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Inserção da Temática de Redes Interorganizacionais nos Currículos de Pós-graduação Stricto Sensu em Administração

Insertion of the Topic of Interorganizational Networks in Stricto Sensu Postgraduate Program in Business Management

Resumos

O debate sobre o ensino na pós-graduação tem despertado o interesse dos pesquisadores, sobretudo no campo dos componentes de formação curricular. Na mesma perspectiva, o tópico - redes interorganizacionais - tem-se revelado uma temática relevante para a compreensão das novas configurações organizacionais conquistando um reconhecido espaço na literatura de administração. Isto posto, esse estudo buscou lançar luz sob a junção desses dois aspectos, com o objetivo de analisar a inserção do tema de redes interorganizacionais no conteúdo curricular dos programas de pós-graduação stricto sensu em administração do Brasil. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória e qualitativa, a partir da Plataforma Sucupira, analisando o conteúdo dos currículos dos cursos de pós-graduação disponibilizados pelos respectivos programas. Como resultado verificou-se que o tema é bem difundido entre os programas que disponibilizam suas ementas, sendo tratado diretamente em 65,34%, dos cursos envolvendo mestrado acadêmico, doutorado e mestrado profissional. Entre as perspectivas abordadas destaca-se o aspecto racional e econômico, enfocando o viés estratégico das redes interorganizacionais. A contribuição desse estudo está em demonstrar a importância da temática de redes interorganizacionais para formação discente no nível stricto sensu, e a importância da construção e atualização dos componentes curriculares em alinhamento aos temas emergentes para concepção acadêmica e profissional.

Palavras-chave:
Administração; Conteúdo curricular; Pós-graduação; Redes interorganizacionais; Stricto sensu


The discussion about post-graduate education has aroused the interest of researchers, especially in the field of curricular training components. In the same perspective, the topic - interorganizational networks - has proved to be a relevant topic for understanding the new organizational configurations, conquering a recognized space in the management literature. Therefore, this study sought to shed light on these two aspects, with the aim of analyzing the insertion of the theme of interorganizational networks in the curricular content of the stricto sensu postgraduate programs in administration in Brazil. For that, an exploratory and qualitative research was implemented, starting from the Sucupira Platform, analyzing the content of the curricula of the postgraduate courses offered by the respective programs. As a result, it was verified that the theme is disseminated among the programs that make their menus available, being treated directly in 65.34% of the courses involving academic masters, doctorates and professional masters. Among the perspectives addressed are the rational and economic aspects, focusing on the strategic bias of interorganizational networks. The contribution of this study is to demonstrate the importance of the interorganizational networks for undergraduate training at the stricto sensu level, and the importance of building and updating curricular components in alignment with emerging themes for academic and professional conception.

Key words:
Administration; Curricular content; Post-graduation; Interorganizational networks; Stricto sensu


1 Introdução

As redes interorganizacionais mostram-se como importante temática para a compreensão das novas configurações organizacionais advindas da economia global, tendo por isso conquistado um espaço latente na literatura (AHUJA; SODA; ZAHEER, 2012AHUJA, Gautam; SODA, Giuseppe; ZAHEER, Akbar. The genesis and dynamics of organizational networks. Organization Science, Catonsville, v. 23, n. 2, p. 434-448, 2012.; BERGENHOLTZ; WALDSTRØM, 2011BERGENHOLTZ, Carsten; WALDSTRØM, Christian. Inter-organizational network studies-a literature review. Industry and Innovation, London, v. 18, n. 6, p. 539-562, 2011.; GULATI; NOHRIA; ZAHEER, 2000GULATI, R.; NOHRIA, N.; ZAHEER, A. Strategic networks. Strategic Management Journal, Hoboken, v. 21, n. 3, p. 203-215, 2000.). Mostra-se um campo rico, diversificado, que reflete olhares e ideologias diferenciados (JACK, 2010JACK, S. L. Approaches to studying networks: Implications and outcomes. Journal of Business Venturing, Indiana, v. 25, n. 1, p. 120-137, 2010.; MOLLER; RAJALA, 2007MOLLER, Kristian; RAJALA, Arto. Rise of strategic nets. New modes of value creation. Industrial Marketing Management, Amsterdã, v. 36, n. 7, p. 895-908, 2007.; TODEVA, 2006TODEVA, Emanuela. Business networks: strategy and structure. London: Routledge, 2006.). Tal diversidade também faz-se presente no ensino da temática, uma vez que o professor sofre influência direta de contingências institucionais (WAIANDT; FISCHER, 2013WAIANDT, Claudiani; FISCHER, Tânia. O ensino dos estudos organizacionais nas instituições brasileiras: um estudo exploratório nos cursos de pós-graduação stricto sensu de Administração. Revista Administração: Ensino e Pesquisa, Campina Grande, v. 14, n. 4, p. 785-836, 2013.), assim com o processo de formação do currículo.

