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LONCHAEIDAE ASSOCIADOS A FRUTOS DE NÊSPERA, ERYOBOTRIA JAPONICA (THUNB.) LINDLEY (ROSACEAE), COM A DESCRIÇÃO DE UMA ESPÉCIE NOVA DE NEOSILBA (DIPTERA: TEPHRITOIDEA)

LONCHAEIDAE FOUND IN LOQUATS, ERYOBOTRIA JAPONICA (THUNB.) LINDLEY (ROSACEAE), WITH DESCRIPTION OF A NEW SPECIES OF NEOSILBA

RESUMO

A cultura da nêspera no Brasil está restrita praticamente ao Estado de São Paulo, e está novamente crescendo, contando com mais de 100 mil pés em produção, a maioria concentrado na região de Mogi das Cruzes. A diversidade de Lonchaeidae associada a esta fruta é apresentada neste artigo, juntamente com a descrição de uma nova espécie do gênero Neosilba, N. inesperata n. sp.

PALAVRAS-CHAVE
Nêspera; moscas-das-frutas; Lonqueídeos; espécie nova; Brasil

ABSTRACT

Loquat production in Brazil is concentrated in the state of São Paulo, Brazil, and its economic importance has been growing during the last years, with more than 100 thousand trees under production, mostly in the region of Mogi das Cruzes, Brazil. This article presents the diversity of Lonchaeidae species associated with loquat and describes a new species of Neosilba, N. inesperata n. sp.

KEY WORDS
Loquat; fruit fly; lance flies; new species; Brazil

INTRODUÇÃO

Algumas espécies do gênero NeosilbaMcAlpine são pragas importantes de plantações comerciais de frutas. UCHÔA-FERNANDES et al. (2003)UCHÔA-FERNANDES, M.A.; OLIVEIRA, I.; MOLINA, R.M.S.; ZUCCHI, R.A. Biodiversity of frugivorous flies (Diptera: Tephritoidea) captured in citrus groves, Mato Grosso do Sul, Brazil. Neotropical Entomology, v.32, n.2, p.239-246, 2003. observaram que, em plantações de laranja no cerrado de Mato Grosso do Sul, algumas espécies de Neosilbaforam mais abundantes que espécies de tefritídeos. ARAUJO; ZUCCHI (2002)ARAÚJO, E.L.; ZUCCHI, R.A. Hospedeiros e níveis de infestação de Neosilba pendula (Bezzi) (Diptera: Lonchaeidade) na região de Mossoró-Açu, R.N. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.69, n.2, p.91-94, 2002. observaram que, em certas condições, N. pendula (Bezzi) poderia tornar-se um invasor primário de plantações de acerola, Malphighia emarginata (Wied.). LOURENÇÃO et al. (1996)LOURENÇÃO, A.L.; LORENZI, J.O.; AMBROSANO, G.M.B. Comportamento de clones de mandioca em relação a infestação por Neosilba perezi (Romero & Rupell) (Diptera: Lonchaeidae). Scientia Agricola, v.53, p.304-308, 1996. mostraram a importância de se produzir novos clones de mandioca, Manihot esculenta Crantz, resistentes ao ataque de N. perezi (Romero & Rupell) aos brotos apicais. No entanto, poucos trabalhos foram realizados até o momento com espécies deste gênero, pois a maioria ainda aguarda descrição.

MCALPINE; STEYSKAL (1982)MCALPINE, J.F.; STEYSKAL, G.C. A revision of Neosilba McAlpine with a key to world genera of Lonchaeidae (Diptera). Canadian Entomologist, v.114, p.105-137, 1982. observaram que o gênero Neosilbacompreende vários complexos de espécies, das quais algumas são espécies crípticas e que muitas ainda estão por serem descritas, pelo menos 60, segundo estes autores. Neste mesmo trabalho, além de publicarem uma chave para a família Lonchaeidae, fizeram a redescrição de 12 espécies de Neosilbae descreveram outras três novas espécies. Atualmente, o gênero possui 16 espécies descritas (STRIKIS; PRADO, 2005STRIKIS, P.C.; PRADO, A.P. A new species of genus Neosliba (Diptera: Lonchaeidae). Zootaxa, v.828, p.1-5, 2005.). A identificação das espécies do gênero Neosilbaé baseada na análise morfológica da genitália dos machos.

