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Validação de equações preditivas da fração indigestível da fibra em detergente neutro em gramíneas tropicais

Validation of predictive equations for neutral detergent fiber indigestible fraction in tropical grasses

Resumos

Objetivou-se neste trabalho validar as equações de predição da fração indigestível da fibra em detergente neutro (FDNi) adotadas pelos sistemas nutricionais Cornell Net Carbohydrate and Protein System (equação de Sniffen) e National Research Council (equação de Conrad) em gramíneas tropicais. Para tal, construiu-se um banco de dados constituído por 114 observações realizadas em gramíneas tropicais, centrando-se nos teores de lignina e de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi). A comparação entre valores preditos e observados foi realizada por intermédio do ajustamento de equação de regressão linear simples de valores preditos sobre valores observados. A utilização da equação de Conrad forneceu estimativas dos teores de FDNi distintos daqueles observados, com vício constante de +5,60 pontos percentuais. A alteração do expoente que compõe tal equação de 0,667 para 0,85 levou à anulação deste vício, garantindo a similaridade entre valores preditos e observados. Um quadro de falta de ajustamento foi observado sobre a equação de Sniffen, que proporcionou a sub e superestimação dos teores de FDNi para concentrações de lignina inferiores e superiores a 10,4% da FDN, respectivamente. Tal comportamento suporta-se na ausência de relações curvilineares desta equação, constituindo seu principal elemento de deficiência. O ajustamento empírico da equação de Conrad neutralizou o vício de estimação, atribuindo ao novo modelo o menor quadrado médio do erro de predição entre as equações avaliadas.

fibra em detergente neutro indigestível; lignina; sistema Cornell; sistema NRC


The objective of this work was to validate the prediction equations for neutral detergent fiber indigestible fraction (iNDF) employed by the Cornell Net Carbohydrate and Protein System (Sniffen equation) and the National Research Council (Conrad's equation). A database with 114 observations taken from tropical grass, with lignin and indigestible neutral detergent fiber (iNDF) contents, was used. Comparison among predicted and observed values was accomplished by adjusting a linear regression model with predicted values as dependent variable and observed values as independent variable. The estimates supplied by Conrad's equation were different from observed values, with constant bias of +5.60 percentile points. Alteration of the exponent that composes this equation, from .667 to .85, controlled the bias, guaranteeing the similarity among predicted and observed values. Lack of fitness was observed on the Sniffen equation, which caused under and overestimation of the iNDF contents for lignin concentrations lower and higher than 10.4% of NDF, respectively. This behavior is supported by the absence of non-linear relationships in this equation, constituting its main element of deficiency. The bias free of Conrad equation with empirical correction enlarges the accuracy of estimation process, leading to the lower mean square of the prediction error.

Cornell system; indigestible neutral detergent fiber; lignin; NRC system


RUMINANTES

Validação de equações preditivas da fração indigestível da fibra em detergente neutro em gramíneas tropicais

Validation of predictive equations for neutral detergent fiber indigestible fraction in tropical grasses

Edenio DetmannI; Joanis Tilemahos ZervoudakisII; Luciano da Silva CabralII; Vicente Ribeiro Rocha JúniorV; Sebastião de Campos Valadares FilhoIV; Augusto César de QueirozV; Niraldo José PoncianoVI; Alberto Magno FernandesVII

IZootecnista, D.Sc., Professor Adjunto, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, 36571-000 (detmann@ufv.br)

IIZootecnista, D.Sc., Professor Adjunto, Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá-MT (joanis@pop.com.br; cabralls@cpd.ufmt.br)

IIIMédico Veterinário, D.Sc., Professor Titular, Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros-MG (rochajuniorvr@hotmail.com)

IVZootecnista, D.Sc., Professor Titular, DZO-UFV, Viçosa, MG. Bolsista do CNPq (scvfilho@ufv.br)

