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Editorial

EDITORIAL

Prezados leitores, seguindo nossa tradição de apresentar assuntos atuais esse número de Sociologias aborda o tema do desenvolvimento, que já foi central nos debates acadêmicos e políticos e que retorna agora com novas questões que se agregam a partir das mudanças sociais em curso desde o terço final do Século XX. No cerne da agenda contemporânea sobre o desenvolvimento estão antigas preocupações tais como, o crescimento econômico e a distribuição de riqueza, mas agora conectadas a novas problemáticas relacionadas à sustentabilidade, à democracia e à justiça social. O Dossiê "Ciências Sociais e Desenvolvimento" trata o tema a partir de diversas abordagens contando com pesquisadores do Brasil, Argentina, Chile, França, Holanda e Inglaterra. Em linhas gerais o foco está no desenvolvimento rural, mas não se restringe a ele, como se vê no artigo de Sônia M. Draibe e Manuel Riesco, que examina os Estados de Bem-Estar Social e estratégias de desenvolvimento na América Latina.

Na seção Artigos, Carlos Henrique Fioravanti e Léa Velho apresentam um estudo sobre as interações entre produtores de cacau e pesquisadores acadêmicos, agências de financiamento à pesquisa e atores não-humanos em meio à propagação e tentativas de contenção de uma doença que abateu a lavoura cacaueira da Bahia. Marcelo Fetz, Fabrício Antônio Defacci e Lerisson Nascimento analisam, em dois momentos distintos, as principais abordagens sociológicas sobre a ciência no Século Vinte: a Sociologia do Conhecimento, a Sociologia da Ciência e a Sociologia do Conhecimento Científico.

Nora Goren, em seu trabalho denominado "Entre la autonomía y la dependencia. Interpelando las políticas de empleo desde una perspectiva de gênero" analisa as políticas de emprego para mulheres construindo uma tipologia que relaciona os programas de emprego com a questão da autonomia, investigando a possibilidade de as mulheres "beneficiadas" construírem sua própria autonomia. Arthur Trindade e Maria Stela Grossi Porto discutem os códigos de deontologia policial em uso em duas instituições policiais: a Polícia Militar do Distrito Federal (Brasil) e o Ottawa Police Service (Canadá).

Na seção de Interfaces desse número, Marco Antonio Arantes propõe percorrer algumas considerações sartrianas a respeito de Fanon e o colonialismo francês na Argélia, tendo como pano de fundo a complexidade das relações sociais em países colonizados. De acordo com Arantes, como representantes do pensamento anticolonial e críticos das alienações geradas pelo colonialismo, Sartre e Fanon elaboraram críticas radicais sobre as estratégias de violência, subordinação e desumanização que atingiram o colonizado africano, instigados pela reconstrução social com o uso da violência.

Na seção Resenhas, Márcio Barcelos apresenta o livro de Sônia Draibe e Manuel Riesco. "El Estado de bienestar social en América Latina: una nueva estrategia de desarrollo" que nos remete novamente ao tema do dossiê.

Da retomada de antigos problemas e sua atualização em agendas complexas e densas ao cruzamento e interação entre atores humanos e não humanos no controle de doenças e a busca de um novo homem em sua verdadeira humanidade, esse número contém um extenso leque de interrogações sociológicas. Convidamos nossos leitores a trilhar o caminho de descobertas e indagações que os autores nos apresentam.

Maíra Baumgarten e Soraya Vargas Côrtes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Set 2011
  • Data do Fascículo
    Ago 2011
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