Cultura da nêspera

De acordo com o SINDICATO RURAL DE JUNDIAÍ (2006)SINDICATO RURAL DE JUNDIAÍ. Nêspera Promissora fruta de produção intensiva. Disponível em: <http://www.srjundiai.com.br>. Acesso em: 19 mar. 2006.
http://www.srjundiai.com.br...
, a maior produção de nêspera no Brasil está praticamente restrita ao Estado de São Paulo, com o maior pólo produtor localizado na região de Mogi das Cruzes. No passado chegou-se a mais de 200 mil pés, caindo posteriormente devido ao crescimento das cidades e à falta de mão de obra especializada. Entretanto, nos últimos anos, devido ao aumento da rentabilidade desta cultura houve uma retomada da produção; atualmente há mais de 100 mil pés em franca produção e um mercado em ascensão, o que está estimulando a produção também em outros estados do sudeste brasileiro, segundo o Sindicato Rural de Jundiaí.

A nêspera é originária do Japão, é uma fruta de clima temperado, que no Brasil, a partir da década de 1960 devido ao desenvolvimento, pelo Instituto Agronômico de Campinas, (IAC) de variedades adaptadas ao clima local (Precoce de Campinas, Parmogi, Néctar de Cristal, Mizauto, Mizumo e Centenária) teve o seu cultivo disseminado; estes cultivares apresentam alta produtividade e frutos de qualidade (OJIMA et al., 1999OJIMA, M.; CAMPO DALL’ORTO, F.A.; BARBOSA, W.; MARTINS, F.P.; SANTOS, P.R. dos. Cultura de Nespereira. Campinas: Instituto Agronômico, 1999. 36p. (Boletim técnico, 185).).

O presente trabalho tem por objetivo fornecer uma chave para identificação dos espécimes do gênero Neosilbamais comumente encontrados em nêspera, além de descrever uma nova espécie deste gênero, facilitando desta forma, aos técnicos e pesquisadores que trabalham com este fruto, a identificação das espécies, permitindo uma avaliação mais rigorosa da importância econômica do gênero, bem como aprofundar os estudos da ecologia e biologia do gênero Neosilbaem frutos de nêspera.

MATERIAL E MÉTODOS

Os espécimes obtidos de frutos de E. japonicaforam colocados em solução de NaOH 10% a temperatura ambiente durante 24h. Após este período, as terminálias dos machos foram retiradas e dissecadas com o auxílio de um esteromicroscópio Zeiss.

As medições foram realizadas utilizando-se um fotomicroscópio AXIOPLAN e o programa computacional Image-Prolite versão 4.0 for Windows 95/NT/98.

RESULTADOS

Em frutos de nêspera (Eryobotria japonicaThunb. Lindley), juntamente com esta nova espécie de Neosilba, ocorreram também exemplares de N. pendula (Bezzi), N. certa (Walker), N. glaberrima (Wied.), N. zadolicha McAlpine & Steyskal e N. bifidaStrikis & Prado.

Neosilba zadolichaMcAlpine & Steyskal

Neosilba zadolicha (McAlpine & Steyskal, 1982MCALPINE, J.F.; STEYSKAL, G.C. A revision of Neosilba McAlpine with a key to world genera of Lonchaeidae (Diptera). Canadian Entomologist, v.114, p.105-137, 1982.): 127.2; (UCHÔA-FERNANDES et al., 2002UCHÔA-FERNANDES, M.A.; OLIVEIRA, I.; MOLINA, R.M.S.; ZUCCHI, R.A. Species diversity of frugivorous flies (Diptera: Tephritoidea) from hosts in the cerrado of the State of Mato Grosso do Sul, Brazil. Neotropical Entomology, v.31, n.4, p.515-524, 2002.): 515; (SANTOS et al., 2004SANTOS, W.S.; CARVALHO, C.A.L.; MARQUES, O.M. Registro de Neosilba zadolicha McAlpine & Steyskal (Diptera: Lonchaeidae) em umbú-cajá (Anacardiaceae). Neotropical Entomology, v.33, p. 653-654, 2004.): 653; (STRIKIS; PRADO, 2005STRIKIS, P.C.; PRADO, A.P. A new species of genus Neosliba (Diptera: Lonchaeidae). Zootaxa, v.828, p.1-5, 2005.): 1; (HAN; RO, 2005HAN, Y.H.; RO, K.E. Molecular phylogeny of the superfamily Tephritoidea (Insecta: Diptera): New evidence from the mitochondrial 12S, 16S, and COII genes. Molecular Phylogenetics Evolution, v.34, n.2, p.416-30, 2005.): 420.