VEngº.-Agrônomo, Ph.D., Professor Titular, DZO-UFV, Viçosa, MG. Bolsista do CNPq (aqueiroz@ufv.br)

VIEngº.-Agrônomo, D.Sc., Professor Associado, LEAG, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes-RJ (ponciano@uenf.br)

VIIZootecnista, D.Sc., Professor Associado, LZNA-UENF, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes-RJ (alberto@uenf.br)

RESUMO

Objetivou-se neste trabalho validar as equações de predição da fração indigestível da fibra em detergente neutro (FDNi) adotadas pelos sistemas nutricionais Cornell Net Carbohydrate and Protein System (equação de Sniffen) e National Research Council (equação de Conrad) em gramíneas tropicais. Para tal, construiu-se um banco de dados constituído por 114 observações realizadas em gramíneas tropicais, centrando-se nos teores de lignina e de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi). A comparação entre valores preditos e observados foi realizada por intermédio do ajustamento de equação de regressão linear simples de valores preditos sobre valores observados. A utilização da equação de Conrad forneceu estimativas dos teores de FDNi distintos daqueles observados, com vício constante de +5,60 pontos percentuais. A alteração do expoente que compõe tal equação de 0,667 para 0,85 levou à anulação deste vício, garantindo a similaridade entre valores preditos e observados. Um quadro de falta de ajustamento foi observado sobre a equação de Sniffen, que proporcionou a sub e superestimação dos teores de FDNi para concentrações de lignina inferiores e superiores a 10,4% da FDN, respectivamente. Tal comportamento suporta-se na ausência de relações curvilineares desta equação, constituindo seu principal elemento de deficiência. O ajustamento empírico da equação de Conrad neutralizou o vício de estimação, atribuindo ao novo modelo o menor quadrado médio do erro de predição entre as equações avaliadas.

Palavras-chave: fibra em detergente neutro indigestível, lignina, sistema Cornell, sistema NRC

ABSTRACT

The objective of this work was to validate the prediction equations for neutral detergent fiber indigestible fraction (iNDF) employed by the Cornell Net Carbohydrate and Protein System (Sniffen equation) and the National Research Council (Conrad's equation). A database with 114 observations taken from tropical grass, with lignin and indigestible neutral detergent fiber (iNDF) contents, was used. Comparison among predicted and observed values was accomplished by adjusting a linear regression model with predicted values as dependent variable and observed values as independent variable. The estimates supplied by Conrad's equation were different from observed values, with constant bias of +5.60 percentile points. Alteration of the exponent that composes this equation, from .667 to .85, controlled the bias, guaranteeing the similarity among predicted and observed values. Lack of fitness was observed on the Sniffen equation, which caused under and overestimation of the iNDF contents for lignin concentrations lower and higher than 10.4% of NDF, respectively. This behavior is supported by the absence of non-linear relationships in this equation, constituting its main element of deficiency. The bias free of Conrad equation with empirical correction enlarges the accuracy of estimation process, leading to the lower mean square of the prediction error.

Key words: Cornell system, indigestible neutral detergent fiber, lignin, NRC system

Introdução

A determinação do valor nutricional dos alimentos envolve estudos que avaliam, conjuntamente, o consumo, a digestibilidade e os parâmetros do metabolismo animal. Contudo, em razão de o consumo ser fortemente influenciado por inúmeros fatores alheios àqueles que caracterizam o alimento, a avaliação da digestibilidade torna-se alvo principal de estudos em que se busca determinar as características inerentes ao alimento (Cabral, 2002).

Nesse contexto, a consideração da fração fibrosa das forragens é de fundamental importância para o acesso ao valor nutritivo desses alimentos para ruminantes, pois fornece quantidade significativa de energia a baixo custo e, por apresentar variabilidade naturalmente superior aos demais componentes químicos, deve ocupar posição central na avaliação de disponibilidade de energia (Conrad et al., 1984).

