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Jovens e juventudes em estudos rurais do Brasil

Young and youth in rural studies in Brazil

Jeunes et jeunes en études rurales au Brésil

Jóvenes y juventudes en estudios rurales de Brasil

Resumo:

O objetivo deste estudo foi apresentar as perspectivas teóricas e normativas utilizadas para definir jovens e juventude, resgatar pesquisas brasileiras sobre jovens rurais, identificando critérios de definição utilizados e os resultados das investigações. Metodologicamente é uma pesquisa bibliográfica. Os resultados demonstraram existir diversos estudos sobre a temática no Brasil, que utilizam distintas formas de definir juventude rural. O foco das pesquisas brasileiras está na problemática da sucessão rural e elevada migração rural-urbana, além da busca de ações para solucioná-la.

Palavras-chave:
perspectivas; sucessão rural; migração

Abtract:

The objective of this study was to present the theoretical and normative perspectives used to define youth and youth, to retrieve Brazilian research on rural youth, identifying the definition criteria used and the results of the investigations. Methodologically it is a bibliographical research. The results showed that there are several studies on the subject in Brazil, which use different ways of defining rural youth. The focus of Brazilian research is on the problem of rural succession and high rural-urban migration, as well as the search for actions to solve it.

Keywords:
prospects; rural succession; migration

Résumé:

L’objectif de cette étude était de présenter les perspectives théoriques et normatives utilisées pour définir la jeunesse et la jeunesse, de retrouver la recherche brésilienne sur la jeunesse rurale, d’identifier les critères de définition utilisés et les résultats des investigations. Méthodologiquement c’est une recherche bibliographique. Les résultats ont montré qu’il existe plusieurs études sur le sujet au Brésil, qui utilisent différentes manières de définir la jeunesse rurale. La recherche brésilienne se concentre sur le problème de la relève rurale et de la forte migration rurale-urbaine, ainsi que sur la recherche d’actions pour la résoudre.

Mots-clés:
perspectives; succession rurale; migration

Resumen:

El objetivo de este estudio fue presentar las perspectivas teóricas y normativas utilizadas para definir jóvenes y juventud, rescatar investigaciones brasileñas sobre jóvenes rurales, identificando criterios de definición utilizados y los resultados de las investigaciones. Metodológicamente es una investigación bibliográfica. Los resultados demostraron existir varios estudios sobre la temática en Brasil, que utilizan distintas formas de definir juventud rural. El foco de las investigaciones brasileñas está en la problemática de la sucesión rural y elevada migración rural-urbana, además de la búsqueda de acciones para solucionarla.

Palabras clave:
perspectivas; sucesión rural; la migración

1 INTRODUÇÃO

As discussões acerca da juventude têm ganhado respaldo no cenário acadêmico e político, sobretudo nos últimos anos. Considerada uma etapa da vida na qual não se é criança, mas também não se é reconhecido como adulto, a juventude evidencia um momento de transição do sujeito e cuja caracterização apresenta diferentes pontos de vista, caracterizando, muitas vezes, como um momento impreciso. Simultaneamente, o termo juventude é associado a substantivos e adjetivos como: “vanguarda”, “transformadora”, “questionadora”. Por outro lado, o jovem também é adjetivado como: “em formação”, “inexperiente”, “com comportamento desviante” (CASTRO, 2009______. Juventude rural no Brasil: processos de exclusão e a construção de um ator político. Revista Lationoamericana de Ciências Sociais, Niñes e Juventud, Colômbia, v. 1, n. 7, p. 179-208, 2009.). Esses termos contrastantes evidenciam que, ao mesmo tempo em que são agentes de transformação, os jovens precisam ser formados e tutelados para encontrar e assumir o seu papel social.

A complexidade em torno dos estudos sobre jovens e juventude aumenta quando o enfoque é o âmbito rural. O êxodo rural que afeta a agricultura familiar atinge as populações jovens com mais ênfase que em momentos anteriores (COSTA JÚNIOR, 2007COSTA JÚNIOR, Hélio Pereira da. Estudo da participação e permanência dos jovens na agricultura familiar na localidade do Ancorado em Rosário da Limeira - MG. 2007. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilidade) - Centro Universitário de Caratinga, Caratinga, MG, 2007.). Em decorrência do êxodo rural, está o processo de envelhecimento da população e também, o de recente masculinização do campo, já que as moças estão deixando a zona rural antes e numa proporção maior que os rapazes (ABRAMOVAY et al., 1998ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton L.; CORTINA, Nelson; BALDISSERA, Ivan Tadeu; FERRARI, Dilva L.; TESTA, Vilson M. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: UNESCO, 1998.). Devido especialmente à invisibilidade de seu trabalho, as mulheres tendem a deixar as áreas rurais em maior proporção do que os homens; e os jovens emigram em maior proporção que os adultos (BRUMER, 2004______. Gênero e agricultura: a situação da mulher na agricultura do Rio Grande do Sul. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 205-27, jan./abr. 2004.; 2006BRUMER, Anita. A problemática dos jovens rurais na pós-modernidade. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE SOCIOLOGIA RURAL, 7., Quito. Anais... Quito: ALASRU, 2006.).

