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Níveis nutricionais de cobre para frangos de corte machos e fêmeas nas fases de crescimento e terminação

Copper nutritional levels for male and female broilers in the growing and finishing phases

Resumos

Com o objetivo de determinar a exigência de cobre (Cu) para frangos de corte nas fases de crescimento (22 - 42 dias) e terminação (43 - 54 dias), dois experimentos foram conduzidos, utilizando-se 288 e 196 aves, metade machos e metade fêmeas, respectivamente. Elaboraram-se duas dietas basais, atendendo às exigências nutricionais das aves nas fases estudadas, com exceção do Cu, que ficou deficiente em 1,40 e 1,33 ppm, respectivamente. Os tratamentos de ambos os experimentos consistiram dos níveis de suplementação de Cu, provenientes do sulfato de Cu, resultando em um total de 1,40; 4,90; 8,40; 11,90; 15,40 e 18,90 ppm de Cu na dieta para a fase de crescimento e 1,33; 4,83; 8,33; 11,83; 15,33 e 18,83 ppm de Cu para a fase final. As variáveis avaliadas foram: ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e concentração de Cu no osso, no fígado e no soro. Os níveis de Cu, em ambas as fases, não influenciaram o desempenho das aves e a concentração de Cu no osso, havendo, porém, efeito sobre as concentrações de Cu no fígado e no soro na fase de crescimento. Na fase de terminação, somente houve efeito dos níveis de Cu da dieta sobre a concentração de Cu no fígado. Na fase de crescimento, optou-se pelo valor de exigência estimado pela variável Cu no soro, que foi de 11,1 ppm. Para a fase de terminação, conclui-se que os níveis de Cu de 8,5 a 11 ppm, normalmente presentes em dietas à base de milho e farelo de soja, são suficientes para o adequado desenvolvimento animal.

exigência; fígado; mineral; osso; soro


Two experiments, with 288 and 196 birds, half males and half females, respectively, were carried out to determine the copper (Cu) requirements for broilers in the growing (from 22 to 42 days) and finishing (from 43 to 54 days) phases. Two basal diets were formulated to meet the bird nutritional requirements, except for Cu, that was deficient at the levels of 1.40 and 1.33 ppm, respectively. The treatments of both experiments consisted of the Cu supplementation levels, from Cu sulfate, resulting in a total of 1.40, 4.90, 8.40, 11.90, 15.40 and 18.90 ppm Cu in the diet for the growing of phase and 1.33, 4.83, 8.33, 11.83, 15.33 and 18.33 ppm Cu in the finishing phase. Average weight gain, feed intake, feed:gain ratio and Cu concentration in the bone, liver and serum were the evaluated variables. Copper levels, in the both phases, did not affect bird performance and Cu concentration in the bone. However, effect on the Cu concentration in the liver and serum was observed in the growing phase. In the finishing phase, Cu levels affected only Cu concentration in the liver. In the growing phase, was choosen the requirement value estimated by the variable Cu concentration in the serum, which was 11.1 ppm. In the finishing phase, levels of 8.5 to 11 ppm, commonly present in corn and soybean meal based diets, are adequate to animal performance.

requirement; liver; mineral; bone; serum


MONOGÁSTRICOS

Níveis nutricionais de cobre para frangos de corte machos e fêmeas nas fases de crescimento e terminação1 1 Parte da tese apresentada pela primeira autora à UFV para obtenção do título de Magister Scientiae.