Entre as diferentes técnicas empregadas na avaliação da digestibilidade dos componentes fibrosos dos alimentos, vantagens têm sido apontadas sobre métodos in vitro, em comparação a ambientes in situ ou in vivo, englobando principalmente, a eliminação de efeitos de confundimento sobre as estimativas (Oba & Allen, 1999). No entanto, estudos recentes demonstraram vícios substanciais em procedimentos de estimação da degradação fibrosa de forrageiras tropicais em sistemas in vitro (Vieira et al., 2000a; Detmann, 2002).

De forma alternativa aos métodos biológicos, a utilização da composição química dos alimentos como método de predição da digestão em ruminantes tem sido sugerida por diversos autores (Conrad et al, 1984; Weiss et al., 1992; Van Soest, 1994; Weiss, 1994; NRC, 2001; Rocha Jr. et al., 2003). Como ponto inicial aos principais métodos, destaca-se a estimação do potencial de degradação da fibra em detergente neutro (FDN), expresso complementarmente como sua fração indigestível, ou FDNi. Esta porção é empregada como base para estimação da digestão efetiva dos componentes fibrosos, sendo, no entanto, seu estudo isolado preponderante ao entendimento dos efeitos de repleção física ao ambiente ruminal.

Por ser indigestível e agir na redução da fração fibrosa potencialmente digestível da parede celular (Traxler et al., 1998), a lignina é geralmente aceita como a entidade primária responsável pela limitação da digestão das forragens (Smith et al., 1972; Van Soest, 1994), sendo adotada como base para a estimação do teor de FDNi por dois dos principais sistemas nutricionais da atualidade: o Cornell Net Carbohydrate and Protein System (CNCPS) (Sniffen et al., 1992) e o National Research Council (NRC, 2001). No entanto, embora haja recentes propostas de avaliação das equações estabelecidas por estes sistemas, em condições nacionais (Malafaia et al., 1998; Vieira et al., 2000a; Rocha Jr. et al., 2003), pouco se conhece acerca do potencial preditivo de tais equações para gramíneas produzidas em regiões tropicais.

Dessa forma, objetivou-se neste trabalho proceder à validação das equações adotadas pelos sistemas nutricionais CNCPS e NRC (2001) quanto à estimação da fração indigestível da FDN em gramíneas tropicais.

Material e Métodos

Foram utilizados dados referentes a amostras de cana-de-açúcar integral e in natura (Saccharum sp.), oriundas de variedades de diferentes ciclos de produção e obtidas em diferentes épocas de colheita (Fernandes, 2001; Rocha Jr., 2002), e de diferentes gramíneas tropicais utilizadas sob pastejo avaliadas por intermédio de extrusa esofágica (Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha, Brachiaria arrecta e Panicum maximum cv. Tobiatã), em fornecimento direto "verde" (Pennisetum purpureum e Cynodon sp.), como silagem (Cynodon sp., milho e sorgo) ou como feno (Andropogon gayanus, Cynodon sp. e Melinis minutiflora) (Cabral, 2002; Rocha Jr., 2002), perfazendo o total de 119 observações, com informações acerca dos teores observados de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi), proteína bruta insolúvel em detergente neutro (PIDN) e lignina.

Em todas as amostras selecionadas, os teores de FDN e PIDN foram obtidos segundo protocolos descritos por Van Soest et al. (1991), sendo os conteúdos em lignina obtidos pelo método do permanganato (Goering & Van Soest, 1975). Os teores de FDNi foram estimados de forma indireta, por intermédio de projeção assintótica em procedimentos de estimação da dinâmica de degradação in situ (Fernandes, 2001), ou de forma direta, por intermédio de procedimentos de incubação in vitro ou in situ em tempos iguais ou superiores a 120 horas (Cabral, 2002; Rocha Jr., 2002).

A estimação matemática dos teores de FDNi foi realizada utilizando-se dois diferentes sistemas ou equações, aqui denominadas equação de Sniffen e equação de Conrad.