Nesse sentido, reconhece-se a necessidade de entender a forma como eles são classificados e estudados. Destarte, o presente estudo tem como objetivo discutir acerca das principais perspectivas teóricas e normativas utilizadas para definir jovens e juventudes. Especificamente, pretende discorrer acerca de como pesquisadores brasileiros têm definido e classificado seu objeto de estudo, quando se trata de jovens rurais, quais as temáticas de pesquisa e principais resultados.

O presente estudo classifica-se como um ensaio teórico e, portanto, não utiliza a pesquisa empírica como base de dados. Ele está alicerçado na revisão bibliográfica das principais abordagens e normativas acerca dos termos jovens, juventude e, especificamente, jovens rurais. O ensaio teórico é fundamentado na exposição lógica e reflexiva, bem como objetiva uma argumentação minuciosa, com maior grau de interpretação e julgamento pessoal (SEVERINO, 2002SEVERINO, Antônio Joaquin. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002.).

2 JOVENS: DEFINIÇÕES E CONCEITUAÇÕES

A definição conceitual de jovens/juventude é uma das principais incitações dos pesquisadores que estudam processos sociais protagonizados por estes atores (WEISHEIMER, 2009WEISHEIMER, Nilson. A situação juvenil da agricultura familiar. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2009.). Não existe apenas um conceito, nem mesmo uma única perspectiva sobre a juventude. Estabelecer referências acadêmicas para o que se entende por jovens, quem pode ser considerado jovem e que critérios são utilizados para identificar a juventude pode ser uma contribuição para a comunidade científica que estuda o tema.

Existem cinco principais abordagens utilizadas nas definições conceituais sobre a juventude: faixa etária; ciclo de vida; geração; cultura ou modo de vida; e representação social. Entre os pesquisadores, alguns enfatizam uma dessas abordagens, outros fazem diferentes combinações, enquanto alguns não estabelecem definição de juventude, tratando o termo como autoexplicativo (WEISHEIMER, 2005______. Juventudes rurais: mapas de estudos recentes. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2005.; OLIVEIRA, 2006OLIVEIRA, Edmar Geraldo de. O lazer e a melhoria da qualidade de vida dos jovens rurais de São João Evangelista - MG. 2006. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilidade) - Centro Universitário de Caratinga, Caratinga, MG, 2006.). A fim de sistematizar as abordagens e definições de juventude destacadas nesta seção, apresenta-se o Quadro 1. Este traz os principais elementos que caracterizam cinco diferentes abordagens de juventude, no intuito de facilitar-lhes a compreensão e a diferenciação.

Quadro 1
Síntese dos critérios utilizados na definição de juventude com base em diferentes abordagens

A juventude como uma faixa etária é utilizada em pesquisas que ancoram sua definição utilizando como critérios a idade dos pesquisados. Para isso, os pesquisadores geralmente se apoiam em indicadores demográficos, critérios normativos ou padrões estabelecidos pelos organismos internacionais.

No Quênia, a partir dos oito anos de idade, as pessoas já são consideradas jovens; em Botswana, jovens têm de 10 a 22 anos e, na Colômbia, entre 16 e 28 anos. Para as Nações Unidas, juventude compreende o período entre 15 e 24 anos, embora a Comissão Econômica para a América do Sul e Caribe (CEPAL) estabeleça até 29 anos, quando se trata de jovens rurais (ABRAMOVAY et al., 1998ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton L.; CORTINA, Nelson; BALDISSERA, Ivan Tadeu; FERRARI, Dilva L.; TESTA, Vilson M. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: UNESCO, 1998.).

O Brasil segue o padrão de análise da Organização Ibero-Americana da Juventude (OIJ), considerando jovens as pessoas que se encontram na faixa etária de 15 a 29 anos. Esses exemplos evidenciam a existência de diversos critérios cronológicos para delimitar ou caracterizar a juventude. Apesar de se mostrarem convenientes para experimentos/pesquisas, a delimitação de idade cronológica para a definição de juventude é deficiente e arbitrária, não considera as diferenças entre idade biológica e idade social (WEISHEIMER, 2009WEISHEIMER, Nilson. A situação juvenil da agricultura familiar. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2009.).

A segunda abordagem define a juventude como período de transição. O termo juventude designa um estado transitório, uma fase da vida humana com o começo bem definido pelo aparecimento da puberdade e o término variável, mudando de acordo com critérios e pontos de vista adotados em cada sociedade para determinar se as pessoas são jovens. A transição juvenil se caracteriza como processo de socialização e atribuições de papéis específicos. A juventude é um estágio no qual acontece a entrada na vida social plena e que, como situação de passagem, compõe uma condição de relatividade: de direitos e deveres, responsabilidades e independência mais amplas do que as das crianças e não tão completas quanto às dos adultos. Essa perspectiva adquiriu importância na medida em que foi assumida pela Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO) a partir da Conferência Internacional sobre Juventude, realizada em Grenoble em 1964 (WEISHEIMER, 2005______. Juventudes rurais: mapas de estudos recentes. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2005.).