Copper nutritional levels for male and female broilers in the growing and finishing phases

Marlene SchmidtI; Paulo Cezar GomesII; Luiz Fernando Teixeira AlbinoIII; Horacio Santiago RostagnoIII; Paulo Roberto CeconIV; Edwiney Sebastião CupertinoV

IAluna do curso de Zootecnia - Doutourado da Universidade Federal de Viçosa - UFV - MG. Bolsista CNPq. E.mail: zooschmidt@yahoo.com.br

IIProf. Adjunto do DZO/UFV - Viçosa - MG. Bolsista do CNPq. E.mail: pcgomes@ufv.br

IIIProf. Titular do DZO/UFV - Viçosa - MG. E.mail: lalbino@ufv.br; rostagno@ufv.br

IVProf. Ajunto do DPI/UFV - Viçosa - MG. E.mail: cecon@dpi.ufv.br

VAluno do curso de Zootecnia - Doutourado da Universidade Federal de Viçosa - UFV - MG. Bolsista do CNPq

RESUMO

Com o objetivo de determinar a exigência de cobre (Cu) para frangos de corte nas fases de crescimento (22 - 42 dias) e terminação (43 - 54 dias), dois experimentos foram conduzidos, utilizando-se 288 e 196 aves, metade machos e metade fêmeas, respectivamente. Elaboraram-se duas dietas basais, atendendo às exigências nutricionais das aves nas fases estudadas, com exceção do Cu, que ficou deficiente em 1,40 e 1,33 ppm, respectivamente. Os tratamentos de ambos os experimentos consistiram dos níveis de suplementação de Cu, provenientes do sulfato de Cu, resultando em um total de 1,40; 4,90; 8,40; 11,90; 15,40 e 18,90 ppm de Cu na dieta para a fase de crescimento e 1,33; 4,83; 8,33; 11,83; 15,33 e 18,83 ppm de Cu para a fase final. As variáveis avaliadas foram: ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e concentração de Cu no osso, no fígado e no soro. Os níveis de Cu, em ambas as fases, não influenciaram o desempenho das aves e a concentração de Cu no osso, havendo, porém, efeito sobre as concentrações de Cu no fígado e no soro na fase de crescimento. Na fase de terminação, somente houve efeito dos níveis de Cu da dieta sobre a concentração de Cu no fígado. Na fase de crescimento, optou-se pelo valor de exigência estimado pela variável Cu no soro, que foi de 11,1 ppm. Para a fase de terminação, conclui-se que os níveis de Cu de 8,5 a 11 ppm, normalmente presentes em dietas à base de milho e farelo de soja, são suficientes para o adequado desenvolvimento animal.

Palavras-chave: exigência, fígado, mineral, osso, soro

ABSTRACT

Two experiments, with 288 and 196 birds, half males and half females, respectively, were carried out to determine the copper (Cu) requirements for broilers in the growing (from 22 to 42 days) and finishing (from 43 to 54 days) phases. Two basal diets were formulated to meet the bird nutritional requirements, except for Cu, that was deficient at the levels of 1.40 and 1.33 ppm, respectively. The treatments of both experiments consisted of the Cu supplementation levels, from Cu sulfate, resulting in a total of 1.40, 4.90, 8.40, 11.90, 15.40 and 18.90 ppm Cu in the diet for the growing of phase and 1.33, 4.83, 8.33, 11.83, 15.33 and 18.33 ppm Cu in the finishing phase. Average weight gain, feed intake, feed:gain ratio and Cu concentration in the bone, liver and serum were the evaluated variables. Copper levels, in the both phases, did not affect bird performance and Cu concentration in the bone. However, effect on the Cu concentration in the liver and serum was observed in the growing phase. In the finishing phase, Cu levels affected only Cu concentration in the liver. In the growing phase, was choosen the requirement value estimated by the variable Cu concentration in the serum, which was 11.1 ppm. In the finishing phase, levels of 8.5 to 11 ppm, commonly present in corn and soybean meal based diets, are adequate to animal performance.

Key Words: requirement, liver, mineral, bone, serum

Introdução

Importantes avanços nos sistemas de produção de aves vêm sendo alcançados, grande parte em função do desenvolvimento tecnológico nas áreas de genética, sanidade e nutrição, evidenciando que as exigências nutricionais precisam ser reestabelecidas.