No primeiro caso, a estimação da fração potencialmente indigestível se deu com base nos protocolos descritos por Sniffen et al. (1992), sendo adotada como equação preditiva para o potencial de degradação da FDN em alimentos para bovinos pelos sistemas CNCPS (Sniffen et al., 1992) e NRC (1996) (solução nível 2). Esta proposição foi construída empiricamente a partir de observações da relação entre a massa residual de FDN após 120 dias de fermentação e a concentração de lignina no alimento anteriormente à incubação, em experimento conduzido por Chandler (1980), citado por Traxler et al. (1998), sendo descrita, de forma simplificada, como:

As estimativas do teor de FDNi obtidas pela equação de Conrad basearam-se nas proposições teoricamente sumarizadas por Conrad et al. (1984) e Weiss et al. (1992), construídas segundo a Lei de Superfície. De acordo com esse princípio geométrico, a superfície de qualquer objeto é igual ao quadrado da média de suas dimensões lineares ou à sua massa elevada à potência de 2/3 (Kleiber, 1975; Conrad et al., 1984). Deste modo, o suporte teórico apresentado por Conrad et al. (1984) pressupõe que o espaço de superfície digestível e disponível aos microrganismos ruminais é determinado pelo fato de os tecidos da parede vegetal e a lignina estarem localizados fisicamente superfície a superfície. Assim, a porção da FDN indisponível aos microrganismos é proporcional à área superficial da massa de lignina e inversamente proporcional à área superficial da massa de FDN.

Em função de o método originalmente proposto fornecer estimativas do potencial de degradação da FDN, alguns artifícios matemáticos foram empregados para possibilitar a estimação direta da fração indigestível dos componentes fibrosos da parede celular. Segundo a equação originalmente proposta:

em que: FDNd = fibra em detergente neutro potencialmente digestível; LIG = teor de lignina; e FDN' = fibra em detergente neutro corrigida para nitrogênio, sendo:

em que: PIDN = proteína bruta insolúvel em detergente neutro.

Sendo complementares os teores de FDNd e FDNi, faz-se:

Convertendo-se os teores da fração indigestível como percentual da fibra em detergente neutro total, faz-se:

Os procedimentos de comparação entre os teores observados de FDNi e aqueles obtidos pelas equações de Sniffen e Conrad basearam-se no ajustamento de modelo de regressão linear simples dos valores preditos sobre os observados, sendo as estimativas dos parâmetros de regressão testadas sob as seguintes hipóteses:

Sob o caso de não-rejeição de ambas as hipóteses de nulidade, concluiu-se pela similaridade entre valores preditos e observados. Casos de re-parametrização das hipóteses descritas em (7) foram abordados no transcorrer da discussão.

A avaliação comparativa com relação à eficiência de predição entre equações foi feita pela avaliação e partição do desvio médio de predição, segundo protocolos descritos por Kobayashi & Salam (2000), conforme as equações:

em que: x = valores observados; y = valores preditos; MSD = quadrado médio dos desvios entre valores observados e preditos; SB = quadrado do vício; SDSD = componente relativo à magnitude de flutuação aleatória; LCS = componente relativo ao modelo de flutuação aleatória; SDx e SDy = desvios-padrão para valores observados e preditos, respectivamente; e r = correlação linear de Pearson entre valores preditos e observados. Ressalta-se que, para todos os cálculos de variâncias, empregou-se como divisor o total de observações (n).

Durante os procedimentos de avaliação estatística, cinco observações apresentaram comportamento discrepante (outliers) e foram, portanto, eliminadas dos processos de estimação e validação. Estabeleceu-se em 0,05 o nível crítico de probabilidade para o erro tipo I em todos os testes de hipóteses efetuados.