Material examinado: 116 ♂♂, Cordeirópolis, Pedro Carlos Strikis, 8/1986; 96 ♂♂, Louveira, Pedro Carlos Strikis, 8/1986; 14 ♂♂, São Bento do Sapucaí, Miguel Francisco de Souza Filho, 31/1/1996; 41 ♂♂, Monte Alegre do Sul, Pedro Carlos Strikis, 26/8/2003.

Neosilba certa (Walker)

Anthomyia certaWalker, 1850-56: 364.

Neosilba certa: McAlpine & Steyskal, 1982MCALPINE, J.F.; STEYSKAL, G.C. A revision of Neosilba McAlpine with a key to world genera of Lonchaeidae (Diptera). Canadian Entomologist, v.114, p.105-137, 1982.: 112; Souza et al., 2005SOUZA, S.A.S.; RESENDE, A.L.S.; STRIKIS, P.C.; COSTA, J.R.; RICCI, M.S.F.; AGUIAR-MENEZES, E. Infestação Natural de Moscas Frugívoras (Diptera: Tephritoidea) em Café Arábica, sob Cultivo Orgânico Arborizado e a Pleno Sol, em Valença, RJ. Neotropical Entomology, v.34, n.4, p.639-648, 2005.: 639.

Lonchaea certa: Stein, 1901: 192.

Silba certa: Gaud & Martorell, 1973: 249.

Lonchaea pendula: Bezzi, 1919: 249.

Material examinado: 117 ♂♂, Cordeirópolis, Pedro Carlos Strikis 8/1986; 21 ♂♂, Monte Alegre do Sul, Pedro Carlos Strikis, 26/8/2003; 62 ♂♂, Louveira, Pedro Carlos Strikis, 8/1986.

Neosilba pendula (Bezzi)

Lonchaea pendulaBezzi, 1919: 249.

Neosilba pendula: McAlpine & Steyskal, 1982MCALPINE, J.F.; STEYSKAL, G.C. A revision of Neosilba McAlpine with a key to world genera of Lonchaeidae (Diptera). Canadian Entomologist, v.114, p.105-137, 1982.: 123; Araújo & Zucchi, 2002ARAÚJO, E.L.; ZUCCHI, R.A. Hospedeiros e níveis de infestação de Neosilba pendula (Bezzi) (Diptera: Lonchaeidade) na região de Mossoró-Açu, R.N. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.69, n.2, p.91-94, 2002.: 91; Strikis & Prado, 2005STRIKIS, P.C.; PRADO, A.P. A new species of genus Neosliba (Diptera: Lonchaeidae). Zootaxa, v.828, p.1-5, 2005.: 1; (Souza et al., 2005SOUZA, S.A.S.; RESENDE, A.L.S.; STRIKIS, P.C.; COSTA, J.R.; RICCI, M.S.F.; AGUIAR-MENEZES, E. Infestação Natural de Moscas Frugívoras (Diptera: Tephritoidea) em Café Arábica, sob Cultivo Orgânico Arborizado e a Pleno Sol, em Valença, RJ. Neotropical Entomology, v.34, n.4, p.639-648, 2005.): 639.

Lonchaea glaberrima: R. von Ihering, 1905: 3; Hempel, 1605: 353; 1906: 208; Bezzi, 1910.

Lonchaea aenea: von Ihering, 1912; Tavares, 1915: 52.

Material examinado: 79 ♂♂, Cordeirópolis, Pedro Carlos Strikis, 8/1986; 22 ♂♂, Louveira, Pedro Carlos Strikis 8/1986; 58 ♂♂, Monte Alegre do Sul, Pedro Carlos Strikis, 18/7/2003.

Neosilba glaberrima (Wiedemann)

Lonchaea glaberrimaWiedemann, 1830: 475.

