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Atuação dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família na prevenção da sífilis congênita: pesquisa de opinião em um município da região Nordeste

Performance of nurses from the Family Health Strategy in the prevention of congenital syphilis: opinion survey in a municipality in the Northeast region

Resumo

Introdução

A sífilis congênita representa um agravo de considerada morbidade e mortalidade intrauterina e perinatal, ainda vista como um sério problema de saúde pública. É uma doença de caráter prevenível e passível de controle, desde que a gestante infectada seja diagnosticada precocemente e que seja instituído um tratamento adequado.

Objetivo

Conhecer a opinião dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre a sua atuação na prevenção da sífilis congênita no município de Sobral, Ceará.

Método

Estudo descritivo de abordagem qualitativa, realizado no município de Sobral, Ceará, com os enfermeiros dos Centros de Saúde da Família. Utilizou-se de formulário para identificar o perfil profissional e de entrevista semiestruturada, cujas respostas foram analisadas em três categorias temáticas: a importância do pré-natal, as dificuldades dos enfermeiros e as estratégias dos enfermeiros para a prevenção da sífilis congênita. O estudo respeitou os princípios éticos da Resolução nº 466/12.

Resultados

Identificaram-se como principais dificuldades para a prevenção da sífilis congênita a não adesão do parceiro ao tratamento, os fatores sociais e o desconhecimento sobre os riscos dessa doença. Entre as estratégias utilizadas para a prevenção dessa doença, encontraram-se a busca ativa, o trabalho da equipe multiprofissional, a utilização do teste rápido para sífilis e a orientação às gestantes e seus parceiros.

Conclusão

Os enfermeiros assumem para si a responsabilidade de prevenir tal doença, porém acredita-se que seja necessário o envolvimento dos demais profissionais da ESF nas ações de prevenção da sífilis congênita.

Palavras-chave:
enfermeiro; saúde pública; sífilis congênita

Abstract

Background

Congenital syphilis represents a grievance of considerable intrauterine and perinatal morbidity and mortality, still seen as a serious public health problem. It is a preventable and controllable disease, as long as the infected pregnant woman is diagnosed early and adequate treatment is instituted.

Objective

To know the nurses’ opinion concerning the Family Health Strategy on their role in the prevention of congenital syphilis in the municipality of Sobral, Ceará.

Method

A descriptive study of qualitative approach was carried out in the municipality of Sobral-Ceará, with of nurses ofThe Family Health Strategy centers.. It was used a form to determine the professional profile and semi structured interview was carried out, the answers were analyzed in three thematic categories: the importance of prenatal care; nurses' difficulties and nurses' strategies for the prevention of congenital syphilis. The study followed the ethical principles of Resolution number 466/12.

Results

The main difficulties for the prevention of congenital syphilis were identified as the partner's non-adherence to treatment, social factors and lack of knowledge about the risks of this disease.. The strategies used to prevent the disease were: the active search, the work of the multidisciplinary team, the use of the rapid test for syphilis, and the guidance to pregnant women and their partners.

Conclusion

Nurses assume the responsibility for preventing this disease, however, it is considered that the involvement of other FHS (ESF) professionals is necessary in actions to prevent congenital syphilis.

Keywords:
nurse; public health; congenital syphilis

INTRODUÇÃO

A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum, com transmissão, predominantemente, sexual. Nas gestantes, quando a sífilis não é tratada ou o esquema de tratamento é realizado de forma inadequada, a infecção pode ser transmitida por via transplacentária ao concepto, ocasionando a sífilis congênita (SC)11 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/AIDS. Protocolo clinico e diretrizes terapêuticas para a prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais [Internet]. 1ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019 [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-prevencao-da-transmissao-vertical-de-hiv
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.

A SC representa um agravo de considerada morbidade e mortalidade intrauterina e perinatal, ainda vista como um sério problema de saúde pública22 Bittencourt RR, Pedron CD. Sífilis: abordagem dos profissionais de saúde da famíliadurante o pré-natal. J Nutr Health [Internet]. 2012;1(2):9-17 [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/viewFile/3450/2835
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. É uma doença de caráter prevenível e passível de controle, desde que a gestante infectada seja diagnosticada precocemente e que seja instituído um tratamento adequado33 Domingues RMSM, Saracen V, Hartz ZMA, Leal MC. Sífilis congênita: evento sentinela da qualidade da assistência pré-natal. Rev Saude Publica. 2013;47(1):147-57. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102013000100019. PMid:23703141.
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.