Resultados e Discussão

As estatísticas descritivas para as variáveis levantadas são apresentadas na Tabela 1. De modo geral, as amplitudes totais das diferentes variáveis comportaram-se satisfatoriamente frente aos objetivos do estudo, abordando-se alimentos que variaram de baixa a alta qualidade, permitindo projeções representativas face ao universo de espécies, condições edafoclimáticas e demais fatores de interferência sobre a qualidade das diferentes forrageiras empregadas na alimentação de ruminantes em regiões de clima tropical.

Equação de Conrad

A avaliação estatística da relação entre os teores de fibra em detergente neutro indigestível observados (FDNi) e aqueles preditos pela equação de Conrad (FDNiC) (Figura 1) indicou a não-rejeição da hipótese de nulidade estabelecida sobre o coeficiente de inclinação da reta (P>0,05) que representa esta relação (Tabela 2).


Embora tal inferência indique similaridade quantitativa na variação entre valores preditos e observados de FDNi, a avaliação do intercepto indicou a não-aceitação da hipótese de nulidade inicialmente proposta (7) (P<0,05) (Tabela 2). Este comportamento indicou a existência, sobre os valores de FDNiC, de forma independente aos níveis observados, de superioridade de 5,60 pontos percentuais, valor denotado como vício constante (Rayburn & Fox, 1993), revelando o fato de a equação de Conrad superestimar a indigestibilidade da FDN.

Esse comportamento mostrou-se similar ao relatado por Rocha Jr. et al. (2003), que, ao procederem à validação da equação proposta por Weiss et al. (1992), para estimação da digestibilidade efetiva da FDN em animais ruminantes, equação esta que tem como núcleo a equação de Conrad, verificaram subestimação dos valores de digestibilidade, em comparação a um banco de dados constituído por observações realizadas in vivo.

Frente ao comportamento das estimativas dos teores de FDNi obtidos pela equação de Conrad (Figura 1), dois argumentos parecem justificar, em parte, a observação significativa de vícios no processo de estimação.

Em função da natureza da atividade microbiana no processo de degradação ruminal dos componentes fibrosos, no qual os mecanismos dependentes do contato microbiano ao substrato exercem papel preponderante (Weimer, 1996), a digestão deve estar relacionada ao grau de exposição da parede celular (Wilson, 1993).

Relatos experimentais têm demonstrado que a relação de área de superfície/volume é dependente e variante em função do tipo celular ou tecidual avaliado (Wilson, 1993), e, associada ao fato de a proporção tecidual em forrageiras ser altamente influenciada por fatores morfológicos, fisiológicos, climáticos e por espécie (Paciullo et al., 2002), caracteriza um quadro heterogêneo sobre o comportamento de degradabilidade entre diferentes forragens de diferentes estádios fisiológicos, não suportando, portanto, um quadro único relacionado ao efeito "geométrico" da lignina sobre o aproveitamento dos demais componentes da parede celular vegetal.

Estes argumentos evidenciam que o fato de a Lei de Superfície levar à suposição de que as interações geométricas entre tecidos sejam regulares e constantes entre espécies forrageiras pode constituir possível entrave estimativo à equação de Conrad para sua aplicação em gramíneas tropicais.

Por outro lado, o grau de interação ou imposição de indigestibilidade da lignina sobre a parede celular depende primariamente de interação química entre os compostos fenólicos e glicosídicos. Segundo Jung & Deetz (1993), esta interação seria amplamente afetada pela razão entre precursores guaiacil:siringil no estabelecimento da cadeia polifenólica do complexo lignina. Neste contexto, as ligações cruzadas observadas nas moléculas derivadas de guaiacil (não observadas em siringil) incrementariam o efeito deletério da lignina sobre a degradabilidade dos componentes fibrosos (Van Soest, 1994), ampliando o suporte sobre o fato de uma relação constante de proteção, ainda que de características não-lineares, não permitir boa predição do potencial de degradação fibrosa sob condições de heterogeneidade de composições anatômica, física e química.