A construção do currículo mostra-se um processo social (GOODSON; CARVALHO, 1997GOODSON, Ivor F.; CARVALHO, Maria João. A construção social do currículo. Lisboa: Educa, 1997.; FISCHER, 2003FISCHER, Tânia. Alice através do espelho ou Macunaíma em Campus Papagalli? Mapeando rotas de ensino dos estudos organizacionais no Brasil. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 10, n. 28, p. 47-62, 2003.; MOREIRA; SILVA, 1999MOREIRA, Antonio Flávio; DA SILVA, Tomaz Tadeo. Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Corteza, 1999.; SILVA, 2010SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.; WAIANDT; FISCHER, 2013WAIANDT, Claudiani; FISCHER, Tânia. O ensino dos estudos organizacionais nas instituições brasileiras: um estudo exploratório nos cursos de pós-graduação stricto sensu de Administração. Revista Administração: Ensino e Pesquisa, Campina Grande, v. 14, n. 4, p. 785-836, 2013.) marcado e formatado por fatores de poder, status, hierarquias e ideologias vigentes em um determinado período de tempo, em uma determinada sociedade. Desta forma, o currículo e a seleção dos elementos e temas que o constituirão é delimitada por fatores internos e externos.

Como ressaltado por Waiandt e Fischer (2013WAIANDT, Claudiani; FISCHER, Tânia. O ensino dos estudos organizacionais nas instituições brasileiras: um estudo exploratório nos cursos de pós-graduação stricto sensu de Administração. Revista Administração: Ensino e Pesquisa, Campina Grande, v. 14, n. 4, p. 785-836, 2013.), o Sistema de Avaliação da Pós-Graduação, bem como o interesse institucional de órgãos financiadores de pesquisas, influenciam e reorientam a produção acadêmica, as práticas de sala de aula e os conteúdos de disciplinas e currículos. Além de tais influências externas, sofre-se também influência dos interesses e objetivos dos diferentes programas da área de Administração.

Nos últimos anos, as pesquisas acadêmicas têm evidenciado interesse por temas relacionados. No Brasil, o debate sobre ensino tem aumentado na academia, verificando-se o interesse por temas relacionados ao currículo e conteúdo ensinado nos programas stricto sensu de Administração, como Vieira, Viana e Zabalza (2016VIEIRA, Amanda Ribeiro; VIANA, Adriana Backx Noronha; ZABALZA, Miguel Angel. Propostas de melhoria para a formação docente dos programas de pós-graduação stricto sensu em Administração. ENCONTRO ANUAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 40., 2016, Costa do Sauípe. Anais ... Costa do Sauípe: EnANPAD, 2016.), Waiandt e Fischer (2013WAIANDT, Claudiani; FISCHER, Tânia. O ensino dos estudos organizacionais nas instituições brasileiras: um estudo exploratório nos cursos de pós-graduação stricto sensu de Administração. Revista Administração: Ensino e Pesquisa, Campina Grande, v. 14, n. 4, p. 785-836, 2013.), bem como ao currículo e conteúdo ensinado nos cursos de graduação da área, como Meireles et al. (2013MEIRELES, Fernanda Rosalina da Silva et al. Uma avaliação dos conhecimentos necessários, adquiridos e utilizados pelos egressos do curso de Administração. Revista GUAL, Florianópolis, v. 6, n. 3, p. 190-209, 2013.), Silva e Fischer (2008SILVA, Manuela Ramos; FISCHER, Tânia. Ensino de Administração: Um Estudo da Trajetória Curricular de Cursos de Graduação. Encontro Anual dos Programas de Pós-Graduação em Administração, 32., 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: EnANPAD, 2008. ), Alves e Reinert (2007ALVES, Fernanda de Matos Sanchez; REINERT, José Nilson. Percepção dos coordenadores dos cursos de graduação da UFSC sobre a multidisciplinaridade dos cursos que coordenam. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v. 12, n. 4, p. 685-702, 2007. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-40772007000400007&lng=en&nrm=iso&tlng=pt . Acesso em:10 ago. 2017.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
) e Fischer (2003).