O Ministério da Saúde (MS) recomenda que seja ofertado a toda gestante o teste de detecção dessa infecção ainda no primeiro trimestre da gestação ou na primeira consulta do pré-natal, no início do terceiro trimestre, no momento do parto ou em caso de aborto. O tratamento deve ser iniciado com apenas um teste reagente, sem aguardar o resultado de um segundo exame44 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco [Internet]. 1ª ed. rev. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2013. 318 p. (Cadernos de Atenção Básica; 32). [citado em 2016 Jul 16]. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf
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Para fins clínicos e assistenciais, considera-se que o tratamento da sífilis na gestante é adequado quando: realizado com penicilina benzatina, iniciado até 30 dias antes do parto, adequado ao estágio clínico da doença, respeitado o intervalo entre as doses, avaliado o risco de reinfecção e com registro de queda do título do teste não treponêmico em, pelo menos, duas diluições em três meses ou quatro diluições em seis meses após o tratamento11 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/AIDS. Protocolo clinico e diretrizes terapêuticas para a prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais [Internet]. 1ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019 [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-prevencao-da-transmissao-vertical-de-hiv
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/pr...
. Para fins de definição da SC, não se considera o tratamento da parceria sexual da mãe55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento Nacional de DST, AIDS e Hepatites Virais. Nota Informativa nº2 SEI/2017. Altera os critérios de definição de casos para notificação de sífilis adquirida, sífilis em gestantes e sífilis congênita. Diário Oficial da União [Internet], Brasília, 2017 [citado em 2020 Fev 10]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/legislacao/nota-informativa-no-02-sei2017-diahvsvsms
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No Brasil, dados disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), oriundos dos registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), mostram que, entre 2005 e junho de 2019, foram notificados 324.321 casos de sífilis em gestantes, com a maioria dos casos nas regiões Sudeste (45%) e Nordeste (21%). Já a SC, em menores de 1 ano, no período de 1998 a junho de 2019, teve 214.891 casos notificados, com o maior número de casos também nas regiões Sudeste (44,4%) e Nordeste (30,2%)66 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento Nacional de DST, AIDS e Hepatites Virais. Boletim epidemiológico - Sífilis [Internet]. Brasília; 2019 [citado em 2020 Fev 5]. (vol. 48, no. 36). Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-sifilis-2019
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No estado do Ceará, de 2010 a agosto de 2018, foram notificados 10.406 casos de SC em menores de 1 ano de idade. Em Sobral, município desse estado, no período de 2016 a 2019, de acordo com informações do DATASUS, foram notificados 49 casos de SC, com dados de 2019 sujeitos à revisão77 Ceará. Secretaria da Saúde, Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde. Núcleo de Vigilância Epidemiológica. Boletim Epidemiológico - Sífilis. Fortaleza; 2017 [citado em 2020 Fev 10]. Disponível em: http://www.saude.ce.gov.br/index.php/boletins
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8 Ceará. Secretaria da Saúde, Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde. Núcleo de Vigilância Epidemiológica. Boletim Epidemiológico - Sífilis [Internet]. Fortaleza; 2018 [citado em 2020 Fev 10]. Disponível em: http://www.saude.ce.gov.br/index.php/boletins
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-99 Ceará. Secretaria da Saúde. Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde. Núcleo de Vigilância Epidemiológica. Boletim Epidemiológico - Sífilis [Internet]. Fortaleza; 2019 [citado em 2020 Fev 10]. Disponível em: http://www.saude.ce.gov.br/index.php/boletins
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O interesse em estudar a temática surgiu a partir do conhecimento da situação epidemiológica da doença no município de Sobral, adquirido com as vivências no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde na área de Vigilância em Saúde. Focalizou-se o trabalho dos enfermeiros, considerando que esses profissionais têm maior contato com as gestantes nos serviços de atenção primária durante a realização do pré-natal, e, assim, as ações de controle e prevenção da sífilis acabam incidindo sobre eles.

Este estudo poderá evidenciar os fatores que interferem na prevenção da SC e, dessa maneira, subsidiar a elaboração de novas estratégias na vigilância da doença e contribuir para a melhoria dos indicadores de saúde relacionados à qualidade da assistência pré-natal. Este estudo teve o objetivo de conhecer a opinião dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre a sua atuação na prevenção da SC no município de Sobral, Ceará.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa. O estudo descritivo tem por objetivo descrever as características de determinada população ou fenômeno, enquanto o qualitativo enfatiza a perspectiva dos participantes, trabalhando com a subjetividade1010 Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª ed. São Paulo: Atlas; 2010..

O estudo foi realizado no município de Sobral, Ceará, tendo como participantes os enfermeiros dos Centros de Saúde da Família (CSF) localizados na sede. O município conta com 64 equipes da ESF atuando em 36 CSF, distribuídas na sede e nos distritos. No período de coleta das informações, de janeiro a julho de 2015, havia 19 enfermeiros na função de gerente dos CSF e 55 enfermeiros assistencialistas atuantes nas equipes da ESF da sede.

Os critérios de inclusão dos enfermeiros no estudo foram: estarem em exercício nas equipes da ESF na sede do município de Sobral, realizando consultas de pré-natal, e aceitarem participar mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos os enfermeiros na função de gerente dos CSF por não realizarem assistência diretamente às gestantes, os que estavam de férias ou licença médica e os que se negaram a participar. Aplicando-se esses critérios, participaram 34 enfermeiros.

As informações foram coletadas a partir de um formulário com questões fechadas para identificar o perfil profissional, embora não fosse o objeto deste estudo, e questões abertas para a obtenção das opiniões dos entrevistados sobre a sua atuação na prevenção da SC. As respostas foram gravadas e transcritas na íntegra, com a finalidade de abstrair categorias de respostas aos objetivos do estudo. O local da abordagem dos enfermeiros foi na própria unidade de saúde em que trabalhavam.

O tratamento qualitativo das informações foi conduzido a partir da análise temática de Minayo (2010). Foram seguidos três passos: pré-análise, que consiste em várias leituras e na organização das informações; exploração do material, com recortes e categorização das respostas; e interpretação das informações obtidas1111 Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco; 2010.. Após todos esses procedimentos, três categorias foram elaboradas: a importância do pré-natal para a prevenção da SC, as dificuldades dos enfermeiros para a prevenção da SC e as estratégias dos enfermeiros para a prevenção da SC.

O presente estudo foi norteado a partir da Resolução nº 466/2012, que regulamenta as normas de pesquisas envolvendo seres humanos1212 Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro 2012. Diário Oficial da União [Internet], Brasília, 2012 [citado em 2016 Jul 25]. Disponível em: http://www.conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/index.html
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. Esta investigação faz parte de um trabalho maior, intitulado Abordagem do seguimento dos casos de sífilis congênita em Sobral, Ceará, a partir da visão de enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família”, com projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú (720.580/2014).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Antes de apresentar as categorias de estudo, descreveu-se a caracterização dos entrevistados para se ter uma ideia geral dos participantes. Os 34 enfermeiros tinham idade variando entre 23 e 61 anos, com uma média de 36 anos. A maioria era do sexo feminino (31/34), e o tempo de graduação variou entre 5 meses e 34 anos, sendo 15, quase a metade, com mais de 10 anos.

Em relação ao tempo de atuação na ESF, houve uma variação muito distante, de 3 meses a 17 anos, sendo o primeiro emprego para metade dos enfermeiros entrevistados (17/34).

Quanto à especialização dos profissionais entrevistados, 20 realizaram especialização na área da Saúde Pública e/ou da Saúde da Família e 25 relataram ter participado de treinamentos sobre SC promovidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Sobral.

