia entre as capitais e as cidades fronteiriças: pedidos, projetos, reclamações, protestos, passando também pelo agradecimento e valorização da ação de autoridades e setores;

  2. relacionamento entre populações fronteiriças – liga-se a registros de valoração de atitudes entre as cidades de São Borja e Santo Tomé. De modo análogo à compreensão de que a área de Relações Internacionais extrapola a dimensão diplomática e inclui as práticas de indivíduos no contato com nacionais de outros países, consideram-se, aqui, as manifestações vindas tanto dos representantes dos poderes públicos como de empresários e pessoas em geral;

  3. população fronteiriça X autoridades estrangeiras – vai se tratar aqui do encontro do qual falou Grimson (2002)GRIMSON, A. Vivências do Estado como alteridade: imagens cruzadas na fronteira argentino-brasileira. In: FRIGERIO, A.; RIBEIRO, G. L. (Org.). Argentinos e Brasileiros - Encontros, Imagens e Estereótipos. Petrópolis: Vozes, 2002. quando mencionou o contato do visitante da área fronteiriça com o ordenamento jurídico e político do outro país;

  4. relações Argentina e Brasil – as menções nas notícias que se referem a essa variável são as evocações das dificuldades e das soluções que Argentina e Brasil defrontam no trato de suas diferenças. Essa variável se deve à constatação de que qualquer modificação oficial no modo e nas normas de transposição de fronteiras depende do contexto momentâneo das conversações e debates entre representantes dos dois países.

Os resultados

Em relação ao período entre 1981-1982, sobre a liberação dos portos e o serviço de balsas de alta capacidade, notou-se a valorização dos laços entre Brasil e Argentina, com as menções ao potencial de melhoria do comércio entre os dois países, marcando a dimensão nacional das negociações acerca do trânsito sobre o espaço limítrofe.

Gráfico 1
Percepção do status relacional fronteiriço – Balsas

Ambos os periódicos tiveram a mesma quantidade de menções às boas relações dos centros regionais e nacionais de decisão para com as áreas limítrofes nesse aspecto e isso se traduziu em atendimento de demandas no período analisado. O jornal Unión, apesar de apresentar uma produção menor no mesmo período em relação à Folha de São Borja, manifestou em seus textos mais ligações positivas entre os povoamentos vizinhos, alcançando 50% a mais em relação ao jornal brasileiro. O jornal gaúcho, por sua vez, teve mais apontamentos do status “Brasil/Argentina – integração”. Nesse período, porém, a diferença é bastante pequena.

No jornal Folha de São Borja, a ligação positiva entre a cidade de São Borja e os centros de governo regional e nacional se deve ao acompanhamento de viagens e relatos de representantes da prefeitura junto ao governo do Estado e ao Planalto para a habilitação do porto da cidade. Isso se pode conectar ao fato de a política ser um grande tema para os jornais interioranos, ainda mais quando se trata de obras públicas ou inovações nos serviços prestados. Há o reconhecimento da importância da convivência entre cidades vizinhas, mas o destaque é dado ao estreitamento das relações binacionais na produção do jornal gaúcho.

Um fator para entender a maior quantidade de anotações do status “fronteiriços – integração” no jornal Unión é a conjugação de um tom mais pessoal e livre de Zapata, das declarações de entrevistados argentinos e brasileiros no dia da inauguração do serviço de cargas entre os portos de Santo Tomé e São Borja, em 26 de maio de 1982 e de uma tendência a evocar laços de fraternidade entre os povoamentos vizinhos e entre o Brasil e a Argentina.

Um dos casos em que esse status foi marcado registrou-se em uma notícia de dezembro de 1981, na qual o Ministério de Obras e Serviços Públicos da Argentina teria emitido autorização para incorporar o transporte de cargas pelos portos, facilitando os preparativos do lado argentino para o início do serviço das balsas de alta capacidade.

No que se refere à diferença entre os dois jornais, com o jornal gaúcho dando ligeira ênfase à integração em âmbito internacional e o periódico santo-tomenho valorizando a ligação entre as duas cidades, é possível notar o funcionamento de alguns mecanismos de identificação cultural já apontados em estudos anteriores4 4 Maior aprofundamento sobre identificação cultural em cidades fronteiriças ler em: Müller (2001, 2015), Raddatz (2004), Silveira (2001, 2003, 2005). . Parece que, na sua produção, o jornal Folha de São Borja realça a condição de jornal brasileiro na fronteira, sem perder de vista a convivência com o vizinho estrangeiro. Essa direção se reforça na estrutura produtiva da equipe, nos recursos humanos existentes e no ritmo de produção, favorecendo o emprego de modelos e pontos de vista que agilizem e deem coerência à produção noticiosa.

