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Utilização da torta de girassol na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação: efeitos no desempenho e nas características de carcaça

Effects of feeding sunflower cake on performance and carcass characteristics, for swine in the growing and finishing phases

Resumos

Quarenta e oito suínos (Landrace x Large White) com peso médio inicial de 22,69 kg (24 machos castrados e 24 fêmeas) foram submetidos a quatro tratamentos (dietas com 0; 5; 10 e 15% de inclusão de TG), com o objetivo de avaliar o uso da torta de girassol (TG) na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação .Foram avaliados o ganho diário de peso (GDP), o consumo diário de ração (CDR) e a conversão alimentar (CA) durante as fases de crescimento I (20 a 50 kg de peso vivo), crescimento II (50 a 80 kg de peso vivo) e terminação (80 a 100 kg de peso vivo). Ao abate, foram avaliados o peso (PC) e o rendimento de carcaça (RC), a espessura de toucinho (ET), a profundidade do músculo Longissimus dorsi (PM), a área de olho de lombo (AOL), o comprimento de carcaça (CC), o rendimento (RCC%) e a quantidade de carne na carcaça (QCC). Não houve diferença significativa no desempenho entre os tratamentos nos períodos avaliados. O efeito sexo foi significativo e em favor dos machos castrados apenas para o GPD em todas as fases, e para o CDR, na fase de terminação e no período total (20 a 100 kg de peso vivo). Para as características de carcaça, não houve diferença significativa entre os tratamentos e o efeito sexo foi significativo para a ET, QCC e CC, com maiores médias para os machos castrados, e para o RCC, com maior média para as fêmeas. A TG pode ser utilizada em até 15% de inclusão nas rações de crescimento e terminação, mantendo-se os mesmos índices de desempenho e qualidade da carcaça. A inclusão de 15% de TG foi a que apresentou o melhor índice de eficiência econômica.

carcaça; crescimento; desempenho; suínos; torta de girassol


Forty-eight (24 barrows and 24 females) Landrace x Large White pigs (averaging 22.69 kg of initial body weight) were assigned to four treatments to evaluate the effect of feeding sunflower cake (SC) on performance and carcass characteristics for swine in the growing and finishing phases. The following increasing dietary levels of sunflower cake (SC) were used: (0, 5, 10 and 15%). Daily weight gain (DWG), daily feed intake (DFI) and feed:gain ratio (FGR)in the growing I (20 to 50 kg body weight), growing II (50 to 80 kg body weight) and finishing phases (80 to 100 kg body weight) were evaluated. At slaughter, the following carcass characteristics were evaluated: carcass weight (CW), carcass yield (CY), backfat depth (BD), muscle depth (MD), loin eye area (LA), carcass length (LC), carcass meat yield (YPC) and carcass meat (MC). No significant differences were detected among treatments in all phases, but significant effects on DWG for barrows in all phases and on DFI for barrows in the finishing phase and overall period (20 to 100 kg body weight) were observed, with the best values of DWG and DFI. No significant effect on carcass characteristics among treatments was observed. The barrows showed greater values of BD, MC and LC than females, that had greater YPC than barrows. It is possible to include up 15% SC in swine diet during the growing and finishing phases to obtain good results of performance and carcass characteristics. The best economic efficiency rate was obtained with the inclusion of 15% SC in the diet.

carcass; growth; performance; sunflower; sunflower cake; swine


MONOGÁSTRICOS

Utilização da torta de girassol na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação: efeitos no desempenho e nas características de carcaça

Effects of feeding sunflower cake on performance and carcass characteristics, for swine in the growing and finishing phases

Mara Cristina Ribeiro da CostaI; Caio Abércio da SilvaII; João Waine PinheiroII; Nilva Aparecida Nicolao FonsecaII; Nilson Evelázio de SouzaIII; Jesui Vergílio VisentainerIII; Juliana Contrera BeléIV; Julian Cristina BoroskyIV; Fábio Lima MourinhoIV; Piero da Silva AgostiniIV

IMestranda. Bolsista do CNPq. Universidade Estadual de Londrina. Depto de Zootecnia. CEP: 86051-970, Londrina – PR