O Cu exerce importantes funções no organismo animal ao longo de toda sua vida. Participa na formação da hemoglobolina e de numerosas metaloenzimas, incluindo a ceruloplasmina (glicoproteína transportadora de átomos de cobre no sangue e indispensável à oxidação do ferro) e a citocromo oxidase, que desempenha função importante na respiração celular.

Contudo, estudos comprovam que normalmente ocorre redução da necessidade de minerais com o avanço da idade. Vitaminas e minerais traços representam somente uma pequena fração no custo total de produção, mas sua retirada da dieta durante 5 a 7 dias antes do abate poderia reduzir significativamente os custos de produção (Rutz et al., 1999).

A deficiência de trabalhos atualizados sobre exigência de Cu nas dietas práticas de aves pode estar promovendo o uso inadequado deste micromineral nas rações. Conhecer a quantidade mínima de nutrientes exigidos pelo animal é importante para seu adequado desenvolvimento, para a queda dos custos de produção e para a redução da quantidade de poluentes eliminados ao meio ambiente via dejetos oriundos da produção.

Torna-se evidente a necessidade de se estabelecer as exigências de Cu para frangos de corte nas fases de crescimento e terminação.

Material e Métodos

Nos experimentos das fases de crescimento (22 a 42 dias) e terminação (43 a 54 dias de idade), foram utilizados 288 e 192 frangos de corte, respectivamente, distribuídos em 48 boxes de bateria metálica. Em ambos os experimentos, adotou-se um esquema fatorial 6x2, seis níveis de Cu e dois sexos (macho e fêmea), em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições e seis e quatro aves por unidade experimental, respectivamente.

As aves foram criadas de acordo com as recomendações de manejo descritas por Gomes et al. (1996), adotando-se o programa de luz contínuo, ou seja, 24 horas de luz (natural + artificial) durante todo o período experimental.

A composição química dos ingredientes das dietas experimentais (Tabela 1) e da água fornecida aos animais (antes e durante de cada fase experimental) foi determiada conforme metodologia descrita por Silva (1998). O sulfato de Cu (CuSO5H2O) utilizado em ambos os experimentos continha 25% de Cu, ao passo que a análise da água coletada antes e durante as fases experimentais não indicou presença de Cu.

As dietas basais (fase de crescimento e terminação) foram elaboradas para atender às exigências nutricionais das aves de acordo com as recomendações de Rostagno et al. (2000), com exceção do Cu que permaneceu deficiente em 1,40 e 1,33 ppm, respectivamente (Tabela 2). Os tratamentos consistiram dos níveis de suplementação de Cu, provenientes do sulfato de Cu comercial, resultando num total de 1,40; 4,90; 8,40; 11,90; 15,40 e 18,90 ppm na dieta para a fase de crescimento e 1,33; 4,83; 8,33; 11,83; 15,33 e 18,83 ppm na dieta para a fase final.

As pesagens foram feitas no início e no final dos experimentos, para averiguação de ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar. Após o término dos experimentos, foram selecionadas, para coleta de sangue, 144 e 96 aves das fases de crescimento e terminação, respectivamente, representantes do peso médio do boxe. Posteriormente, foram abatidas para a extração do fígado e da tíbia, visando a análise da concentração de Cu.

Para a coleta de sangue, as aves foram submetidas a jejum forçado, para proporcionar mesmo status metabólico de Cu no sangue. Foram mantidas em jejum por 1 hora de jejum, seguida por 1 hora de alimentação normal (para que todas as aves enchessem o papo). Em seguida, retiraram-se os comedouros, em intervalos de 5 minutos e em ordem crescente da numeração das gaiolas. Quando o comedouro da última gaiola foi retirado, iniciou-se a coleta de sangue das aves, obedecendo a mesma seqüência e mesmo intervalo. O sangue foi coletado por punção cardíaca anterior, sendo dessorado naturalmente em ambiente de temperatura controlada. O soro foi transferido em vidraria adequada e submetido a análise de concentração de Cu, realizada segundo Silva (1998), em um aparelho denominado ";Plasma";, que fez as leituras da concentração de Cu no soro em ppb (partes em um bilhão). No final, os valores obtidos em ppb, foram convertidos para mg/L.