A importância do pré-natal para a prevenção da sífilis congênita

O MS preconiza que haja alternância na realização das consultas de pré-natal entre os profissionais enfermeiros e médicos. Essa assistência é fundamental para a detecção e a intervenção precoce das situações de risco materno e fetal, como na problemática da sífilis44 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco [Internet]. 1ª ed. rev. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2013. 318 p. (Cadernos de Atenção Básica; 32). [citado em 2016 Jul 16]. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf
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Conforme evidenciado nas falas, os enfermeiros compreendem a importância da realização de pré-natal como prevenção de várias doenças e para promoção da saúde das mães e recém-nascidos:

E tudo tem que começar pelo pré-natal, né? Você fazer o seguimento do jeito que é, primeiro, segundo, terceiro trimestre, investigar VDRL, se caso gestante, seja detectado fazer tratamento. (ENF 2).

A gente sabe, a sífilis congênita ocorre em função de alguma falha ocorrida no pré-natal. (ENF 29).

Através das consultas de pré-natal são investigados a ocorrência da sífilis, onde é realizado o tratamento precoce da gestante e do parceiro, e, assim, ficando mais fácil a criança nascer sem sífilis congênita. (ENF 32).

A SC pode ser considerada como um marcador da qualidade da assistência pré-natal, pois, quando ocorrem falhas no tratamento da gestante, consequentemente pode aumentar a incidência da doença1313 Magalhães DMS, Kawaguchi IAL, Dias A, Calderon IMP. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cad Saude Publica. 2013;29(6):1109-20. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2013000600008. PMid:23778543.
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. A não realização do pré-natal e a realização de forma incompleta ou inadequada são consideradas alguns dos principais fatores para ocorrência da SC1414 Araújo ELC, Costa KSG, Silva RS, Azevedo VNG, Lima FAS. Importância do pré-natal na prevenção da Sífilis Congênita. Rev. Para. Med. 2006;20(1):47-51. http://dx.doi.org/10.5123/S0101-59072006000100008.
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.

Favero et al.1515 Favero MLD, Kristoffer AWR, Costa MCD, Bonafé SM. Sífilis congênita e gestacional: notificação e assistência pré-natal. Arch. Health. Sci [Internet]. 2019;26(1):2-8. [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292017000400781&lng=en
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, em seu estudo que analisou os casos de sífilis em gestantes e SC na cidade de Maringá-PR, identificaram que, em 94,17% das crianças com SC, as mães realizaram o pré-natal, o que evidencia falhas na detecção precoce da infecção e no tratamento adequado, assim como a necessidade de melhora na qualidade dessa assistência.

Os enfermeiros demonstram em seus relatos saber que contribuem para a prevenção da SC e que essa responsabilidade é assumida, principalmente, por sua categoria profissional. Os depoimentos a seguir são direcionados para este sentido:

Se for feito um pré-natal bem-feito, que aí parte da enfermagem, né? A gente consegue fazer com que o recém-nascido não tenha [sífilis congênita]... Que não seja passado pra ele, o RN. (ENF 2).

Porque o primeiro atendimento é com a enfermeira, chama primeiro a enfermeira, e assim a gente contribui. (ENF 7).

Porque o enfermeiro, durante o pré-natal, ele faz o pedido dos exames, né? O VDRL. E a detecção desses exames precocemente é fundamental para que a gestante possa realizar o tratamento. (ENF 13).

Na ESF, a primeira consulta de pré-natal é realizada por enfermeiros, e entre algumas das suas atribuições está a solicitação de testes rápidos e exames complementares, tais como os de triagem e de diagnóstico da sífilis44 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco [Internet]. 1ª ed. rev. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2013. 318 p. (Cadernos de Atenção Básica; 32). [citado em 2016 Jul 16]. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf
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. Percebe-se a importância desse profissional na identificação precoce dos casos e no estabelecimento do tratamento em tempo oportuno, o que pode interferir diretamente na qualidade da assistência pré-natal e, por consequência, no controle da SC1616 Sousa DMN, Costa CC, Chagas ACMA, Oliveira LL, Oriá MOB, Damasceno AKC. Sífilis congênita: reflexões sobre uma agravo sem controle na saúde mãe e filho. Rev Enferm UFPE on line [Internet]. 2014;8(1):160-5. [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/9619/9602
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O cuidado realizado por enfermeiros durante o pré-natal não deve se limitar à solicitação e análise dos exames de triagem e diagnóstico de sífilis ou no seguimento do tratamento; é necessário que o enfermeiro exerça seu papel de educador, orientando quanto aos riscos que a sífilis traz para a gestante e o concepto1616 Sousa DMN, Costa CC, Chagas ACMA, Oliveira LL, Oriá MOB, Damasceno AKC. Sífilis congênita: reflexões sobre uma agravo sem controle na saúde mãe e filho. Rev Enferm UFPE on line [Internet]. 2014;8(1):160-5. [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/9619/9602
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Nos discursos dos profissionais, evidencia-se que os enfermeiros representam o vínculo inicial com as gestantes, além de serem os primeiros a solicitar os exames de rotina para o pré-natal e a prestar as orientações iniciais sobre saúde delas nesse período. É fundamental o estabelecimento de uma boa relação, pois isso facilita para a gestante o reconhecimento da importância do seu pré-natal, dos exames e tratamento a serem realizados, quando necessário.

Aliada a outros fatores de controle da doença, uma boa formação de vínculo entre equipe de saúde e gestante também traz repercussões positivas, visto que favorece uma maior adesão ao pré-natal e ao projeto terapêutico proposto1717 Silva MZN, Andrade AB, Bosi MLM. Acesso e acolhimento no cuidado pré-natal à luz de experiências de gestantes na Atenção Básica. Rev Saúde Debate. 2014;38(103):805-16. http://dx.doi.org/10.5935/0103-1104.20140073.
http://dx.doi.org/10.5935/0103-1104.2014...
, levando a uma captação precoce da gestante às consultas, bem como o devido seguimento para uma evolução adequada do pré-natal.