IIDoutor. Universidade Estadual de Londrina. Depto. de Zootecnia. E.mail: casilva@uel.br

IIIDoutor. Universidade Estadual de Maringá. Depto de Química. Maringá – PR

IVAcadêmico do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Londrina

RESUMO

Quarenta e oito suínos (Landrace x Large White) com peso médio inicial de 22,69 kg (24 machos castrados e 24 fêmeas) foram submetidos a quatro tratamentos (dietas com 0; 5; 10 e 15% de inclusão de TG), com o objetivo de avaliar o uso da torta de girassol (TG) na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação .Foram avaliados o ganho diário de peso (GDP), o consumo diário de ração (CDR) e a conversão alimentar (CA) durante as fases de crescimento I (20 a 50 kg de peso vivo), crescimento II (50 a 80 kg de peso vivo) e terminação (80 a 100 kg de peso vivo). Ao abate, foram avaliados o peso (PC) e o rendimento de carcaça (RC), a espessura de toucinho (ET), a profundidade do músculo Longissimus dorsi (PM), a área de olho de lombo (AOL), o comprimento de carcaça (CC), o rendimento (RCC%) e a quantidade de carne na carcaça (QCC). Não houve diferença significativa no desempenho entre os tratamentos nos períodos avaliados. O efeito sexo foi significativo e em favor dos machos castrados apenas para o GPD em todas as fases, e para o CDR, na fase de terminação e no período total (20 a 100 kg de peso vivo). Para as características de carcaça, não houve diferença significativa entre os tratamentos e o efeito sexo foi significativo para a ET, QCC e CC, com maiores médias para os machos castrados, e para o RCC, com maior média para as fêmeas. A TG pode ser utilizada em até 15% de inclusão nas rações de crescimento e terminação, mantendo-se os mesmos índices de desempenho e qualidade da carcaça. A inclusão de 15% de TG foi a que apresentou o melhor índice de eficiência econômica.

Palavras-chave: carcaça, crescimento, desempenho, suínos, torta de girassol

ABSTRACT

Forty-eight (24 barrows and 24 females) Landrace x Large White pigs (averaging 22.69 kg of initial body weight) were assigned to four treatments to evaluate the effect of feeding sunflower cake (SC) on performance and carcass characteristics for swine in the growing and finishing phases. The following increasing dietary levels of sunflower cake (SC) were used: (0, 5, 10 and 15%). Daily weight gain (DWG), daily feed intake (DFI) and feed:gain ratio (FGR)in the growing I (20 to 50 kg body weight), growing II (50 to 80 kg body weight) and finishing phases (80 to 100 kg body weight) were evaluated. At slaughter, the following carcass characteristics were evaluated: carcass weight (CW), carcass yield (CY), backfat depth (BD), muscle depth (MD), loin eye area (LA), carcass length (LC), carcass meat yield (YPC) and carcass meat (MC). No significant differences were detected among treatments in all phases, but significant effects on DWG for barrows in all phases and on DFI for barrows in the finishing phase and overall period (20 to 100 kg body weight) were observed, with the best values of DWG and DFI. No significant effect on carcass characteristics among treatments was observed. The barrows showed greater values of BD, MC and LC than females, that had greater YPC than barrows. It is possible to include up 15% SC in swine diet during the growing and finishing phases to obtain good results of performance and carcass characteristics. The best economic efficiency rate was obtained with the inclusion of 15% SC in the diet.

Key Words: carcass, growth, performance, sunflower, sunflower cake, swine

Introdução

O milho e o farelo de soja são os principais ingredientes de rações para suínos, tornando-se a alimentação um dos itens de maior custo na produção. O milho, por sua inclusão nas rações, pode ser responsável por até 40% do custo de produção de suínos (Bellaver, 2004). No intuito de diminuir estes custos, é contínua a busca por alimentos alternativos que possam substituir o milho e o farelo de soja, com destaque para subprodutos da indústria de extração do óleo de girassol.