As tíbias, com as cartilagens adjacentes e livres de tecido muscular, e os fígados foram levados à estufa de ventilação forçada (65ºC) por 72 horas, desengordurados em extrator Soxhlet por 8 horas, triturados em moinhos de aço inoxidável, pesados em balança analítica, analisando-se, posteriormente, a concentração de Cu de acordo com a metodologia descrita por Silva (1998), em espectrofotômetro de absorção atômica.

As análises estatísticas dos parâmetros avaliados foram realizadas utilizando-se o programa SAEG (Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas), desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (1997), e as estimativas de exigência de Cu foram feitas adotando-se os modelos Quadrático e Linear e ";Linear Response Plateau"; (LRP), conforme o ajustamento dos dados obtidos para cada variável.

Resultados e Discussão

Durante a fase experimental, não foram observadas anormalidades no desenvolvimento de pernas, com raras e aleatórias incidências de anormalidades ósseas, não atribuídas a efeitos de tratamento. Estes resultados estão de acordo com os reportados por Rucker et al. (1975), que também não observaram problemas de pernas ou fragilidades ósseas em frangos alimentados com dieta contendo mais de 1 ppm de Cu.

Os resultados de desempenho de frangos de corte no período de 22 a 42 dias de idade encontram-se na tabela 3. Não se verificou interação entre sexo e níveis de Cu (P>0,05), comprovando que estes fatores agem de forma independente sobre as variáveis de desempenho.

Não houve efeito significativo dos níveis de Cu (P>0,05) sobre o ganho de peso, o consumo de ração e a conversão alimentar, o que está de acordo com os relatos de Bertechini et al. (1993) e Cachoni (1993), que, ao trabalharem com níveis de 8,5 a 300 ppm de Cu, não observaram resposta no desempenho das aves.

Houve efeito de sexo (P<0,01) sobre o consumo de ração e o ganho de peso, de modo que os machos consumiram 8,18% a mais que as fêmeas e ganharam 9,13% a mais de peso.

Os resultados da concentração de Cu no osso, no fígado e no soro estão apresentados na tabela 4. Não houve interação entre sexo e níveis de Cu (P>0,05), demonstrando que estes fatores atuam de forma independente sobre estes parâmetros. Não se observou efeito de sexo (P>0,05) sobre a concentração de Cu no osso, no fígado e no soro.

Não houve efeito significativo (P>0,05) dos níveis de Cu sobre a concentração de Cu no osso, demonstrando que o Cu, dentro dos níveis estudados, não interferiu na concentração de Cu nos ossos, justificando a nãoconstatação de anormalidades ósseas. Trabalhando com níveis superiores (8,5 à 300 ppm de Cu), Bertechini et al. (1993) e Cachoni (1993) também não encontraram diferença significativa da concentração de Cu na tíbia, concluindo que este não é um bom parâmetro para medir a exigência e biodisponibilidade de Cu, uma vez que não é influenciado pelo aporte da dieta.

Houve efeito (P<0,01) dos níveis de Cu da dieta sobre a concentração de Cu no fígado, o que está de acordo com os estudos de Bertechini et al. (1993), Aoyagy & Baker (1993), Ledoux et al. (1991), Zanetti et al. (1991), Cachoni (1993) e Ewing et al. (1998), que também observaram acúmulo de Cu no fígado de aves quando estas receberam dietas com níveis crescentes deste elemento.

Observou-se efeito significativo (P<0,05) dos níveis de Cu sobre o teor de Cu no soro. Bertechini et al. (1993), Zanetti et al. (1991) e Cachoni (1993) também observaram, em frangos de corte, que a concentração de Cu no soro respondia à suplementação de Cu da dieta.