Na formação de vínculo, o profissional necessita conhecer a realidade, as singularidades e o contexto de vida dos usuários, assim como utilizar uma linguagem acessível, deixando de lado os discursos verticalizados e de orientações padronizadas que podem dificultar a compreensão de questões importantes para o seu cuidado na saúde1818 Ilha S, Dias MV, Backes DS, Backes MTS. Vínculo profissional-usuário em uma equipe da Estratégia de Saúde da Família. Cien Cuid Saúde. 2014;13(3):556-62. http://dx.doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v13i3.19661.
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A comunicação efetiva e permanente entre equipe e gestante também se mostra importante durante o seguimento das consultas, visto que permite apresentar maior segurança e confiança nos profissionais da equipe e, dessa forma, auxiliar em uma boa condução e aceitação do pré-natal.

Os entrevistados enfatizam ainda que os enfermeiros assumem a assistência pré-natal, procurando realizá-la da forma mais adequada possível, conforme relatos a seguir:

Eu, como enfermeira, gosto de fazer um trabalho bem-feito, assim, eu vou buscar mesmo a pessoa que falta, procuro fazer o seguimento nas datas, certinho. (ENF 6).

O enfermeiro, como gerenciador da sua área de atuação da Estratégia de Saúde da Família, pode e deve traçar mecanismos de processo para atuar efetivamente no controle e ações relativas da sífilis congênita. (ENF 12).

O enfermeiro, ele faz a diferença, e é agente transformador diante dos pré-natais. O enfermeiro, o bom enfermeiro, o enfermeiro compromissado, ele é capaz de zerar a sífilis congênita. (ENF 30).

Nunes et al.1919 Nunes JK, Marinho ACV, Davim RMB, Silva GGO, Félix RS, Martino MMF. Sífilis na gestação: perspectivas e conduta do enfermeiro. Rev Enferm UFPE Online. 2017;11(12):4875-84. http://dx.doi.org/10.5205/1981-8963-v11i12a23573p4875-4884-2017.
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, em um estudo realizado em Natal-RN, trouxeram contribuições dos enfermeiros diante dos casos de SC, tais como a solicitação de exames de diagnóstico e seguimento, o estabelecimento do tratamento adequado e orientações pertinentes. Também evidenciaram que os enfermeiros utilizavam os protocolos do MS para direcionar a assistência.

O comprometimento do profissional com a saúde das gestantes contribui para uma assistência de qualidade2020 Schmeing LMB. Sífilis e pré-natal na rede pública de saúde e na área indígena de Amambai/MS: conhecimento e prática de profissionais [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; 2012., assim como a sua maior responsabilização perante a sífilis e o uso dos protocolos padronizados favorecem a eliminação da SC como problema de saúde pública22 Bittencourt RR, Pedron CD. Sífilis: abordagem dos profissionais de saúde da famíliadurante o pré-natal. J Nutr Health [Internet]. 2012;1(2):9-17 [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/viewFile/3450/2835
http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/inde...
. O trabalho do enfermeiro na organização, supervisão e planejamento das atividades da sua equipe poderá contribuir para a melhora da qualidade da assistência2121 Fialho VJ. Competências gerenciais do enfermeiro da Estratégia Saúde da Família [monografia]. Teófilo Otoni: Universidade Federal de Minas Gerais; 2014..

Fica evidente a importância do pré-natal de boa qualidade na abordagem adequada da sífilis durante a gestação, sendo o espaço destinado à sua identificação precoce e ao estabelecimento do tratamento. Igualmente, as consultas de enfermagem são relevantes no fortalecimento da qualidade da assistência no pré-natal e na formação de vínculo da gestante com a unidade de saúde, podendo facilitar, dessa forma, a adesão dela aos tratamentos propostos durante a gestação.

As dificuldades dos enfermeiros para a prevenção da sífilis congênita

Trabalhar com a sífilis congênita é um desafio

A prevenção da SC mostra-se difícil na obtenção de resultados favoráveis ao concepto, pois abordar questões relativas ao comportamento sexual pode ser complexo, e as intervenções podem estar relacionadas a aspectos comportamentais e socioculturais2222 Araújo CL, Shimizu HE, Sousa AIA, Hamann EM. Incidência da sífilis congênita no Brasil e sua relação com a Estratégia Saúde da Família. Rev Saude Publica. 2012;46(3):479-86. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102012000300010. PMid:22635036.
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. Os relatos a seguir demonstram que a prevenção da SC ainda é considerada um desafio:

Sempre a sífilis, pra mim, foi um desafio. (ENF 4).

Porque é realmente difícil estar lidando com esse problema [a sífilis]. (ENF 34).

Os dados epidemiológicos evidenciam a dificuldade no controle da SC, como analisado no Boletim Epidemiológico divulgado em 2019 pelo MS, com a incidência de 9,0/1.000 nascidos vivos no Brasil no ano de 2018, o que representou um aumento de 5,2% em relação a 201755 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento Nacional de DST, AIDS e Hepatites Virais. Nota Informativa nº2 SEI/2017. Altera os critérios de definição de casos para notificação de sífilis adquirida, sífilis em gestantes e sífilis congênita. Diário Oficial da União [Internet], Brasília, 2017 [citado em 2020 Fev 10]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/legislacao/nota-informativa-no-02-sei2017-diahvsvsms
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Costa et al.2323 Costa VC, Santos IAB, Silva JM, Barcelos TF, Guerra HS. Sífilis congênita: repercussões e desafios. Arq. Catarin Med [Internet]. 2017;46(3):194-202. [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: http://www.acm.org.br/acm/seer/index.php/arquivos/article/view/94
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, ao realizarem uma revisão narrativa da literatura, também identificaram o controle dessa doença como um desafio não apenas para os profissionais de saúde, mas também para as diferentes esferas governamentais e para a população geral. Esses autores consideraram que os profissionais de saúde deveriam assumir a maior responsabilização sobre o problema por meio de ações de promoção de saúde.