Em outro enfoque, parte do comportamento viesado de predição observado sobre a equação de Conrad (Figura 1) poderia estar suportado no fato de este modelo ter sido desenvolvido a partir de avaliações dos conteúdos em lignina pelo método do ácido sulfúrico (Goering & Van Soest, 1975), com bom comportamento de validação (Conrad et al., 1984; Weiss et al., 1992). Avaliações comparativas de métodos determinantes do conteúdo em lignina em alimentos indicaram superioridade numérica para a técnica do permanganato (Van Soest, 1994; Traxler et al., 1998), base para o banco de dados deste estudo e amplamente utilizada no Brasil. Por si, tais afirmações suportariam o vício positivo do processo de estimação (Figura 1). No entanto, em recente trabalho, Traxler et al. (1998) notaram que menor erro total de predição e vício total foram verificados na utilização da equação de Conrad associada a valores de lignina em permanganato, gerando suspeitas sobre as prerrogativas iniciais dirigidas à técnica do ácido sulfúrico.

Em virtude do comportamento observado à Figura 1, e na observância de boa correlação entre os valores observados e preditos pela equação de Conrad (Tabela 2), procedeu-se, com base no banco de dados construído, ao reajustamento desta equação, mantendo-se sua arquitetura original, reavaliando-se, no entanto, o fator de proteção 0,667. A comparação entre os valores preditos pela nova equação, denominada equação de Conrad, com fator empírico de correção, e aqueles observados encontra-se na Figura 2.


Pelo processo de ajustamento iterativo, chegou-se à estimativa para o parâmetro reavaliado, com projeção dos limites do intervalo de confiança assintótico a 95% de probabilidade (de 0,85±0,028), comprovando ser o novo fator distinto (P<0,05) daquele empregado no modelo originalmente proposto por Conrad et al. (1984). Adicionalmente, verificou-se que ambas as hipóteses de nulidade propostas em (7) foram não-rejeitadas (P>0,05) na avaliação da relação entre valores observados e preditos pela equação corrigida, indicando similaridade estatística entre estes (P>0,05) (Tabela 2), o que é visualmente verificado pela proximidade entre as retas de equalidade (Y=X) e de mínimos quadrados (Figura 2).

A adoção de associação exponencial, conforme proposta na equação de Conrad, implica no fato de uma unidade de lignina causar maior refração à degradação em forragens com grau reduzido de lignificação quando em comparação àquelas com elevada concentração de lignina (Van Soest, 1994) (Figura 3). A correção empírica adotada permitiu, no entanto, a visualização do fato de a proteção causada pela presença de compostos fenólicos na parede celular de forragens tropicais ser menos intensa que aquela inicialmente proposta pela adoção da Lei de Superfície (Conrad et al., 1984; Weiss et al., 1992). Em outra palavras, a taxa de proteção da lignina, representada pela derivação do teor de FDNi, em função da concentração de lignina (d(FDNi)/d(Lignina)), é de menor dimensão em forragens tropicais quando comparada à equação de Conrad, proposta e validada sob condições temperadas (Figura 3). Este fato poderia suportar o quadro de subestimação da degradação fibrosa observada em estudos de simulação conduzidos com o objetivo de validação de sistemas internacionais de nutrição e alimentação de animais ruminantes (Vieira et al., 2000a; Rocha Jr. et al., 2003).


Em outro enfoque, a despeito das melhores características de predição apresentadas pela equação de Conrad com a adoção do fator empírico de correção, deve-se relevar o fato de tal procedimento implicar na remoção parcial das características teoricamente embasadas, propostas por Conrad et al. (1984) e Weiss et al. (1992).

A superioridade de modelos teoricamente embasados reside sobre sua natureza população-independente (Weiss, 1994). Dessa forma, a substituição do valor expoente de 0,667 por 0,85 no estabelecimento de possível função de refratariedade à degradação ruminal imposta pela lignina, embora amplie a exatidão do processo preditivo (Figura 2), implica na inclusão de características população-dependentes ao modelo inicialmente proposto (2), restringindo sua aplicabilidade somente a alimentos similares aos empregados neste estudo.