A cultura do girassol encontra-se em franco crescimento, sobretudo na região Centro-Oeste do país, onde grandes empresas de extração de óleo estão estrategicamente instaladas, gerando grande quantidade de farelo de girassol. Dois processos para extração do óleo do girassol são atualmente empregados. O processo em que se utiliza solvente (hexano) é de caráter industrial e de elevada eficiência e resulta no farelo de girassol, um produto com média de 1,5% de extrato etéreo na matéria seca. A torta de girassol é decorrente de um processo mecânico de extração de óleo, com menor eficiência, gerando um produto com média de 18% de gordura na matéria seca (Oliveira, 2003).

Na região Norte do Paraná, a extração em pequena escala do óleo de girassol com prensa mecânica é uma opção econômica para os minifúndios. Este processo resulta em um subproduto potencialmente útil para o uso em rações animais. San Juan & Villamide (2000) citam que, a partir da prensagem mecânica a 80ºC de 1000 g de semente de girassol, é possível obter 340 g de óleo e 660 g de "extrato prensado de semente de girassol".

Silva et al. (2002a) realizaram um ensaio de digestibilidade com a torta de girassol e encontraram valores de energias digestível e metabolizável de 3.421 e 3.247 kcal/kg, respectivamente, indicando ser este um ingrediente de caráter energético e de nível protéico intermediário para suínos, mas com elevado nível de fibra bruta.

Um aspecto inerente aos subprodutos do girassol, principalmente ao farelo, é a sua limitação em lisina. Seerley et al. (1974) testaram diferentes temperaturas de extração de óleo do grão de girassol e relataram que a 100ºC o conteúdo de lisina, arginina, treonina e fenilalanina foi maior que o encontrado a 127ºC. O efeito da temperatura no processamento, principalmente no super aquecimento, faz com que o grupo epsilon da lisina se ligue com um carboidrato, tornando o aminoácido mais indisponível (Herkelman & Cromwell, 1990). Esta informação sugere que, para a torta de girassol, a limitação de lisina seja provavelmente menor, uma vez que o processo mecânico não utiliza temperaturas altas como na extração por solventes.

A princípio, a torta pode ser utilizada na alimentação de suínos por se tratar de um alimento com características nutricionais intermediárias entre o grão e o farelo de girassol. Sendo estes últimos utilizados com êxito em rações para suínos nas fases de crescimento e terminação (Silva et al., 2002b; Carellos et al., 2003; Silva et al., 2003).

Diante destas considerações e pela falta de informação sobre o uso da torta de girassol, objetivu-se, com este trabalho, avaliar a viabilidade econômica e o efeito da inclusão de níveis crescentes de torta de girassol na dieta sobre o desempenho zootécnico, as características de carcaça de suínos em crescimento e terminação.

Material e Métodos

O experimento foi realizado no setor de suinocultura da Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina. Foram utilizados 48 animais mestiços Landrace x Large White (24 machos castrados e 24 fêmeas), com peso inicial de 22,69 ± 2,11 kg e média de 73 dias de idade.

Os animais foram alojados pares, de mesmo sexo, em baias de alvenaria com piso compacto e área de 3 m2, onde receberam água e ração à vontade, durante todo o período experimental.

Os animais foram distribuídos em quatro grupos homogêneos, de acordo com o peso, e receberam os seguintes tratamentos:

T1 - ração testemunha com 0% de torta de girassol;

T2 - ração com 5% de inclusão de torta de girassol;

T3 - ração com 10% de inclusão de torta de girassol;

T4 - ração com 15% de inclusão de torta de girassol.

As rações foram formuladas segundo as exigências do NRC (1998), de acordo com as necessidades nutricionais de três fases: crescimento I (entre 20 e 50 kg de peso vivo), crescimento II (entre 50 e 80 kg de peso vivo) e terminação (entre 80 e 100 kg de peso vivo).

A torta, fornecida pela EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisa de Soja, Londrina, foi obtida por meio de prensagem mecânica contínua, sob temperatura média de 60ºC e pressão de 200 kg/cm2.

As rações experimentais foram isoenergéticas, isoprotéicas, isolisínicas e com níveis de cálcio e fósforo semelhantes.