Sobre a adesão do parceiro

Os profissionais compreendem que o envolvimento e a adesão ao tratamento do parceiro sexual da gestante são de extrema importância para a prevenção da SC. Os relatos mostram ser a principal dificuldade para o tratamento adequado da gestante infectada e, por conseguinte, um dos maiores entraves na prevenção da doença na criança, como demonstrado nas falas a seguir:

Porque a dificuldade que eu vejo em relação à sífilis é do parceiro, o parceiro das mulheres gestantes, os seguimentos, não das gestantes, mas o tratamento do parceiro, esse é o grande problema da sífilis. (ENF 1).

A maior dificuldade na gestação, a mãe com sífilis, é tratar o parceiro. (ENF 9).

Ele diz que não vai fazer, ele não vem na unidade, a gente tem uma receptividade negativa com o parceiro, a mulher chora, a esposa, mas ele não aceita tratar. (ENF 17).

E eles [parceiros] não querem fazer, acho que a maior dificuldade é o tratamento do parceiro. (ENF 26).

Inúmeros fatores podem estar relacionados à não adesão ao tratamento dos parceiros dessas gestantes, uma vez que “a dificuldade de tratamento do parceiro sexual de portadores de DST pode estar relacionada à própria construção histórica das políticas de saúde, que sempre foram excludentes em relação ao homem, provocando a baixa procura por atendimento”2424 Campos ALA, Araújo MAL, Melo SP, Andrade RFV, Gonçalves MLC. Sífilis em parturientes: aspectos relacionados ao parceiro sexual. Rev Bras Ginecol Obstet. 2012 set;34(9):397-402. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-72032012000900002. PMid:23197277.
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:400.

O comportamento e a adesão ao tratamento do parceiro sexual da gestante têm relação direta com a ocorrência da SC. Mulheres com apoio do parceiro têm mais chances de realizar o tratamento da sífilis, assim como aquelas com apoio familiar de realizarem adequadamente o pré-natal2525 Hildebrand VLPC. Sífilis congênita: fatores associadas ao tratamento das gestantes e seus parceiros [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; 2010..

Percebe-se a importância de envolver o parceiro da gestante no processo do cuidado durante a gestação. As consultas de pré-natal favorecem um espaço importante para aproximar e envolver o parceiro no cuidado à mãe e ao bebê e no cuidado de si. É preciso que essa prática seja incentivada e acolhida pelos profissionais que atuam nesses serviços de saúde.

Horta et al.2626 Horta HHL, Martins MF, Nonato TF, Alves MI. Pré-natal do parceiro na prevenção da sífilis congênita. Rev. APS [Internet]. 2017;20(4):623-7 [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/aps/article/view/16078
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destacaram a importância do pré-natal do parceiro como estratégia de prevenção da SC, pois favorece um melhor cuidado ao trinômio (mãe - bebê - parceiro), a detecção precoce e o tratamento adequado de doenças de transmissão vertical. A enfermagem, por meio de seu papel educador, pode incentivar a inclusão do homem no pré-natal, orientando as repercussões positivas de sua participação.

O pré-natal do parceiro é um processo novo, que envolve mudanças culturais e quebra de paradigmas, assim como uma nova forma de trabalhar. Desse modo, ainda são encontrados obstáculos para sua realização, tais como questões de gênero, incompatibilidade no horário da consulta e escassez de políticas voltadas para o parceiro2727 Mendes SC, Santos KCB. Pré-natal masculino: a importância da participação do pai nas consultas de pré-natal. Encicl Biosf. 2019;16(29):2120-33. http://dx.doi.org/10.18677/EnciBio_2019A163.
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Embora o tratamento do parceiro não seja mais considerado critério para classificar o tratamento na gestante como adequado, optou-se por manter essa categoria nos resultados por ser um dos principais desafios no controle da SC relatado pelos enfermeiros entrevistados, uma vez que, no período em que houve a coleta das informações da desta pesquisa, ainda era considerado critério de adequabilidade do tratamento.

Baixa nível socioeconômico das gestantes

Outra dificuldade encontrada para a prevenção da SC é o baixo nível socioeconômico das gestantes, sendo que os entrevistados percebem isso na sua realidade profissional. Acreditam que o fator social dificulta a compreensão do diagnóstico, da importância da prevenção da SC e as consequências oriundas das doenças:

A dificuldade, ela sempre vai bater com o fator social [...] é bem visível que o fator social vai estar ponderando muito. (ENF 3).

Tem sido a nossa grande dificuldade, o fator social. Porque eles não entendem a importância de se prevenir, de se prevenir e principalmente de tratar. (ENF2).