Na visão empresarial adotada pelo Folha de São Borja, a se basear na entrevista com o editor, talvez a importância da novidade para a economia do município, tendo a condição de nexo para tráfego de cargas no comércio exterior como fator de desenvolvimento da cidade, seja mais relevante que o contexto de interações com Santo Tomé. No Unión, a tendência é talvez mais conectada à valorização dos laços tecidos na vivência local, ao cotidiano ali vivido, matizando a percepção da integração binacional. A presença de alusões à hermandad entre são-borjenses e santo-tomenhos que se vê ali, difere muito do sentido jocoso do termo usado pela imprensa catarinense em 2000, como percebeu o estudo de Jacks, Machado e Müller (2004)JACKS, N.; MACHADO, M. B.; MÜLLER, K. M. Hermanos, pero no mucho. El periodismo narra la paradoja de la fraternidad y rivalidad entre Brasil y Argentina. Buenos Aires: La Crujía, 2004..

A abertura dos portos e a inserção das balsas de alta capacidade nas rotas entre São Borja e Santo Tomé são valorizadas por contemplarem uma demanda das duas cidades, por desafogarem os demais pontos fronteiriços de passagem de cargas e por consistirem em um esforço conjunto de produtores e governantes dos dois países, em todas as esferas de decisão. Entende-se que a abertura dos portos interessou mais pelo benefício que representava aos setores produtivos que ao ganho imediato para a população local. Ainda assim, a valorização da medida indica a aprovação do contato e da melhoria no acesso à cidade vizinha.

Em relação à Ponte Internacional da Integração, nos anos 1990, a avaliação dos posicionamentos desde a fronteira mostra a maioria das ocorrências favorecer o polo integrador, marcadamente entre as populações fronteiriças (73 ocorrências) e entre os dois países (45 casos). Nos recortes do período 1996-1997, o jornal Unión apresenta uma cobertura mais enfática na integração entre as duas cidades e o jornal Folha de São Borja realça a cooperação entre Brasil e Argentina. A tendência do jornal argentino de buscar referir sempre a cidade vizinha tem como um dos fatores a existência de assinantes e anunciantes das duas cidades, resultado de sua maneira de trafegar pelo espaço fronteiriço e também pela liberdade da qual usufruía Zapata na sua redação.

A série de textos nos quais a relação fronteiriça não aparece, ou ao menos não se exprime com clareza, compreende diversas notícias factuais referentes aos preparativos, ao potencial de desenvolvimento que cada cidade vai experimentar com a ponte. Essas ocorrências podem ser interpretadas como resultado normal do foco na cidade, traço comum aos dois jornais, e não como um desmerecimento do espaço fronteiriço. O negócio de ambos é primordialmente focalizado no que é relevante para o município onde circulam. Naturalmente, dada a circulação do jornal Unión em São Borja, o número de casos desse tipo naquele periódico é menor do que o observado no jornal brasileiro.

Gráfico 2
Status relacional fronteiriço – Ponte

Os casos em que a relação aparece negativa entre fronteira e centro chamam a atenção. Nos itens do jornal Unión, trata-se de relatos de comunicadores santo-tomenhos sobre suas experiências na cobertura da inauguração. Três emissoras de Santo Tomé, a FM Sol, a Integración FM e a Sin Fronteras FM, foram impedidas de instalar equipamentos necessários para a transmissão ao vivo durante a solenidade, não obstante alegassem ter encaminhado os pedidos em tempo hábil. Com isso, apenas a sucursal da Rádio Nacional de Buenos Aires pôde gerar conteúdo no local e na hora dos acontecimentos. Diante da situação, as emissoras se viram obrigadas a solicitar transmissão em cadeia. Curiosamente, a transmissão em cadeia foi providenciada pelas rádios Cultura AM e Fronteira FM, de São Borja, do grupo empresarial Andres, procedimento que foi referido como atencioso e tranquilo pelos radialistas.

Outro caso de distanciamento entre fronteira e centro ocorre na notícia do “Encuentro Argentino Brasileño”, de 16 de julho de 1997, no Unión. No evento dedicado à melhoria das relações internacionais, o vice-intendente de Santo Tomé, Reginaldo Brandán, fala da necessidade de uma “cidadania comunitária” no Mercosul, de modo a acabar com o “sentido fechado de soberania”. Ele critica as atitudes dos centros de decisão política e econômica do Brasil e da Argentina por fecharem grandes acordos ao mesmo tempo em que impedem ou atrasam iniciativas e melhorias das condições de vida nas comunidades fronteiriças, sob o pretexto de eventuais conflitos. É uma referência às respectivas legislações restritivas para as áreas de fronteira e um apelo em prol da evolução constante das relações fronteiriças, por tratarem de problemas comuns que se resolvem com a decisiva participação de instâncias e pessoas que vivem e conhecem o cotidiano dessas áreas.