As estimativas de exigência de Cu estão apresentadas na tabela 5. Como não houve interação (P>0,05) entre sexo e níveis de Cu, as equações foram ajustadas para ambos os sexos.

Os valores de exigência de Cu pelas aves foram de 18,90 ppm para a concentração de Cu no fígado, mediante o modelo linear, e de 11,10 ppm para a concentração de Cu no soro, pelo modelo quadrático.

A variável Cu no fígado indicou que os níveis estudados não foram suficientes para atingir o requerimento nutricional de Cu para frangos de corte na fase de crescimento, sugerindo o maior nível como exigência. Contudo, o fígado não é um bom parâmetro para medir a exigência de minerais por ser um órgão que vai acumulando o excesso à medida que se aumenta os níveis de suplementação (Zanetti et al., 1991; Cachoni, 1993). Portanto, optou-se pela utilização do valor de exigência encontrado pela variável Cu no soro.

Comportamento semelhante para concentração de Cu no soro de aves foi obtido por Aoyagy e Baker (1993), que, embora não tenham trabalhado com frangos de corte na fase de crescimento, observaram biologicamente um comportamento quadrático do teor de Cu no soro das aves alimentadas com níveis crescentes de Cu ao final dos 23 dias de idade.

Em se tratando de animais sadios, a variável Cu no soro é viável para avaliar o status nutricional de Cu no organismo animal (Mills, 1987). Portanto, nas condições em que o experimento foi conduzido, conclui-se que a exigência de Cu para frangos de corte, machos e fêmeas, de 22 a 42 dias de idade é de 11,10 ppm, ressaltando-se que dietas práticas para frangos de corte, à base de milho e farelo de soja, já contém normalmente de 8,5 a 11,1 ppm de Cu e que a biodisponibilidade de Cu no farelo de soja é de 38%.

modelo linear, e de 11,10 ppm para a concentração de Cu no soro, pelo modelo quadrático.

A variável Cu no fígado indicou que os níveis estudados não foram suficientes para atingir o requerimento nutricional de Cu para frangos de corte na fase de crescimento, sugerindo o maior nível como exigência. Contudo, o fígado não é um bom parâmetro para medir a exigência de minerais por ser um órgão que vai acumulando o excesso à medida que se aumenta os níveis de suplementação (Zanetti et al., 1991; Cachoni, 1993). Portanto, optou-se pela utilização do valor de exigência encontrado pela variável Cu no soro.

Comportamento semelhante para concentração de Cu no soro de aves foi obtido por Aoyagy e Baker (1993), que, embora não tenham níveis crescentes de Cu ao final dos 23 dias de idade.

Em se tratando de animais sadios, a variável Cu no soro é viável para avaliar o status nutricional de Cu no organismo animal (Mills, 1987). Portanto, nas condições em que o experimento foi conduzido, conclui-se que a exigência de Cu para frangos de corte, machos e fêmeas, de 22 a 42 dias de idade é de 11,10 ppm, ressaltando-se que dietas práticas para frangos de corte, à base de milho e farelo de soja, já contém normalmente de 8,5 a 11,1 ppm de Cu e que a biodisponibilidade de Cu no farelo de soja é de 38%.

Os resultados de desempenho de frangos de corte no período de 43 a 54 dias de idade estão apresentados na tabela 6. Não houve interação entre sexo e níveis de Cu (P>0,05), mostrando que estes fatores agem de forma independente sobre as variáveis de desempenho.

Observou-se efeito de sexo (P<0,01) sobre consumo de ração e ganho de peso, sendo que os machos consumiram 13,47% a mais que as fêmeas e ganharam 17,86% a mais de peso. No entanto, não se observou efeito de sexo (P>0,05) sobre a conversão alimentar.

Não houve efeito significativo dos níveis de Cu (P>0,05) sobre o ganho de peso, o consumo de ração e a conversão alimentar. Zanetti et al. (1991), Bertechini et al. (1993), Cachoni (1993) e Koh et al. (1996) também não observaram efeito dos níveis de Cu sobre as variáveis de desempenho em experimentos com frangos de corte.