O nível socioeconômico é considerado como um dos Determinantes Sociais de Saúde, os quais podem ser definidos como “[...] os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população”2828 Buss PM, Pellegrini A Fo. A saúde e seus determinantes sociais. Physis. 2007;17(1):77-93. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312007000100006.
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Sabe-se que os Determinantes Sociais da Saúde têm sido relacionados à ocorrência da sífilis, sendo uma doença que acomete parcelas menos favorecidas socialmente. Esses determinantes influenciam o acesso aos serviços de saúde, o que pode comprometer a realização do tratamento1313 Magalhães DMS, Kawaguchi IAL, Dias A, Calderon IMP. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cad Saude Publica. 2013;29(6):1109-20. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2013000600008. PMid:23778543.
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,2424 Campos ALA, Araújo MAL, Melo SP, Andrade RFV, Gonçalves MLC. Sífilis em parturientes: aspectos relacionados ao parceiro sexual. Rev Bras Ginecol Obstet. 2012 set;34(9):397-402. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-72032012000900002. PMid:23197277.
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A baixa escolaridade dificulta o acesso às informações adequadas acerca de patologias e influência na aceitação do tratamento, assim como apresenta relação com os comportamentos e estilo de vida, relacionados à saúde. Pessoas com maior escolaridade apresentam maior tendência a se autocuidar e aderir a tratamentos de doenças2929 Boery RNSO, Santos NA, Boery EG, Casotti CA, Maia VM, Silva JSL, et al. Fatores que interferem na adesão dos portadores de Aids aos antirretrovirais, Jequié, Bahia, Brasil. Saúde.Com [Internet]. 2015;11(3):233-42 [citado em 2016 Jul 18]. Disponível em: www.uesb.br/revista/rsc/v11/v11n3a03.pdf,3030 Souza DE. Determinação social da saúde: associação entre sexo, escolaridade e saúde autorreferida [tese]. Salvador: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia; 2012 [citado em 2016 Jul 3]. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10927/1/Tese%20Dami%C3%A3o%20Ernane%20Souza.%202012.pdf
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Signor et al.3131 Signor M, Spagnolo LML, Tomberg JO, Gobatto M, Stofel NS. Distribuição espacial e caracterização de casos de sífilis congênita. Rev Enf UFPE on line. 2018;12(2):398-406. http://dx.doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a230522p398-406-2018.
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, ao traçarem o perfil dos casos de SC ocorridos no estado do Paraná, identificaram que apenas 1,3% das mães das crianças possuíam ensino superior completo, enquanto 38,6% apresentavam ensino fundamental completo. Dados semelhantes foram encontrados por Favero et al.1515 Favero MLD, Kristoffer AWR, Costa MCD, Bonafé SM. Sífilis congênita e gestacional: notificação e assistência pré-natal. Arch. Health. Sci [Internet]. 2019;26(1):2-8. [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292017000400781&lng=en
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, com 86,41% das mães com baixa escolaridade, no máximo 8 anos de estudo.

A baixa escolaridade pode levar ao desconhecimento sobre a doença, como evidenciado nas falas:

Além delas [mães] não terem conhecimento sobre o risco que a sífilis traz pro bebê, a maioria delas não vem pras consultas. (ENF 17).

Se as mães tivessem consciência da gravidade que é a doença, elas realmente teriam, se elas fossem sensibilizadas, elas teriam aquele compromisso de estar ali cuidando da vida do filho. (ENF 2).

Na verdade, eles [o casal] não sabem o que a gente sabe, mas a gente esclarece todos os riscos futuros. (ENF 31).

Porque às vezes, muitas vezes, a gente pega uma gestante com sífilis que não sabe nem o que é. (ENF 28).

A presente pesquisa encontrou resultados semelhantes aos evidenciados por Figueredo et al.3232 Figueredo MSN, Cavalcante EGR, Oliveira CJ, Monteiro MFV, Quirino GS, Oliveira DR. Percepções de enfermeiros sobre a adesão ao tratamento dos parceiros de gestantes com sífilis. Rev Rene [Internet]. 2015;16(3):345-54 [citado em 2020 Fev 14]. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/rene/article/view/2789
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quanto à percepção dos enfermeiros acerca das fragilidades que interferem na adesão ao tratamento, sendo as principais: o nível de escolaridade e o desconhecimento sobre as consequências da doença tanto da gestante quanto de seu parceiro.

A partir dos relatos, compreendeu-se que as principais dificuldades para a prevenção da SC se encontram na adesão do parceiro ao tratamento, nos fatores sociais, no desconhecimento e entendimento da gestante e do parceiro sobre os riscos da SC. Assim, espera-se que os profissionais de saúde adequem a sua forma de comunicação às realidades dos usuários e garantam que as informações repassadas, de fato, sejam compreendidas.

As estratégias dos enfermeiros para a prevenção da sífilis congênita

Busca ativa

A SC é um problema de saúde pública que necessita ser abordado por meio de múltiplas estratégias para que seja minimizado. Uma dessas estratégias é a busca ativa dos casos de sífilis em gestantes mais precocemente. Segundo os relatos dos enfermeiros, a busca ativa é uma forma de identificar esses casos e realizar ações de prevenção:

Fazer busca ativa, de procurar dentro do território os casos possíveis, suspeitos, e tentar monitorar esse caso pra conseguir fazer todo o tratamento e o seguimento de todo paciente. Monitoramento e busca ativa, aqui a gente tem muito isso. (ENF 10).

A gente é que pega, vai, faz a busca ativa, conscientiza, orienta. (ENF 11).

Nós fazemos busca ativa pelo agente comunitário de saúde. (ENF 18).

A busca ativa consiste no deslocamento da equipe de saúde para o território em que a população está inserida, com o objetivo de identificar a realidade social, a demanda reprimida e realizar ações de promoção de saúde e prevenção de doenças3333 Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Manual de orientações técnicas para o Centro de Referência de Assistência Social. Brasília; 2006 [citado em 2016 Jul 18]. Disponível em: www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/.../orientacoes_Cras.pdf. Segundo a Política Nacional de Atenção Básica, é atribuição comum a todos os profissionais da atenção básica realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória3434 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de setembro 2017..

Ao realizar a busca ativa, é possível identificar os casos de sífilis que não estão em tratamento adequado para a doença e realizar uma abordagem de educação em saúde no próprio domicílio. O enfermeiro tem papel relevante nessa ação, uma vez que ele é um dos principais protagonistas nas consultas de pré-natal e conhece as gestantes que necessitam ser abordadas pela equipe, em especial pelo agente comunitário de saúde (ACS).

Martins et al.3535 Martins KMC, Sousa AJC, Lima RLF, Xavier AS, Silva MAM. Ação educativa para agentes comunitário de saúde na prevenção e controle da sífilis. Rev Bra Promoç Saúde. 2014;27(3):422-7. http://dx.doi.org/10.5020/18061230.2014.p422.
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destacaram a importância do ACS nos processos de trabalho da ESF, por estes serem o vínculo com a comunidade, gerando confiança quanto às informações que repassam. No entanto, esses autores identificaram a fragilidade no conhecimento desses profissionais sobre a temática da sífilis e ressaltaram a importância da capacitação para atuarem mais ativamente na prevenção da SC.

A busca ativa deve ser constante na rotina de atividades dos profissionais da atenção básica, visto que nela se tem o poder de atuar, principalmente, nas ações de promoção da saúde, seja por meio de orientações e aconselhamentos, que poderiam evitar possíveis doenças ou mesmo situações indesejadas para aquele momento da vida.