O enfoque nas gerações emerge da ideia de situação no processo social, estabelecendo um paralelo com a circunstância de classe. Corresponde à similaridade de situação num mesmo tempo histórico. Ou seja, todos os membros de um grupo etário têm uma situação comum perante as dimensões históricas do processo social (MANNHEIM, 1968MANNHEIM, Karl. O problema da juventude na sociedade moderna. Sociologia da Juventude I. Rio de Janeiro: Zahar, 1968.). Nessa perspectiva, tem-se a ideia de que os jovens são inerentemente contestadores, ou de que essa rebeldia é necessariamente transitória, como a juventude. A juventude é vista a partir de seus potenciais de mudança, sua capacidade criadora e inventiva (WEISHEIMER, 2005______. Juventudes rurais: mapas de estudos recentes. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2005.).

A perspectiva da juventude como cultura ou modo de vida é vista como uma expressão da cultura de massas. Nessa abordagem, a juventude se define por critérios culturais destacando-se a importância de espaços de sociabilidade juvenis na constituição de suas identidades. A mídia aparece como o principal componente na construção do entendimento do que seja juventude. A cultura juvenil está ligada à sociedade de consumo, suas características incluem especialmente vestimentas, acessórios e linguagem. Em relação aos jovens rurais, a abordagem questiona a existência de uma juventude no campo ou se tão logo as crianças adquirissem força física seriam elas incorporadas como adultos no trabalho agrícola.

Por fim, na perspectiva da juventude como representação social e autorrepresentação, o termo juventude designa um conjunto de relações sociais específicas, vividas por elementos classificados como jovens em uma dada sociedade. A abordagem fala em condição juvenil como uma posição hierárquica social fundada em representações sociais, na busca de significados que definam quem é e quem não é jovem em um dado contexto sociocultural. As representações sociais remetem à ideia de que a juventude é um processo transitório que marca a passagem de uma condição social da dependência para a de independência, ou seja, da fase da infância para a fase adulta. A abordagem guarda a ideia de que os jovens estariam sujeitos à incorporação de uma série de papéis sociais ou funções socialmente atribuídas pelos processos de socialização, e a alternância desses papéis sociais assegura a reprodução ou continuidade social (WEISHEIMER, 2005______. Juventudes rurais: mapas de estudos recentes. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2005.).

Ainda, o termo juventude remete a distintos conceitos, e alguns especialistas definem o termo de maneiras divergentes, como destatcado na Figura 1.

Figura 1
Principais conceitos de juventude abordados pela literatura.

Não é possível estabelecer um conceito universalmente comum para os limites de idade da juventude. Mas a principal característica da juventude corresponde à naturalização da continuidade do modo de vida dos pais. No entanto os jovens rurais, oriundos da agricultura familiar, em alguns aspectos, amadurecem socialmente mais cedo que os jovens que se inserem em outras atividades produtivas, devido a responsabilidades vinculadas ao processo de trabalho. Por outro lado, eles tendem a atrasar sua autonomia social em função do caráter patriarcal que caracteriza essa atividade (WEISHEIMER, 2009WEISHEIMER, Nilson. A situação juvenil da agricultura familiar. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2009.). Ainda, é um momento de diversas fases semelhantes às vivenciadas pelos jovens urbanos (ABRAMOVAY, 2000______. Ruralidade e desenvolvimento territorial. Gazeta Mercantil, Folha de São Paulo, São Paulo, p. A- 3, 15 abr. 2000.).

2.1 Diferenciação e desafios do termo juventude

Existem diferentes modos de ser jovem, porque a juventude é plural e heterogênea. A sociedade moderna não diferencia, de forma exata, os papéis da fase juventude. Ao mesmo tempo em que é visto como estando em uma fase importante para o desenvolvimento de sua personalidade, também é tratado como subordinado e marginalizado quando o assunto é trabalho e política. É comum o olhar de desconfiança para com esse jovem, situações essas que em conjunto impõem angústias a estes que, em alguns momentos, se consideram aptos e, em outros, inaptos para a vida social (LIBÂNIO, 2004LIBÂNIO, João Batista. Jovens em tempos de pós-modernidade: considerações socioculturais e pastorais. São Paulo: Edições Loyola, 2004.).

A juventude pode ser ponderada homogênea se considerarmos a geração de jovens em relação a outras gerações. E heterogênea, se a geração de jovens for analisada como um conjunto social com características que diferenciam os jovens uns dos outros (PAIS, 1990PAIS, José Machado. A construção sociológica da juventude: alguns contributos. Análise Social, Lisboa, v. 15, n. 105-106, p. 139-65, 1990.).

Múltiplas são as juventudes numa sociedade heterogênea, marcada pela discriminação, pelas desigualdades econômicas e sociais e pela existência de sistemas culturais hierárquicos e diversificados. Isso porque a juventude é, ao mesmo tempo, uma condição social e uma representação (GOMES, 2001GOMES, Maria Isabel dos Santos Resgate. Diversidades e comportamentos juvenis: um estudo dos estilos de vida de jovens de origem étnico-culturais diversificadas em Portugal. Revista Portuguesa de Saúde Pública, Lisboa, v. 19, n. 1, p. 41-64, jan./jun. 2001.). Portanto a juventude é uma categoria socialmente destacada, uma fase de transição e de mudanças. É vista como um “vir a ser”, uma passagem para a vida adulta, uma fase que se relaciona com o passado, fase da infância, ao mesmo tempo em que se conecta com o futuro, a vida adulta. Pode ser entendida como um momento no qual se vive de forma mais intensa um conjunto de transformações que vão estar presentes, de alguma maneira, ao longo da vida (DAYRELL, 2003DAYRELL, Juarez. O jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação, Campinas, SP, n. 24, p. 40-52, set./dez. 2003.).