Neosilba glaberrima: McAlpine & Steyskal, 1982: 114; Souza et al., 2005SOUZA, S.A.S.; RESENDE, A.L.S.; STRIKIS, P.C.; COSTA, J.R.; RICCI, M.S.F.; AGUIAR-MENEZES, E. Infestação Natural de Moscas Frugívoras (Diptera: Tephritoidea) em Café Arábica, sob Cultivo Orgânico Arborizado e a Pleno Sol, em Valença, RJ. Neotropical Entomology, v.34, n.4, p.639-648, 2005.: 639

Lonchaea pendula: Bezzi, 1919: 249.

Carpolonchaea pendula: Hennig, 1948: 360.

Silba pendulaKorytkowski & Ojeda, 1971: 112.

Material examinado: 94 ♂♂, Cordeirópolis, Pedro Carlos Strikis, 8/1986; 33 ♂♂ Louveira, Pedro Carlos Strikis 8/1986; 28 ♂♂, Monte Alegre do Sul, Pedro Carlos Strikis, 14/8/2003.

Neosilba bifidaStrikis & Prado, 2005STRIKIS, P.C.; PRADO, A.P. A new species of genus Neosliba (Diptera: Lonchaeidae). Zootaxa, v.828, p.1-5, 2005.: 1.

Material examinado: 3 ♂♂, São Bento do Sapucaí, Miguel Francisco de Souza Filho, 31/1/1996; 2 ♂♂, Monte Alegre do Sul, Pedro Carlos Strikis, 26/8/2003.

Descrição Neosilba inesperata n. sp.

Macho, tamanho do corpo 5,4 mm.

Cabeça: fronte afilada em direção à lúnula. Comprimento 1,95 mm; largura 1,39 mm razão comprimento/ largura 1,4. Lúnula com oito a nove setulas. Platô ocelar com quatro cerdas grandes; duas cerdas interocelares abaixo do platô ocelar e duas outras sobre o platô ocelar. Antena com uma cerda proeminente no segundo segmento. Comprimento de primeiro flagelômero, 0,88mm; largura do primeiro flagelômero, 0,20 mm; razão comprimento/largura, 4,39. Arista comprida, 1,031 mm, e plumosa, mais comprida que o primeiro flagelômero; razão do comprimento da arista/comprimento do primeiro flagelômero, 1,16. Palpo amplo e largo.

Tórax: mesonoto com 1,47 mm de comprimento; anepisterno com cinco cerdas grandes e um conjunto de três setas abaixo das cerdas, dorso do mesonoto setuloso, com 12 cerdas. Escutelo com margem lisa; duas cerdas marginais basais grandes e duas cerdas marginais apicais grandes, e um grupo de quatro setas marginais de cada lado; e duas setas entre as cerdas apicais.

Asas: hialinas, com 4,8 mm de comprimento e 2,06 mm de largura, veias amareladas e microtrichias pretas, razão comprimento/largura 2,33. Calípteras brancas, com franjas brancas e com um conjunto de seis a oito setas pretas, na dobra das calípteras.

Genitália do macho: epândrio comprido; mais comprido que largo; razão do comprimento/largura do epândrio, 2,67; com pelos longos (Fig. 1); que se alonga mais ao final da genitália, (Figs. 2 e 3). Surstilos com uma linha de prensisetas de cada lado, terminando no último quarto da genitália, próximo ao cerco que é curto tanto em vista lateral quanto ventral (Figs. 1, 2 e 3). Filamento do edeago longo e fino, terminando após os cercos, (Figs. 1 e 2). Base em forma de “C” do edeago com uma estrutura em forma de dente no lado convexo (Fig. 5); similar a Neosilba glaberrima, tal qual descrita por MCALPINE; STEYSKAL (1982)MCALPINE, J.F.; STEYSKAL, G.C. A revision of Neosilba McAlpine with a key to world genera of Lonchaeidae (Diptera). Canadian Entomologist, v.114, p.105-137, 1982.. Parâmero com formato conspícuo (Fig. 4).

Fêmea: desconhecida.

Diagnose: a forma e a proporção do comprimento/largura do epândrio, os pelos do epândrio, juntamente com a posição das prensiseta e forma do parâmero são as características mais importantes na identificação de N. inesperata n. sp.

Discussão taxonômica: N. inesperata n. sp. é muito similar a N. glaberrima McAlpine & Steyskal, talvez seja a mais similar dentre as espécies de Neosilba. Externamente a única diferença aparente é a falta do arranjo característico dos pelos no final do abdome presente em N. glaberrima. A terminalia do macho possui a estrutura em forma de dente no lado convexo da base do edeago em forma de “C”, que aparece também em N. glaberrima. No entanto, as diferenças na forma do parâmero, o arranjo das prensisetas no surstilos, bem como a diferença na proporção comprimento/largura do epândrio de N. insperata n. sp. em relação a N. glaberrima e a projeção do edeago, além do cerco, são suficientes para diferenciá-la de N. glaberrima.