É necessário trazer a gestante ao CSF, a fim de garantir o tratamento adequado. A busca ativa realizada, principalmente, pelo ACS é o meio estratégico mais eficaz para se conhecer o território e a população adscrita e se apropriar deles. Os entrevistados reconhecem a importância dos ACS, como pode ser observado nas falas:

A agente de saúde que tá lá na ponta pra dizer, pra chamar, pra avisar que tem que ir no posto, é o trabalho multiprofissional. (ENF 25).

A maior ajuda que eu tenho mesmo é com as agentes de saúde. (ENF 4).

Entre as atribuições dos enfermeiros da ESF estão o planejamento, o gerenciamento e a avaliação das ações desenvolvidas pelos ACS, que são, principalmente, a identificação dos principais problemas de saúde e de risco da população no território3434 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de setembro 2017..

Uma atribuição fundamental do ACS nas ações de prevenção da SC é identificar, o mais precoce possível, as gestantes na comunidade e acompanhá-las no domicílio. Repassar as informações encontradas durante as visitas ao enfermeiro permite traçar medidas a serem melhoradas e evitar outras indesejáveis e que possam interferir no tratamento.

Acredita-se que o ACS é uma peça fundamental no combate à SC por residir no próprio território e conhecer a realidade e as razões que dificultam o tratamento da gestante, bem como a não adesão às consultas de pré-natal. A partir desse vínculo firmado, contribui de forma significativa para uma melhor intervenção da equipe junto aos sujeitos envolvidos.

Participação de outras categoriais profissionais

A participação de outras categorias profissionais é vista pelos enfermeiros como uma ferramenta para prevenção dessa doença, como evidenciado nas falas a seguir:

Eu acredito que para ter esse controle, pra ter essa maior vigilância, é a equipe mesmo, completa. (ENF 13).

A equipe como um todo, o técnico que vai à casa da pessoa colher o sangue, os profissionais do NASF, tentar sensibilizar essa mãe e junto, a equipe toda, ter um bom êxito no controle da sífilis. (ENF 17).

Monitoramento rigoroso pela equipe, compreendendo médico, enfermeiro, agente de saúde, enfim, todos da equipe. (ENF 28).

O apoio de uma equipe multidisciplinar contribui para a realização de ações voltadas ao combate da SC. A articulação de vários núcleos de saberes comprometidos com o bem-estar da gestante proporcionará uma evolução do estado gestacional de forma adequada, visto que a grávida será contemplada de maneira integral a partir de suas necessidades.

A equipe multiprofissional, representada pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), tem entre suas atribuições participar do planejamento com as equipes a que está vinculada, discutir casos, construir conjuntamente o projeto terapêutico, realizar educação permanente, promover a saúde, prevenir doenças, entre outras3434 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de setembro 2017.. Dessa forma, entende-se que o NASF poderá contribuir para a abordagem individual das gestantes com diagnóstico de sífilis, bem como para a sensibilização da equipe da ESF sobre a problemática.

Com um bom acompanhamento da gestante nesse período, envolvendo atenção de diversos aspectos relacionados à sua saúde, entende-se que os riscos serão percebidos em tempo hábil e menos probabilidades existirão para um possível desfecho com SC.

O trabalho multidisciplinar e interdisciplinar proporciona um melhor entendimento do objeto de saúde, pois gera o compartilhamento de objetivos, responsabilidades e conhecimentos a fim de solucionar determinado problema3636 Pereira IC, Oliveira MAC. O trabalho do agente comunitário na promoção da saúde: revisão integrativa da literatura. Rev Bras Enferm. 2013;66(3):412-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000300017. PMid:23887792.
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. Os relatos dos enfermeiros evidenciam a necessidade do envolvimento de todos os profissionais da ESF, como também do NASF, na abordagem à gestante e seu parceiro com sífilis.

Início precoce do pré-natal

Para que a sífilis não seja transmitida ao concepto, é necessário o tratamento adequado e em tempo oportuno da gestante. Para isso, é preciso haver o diagnóstico precoce. Uma conquista importante para se estabelecer precocemente o diagnóstico é a realização de testes rápidos na própria unidade básica de saúde, que dispõe do resultado em poucos minutos. Os entrevistados relatam a importância do teste rápido para sífilis:

O pré-natal mais precoce possível, ser condizente com os exames do primeiro, segundo e terceiro trimestre, não deixar de realizar teste rápido. (ENF 12).

A gente tem o teste rápido de sífilis, assim que dá uma alteração, mesmo que não seja no dia do pré-natal, a gente já comunica a gestante. (ENF 9).

Antes a gente solicitava o VDRL e era um tempão pra chegar, e agora não, é só faça aqui o teste rápido e na hora sai o resultado, né? (ENF 14).

A gente já tem o facilitador, que é o teste rápido, né, o teste treponêmico, em relação a fazer o teste rápido, já foi uma melhora muito grande que a gente já teve, a gente faz e já tem o resultado em 10 minutos. (ENF 31).

O teste rápido para sífilis (TRS), que detecta anticorpos específicos do Treponema pallidum, é considerado um exame prático e de fácil execução, que deve ser ofertado a toda gestante durante o pré-natal, desde que ela não tenha um exame treponêmico reagente na gestação atual ou anterior; no 3o trimestre, quando o TRS for não reagente no início da gestação; e deve ser realizado nos parceiros de gestantes com TRS reagente11 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/AIDS. Protocolo clinico e diretrizes terapêuticas para a prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais [Internet]. 1ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019 [citado em 2020 Fev 7]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-prevencao-da-transmissao-vertical-de-hiv
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.

Considera-se que esse avanço nos meios diagnósticos representa um importante passo para o controle da sífilis. A mulher poderá dar início ao tratamento no mesmo dia da realização do teste, agilizando, dessa forma, o início do tratamento e, consequentemente, com maiores chances de tratamento adequado à gestante e mínimos riscos à criança.