Na aplicação inicial dos conceitos da Lei de Superfície, Conrad et al. (1984) expuseram inicialmente, com base em conceitos geométricos, a equação:

em que: KL e KF = constantes de denotação à relação volume-densidade-área para a lignina e a FDN, respectivamente.

Conforme pressuposição estabelecida por estes autores, haveria similaridade entre os valores de KL e KF, fazendo, desta forma, sua razão igual à unidade, e permitindo a evolução da equação inicial àquela expressa em (2). Esta pressuposição, sob as óticas física e geométrica, pode constituir possível problema a contribuir com o comportamento vicioso observado sobre esta equação (Figura 1).

Observações sobre a dinâmica ruminal indicaram que o avanço do tempo de permanência no rúmen ocasiona aumento na concentração de compostos fenólicos na partícula alimentar por intermédio da extração microbiana de componentes potencialmente degradáveis, causando a elevação da gravidade específica destas (Allen, 1996). Sob a suposição deste fenômeno, constrói-se a hipótese de que compostos semelhantes à lignina, por apresentarem densidade superior à dos demais componentes da parede celular, poderiam apresentar diferenças na exposição superficial por unidade de massa, implicando em inverdade sob a pressuposição da razão unitária entre as constantes de relação volume-densidade-área, segundo proposição de Conrad et al. (1984).

Ao sumarizar aspetos relacionados à aplicação da Lei de Superfície em estudos de taxa metabólica e perda de calor em animais, Kleiber (1975) discutiu a constante multiplicativa do termo potencial (denominada constante de Meeh), a qual equivale à razão de constantes expostas em (12), afirmando que esta varia em função da forma e da densidade do corpo estudado. Amplia-se, portanto, o suporte sobre a possibilidade de modificações teoricamente embasadas sobre a equação de Conrad, que seriam, assim, baseadas na relação entre constantes que denotam relações volume-densidade-área e alterações na densidade particular em função do teor de compostos fenólicos. Essa modificação, se passível de comprovação, poderia garantir a aplicabilidade deste modelo sob condições tropicais e eliminar necessidade de fatores empíricos de correção sobre a proposição inicial.

Equação de Sniffen

A avaliação estatística da relação expressa na Figura 4 indicou a não-rejeição de ambas as hipóteses de nulidade estabelecidas em (5) (P>0,05) (Tabela 2), denotando a similaridade entre as retas de equalidade (Y=X) e de mínimos quadrados (Figura 4) e, conseqüentemente, entre concentrações de FDNi observadas e preditas por intermédio da equação de Sniffen (P>0,05) (Tabela 2).


Este comportamento desagrega os resultados de estudos realizados em condições brasileiras que evidenciaram a inadequação do fator multiplicativo 2,4 (Sniffen et al., 1992) na predição da indigestibilidade da FDN em forragens tropicais (Malafaia et al., 1998; Vieira et al., 2000b; Fernandes, 2001). Face as estas evidências prévias, buscou-se verificar de forma mais aprofundada a adequação da equação de Sniffen frente às observações do banco de dados disponível a este estudo.

Na Figura 5, é descrita a relação funcional entre os teores observados de lignina e FDNi. Sob a ótica de validação da equação de Sniffen, procedeu-se ao ajustamento de equação de regressão linear simples entre estas variáveis, buscando-se verificar a similaridade da reta de mínimos quadrados ao modelo paramétrico proposto por Sniffen et al. (1992) (Y = 2,4X).


A reta de mínimos quadrados observada divergiu (P<0,05) tanto em termos de intercepto, como de coeficiente de inclinação, ao modelo paramétrico de Sniffen et al. (1992), indicando sua inadequação para a estimação do teor de FDNi em gramíneas tropicais, corroborando os resultados demonstrados por Malafaia et al. (1998), Vieira et al. (2000b) e Fernandes (2001) (Tabela 2).