A juventude constitui-se num momento determinado, porém ela não se reduz a uma passagem, assumindo uma importância em si mesma. A cultura juvenil é um novo padrão de comportamento, de estilo e de valores, é a fase de mudanças corporais, necessidade de identidade, o momento de encontrar um lugar na família e na sociedade (DAYRELL, 2003DAYRELL, Juarez. O jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação, Campinas, SP, n. 24, p. 40-52, set./dez. 2003.).

Por meio do arcabouço teórico da sociologia funcionalista, a partir do século XX a juventude passou a ser pensada como um processo de desenvolvimento social e pessoal de capacidades e ajustes aos papéis de adulto. Consequentemente, ganhou espaço maior nos estudos acadêmicos e nos debates de maneira geral (ABRAMO, 1994ABRAMO, Helena W. Cenas juvenis: punks e darks no espetáculo urbano. São Paulo: Scritta, 1994.).

A juventude, historicamente, esteve associada a uma fase da vida marcada pela instabilidade, sendo conhecida com uma fase conflituosa e de vulnerabilidade. Considerando os problemas sociais dos jovens na América Latina, milhões de jovens estão fora do mercado de trabalho e do sistema escolar. A exclusão social e a desarticulação familiar favorecem sua inserção no mundo das gangues e da criminalidade, transformando-os em vítimas favoráveis para as máfias da droga (KLIKSBERG, 2006KLIKSBERG, Bernardo. O contexto da juventude na América Latina e no Caribe: as grandes interrogações. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 5, p. 909-42, out. 2006.).

No Brasil, os jovens apresentam-se envolvidos em situações de violência, sendo os mais atingidos pelo desemprego no país, com envolvimento em casos de narcotráfico e criminalidade. O consumo de bebidas alcoólicas, de tabaco, a gravidez na adolescência e as infecções pelo vírus humano da imunodeficiência (HIV) são problemas fortemente presentes na juventude (AMARAL, 2011AMARAL, Márcio de Freitas. Culturas juvenis e experiência social: modos de ser jovem na periferia. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2011.). Os jovens têm problemas de inserção profissional, de drogas, de delinquência, com a escola, com os pais etc. (PAIS,1990PAIS, José Machado. A construção sociológica da juventude: alguns contributos. Análise Social, Lisboa, v. 15, n. 105-106, p. 139-65, 1990.).

Por outro lado, nas décadas de 1960 e 1970, os jovens ganharam destaque pelo seu papel contestador, por meio do Rock Roll, liberação sexual, movimento estudantil, luta por direitos civis e em prol da paz. A juventude criticou a ordem social estabelecida e estes “movimentos” caracterizaram a juventude como uma categoria com comportamentos “desviantes” capaz de realizar transformações sociais (WEISHEIMER, 2009WEISHEIMER, Nilson. A situação juvenil da agricultura familiar. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2009.).

Nas últimas décadas, a mídia, e juntamente o mercado de consumo, elegeu o jovem como símbolo de vitalidade, beleza e realizações infinitas. Suas roupas, hábitos, costumes, o estilo de vida começou a ser adotado numa perspectiva de juventude eterna (AMARAL, 2011AMARAL, Márcio de Freitas. Culturas juvenis e experiência social: modos de ser jovem na periferia. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2011.). Atualmente ser jovem tornou-se prestigioso, ocorrendo um processo de juvenilização da cultura, e a juventude passa a ser idealizada. Somado a isso, a etapa juvenil prolongou-se, pois as pessoas demoram mais tempo para se considerarem adultas em função das responsabilidades que essa fase da vida exprime (AMARAL, 2011AMARAL, Márcio de Freitas. Culturas juvenis e experiência social: modos de ser jovem na periferia. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2011.).

Os jovens manifestam a sua condição juvenil em um paradoxo ao traduzirem os problemas/emblemas sociais ao mesmo tempo em que são modelos culturais que representam as sociedades contemporâneas (AMARAL, 2011AMARAL, Márcio de Freitas. Culturas juvenis e experiência social: modos de ser jovem na periferia. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2011.).

Diversos fatores são capazes de influenciar nos comportamentos juvenis, como os de natureza individual (depressão e estresse) e fatores socioculturais (família, escola, grupo de amigos e atividades desenvolvidas no tempo livre) (VIEIRA, 2004VIEIRA, Rosângela Steffen. Juventude e sexualidade no contexto (escolar) de assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. 2004. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, 2004.). Além disso, os meios de comunicação, sobretudo a televisão e a publicidade, contribuem para criar referenciais de identidade para os jovens (SARTI, 1999SARTI, Cynthia Andersen. Família e jovens: no horizonte das ações. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 11, p. 99-109, maio/ago. 1999.), em especial em tempos em que os pais saem para trabalhar fora de casa.