Apesar desse interesse da academia, não foram encontrados estudos sobre a presença do tema de redes interorganizacionais no currículo dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração no Brasil. Nesse sentido a contribuição desse artigo é aprofundar a discussão sobre: como se insere a temática de redes interorganizacionais nos mestrados e doutorados? Com a finalidade de responder a tal questionamento, o presente trabalho tem como objetivo analisar a inserção do tema de redes interorganizacionais no conteúdo curricular dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração.

Para atingir tal objetivo, efetivou-se uma pesquisa qualitativa por meio de uma pesquisa na base de dados da Plataforma Sucupira sobre os cursos de mestrado e doutorado da área de Administração. Após a identificação dos programas da área, consultou-se o sítio eletrônico dos mesmos, a fim de analisar as matrizes curriculares e as ementas das disciplinas, identificando os programas que se dedicam ao estudo de redes interorganizacionais. Foi realizada a análise de conteúdo das ementas, identificando as principais abordagens e características das disciplinas que tratam a temática de redes interorganizacionais.

Este artigo está estruturado da seguinte maneira, após essa introdução, o próximo tópico trata do currículo e o processo de formação curricular em cursos Stricto Sensu e o seguinte ressalta a discussão sobre redes interorganizacionais como tópico de ensino e pesquisa. Na sequência apresenta-se a metodologia de pesquisa, sucedida da análise dos dados coletados quanto aos currículos e o ensino de redes interorganizacionais, e por fim são apresentadas as considerações finais da pesquisa.

2 Referencial Teórico

2.1 Currículo e o processo de formação curricular em cursos stricto sensu

Define-se currículo como um instrumento formado por um conjunto de elementos do processo de ensino-aprendizagem num determinado tempo e contexto (BRASIL, 2006BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC. Avaliação externa das instituições de educação superior. Brasília: Ministério da Educação, 2006.). É um ambiente para formação dinâmica, diversificada e multicultural, onde os resultados do processo de avaliação são perspectivas importantes a serem consideradas no seu aperfeiçoamento. “É a estrutura aparente de uma trama intrincada de fatos, conceitos, princípios e generalizações que são a matéria do ensino” (FISCHER, 2003FISCHER, Tânia. Alice através do espelho ou Macunaíma em Campus Papagalli? Mapeando rotas de ensino dos estudos organizacionais no Brasil. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 10, n. 28, p. 47-62, 2003., p. 49), assim, a discussão-chave da teoria de currículo aborda qual conhecimento deve ser ensinado.

Aquém da definição de currículo como multicultural, Franco (2016FRANCO, Maria Amelia Santoro. Relações do docente-bacharel do ensino superior com o saber didático-pedagógico: dissonâncias e rupturas entre saberes e práticas. Em Aberto, Brasília, v. 29, n. 97, 2016.) defende que hoje há predominância de currículos engessados, o que impossibilita a reinterpretação do cotidiano na sala de aula. A organização dominante do currículo trata o conhecimento como um produto objetivo e atomizável, renunciando à compreensão de currículo como cultura e assumindo-o como produto homogeneamente aplicado a diferentes grupos (MACEDO, 2006MACEDO, Elizabeth F. Novas tecnologias e currículo. In: MOREIRA, A. F. B. (org.). Currículo: questões atuais. Campinas: Papirus, 2006. p. 39-58.).