Acredita-se que N. inesperata n. sp pertença ao mesmo complexo de espécies de N. glaberrima (Wied.).

Material examinado: holótipo; macho mantido em álcool 70%, depositado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, obtido de nêspera, Eryobotria japonica (Thunb.) Lindl.; Monte Alegre do Sul (Estação Experimental do Instituto Agronômico de Campinas), latitude 22ºS40’50", longitude: 46°O40’45", altitude 760 m, São Paulo, Brasil, Pedro Carlos Strikis, 15/7/2002.

Parátipos: dois machos mantidos em álcool 70%, obtidos de laranja (Citrus sinensis (L.) Osbeck), Cordeirópolis (Estação Experimental do IAC), (latitude 22°S28’50", longitude 47O°27’27", altitude 660m), São Paulo, Brasil, Miguel Francisco de Souza Filho, 26/6/1996, depositados no mesmo museu.

Outros exemplares examinados de outros hospedeiros: 1 ♂, Inga laurina Willd., Miguel Francisco de Souza Filho, Campinas, SP, (zona urbana), 30/ 1/2001, (esta amostra também continha exemplares de N. zadolichae N. certa); 2 ♂♂, Coffea arabica, Adalton Raga, Garça, SP, 20/3/1997, (esta amostra também continha exemplares de N. pendula); 1 ♂ Terminalia catappa L. (chapéu de sol), Adalton Raga, Assis, SP, zona urbana, 16/5/1996; 14 ♂♂, Malpighia punicifolia (acerola), Adalton Raga, Monte Mor, SP, 19/3/1999, [esta amostra continha também 1 ♂ de N. glaberrima (Wied.)]; 2 ♂♂, Averrhoa carambola L., Adalton Raga, Neves Paulista, SP, 22/ 10/1998; 3 ♂♂, T. catappa, Miguel Francisco de Souza Filho, Vinhedo, SP, 30/9/1999; 1 ♂, Psidium guajava L. (goiaba), Miguel Francisco de Souza Filho, Guairá, SP (zona urbana), 4/1/2001; 1 ♂, Passiflora allata Dryand (maracujá doce), Miguel Francisco de Souza Filho, Parelheiros, SP, em 23/ 3/1994; 1 ♂, Eugenia uniflora L. (pitanga), Miguel Francisco de Souza Filho, Bebedouro, SP, 7/12/ 1999; 1 ♂, Capsicum sp. (pimenta roxa), Miguel Francisco de Souza Filho, Ituverava, SP, 16/1/ 1997; 1 ♂, Citrus reticulata Blanco (laranja cravo), Miguel Francisco de Souza Filho, Regente Feijó, SP, 30/7/1996; 2 ♂♂, Myrcia sp. (maria preta), Miguel Francisco de Souza Filho, Laboratório de Entomologia, Instituto Biológico, Campinas, SP, 17/4/2001; 1 ♂, Solanum paniculatum (jurubeba), Adalton Raga, Laboratório de Nematologia, Instituto Biológico, Campinas, SP, 14/1/1999; 1 ♂, Solanum gilo (jiló), Miguel Francisco de Souza Filho, de Estiva Gerbi, SP, 28/1/1998.

Distribuição geográfica: N. insperata n. sp. é conhecida do Estado de São Paulo dos Municípios de Regente Feijó, Assis, Neves Paulista, Garça, Bebedouro, Ituverava, Estiva Gerbi, Cordeirópolis, Campinas, Monte Mor, Vinhedo, Parelheiros e São Bento do Sapucaí. Ocupa uma ampla gama climática no Estado de São Paulo, desde regiões quentes e secas (Bebedouro, Garça, Ituverava) até regiões frias e temperadas (São Bento do Sapucaí).

Hospedeiros: famílias de plantas hospedeiras de N. inesperata n. sp.: (Myrtaceae, Fabaceae/Mim., Rubiaceae, Combretaceae, Malpighiaceae, Oxalidaceae, Passifloraceae, Solanaceae, Rosaceae e Rutaceae).