A composição nutricional da torta de girassol, com base na matéria natural, estimada por análise bromatológica do produto, apresentou 92,43% de matéria seca, 22,19% de proteína bruta, 22,15% de extrato etéreo, 23,28% de fibra bruta, 4,68% de cinzas, 0,35% de cálcio e 0,70% de fósforo. O valor da energia metabolizável, obtido por Silva et al. (2002a), correspondeu a 3.247 kcal/kg do produto.

Os níveis totais de lisina e metionina da torta de girassol foram estimados a partir dos valores presentes no farelo de girassol (NRC, 1998) e corrigidos da extração do óleo, iguais a 0,63 e 0,51%, com base na matéria natural, respectivamente.

Na Tabela 1 estão demonstradas a composição percentual, química e energética das rações.

Ao final de cada fase, os animais e as rações oferecidas foram pesados, para análises do ganho diário de peso, do consumo diário de ração e da conversão alimentar.

A viabilidade econômica da utilização da torta de girassol nas rações para as fases de crescimento e terminação foi verificada segundo Bellaver et al. (1985). Na seqüência, foi calculado o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice de Custo Médio (IC), segundo Barbosa et al. (1992).

Os preços dos ingredientes (expressos em R$/quilograma) utilizados na elaboração dos custos das rações foram obtidos na região de Londrina no mês de junho de 2004: calcário (R$0,13), DL-metionina (R$12,50), farelo de soja (R$1,02), fosfato bicálcico (R$1,10), L-lisina (R$19,00), milho (R$0,54), óleo (R$2,50), premix mineral (R$3,67), premix vitamínico crescimento (R$2,17), premix vitamínico terminação (R$1,97), sal (R$0,75) e torta de girassol (R$0,26).

O delineamento experimental para a avaliação zootécnica foi em blocos casualizados, em função do peso inicial, com quatro tratamentos (níveis de inclusão de grão de girassol em 0, 5, 10 e 15% na ração) e seis repetições. Cada repetição foi definida por uma baia composta por dois animais de mesmo sexo (três repetições de machos e três de fêmeas).

Ao final do experimento, os animais foram abatidos em um frigorífico da cidade de Ibipor㠖 Paraná. As carcaças foram avaliadas individualmente de acordo com as orientações da ABCS (1986), obtendo-se os dados de peso de carcaça quente, rendimento de carcaça, área de olho de lombo e comprimento de carcaça. A espessura de toucinho e a profundidade do músculo Longissimus dorsi foram medidos na altura da última costela a 6 cm da linha média do corte, e, a partir dos valores dessas medidas, estimaram-se o rendimento e a quantidade de carne na carcaça.

Para a análise de carcaça, cada animal foi considerado uma repetição e o delineamento foi totalmente casualizado, com quatro tratamentos e 12 repetições por tratamento (seis machos castrados e seis fêmeas).

Os dados relativos aos tratamentos foram submetidos à análise de regressão polinomial e aqueles relacionados ao sexo, à análise de variância, utilizando-se o programa SAEG (UFV, 1997).

Resultados e Discussão

Os resultados do desempenho zootécnico obtidos estão apresentados nas Tabelas 2, 3, 4 e 5.

Não foi observado efeito significativo (P>0,05) para os tratamentos em relação ao ganho de peso, ao consumo de ração e à conversão alimentar em todas as fases analisadas, ou seja, a inclusão de até 15% de torta de girassol não influenciou o desempenho dos animais.

Apesar de não-significativos, os resultados indicaram que a inclusão de 10% de torta de girassol na ração promoveu tendência de ganho de peso maior, quando comparada ao tratamento controle, para as fases de crescimento II, terminação e para o período total. O efeito do sexo foi significativo, indicando superioridade dos machos para ganho de peso em todas as fases analisadas. Também não foram observadas interações (P>0,05) entre os níveis de fornecimento de torta de girassol e o sexo.

Considerando-se que a torta de girassol, pelo menor êxito na extração do óleo, tem características intermediárias entre o farelo e o grão de girassol, é possível estabelecer algumas tentativas de comparação entre estes resultados e os de trabalhos com o farelo e o grão de girassol.