No entanto, a constante transformação que marca a conjuntura atual exige que a universidade incorpore uma nova lógica, adotando novos desenhos curriculares e inovações tecnológicas (CHAMLIAN, 2003CHAMLIAN, Helena Coharik. Docência na universidade: professores inovadores na USP. Cad. Pesqui., São Paulo, v. 118, p. 41-64, 2003.). Defende-se uma compreensão reflexiva do currículo, assumindo uma perspectiva epistemológica que altere a relação entre teoria e prática (CUNHA, 2016CUNHA, Maria Isabel. Inovações na educação superior: impactos na prática pedagógica e nos saberes da docência. Em Aberto, Brasília, v. 29, n. 97, 2016.), privilegiando as contradições, dúvidas e questionamentos (SAVIANI, 2011SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica. 11. ed. Campinas: Autores Associados, 2011.).

Se a pesquisa deve orientar o ensino, é preciso tomar seus pressupostos como estruturantes da organização dos conteúdos curriculares. A pesquisa tem a dúvida como referente da sua possibilidade. E essa pressupõe a capacidade da pergunta, que, por sua vez, decorre de uma leitura da prática de um campo de conhecimento. Portanto, a estrutura tradicional dos currículos baseados na ideia de que a teoria precede a prática, se afasta da possibilidade do ensino com pesquisa e despreza os conhecimentos empíricos como matriz da aprendizagem significativa. (CUNHA, 2016CUNHA, Maria Isabel. Inovações na educação superior: impactos na prática pedagógica e nos saberes da docência. Em Aberto, Brasília, v. 29, n. 97, 2016., p. 96).

Fischer (2003FISCHER, Tânia. Alice através do espelho ou Macunaíma em Campus Papagalli? Mapeando rotas de ensino dos estudos organizacionais no Brasil. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 10, n. 28, p. 47-62, 2003.) ressalta que o currículo abrange o conjunto de matérias, modos e meios de ensino aprendizagem, configurados em disciplinas e articulações disciplinares. Ainda conforme a autora, a organização de um currículo abrange a escolha de conteúdos formatados em disciplinas, definindo os eixos ou linhas curriculares, que representam a estrutura de superfície. Por sua vez, a estrutura de superfície contém “as “estruturas de fundo”, isto é, o conhecimento articulado pelas disciplinas e entre as disciplinas. A seleção da matéria de ensino é feita buscando-se a “estrutura de fundo”... (FISCHER, 2003FISCHER, Tânia. Alice através do espelho ou Macunaíma em Campus Papagalli? Mapeando rotas de ensino dos estudos organizacionais no Brasil. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 10, n. 28, p. 47-62, 2003., p. 49).

O currículo trata-se de uma arena política e de poder, sendo por isto uma área contestada (MOREIRA; SILVA, 1999MOREIRA, Antonio Flávio; DA SILVA, Tomaz Tadeo. Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Corteza, 1999.). É um espaço de poder marcado pelas relações sociais, território político, cuja evidenciação da relação do currículo com o poder dá-se por meio do privilégio da escolha de conteúdos e na caracterização de uma dentre inúmeras identidades como a ideal (SILVA, 2010).

O processo de produção do currículo não é um processo lógico e linear, mas social, sendo o currículo constituído de conhecimentos socialmente considerados válidos num determinado momento, numa determinada sociedade, refletindo padrões de status e hierarquias sociais existentes a nível global (WAIANDT; FISCHER, 2013WAIANDT, Claudiani; FISCHER, Tânia. O ensino dos estudos organizacionais nas instituições brasileiras: um estudo exploratório nos cursos de pós-graduação stricto sensu de Administração. Revista Administração: Ensino e Pesquisa, Campina Grande, v. 14, n. 4, p. 785-836, 2013.). A forma como os elementos constituintes do currículo são organizados dá-se conforme a ideologia existente (APPLE, 1989APPLE, Michael. Educação e poder. Porto Alegre: Artes, 1989.).

Portanto, uma disciplina, elemento voltado à investigação, é também um capital cultural e social de um grupo, abrigado em departamento (FISCHER, 2003FISCHER, Tânia. Alice através do espelho ou Macunaíma em Campus Papagalli? Mapeando rotas de ensino dos estudos organizacionais no Brasil. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 10, n. 28, p. 47-62, 2003.). As mudanças curriculares, com inclusão ou exclusão de disciplinas, bem como sua estabilidade, afirmam Goodson e Carvalho (1997GOODSON, Ivor F.; CARVALHO, Maria João. A construção social do currículo. Lisboa: Educa, 1997., p. 30), ocorrem em função de aspectos internos e externos.