Considerando as problemáticas do universo jovem, destacam-se aqui aqueles que vivem no meio rural. A situação do jovem rural mostra-se preocupante, uma vez que as taxas de pobreza rural da América Latina superam amplamente as da urbana. Os jovens rurais começam a trabalhar antes daqueles que residem nas áreas urbanas e isso repercute nas suas possibilidades educacionais - os níveis de evasão e repetência escolar são mais altos e a escolaridade média é reduzida. A situação gera uma contínua expulsão dos jovens para as cidades, onde sua inserção é muito difícil por causa da sua escassa bagagem educacional e porque suas experiências são muito diferentes das competências exigidas nos mercados de trabalho urbanos (KLIKSBERG, 2006KLIKSBERG, Bernardo. O contexto da juventude na América Latina e no Caribe: as grandes interrogações. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 5, p. 909-42, out. 2006.).

No entanto é preciso afastar a ideia de que quem fica no meio rural são as pessoas que não estudaram e que não tiveram sucesso em trilhar outro caminho (SILVA, 2007SILVA, Vera Terezinha Carvalho. O jovem rural como ator principal para a construção de um novo modelo rural, promovendo um espaço de qualidade de vida, sustentabilidade social e ambiental. Porto Alegre: EMATER/RS-ASCAR, 2007.). Porém não são poucas as dificuldades enfrentadas pelos jovens rurais, como a falta de um modelo agrícola voltado para o agricultor familiar e o assentado de reforma agrária. O modelo econômico vigente tem deixado o agricultor cada vez mais pobre e a diminuição da renda faz com que grande parte da população do campo abandone a área rural, dirigindo-se aos centros urbanos. A juventude sofre as consequências desse modelo, contando com possibilidades mínimas na área da educação e da ocupação produtiva, carecendo de alternativas em lazer, cultura e saúde (SILVA, 2007SILVA, Vera Terezinha Carvalho. O jovem rural como ator principal para a construção de um novo modelo rural, promovendo um espaço de qualidade de vida, sustentabilidade social e ambiental. Porto Alegre: EMATER/RS-ASCAR, 2007.).

Como particularidades e demandas dos jovens rurais destacam-se: a) muitos não são agricultores, mas assalariados em atividades agrícolas e não agrícolas (TAVARES; LEMOS, 1995TAVARES, Doraci; LEMOS, Nelson. Juventude e desenvolvimento rural no Cone Sul Latinoamericano. Santiago de Chile: PROCODER - EMATER - IICA, 1995.); b) deveriam ser alvos de ações estratégicas no sentido de que possam ter escolhas e fazerem suas opções (TAVARES; LEMOS, 1995TAVARES, Doraci; LEMOS, Nelson. Juventude e desenvolvimento rural no Cone Sul Latinoamericano. Santiago de Chile: PROCODER - EMATER - IICA, 1995.); c) podem ser os principais responsáveis pelo desenvolvimento rural, tendo em vista seu conhecimento e sua capacidade; os laços existentes entre os jovens rurais pode ser uma força de transformação local (TAVARES; LEMOS, 1995TAVARES, Doraci; LEMOS, Nelson. Juventude e desenvolvimento rural no Cone Sul Latinoamericano. Santiago de Chile: PROCODER - EMATER - IICA, 1995.); d) a diferença de atratividade do campo entre os jovens e as jovens rurais, sendo que estas últimas permanecem em menor número na agricultura, uma vez que optam por estudar e migrar par o urbano (CARNEIRO, 2007CARNEIRO, Maria José. Juventude e novas mentalidades no cenário rural. In: CARNEIRO, Maria José; CASTRO, Elisa Guaraná (Org.). Juventude rural em perspectiva. Rio de Janeiro; Mauad X, 2007.). Isso ocorre porque, muitas vezes, as mulheres não são reconhecidas pelo trabalho que realizam no meio rural, e essa atividade acaba não trazendo realização pessoal; e) quando o assunto é jovens de um modo geral, os motivos de migração para o urbano podem residir no desejo do maior convívio social, além da busca de atividades remuneradas (CARNEIRO, 2007CARNEIRO, Maria José; CASTRO, Elisa Guaraná. Juventude rural em perspectiva. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.).

Nesta seção, buscou-se apresentar as principais problemáticas do universo jovem e evidenciar a dubiedade que essa fase da vida manifesta. Ao mesmo tempo em que os jovens são vistos como problemas para a sociedade, por meio do desemprego, dos conflitos familiares, do uso de drogas, entre outros, também são símbolos de vitalidade e esperança futura. Isso é percebido inclusive no universo dos jovens rurais, pois as mudanças no modo de produção, novos investimentos e na diversificação produtiva são ações que os pais, muitas vezes, já não têm mais interesse em realizar, deixando a responsabilidade para o jovem e seus anseios inovadores.

3 JOVENS RURAIS NO BRASIL

Esta seção visa apresentar como alguns pesquisadores que estudam a juventude rural têm definido/caracterizado seus objetos de estudo, ou seja, como eles têm classificado os jovens rurais. Também serão apresentados os objetivos e os principais resultados encontrados nas pesquisas realizadas.