Melhor visualização do comportamento do vício de estimação da equação de Sniffen pode ser verificada pelo comportamento residual, apresentado na Figura 6. Sob características ideais de um modelo ou equação de predição, a reta de mínimos quadrados ajustada ao conjunto de resíduos deve apresentar intercepto e coeficiente de inclinação nulos, fato não observado (P<0,05).


A tendência residual (Figura 6) indicou a ocorrência sistemática de sub e superestimativas dos teores de FDNi para teores de lignina inferiores e superiores a 10,4% da FDN, respectivamente, o que evidencia inadequação do modelo em descrever o fenômeno estudado, acusando falta de ajustamento deste aos dados e indicando a ausência de um parâmetro associado a relações curvilineares ou não-lineares como o principal elemento de deficiência preditiva da equação de Sniffen.

Este comportamento corrobora a afirmativa de Vieira et al. (2000b), que destacaram ser o estabelecimento de uma relação linear simples, sem a consideração do intercepto, como no caso da proposição de Sniffen et al. (1992), um inconveniente, pois se assumiria que diferenças associadas a espécies e condições de crescimento das forrageiras não exerceriam influência sobre a dimensão da porção indigestível da FDN.

Avaliação comparativa

A dimensão do quadrado médio do erro de predição (MSD) e a importância de seus componentes, em função das diferentes equações avaliadas, são apresentadas na Figura 7.


A existência de falta de ajustamento refletiu diretamente sobre os desvios de predição observados para a equação de Sniffen (Figura 7), verificando-se a maior participação proporcional dos componentes relativos ao comportamento de padrão e dimensão de flutuação dos desvios em torno da média aritmética das observações (SDSD e LCS) (Kobayashi & Salam, 2000), novamente reforçando o reflexo da tendência exibida pelos desvios ordinários (Figura 6) e a deficiência de um elemento curvilinear ou não-linear sobre a estrutura deste modelo, garantindo, quanto aos aspectos de flutuação dos desvios de predição, superioridade aos modelos com padrões curvilineares.

Por outro lado, o vício constante observado na relação entre valores observados e preditos pela equação de Conrad (Figura 1) refletiu negativamente sobre a qualidade da predição a partir de tal modelo, o qual apresentou o pior diagnóstico entre as equações avaliadas, havendo predomínio absoluto do componente relativo ao vício de predição (SB) (Figura 7). De outra forma, as informações constantes na Figura 7 quantificam de forma mais refinada o ganho em qualidade de predição obtido com a incorporação do fator empírico de correção sobre a equação de Conrad (Figura 2). Em função de este ajustamento procurar a eliminação dos vícios de estimação e se basear no banco de dados empregado neste estudo, observou-se que a redução observada sobre MSD calcou-se, quase que com exclusividade, sobre o vício total (Figura 7), mantendo similaridade para os componentes SDSD e LCS de forma independente à adoção de correção.

Conclusões

A equação de predição da fração indegradável da fibra em detergente neutro adotada pelo sistema nutricional NRC (2001) gera estimativas viesadas positivamente deste parâmetro em gramíneas tropicais. A substituição do fator expoente 0,667 por 0,85 leva à eliminação deste vício em gramíneas tropicais. No entanto, mais estudos são sugeridos para que alterações população-independentes possam garantir o embasamento teórico deste modelo.

A ocorrência de falta de ajustamento por ausência de relações curvilineares constitui elemento de deficiência sobre as estimativas do teor de fibra em detergente neutro indigestível produzidas pela equação proposta pelo sistema nutricional CNCPS.

Literatura Citada

Recebido em: 23/05/03

Aceito em: 12/04/04

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Set 2010
  • Data do Fascículo
    Dez 2004

Histórico

  • Aceito
    12 Abr 2004
  • Recebido
    23 Maio 2003
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