Analisando os currículos de pós-graduação em Administração no Brasil, Waiandt e Fischer (2013WAIANDT, Claudiani; FISCHER, Tânia. O ensino dos estudos organizacionais nas instituições brasileiras: um estudo exploratório nos cursos de pós-graduação stricto sensu de Administração. Revista Administração: Ensino e Pesquisa, Campina Grande, v. 14, n. 4, p. 785-836, 2013.) listaram algum destes aspectos. Como fator externo, foi elencado o Programa de Ensino em Administração Pública e de Empresa (PBA-I), criado pelo Governo em 1959. Como fatores internos foram elencados: a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), fundada em 1976; primeiros centros de ensino (FGV, UFRGS, UFBA e UFMG) e primeiros periódicos da área. Além desses fatores, ressaltou-se que muitas pesquisas, organizadas com base no lançamento de editais de financiamento de pesquisa por organizações públicas, estatais e privadas, resultam em publicações e influenciam os conteúdos das disciplinas e currículos.

A pós-graduação Stricto Sensu constitui a última etapa da educação formal. De natureza acadêmica é voltada para a formação de professores e pesquisadores, com o doutorado no topo e o mestrado na base (CAPES, 2010CAPES. Plano Nacional de Pós-Graduação - PNPG 2011-2020. Brasília, 2010. ). As formações acadêmicas são indispensáveis ao desenvolvimento e qualificação dos quadros de pessoal do ensino superior e tem se constituído como principal nível de modernização deste nível de educação (MARTINS, 2002MARTINS Carlos Benedito. A formação do sistema nacional de pós-graduação. In: MARTINS, Carlos Benedito. A educação superior no Brasil. Porto Alegre: Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e no Caribe, UNESCO, 2002.).

Diante da influência das pesquisas sobre os currículos de pós-graduação, bem como do interesse crescente de análises voltadas para o tema de Redes Interorganizacionais, questiona-se, neste estudo, se de fato este conteúdo tem adentrado à estrutura curricular da pós-graduação stricto sensu brasileira. Ademais, na sequência discute-se a origem e emergência desse tema enquanto tópico de ensino e pesquisa.

2.2 Redes interorganizacionais como tópico de ensino e pesquisa

O conceito de redes apresenta como disciplinas fundadoras a sociologia e a antropologia (JACK, 2010JACK, S. L. Approaches to studying networks: Implications and outcomes. Journal of Business Venturing, Indiana, v. 25, n. 1, p. 120-137, 2010.), mas evoluiu de maneira bastante extensa, assumindo uma perspectiva transversal a diferentes campos da literatura. A origem da abordagem científica sobre redes interorganizacionais remonta à década de 30 decorrente do trabalho de Roethisberger e Dickson (1939ROETHLISBERGER, Fritz J.; WJ Dickson. Management and the Worker, Cambridge, MA Harvard University Press, 1939.) que descreveram enfaticamente a necessidade das organizações criarem redes informais entre si (NOHRIA, 1992NOHRIA, Nitin; ECCLES, Robert G. Face-to-face: Making network organizations work. In: NOHRIA, Nitin; ECCLES, Robert G. (eds.). Networks and organizations: Structure, form, and action. Boston: Harvard Business School Press, 1992. p. 288-308.).

Na prática, à medida que o ambiente econômico tornou-se global, tecnologicamente conectado e fortemente mais competitivo, novas configurações organizacionais emergiram, e as redes assumiram uma crescente importância estratégica (GULATI; NOHRIA; ZAHEER, 2000GULATI, R.; NOHRIA, N.; ZAHEER, A. Strategic networks. Strategic Management Journal, Hoboken, v. 21, n. 3, p. 203-215, 2000.). A evolução e o contínuo crescimento destes arranjos interorganizacionais originou uma grande tradição de pesquisa, caracterizada pela análise das relações dentro e entre as organizações (AHUJA; SODA; ZAHEER, 2012AHUJA, Gautam; SODA, Giuseppe; ZAHEER, Akbar. The genesis and dynamics of organizational networks. Organization Science, Catonsville, v. 23, n. 2, p. 434-448, 2012.), tornando-se uma pauta claramente em voga na literatura organizacional (BERGENHOLTZ; WALDSTRØM, 2011BERGENHOLTZ, Carsten; WALDSTRØM, Christian. Inter-organizational network studies-a literature review. Industry and Innovation, London, v. 18, n. 6, p. 539-562, 2011.).