Prancha A
Fig. 1: Neosilba inesperatan. sp: Terminália macho de Neosilba inesperatasp.n. vista ventral (70X). Fig. 2: detalhe prensisetas e final do edeago (130X). Fig. 3: terminália macho vista lateral (70X). Fig. 4: detalhe parâmero vista ventral (130X). Fig. 5: detalhe base do edeago vista lateral (130X).
Prancha B
Fig. 6: Vista dorsal do final do abdome de N. glaberrimamostrando arranjo característico dos pelos. Fig. 7: vista ventral com detalhe do parâmero do ♂ de N. glaberrima. Fig. 8: vista ventral genitália do ♂ de N. glaberrima. Fig. 9: vista ventral da genitália do ♂ de N. zadolicha. Fig. 10: vista lateral da genitália do ♂ de N. zadolicha. Fig. 11: vista lateral da genitália do ♂ de N. pendulacom edeago em destaque. Figuras copiadas de MCALPINE; STEYSKAL (1982)MCALPINE, J.F.; STEYSKAL, G.C. A revision of Neosilba McAlpine with a key to world genera of Lonchaeidae (Diptera). Canadian Entomologist, v.114, p.105-137, 1982. e de pranchas de DEL VECHIO (1991)DEL VECCHIO, M.C. Família Lonchaeidae (Diptera: Acalyptratae): Ocorrência de espécies e respectivos hospedeiros em algumas localidades do Estado de São Paulo. 1991. 58f. Dissertação (Mestrado em Biologia) Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1991..
Prancha C
Fig. 12: vista ventral do parâmero em detalhe de N. certa. Fig. 13: vista ventral da genitália do ♂ de N. certa. Fig. 14: vista lateral com detalhe da estrutura em forma de espinha da base do edeago em forma de “C” de N. bifida. Fig. 15: Vista ventral da genitália do ♂ de N. bífida. Figuras copiadas de MCALPINE; STEYSKAL (1982)MCALPINE, J.F.; STEYSKAL, G.C. A revision of Neosilba McAlpine with a key to world genera of Lonchaeidae (Diptera). Canadian Entomologist, v.114, p.105-137, 1982. e de pranchas de DEL VECHIO (1991)DEL VECCHIO, M.C. Família Lonchaeidae (Diptera: Acalyptratae): Ocorrência de espécies e respectivos hospedeiros em algumas localidades do Estado de São Paulo. 1991. 58f. Dissertação (Mestrado em Biologia) Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1991..
Chave para identificação de espécies de Neosilba presentes em frutos Néspera [adaptado de McAlpine; Steyskal (1982) e Strikis; Prado (2005)]: 1. Porção terminal do abdome com arranjo característico de pelos (Fig. 6) e forma do parâmero semelhante a uma lâmina (Fig. 7), genitália do macho em vista ventral como na Figura 8---N. glaberrima (Wied.). Porção terminal do abdome com pelos distribuídos uniformemente, parâmero com alargamento em vista ventral------------2. 2. Razão comprimento/largura maior da genitália do macho, superior a 5 (Fig. 9), edeago fino e comprido (Fig. 9), base em forma de "C" bastante pronunciada (Fig. 10)---N. zadolicha (McAlpine & Steyskal). Razão comprimento/largura maior do genitália do macho inferior a 5---3. 3. Edeago grosso e com alargamento no final, formando uma estrutura característica (Fig. 11)------------N. péndula (Bezzi). Edeago fino sem diferenciação na porção final----4. 4. Parâmero com forma próxima ao quadrado, com o ângulo do lado voltado ao edeago, formando uma estrutura em forma de espícula (Fig. 12), genitália do macho em vista ventral como na figura 13--N. certa (Walker). Parâmero com forma arredondada, sem estruturas com formato de espículas------5. 5. Estrutura em forma de espinho emergindo da porção terminal do lado convexo da base do edeago em forma de "C", projetando-se até o início dos surstilos (Fig. 14), genitália do macho em vista ventral como Figura 15--------------N. bifida (Strikis & Prado). Parâmero com forma arredondada conspícua (Fig. 4), edeago projetando-se além dos cercos (Fig. 2)-------N. inesperata n. sp.

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Maio 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2009

Histórico

  • Recebido
    01 Mar 2007
  • Aceito
    27 Nov 2008
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