A assistência pré-natal está diretamente relacionada com o risco da transmissão vertical da sífilis, pois, quando essa assistência é insatisfatória, ocorrem falhas no tratamento da gestante com sífilis e, consequentemente, pode ocasionar a transmissão vertical1313 Magalhães DMS, Kawaguchi IAL, Dias A, Calderon IMP. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cad Saude Publica. 2013;29(6):1109-20. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2013000600008. PMid:23778543.
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. O enfermeiro é o profissional da ESF responsável pela primeira consulta de pré-natal, dessa forma a solicitação de exames e a identificação precoce dos casos de sífilis estão sob sua responsabilidade3737 Silva TCA, Pereira AML, Silva HRG, De Sá LC, Coêlho DMM, Barbosa MG. Prevenção da sífilis congênita pelo enfermeiro na Estratégia Saúde da Família. Rev Interd [Internet]. 2015;8(1):174-82 [citado em 2016 Mar 22]. Disponível em: http://revistainterdisciplinar.uninovafapi.edu.br/index.php/revinter/article/view/361
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.

Em um estudo nacional de base hospitalar, que analisou os fatores maternos relacionados à ocorrência de casos de SC, verificou-se que 98,7% das mães realizaram pré-natal, no entanto apenas 60% iniciaram o pré-natal ainda no primeiro trimestre da gestação. Identificou-se que as mulheres com transmissão vertical da sífilis iniciaram o pré-natal mais tardiamente e tiveram menor número de consultas3838 Domingues RMSM, Leal MC. Incidência de sífilis congênita e fatores associados à transmissão vertical da sífilis: dados do estudo Nascer no Brasil. Cad Saude Publica. 2016;32(6):e00082415. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00082415. PMid:27333146.
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. Esses dados evidenciam a importância do início precoce e de qualidade da assistência pré-natal, como os enfermeiros desta pesquisa ressaltaram.

Orientações sobre a importância do pré-natal e os riscos da sífilis na gestação

A SC está diretamente relacionada com a assistência pré-natal, espaço no qual ocorre o diagnóstico e o tratamento da gestante infectada e de seu parceiro, assim como as orientações acerca da doença. Essa é uma estratégia fundamental, pois a mulher sensibilizada com a problemática da sífilis terá mais chances de aderir ao tratamento. Os relatos a seguir trazem a orientação/educação como uma estratégia na prevenção da SC:

Informar, orientar sobre a importância desse acompanhamento e sobre os riscos de tal doença, que é a sífilis. (ENF 12).

Que sejam realizadas orientações durante as consultas de pré-natal sobre o processo de tratamento e necessidade de acompanhamento do caso [de sífilis]. (ENF 24).

Quando se detecta, no caso, a sífilis em gestante, orientação sobre os riscos dessa doença pro bebê, devem ser muito bem orientados. (ENF 29).

Holztrattner et al.3939 Holztrattner JS, Linch GFC, Paz AA, Gouveia HG, Coelho DF. Sífilis congênita: realização do pré-natal e tratamento da gestante e de seu parceiro. Cogitare Enferm. 2019;24. http://dx.doi.org/10.5380/ce.v24i0.59316.
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destacaram que a disseminação do conhecimento sobre o diagnóstico e tratamento da sífilis é uma ferramenta fundamental no combate à SC. Signor et al.3131 Signor M, Spagnolo LML, Tomberg JO, Gobatto M, Stofel NS. Distribuição espacial e caracterização de casos de sífilis congênita. Rev Enf UFPE on line. 2018;12(2):398-406. http://dx.doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a230522p398-406-2018.
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trouxeram que a educação em saúde deve abordar as práticas sexuais seguras, como prevenção da transmissão de infecções sexualmente transmissíveis por consequência da SC3131 Signor M, Spagnolo LML, Tomberg JO, Gobatto M, Stofel NS. Distribuição espacial e caracterização de casos de sífilis congênita. Rev Enf UFPE on line. 2018;12(2):398-406. http://dx.doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a230522p398-406-2018.
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As mulheres com sífilis na gestação precisam ser orientadas quanto ao seu diagnóstico e tratamento e quanto às graves consequências da ausência ou abandono do tratamento1313 Magalhães DMS, Kawaguchi IAL, Dias A, Calderon IMP. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cad Saude Publica. 2013;29(6):1109-20. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2013000600008. PMid:23778543.
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. A percepção das gestantes da gravidade da doença em seu filho pode contribuir para a adesão dela e de seu parceiro para o tratamento, ainda antes do parto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este estudo, foi possível perceber as dificuldades que os enfermeiros da ESF enfrentam para prevenir a SC. Entre elas destacaram-se os fatores sociais, a falta de adesão do parceiro sexual da gestante ao tratamento da sífilis e o desconhecimento da gravidade da SC.

Acredita-se que, para que haja melhoria dos indicadores de saúde relacionados à ocorrência de SC no município de Sobral, é necessário um trabalho de educação em saúde que se aproxime da realidade da vida das gestantes e de seus parceiros e que promovam de fato uma compreensão sobre a sífilis adquirida e a SC.

Sugere-se a realização de novos estudos que identifiquem os motivos de os parceiros das gestantes não aderirem ao tratamento, assim como o fortalecimento do papel do ACS na busca ativa da gestante, o envolvimento dos demais profissionais da ESF para que também se sintam responsáveis pelas ações de prevenção dessa doença e o fortalecimento do vínculo da equipe com a gestante e seu parceiro.

  • Como citar: Lima VC, Linhares MSC, Frota MVV, Mororó RM, Martins MA. Atuação dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família na prevenção da sífilis congênita: pesquisa de opinião em um município da região Nordeste. Cad Saúde Colet, 2022; Ahead of Print. https://doi.org/10.1590/1414-462X202230030283
  • Trabalho realizado nos Centros de Saúde da Família - Sobral (CE), Brasil.
  • Fonte de financiamento: nenhuma.

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2022

Histórico

  • Recebido
    05 Out 2016
  • Aceito
    25 Dez 2020
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