Os resultados de concentração de Cu no osso, no fígado e no soro estão apresentados na Tabela 7. Não houve interação entre sexo e níveis de Cu (P>0,05), revelando que estes fatores atuam de forma independente sobre estes parâmetros.

Observou-se efeito significativo (P<0,01) dos níveis de Cu sobre a concentração de Cu no fígado. Bertechini et al. (1993), Aoyagy & Baker (1993), Ledoux et al. (1991), Zanetti et al. (1991), Cachoni (1993) e Ewing et al. (1998) também observaram em aves o acúmulo de Cu no fígado quando estas receberam dietas com níveis crescentes deste mineral.

Não se constatou efeito (P>0,05) dos níveis de Cu sobre sua concentração no osso, demonstrando que, dentro dos níveis estudados, não interferiu na concentração de Cu nos ossos, justificando a não-constatação de anormalidades ósseas. Bertechini et al. (1993) e Cachoni (1993), trabalhando com níveis superiores (8,5 a 300 ppm de Cu), também não encontraram diferença significativa da concentração de Cu na tíbia e concluíram que este não é um bom parâmetro para medir a exigência ou biodisponibilidade de Cu, uma vez que não é influenciado pelo aporte da dieta. Também não observou-se efeito (P>0,05) dos níveis de Cu em relação ao Cu no soro.

Não se observou efeito de sexo (P>0,05) sobre a concentração de Cu no fígado, no osso e no soro. Underwood (1977) explica que dificilmente se observa efeito de sexo sobre a concentração de Cu no fígado, exceto no salmão australiano, espécie em que a fêmea possui níveis maiores que o macho.

As estimativas de exigência de Cu para frangos de corte no período de estão apresentadas na Tabela 8. Como não houve interação (P>0,05) sexo x níveis de Cu, as equações foram ajustadas para ambos os sexos.

Os valores de exigência de Cu pelas aves para a concentração de Cu no fígado foram de 18,83 ppm, quando empregado o modelo linear, e de12,58 ppm, quando empregado o modelo Linear Response Plateau (LRP).

Contudo, considerando que o fígado não é um bom parâmetro para medir a exigência de minerais, por acumular o excesso fornecido na dieta (Aoyagy & Baker, 1993), e que não houve efeito dos níveis de Cu no soro (variável que melhor indica a exigência de Cu pelo animal) e sobre as variáveis de maior interesse econômico (ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar), sugere-se que os níveis de Cu de 8,5 a 11,1 ppm, normalmente presentes em dietas práticas à base de milho e farelo de soja, são suficientes para o adequado desenvolvimento animal, não havendo necessidade de suplementação desse mineral para frangos de corte machos e fêmeas de 43 a 54 dias de idade.

Este resultado está de acordo com o citado na revisão de Rutz et al. (1999), ou seja, que frangos de corte na fase de terminação, alimentados com pelo menos 5% de proteína animal, sob condições ambientais favoráveis e livres de doenças, não necessitam de suplementação mineral.

Conclusões

A exigência de Cu determinada para frangos de corte machos e fêmeas de 22 a 42 dias de idade foi de 11,10 ppm. Os níveis de Cu de 8,5 a 11,1 ppm, normalmente presentes em dietas à base de milho e farelo de soja, são suficientes para o adequado desenvolvimento animal, não havendo necessidade de suplementação desse mineral para frangos de corte machos e fêmeas de 43 a 54 dias de idade.

Literatura Citada

Recebido em: 20/10/03

Aceito em: 25/08/04

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  • 1
    Parte da tese apresentada pela primeira autora à UFV para obtenção do título de
    Magister Scientiae.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Set 2005
    • Data do Fascículo
      Jun 2005

    Histórico

    • Recebido
      20 Out 2003
    • Aceito
      25 Ago 2004
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