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Apresentação

Em Foco: A infância na história

Apresentação

Não é a novidade do tema infância para os estudos internacionais em história da educação que justifica a composição desta seção "Em Foco". Investigações, nem tão atuais, têm demonstrado que muito antes de o, por duas décadas considerado pioneiro, trabalho de Phillipe Ariès, L’enfant et la vie familiale sous l’Ancien Régime (cuja versão abreviada, com o título História social da criança e da família, foi publicada no Brasil em 1973), ter sido lançado, na França, em 1960, vários trabalhos sobre a criança, na perspectiva histórica, haviam sido elaborados. Apenas para indicar uma referência, Jacques Donzelot, em seu livro A polícia das famílias, remete ao título Histoire des enfants trouvés, editado em 1837.

Não é, também, como uma emergência recente do tema no campo nacional da história da educação que repousa o interesse desta seção. Maria Rosilene Alvim e Licia Valladares, já em 1988, destacavam a publicação, em 1926 (data que Moysés Kuhlmann Jr. faz retroceder a 1922), da obra Histórico da proteção à infância no brasil (1500-1922), de autoria do médico Arthur Moncorvo Filho.

Se não é inédito, o desejo de compreensão histórica das múltiplas formas de entender, dirigir, controlar, proteger, amparar e representar a infância continua atual nas análises historiográficas, manifestando um especial vigor pelo expressivo número de publicações, nacionais e estrangeiras, que vieram a lume na última década. Livros como História social da infância no brasil, organizado por Marcos Cezar de Freitas, em 1997, e História das crianças no brasil, organizado por Mary del Priori, em 1999, para citar somente dois exemplos nacionais, oferecem testemunho do esforço que vem sendo empreendido no sentido de coligir os vários estudos sobre a temática realizados tanto no âmbito da História, quanto no da História da Educação.

Mas o interesse pela infância não se circunscreve ao pequeno círculo dos historiadores e historiadores da educação. A expressão educação infantil, adotada pela Constituição de 1988 e pela LDB 9394 de 1996; a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990; o noticiário cotidiano das fugas e as denúncias recorrentes de maus tratos na FEBEM, dentre muitos outros acontecimentos, revelam, de forma contundente, a preocupação da sociedade com o cuidado, a formação e a repressão à criança.

Por estas razões, pensar a criança na dimensão histórica permanece um instigante convite a refletir sobre as maneiras, antigas e novas (ou renovadas no presente) de lidar com a infância.

Diana Gonçalves Vidal

Organizadora

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Maio 2003
  • Data do Fascículo
    Jan 2000
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