Os estudos sobre juventude rural são pouco expressivos (VIEIRA, 2004VIEIRA, Rosângela Steffen. Juventude e sexualidade no contexto (escolar) de assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. 2004. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, 2004.). Jovem é uma categoria que não recebe qualificação específica por parte dos classificadores, que os colocam como estudantes, filhos de agricultores, entre outros adjetivadores (CARNEIRO, 1998______. O ideal rurbano: campo e cidade no imaginário de jovens rurais. In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da; SANTOS, Raimundo; COSTA, Luis Flávio (Org.). Mundo rural e política: ensaios interdisciplinares. Rio de Janeiro: Campus, 1998.). O jovem no meio rural é um aprendiz de agricultor no interior dos processos de socialização e de divisão social do trabalho na unidade familiar. Esse fator pode justificar a invisibilidade ou falta de pesquisas sobre esses atores sociais. Porém, mencionam-se autores como Abramovay et al.(1998)ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton L.; CORTINA, Nelson; BALDISSERA, Ivan Tadeu; FERRARI, Dilva L.; TESTA, Vilson M. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: UNESCO, 1998., Brumer (2004______. Gênero e agricultura: a situação da mulher na agricultura do Rio Grande do Sul. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 205-27, jan./abr. 2004.; 2006BRUMER, Anita. A problemática dos jovens rurais na pós-modernidade. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE SOCIOLOGIA RURAL, 7., Quito. Anais... Quito: ALASRU, 2006.), Carneiro (1998______. O ideal rurbano: campo e cidade no imaginário de jovens rurais. In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da; SANTOS, Raimundo; COSTA, Luis Flávio (Org.). Mundo rural e política: ensaios interdisciplinares. Rio de Janeiro: Campus, 1998.; 2005)______. Juventude rural: projetos e valores. In: ABRAMO, H.; BRANCO, P. P. M. (Org.). Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005. p. 243-62., Castro (2005______. Entre ficar e sair: uma etnografia da construção social da categoria jovem rural. 2005. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, 2005.; 2009______. Juventude rural no Brasil: processos de exclusão e a construção de um ator político. Revista Lationoamericana de Ciências Sociais, Niñes e Juventud, Colômbia, v. 1, n. 7, p. 179-208, 2009.; 2013)CASTRO, Elisa Guaraná. Entre ficar e sair: uma etnografia da construção social da categoria jovem rural. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2013., Weishemer (2004______. Os jovens agricultores e seus projetos profissionais: um estudo de caso no bairro de Escadinhas, Feliz (RS). 2004. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2004.; 2005______. Juventudes rurais: mapas de estudos recentes. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2005.; 2009)WEISHEIMER, Nilson. A situação juvenil da agricultura familiar. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2009. entre outros, como sendo pesquisadores renomados no âmbito brasileiro com temas relacionados à juventude rural. Assim, apresenta-se como cada autor classificou os jovens e quais são os objetivos e resultados de cada estudo.

Quadro 2
Autores, conceitos e resultados de pesquisa sobre juventude rural no Brasil

Nos últimos anos, aumentou o número de pesquisadores e estudos relacionados ao universo jovem. As perspectivas e definições usadas nos estudos com jovens rurais oscilam em abordagens cronológicas e de autorrepresentação, mas a maioria dos estudos aqui apresentados não salienta o critério utilizado para definir o objeto de estudo.

As pesquisas com foco na juventude rural dão conta de apresentar claramente, em alguns casos, e sutilmente, em outros, algumas características que distinguem o jovem rural. Com o objetivo de compilar as principais características dos jovens rurais identificadas nas pesquisas (ABRAMOVAY et al., 1998ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton L.; CORTINA, Nelson; BALDISSERA, Ivan Tadeu; FERRARI, Dilva L.; TESTA, Vilson M. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: UNESCO, 1998.; BRUMER et al., 2000BRUMER, Anita et al. Juventude rural e divisão do trabalho na unidade de produção familiar. In: CONGRESSO INTERNACIONAL RURAL SOCIOLOGY ASSOCIATION (IRSA). Anais... Rio de Janeiro: IRSA, 2000. p. 1-30.; BRUMER, 2004______. Gênero e agricultura: a situação da mulher na agricultura do Rio Grande do Sul. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 205-27, jan./abr. 2004.; FREITAS, 2009FREITAS, Isaurora Cláudia Martins de. Do campo à universidade: trajetórias e projetos de vida dos jovens universitários do meio rural brasileiro. In: CONGRESO DE LA ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA DE SOCIOLOGÍA, 27.; JORNADAS DE SOCIOLOGÍA DE LA UNIVERSIDAD DE BUENOS AIRES, 8. Anais... Buenos Aires: Asociación Latinoamericana de Sociología, Buenos Aires, 2009. p. 1-11.; CARNEIRO, 1998______. O ideal rurbano: campo e cidade no imaginário de jovens rurais. In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da; SANTOS, Raimundo; COSTA, Luis Flávio (Org.). Mundo rural e política: ensaios interdisciplinares. Rio de Janeiro: Campus, 1998., 2005______. Juventude rural: projetos e valores. In: ABRAMO, H.; BRANCO, P. P. M. (Org.). Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005. p. 243-62.; CASTRO, 2005______. Entre ficar e sair: uma etnografia da construção social da categoria jovem rural. 2005. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, 2005., 2013CASTRO, Elisa Guaraná. Entre ficar e sair: uma etnografia da construção social da categoria jovem rural. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2013.; WEISHEIMER, 2004______. Os jovens agricultores e seus projetos profissionais: um estudo de caso no bairro de Escadinhas, Feliz (RS). 2004. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2004.; 2005______. Juventudes rurais: mapas de estudos recentes. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2005.; 2007______. Jovens agricultores familiares no Rio Grande do Sul: Relatório técnico de caracterização dos jovens na agricultura familiar no Rio Grande do Sul. Convênio MDA/FAURGS N. 109 /2006. Porto Alegre: IFCH/UFRGS/FAURGS, 2007.; 2009WEISHEIMER, Nilson. A situação juvenil da agricultura familiar. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2009.; LOPES; DOULA, 2013LOPES, Kamil Cheab David; DOULA, Sheila Maria. Juventude rural na sociedade da informação: a internet e seus usos no Brasil. Revista Brasileira de Economia Doméstica, Viçosa, MG, v. 24, n. 2, p. 113-32, 2013.; TROIAN, 2014TROIAN, Alessandra. Percepções e projetos de jovens rurais produtores de tabaco de Arroio do Tigre/RS. 2014. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Rural) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2014.), apresenta-se a Figura 2.