Indícios para outros estudos

No âmbito da observação da imprensa fronteiriça brasileira (que, em boa parte, é também imprensa interiorana), a noção de status relacional fronteiriço, que talvez mereça ser debatida e aperfeiçoada, foi útil para captar sinais de posicionamento nas notícias produzidas e publicadas nos dois jornais.

A ideia de conectar as interações culturais e político-administrativas perceptíveis nas áreas limítrofes à produção noticiosa visou apoiar uma categorização dos textos dentro das escolhas metodológicas, tendo em mente as tendências positivas ou negativas da aproximação entre as cidades argentina e brasileira com as alterações na travessia. É possível aprimorar a noção ajustando-a a diferentes escalas de mensuração e a outras técnicas e metodologias. É interessante testá-la na investigação de diferentes recortes noticiosos ligados à vivência da travessia, dos fatos negativos (crimes) aos positivos (eventos culturais, cooperação). O conceito também pode ser útil em estudos da recepção e da circulação.

A metáfora da relação pendular entre o Brasil e a Argentina, como modelo de análise tomado de empréstimo ao campo das Relações Internacionais, é uma lente que ajuda a destacar posicionamentos e a sua aplicação em outros contextos relacionais do Brasil com países vizinhos pode se beneficiar de estudo prévio sobre o histórico da convivência. Por exemplo, agora (2019) pode-se perceber, informalmente, que há avaliações distintas sobre as conexões, as tensões e os relatos dos centros e dos pontos fronteiriços do Brasil com a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e a Venezuela, por exemplo. Se a gradação entre a integração/fraternidade e afastamento/rivalidade pode servir para uma análise entre o Brasil e a Argentina, pode ser apropriado considerar diferentes esquemas analíticos para diferentes pontos fronteiriços.

A percepção e o estudo das notícias sobre e a partir das fronteiras pode levar à formulação de sugestões para as empresas jornalísticas nessas áreas e seus comunicadores. Entende-se que a movimentação de jornais e emissoras locais em prol da integração e do enfrentamento dos fatores de tensão pode ajudar a expor os problemas de convivência a serem enfrentados concomitantemente. Entendemos que as redes sociais, os portais, sites e blogs jornalísticos favorecem muito mais à integração do que os jornais impressos que circulavam antes da criação da Internet.

Não se cogita aqui que a imprensa fronteiriça vá realizar essas transformações de ordem política, cultural, econômica e administrativa. Pode, isso sim, evidenciar ideias em uma perspectiva propositiva, dentro de suas limitações. Jornais binacionais e bilíngues são iniciativas válidas e merecem atenção, mas não devem ser pensadas como alternativas forçadas sobre as comunidades. O momento tecnológico é muito propício a acordos entre empresas jornalísticas de cunho local.

Acredita-se que a imprensa interiorana e fronteiriça, na medida em que interage (ou não) com a espacialidade complexa e rica da fronteira e conforme ofereça sua versão de “mundo possível” com ou sem a alteridade do vizinho estrangeiro, pode semear e valorizar outras compreensões sobre a fronteira, ajudar a discutir temas de interesse comum, abrir novas perspectivas de atuação e criar um olhar próprio e mais complexo sobre o espaço que se dispõe a cobrir.

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    A Prefeitura Naval é uma das forças armadas do governo argentino, dedicada a proteger os cursos fluviais da nação.
  • 2
    Em 2017, essa equipe era composta por um editor, um redator, uma diagramadora, uma gerente comercial, uma estagiária. Colaboram ainda uma repórter de polícia (que é policial), um repórter da rádio encarregado da cobertura policial para a emissora AM, além de articulistas e colunistas.
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    Outras leituras: Müller (2001MÜLLER, K. M. Cenários para pensar a comunicação fronteiriça: Uruguaiana-Libres e Livramento-Rivera. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24., 2001, Campo Grande. Anais... São Paulo: Intercom, 2001. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2001/papers/COLOQUIO_MULLER.PDF. Acesso em: 13 jan. 2016.
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    http://www.intercom.org.br/papers/nacion...
    .
  • 4
    Maior aprofundamento sobre identificação cultural em cidades fronteiriças ler em: Müller (2001MÜLLER, K. M. Cenários para pensar a comunicação fronteiriça: Uruguaiana-Libres e Livramento-Rivera. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 24., 2001, Campo Grande. Anais... São Paulo: Intercom, 2001. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2001/papers/COLOQUIO_MULLER.PDF. Acesso em: 13 jan. 2016.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Abr 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2020

Histórico

  • Recebido
    08 Fev 2019
  • Aceito
    12 Set 2019
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