Marchello et al. (1984), avaliando o efeito do fornecimento de grão de girassol sobre o desempenho de suínos, determinaram como limite a inclusão de 10% de grão na dieta. Dados semelhantes foram encontrados por Silva et al. (2003), que apontaram níveis entre 5 e 10% para melhor ganho de peso a partir da fase de crescimento até a de terminação. Seerley et al. (1974), analisando o efeito da substituição do farelo de soja pelo de girassol, indicaram a substituição de 0 a 25% como os tratamentos que promoveram maior ganho de peso para suínos.

Apesar de não-significativa, foi verificada piora na conversão alimentar para o tratamento com 15% de torta de girassol na fase crescimento I, o que pode ser explicado pelo maior teor de fibra na ração (Tabela 1) e pelo fato de os animais jovens provavelmente ainda não apresentarem trato digestivo melhor adaptado a dietas com esta característica. Sabe-se que níveis mais elevados de fibra na ração podem acelerar a passagem do alimento pelo trato digestivo (Bertechini, 1998) e reduzir a digestibilidade dos demais nutrientes da dieta (Frank et al., 1983). Não se descarta também a possibilidade de algum erro de estimativa dos valores de energia metabolizável da torta de girassol.

Silva et al. (2002b), trabalhando com dietas contendo 0; 7; 14 e 21% de inclusão de farelo de girassol, portanto, com níveis progressivamente maiores de fibra na ração, verificaram, também na fase de 20 a 50 kg, tendência de piora da conversão alimentar nos níveis mais elevados de inclusão.

Os dados relativos ao peso vivo ao abate e às características de carcaça encontram-se na Tabela 6.

Não foram verificadas diferenças significativas para características entre os tratamentos nem efeitos de interação entre os níveis de inclusão da torta de girassol e o sexo. Estes resultados são semelhantes aos encontrados por Silva et al. (2002b) e Carellos et al. (2003), que, ao trabalharem com o farelo de girassol (0; 7; 14 e 21% e 0; 4; 8; 12 e 16% de inclusão na ração, respectivamente), também não verificaram diferenças significativas entre os tratamentos para as características de carcaça.

Comparando-se estes resultados com os encontrados por Silva et al. (2003), que trabalharam com o grão de girassol na ração de suínos em crescimento e terminação, os níveis crescentes de inclusão da torta de girassol na ração não pioraram as características de carcaça. Ao contrário, nos níveis de inclusão de grão de girassol acima de 5%, houve redução dos pesos das carcaças, que, segundo os autores, pode ser atribuída à maior quantidade de casca do grão de girassol, o que pode ter comprometido o consumo e o aproveitamento da dieta pelo aumento dos níveis de fibra.

O efeito de sexo foi significativo para as características de peso vivo, peso da carcaça, espessura de toucinho, quantidade de carne na carcaça e comprimento de carcaça, para as quais os machos apresentaram maiores médias, enquanto, para o rendimento de carne na carcaça, as fêmeas foram superiores, o que pode ser explicado, em parte, pelo potencial dos machos castrados em depositar mais gordura, normalmente relacionado ao maior consumo de ração.

Os índices de custo, de eficiência econômica e de custo médio de ração por quilograma de peso vivo ganho para os quatro tratamentos utilizados estão apresentados na Tabela 7.

Os melhores resultados econômicos, medidos pelos índices de eficiência econômica e de custo, foram obtidos com a dieta contendo 15% de torta de girassol, seguida pelas dietas com 10; 5 e 0% de inclusão de torta de girassol. Ressalta-se, contudo, a dinâmica dos preços dos ingredientes, que continuamente têm seus valores modificados.

Conclusões

A torta de girassol pode ser utilizada em rações para suínos nas fases de crescimento e terminação em até 15% de substituição ao milho e farelo de soja, por proporcionar os mesmos índices de desempenho e características de carcaça. Considerando-se os preços dos ingredientes indicados neste trabalho, o nível de 15% foi o que apresentou melhores custos.

Literatura Citada

Recebido em: 24/08/04

Aceito em: 31/03/05

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Nov 2005
  • Data do Fascículo
    Out 2005

Histórico

  • Recebido
    24 Ago 2004
  • Aceito
    31 Mar 2005
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