Figura 2
Características diferenciadoras da juventude rural do Brasil

O jovem é comumente visualizado como o futuro dos espaços em que atua. Assim, o desenvolvimento de determinadas regiões está relacionado ao nível de empenho e dedicação que esses jovens têm com o local. As pesquisas destacadas e abordadas no presente artigo apontam para um cenário rural de frequente migração para o urbano, sobretudo em regiões em que predomina a agricultura familiar. A partir dessas recorrentes constatações, a preocupação acerca do futuro dessas regiões passa a ser tema de debate do ponto de vista social e econômico.

Alguns condicionantes têm servido para justificar o cenário de migração rural-urbana, destacando-se: a) ampliação dos horizontes profissionais alternativos no meio urbano (MELLO et al., 2003MELLO, Márcio Antonio de; ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton Luiz; DORIGON, Clovis; FERRARI, Dilvan Luiz; TESTA, Vilson Marcos. Sucessão hereditária e reprodução social da agricultura familiar. Agricultura, São Paulo, v. 50, n. 1, p. 11-24, 2003.); b) diminuição de terras disponíveis na fronteira agrícola, somado a crescente mecanização no campo, que levaram a uma diminuição da mão de obra na produção familiar que levaram os jovens a serem atraídos pelos valores urbanos e o trabalho assalariado (CARNEIRO, 2001______. Herança e gênero entre agricultores familiares. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 22-55, 2001.); c) mulheres e homens ainda têm direitos desiguais no campo, já que no processo sucessório, a possibilidade de a filha ser sucessora da propriedade é pouco considerada (MELLO et al., 2003MELLO, Márcio Antonio de; ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton Luiz; DORIGON, Clovis; FERRARI, Dilvan Luiz; TESTA, Vilson Marcos. Sucessão hereditária e reprodução social da agricultura familiar. Agricultura, São Paulo, v. 50, n. 1, p. 11-24, 2003.); d) a sucessão da propriedade na agricultura familiar é feita tardiamente, -possibilitando abrir caminhos para a escolha, por parte dos herdeiros, de possibilidades alternativas a um futuro na unidade produtiva (a profissão de agricultor acaba perdendo o carácter moral que já teve no passado, colocando-se como uma possibilidade entre as outras) (MELLO et al., 2003MELLO, Márcio Antonio de; ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton Luiz; DORIGON, Clovis; FERRARI, Dilvan Luiz; TESTA, Vilson Marcos. Sucessão hereditária e reprodução social da agricultura familiar. Agricultura, São Paulo, v. 50, n. 1, p. 11-24, 2003.); e) desvalorização e precarização do meio rural (SPANEVELLO; DREBES; LAGO, 2011SPANEVELLO, Rosani Maria; DREBES, Laila Mayara; LAGO, Adriano. A influência das ações cooperativistas sobre a reprodução social da agricultura familiar e seus reflexos sobre o desenvolvimento rural. In: Circuito de Debates Acadêmicos, 1. - CONFERÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO. Anais... Brasília, 2011.); f) ambiente onde os jovens estão inseridos não estimula seu conhecimento e favorece seus ideais (ABRAMOVAY et al., 1998ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton L.; CORTINA, Nelson; BALDISSERA, Ivan Tadeu; FERRARI, Dilva L.; TESTA, Vilson M. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: UNESCO, 1998.); g) falta de políticas públicas específicas para os jovens rurais (TROIAN, 2014TROIAN, Alessandra. Percepções e projetos de jovens rurais produtores de tabaco de Arroio do Tigre/RS. 2014. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Rural) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2014.)

Consequentemente, a migração gerou uma masculinização e envelhecimento da população rural (SPANEVELLO; DREBES; LAGO, 2013). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGEINSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico de 1991, 2000 e 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/apps>. Acesso em: 10 set. 2015.
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) relacionados ao Censo Demográfico 2010 indicam que há, na área urbana, em torno de seis milhões e quatrocentas mil mulheres a mais do que o número de homens. Na área rural os dados se invertem para cerca de um milhão e duzentos mil homens a mais do que mulheres. Por outro lado, os jovens que permanecem no meio rural geralmente têm baixo nível educacional (ABRAMOVAY et al., 1998ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton L.; CORTINA, Nelson; BALDISSERA, Ivan Tadeu; FERRARI, Dilva L.; TESTA, Vilson M. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: UNESCO, 1998.) o que pode impactar negativamente no desenvolvimento do campo.

Por outro lado, o crescimento das cidades brasileiras se deve cada vez menos ao êxodo rural. No período de 1991 a 2000, as estimativas apontam que 33,1% do crescimento da população urbana foi contribuição do êxodo rural, enquanto que, no período de 2000 a 2007, a contribuição do êxodo rural foi de 19,2% (ALVES; MARRA, 2009ALVES, Eliseu; MARRA, Renner. A persistente migração rural-urbana. Revista de Política Agrícola, Brasília, DF, ano 18, n. 4, p. 5-17, out./dez. 2009.).

Destarte, as pesquisas brasileiras não só problematizam a questão de sucessão rural e migração rural-urbana. Elas também apontam como o referido processo pode ser diminuído a partir de fatores, ações ou contextos. Alguns deles são citados no Quadro 3.

Quadro 3
Fatores que estimulam a permanência dos jovens na agricultura no Brasil

Por fim, reconhece-se a limitação do estudo no sentido de não abranger todos os autores e pesquisas sobre o tema. No entanto, ainda assim, a partir da análise realizada, visualiza-se uma diversidade de pesquisas usando distintas noções de juventude rural.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Abordar teoricamente a juventude representa um desafio, na medida em que essa categoria, utilizada de maneira genérica e sem rigor analítico, pode vir a ser sociologicamente problemática (STROPASOLAS, 2005STROPASOLAS, Valmir Luiz. Juventude rural: uma categoria social em construção. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 12. Anais... Belo Horizonte, 2005.). Existem dificuldades operacionais para delimitar o início e o fim do período juventude (BRUMER, 2006BRUMER, Anita. A problemática dos jovens rurais na pós-modernidade. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE SOCIOLOGIA RURAL, 7., Quito. Anais... Quito: ALASRU, 2006.). Resultado disso é a diversidade de abordagens e definições existentes acerca dos termos jovens e juventudes.

Embora criticado academicamente, o critério cronológico faz-se presente na maior parte dos estudos com jovens rurais. Os pesquisadores reconhecem as limitações inerentes no critério cronológico de delimitação, porém ele acaba sendo adotado por pragmatizar as pesquisas, que, na maioria das vezes, possuem prazos para iniciar e para serem finalizadas.

Além disso, destaca-se que há estudos (BRUMER, 2004______. Gênero e agricultura: a situação da mulher na agricultura do Rio Grande do Sul. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 205-27, jan./abr. 2004.; 2006BRUMER, Anita. A problemática dos jovens rurais na pós-modernidade. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE SOCIOLOGIA RURAL, 7., Quito. Anais... Quito: ALASRU, 2006.; ABRAMOVAY et al., 1998ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton L.; CORTINA, Nelson; BALDISSERA, Ivan Tadeu; FERRARI, Dilva L.; TESTA, Vilson M. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: UNESCO, 1998., entre outros), realizados com jovens que não especificam os critérios utilizados e quem é esse jovem pesquisado, dificultando a reprodução metodológica, como também põem em dúvida de que público se está falando. Sublinha-se que as diferenciações e o/ou critérios utilizados para definir quem são os jovens podem influenciar nos dados e números apresentados, sobretudo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGEINSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico de 1991, 2000 e 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/apps>. Acesso em: 10 set. 2015.
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) e a presença ou não do êxodo, masculinização e envelhecimento rural.

Considera-se que a delimitação utilizada para caracterizar juventude é mais uma questão metodológica do que uma preocupação de impactos no desenvolvimento. Mais importante que consenso na delimitação de juventude, é ouvi-los mais e incluí-los em planos e metas de políticas públicas de Estado e em projetos de intervenção de instituições diversas.

Apesar de possuírem papel preponderante no processo de desenvolvimento, sobretudo rural, estudos sobre as juventudes do meio rural ainda são pouco expressivos. Há muito a ser descoberto acerca das percepções, anseios e motivações dos jovens rurais; os motivos que os fazem desejar sair e permanecer no meio rural, a relação com os pais, com o trabalho, entre outros.

Por fim, o jovem não têm sido um ator no processo de desenvolvimento, nem foco dos estudos e pesquisas que visam às melhorias das condições de vida, especialmente no meio rural. Por outro lado, ninguém sabe melhor suas características, anseios e perspectivas do que o próprio jovem, sendo necessário voltar mais atenção para essa categoria.

Se o foco de estudos e ações é juventude rural, existe uma carência de ações urgentes no sentido de sua valorização, bem como de proporcionar condições melhores de permanência no campo, como é o caso de educação, acesso a informação e tecnologia, além de planos de sucessão familiar que permitam autonomia social e econômica aos jovens rurais. A partir disso, cabe ao jovem rural decidir acerca de seu futuro, de permanecer no meio rural com boas condições e valorizado ou atuar em áreas que só o meio urbano proporciona.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2018

Histórico

  • Recebido
    22 Nov 2017
  • Revisado
    23 Abr 2018
  • Aceito
    05 Maio 2018
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