No entanto, as pesquisas sobre redes desenvolveram-se de forma fragmentada atraindo a atenção de diferentes áreas de investigação (MOLLER; RAJALA, 2007MOLLER, Kristian; RAJALA, Arto. Rise of strategic nets. New modes of value creation. Industrial Marketing Management, Amsterdã, v. 36, n. 7, p. 895-908, 2007.). Por tratar-se de um conceito transversal, aplicado a diversas áreas do conhecimento principalmente aos campos das ciências sociais, estudos organizacionais, tecnologia e gestão da inovação, compras e marketing (RITTER; GEMMÜNDE, 2003RITTER, Thomas; GEMÜNDEN, Hans Georg. Interorganizational relationships and networks: an overview. Journal of Business Research, Amsterdã, v. 56, n. 9, p. 691-697, 2003.) e também à teoria do comportamento organizacional, gestão estratégica, estudos de negócios, serviços de saúde, administração pública, física e psicologia (PROVAN; FISH; SYDOW, 2007PROVAN, Keith G.; FISH, Amy; SYDOW, Joerg. Interorganizational networks at the network level: A review of the empirical literature on whole networks. Journal of Management, Thousand Oaks, v. 33, n. 3, p. 479-516, 2007.), o escopo conceitual que remete a compreensão das redes interorganizacionais é ainda muito amplo e pouco consensual.

Os sociólogos, por exemplo, interessam-se pela forma como as redes se desenvolvem e que implicações sua estrutura tem no comportamento dos atores (BURT, 1992BURT, Ronald. S. Structural holes: the social structure of competition. Cambridge: Harvard University Press, 1992.; GRANOVETER, 1985GRANOVETER, Mark. Economic action and social structure: The problem of embeddedness. American Journal of Sociology, Chicago, v. 91, n. 3, p. 481-510, 1985.; UZZI, 1997UZZI, Brian. Social structure and competition in interfirm networks: The paradox of embeddedness. Administrative Science Quarterly, New York, v.42, p. 35-67, 1997.). Os economistas por sua vez, analisam resultados de escolhas racionais, realizadas pelos atores econômicos, interessados nos níveis de eficiência das redes (DE MAN, 2004DE MAN, Ard-Pieter. The Network Economy: strategy, structure and management. Northampton: Edward Elgar Publishing Inc, 2004.; JARRILLO, 1988JARRILLO, J. Carlos. On strategic networks. Strategic Management Journal, Hoboken, v. 9, n. 1, p. 31-41, 1988.; WILLIAMSON, 1975WILLIAMSON, Oliver E. Markets and hierarchies. New York: Free Press, 1975). Em relação as teorias de estratégia, pesquisadores preocupam-se fundamentalmente com a influência de determinadas estruturas e relacionamentos no desempenho das organizações (AHUJA, 2010AHUJA, Gautam. Collaboration networks, structural holes, and innovation: A longitudinal study. Administrative Science Quarterly, New York, v. 45, n. 3, p. 425-455, 2010.; DYER; SINGH, 1998DYER, Jeffrey H.; SINGH, Harbir. The relational view: Cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. Academy of Management Review, New York, v. 23, n. 4, p. 660-679, 1998.; GULATI; NOHRIA; ZAHEER, 2000GULATI, R.; NOHRIA, N.; ZAHEER, A. Strategic networks. Strategic Management Journal, Hoboken, v. 21, n. 3, p. 203-215, 2000.).

Como a integração das empresas em redes interorganizacionais tem se revelado uma estratégia de adaptação crescente, constituindo um marco para a descrição e compreensão do funcionamento e desenvolvimento das organizações contemporâneas (BERGENHOLTZ; WALDSTRØM, 2011BERGENHOLTZ, Carsten; WALDSTRØM, Christian. Inter-organizational network studies-a literature review. Industry and Innovation, London, v. 18, n. 6, p. 539-562, 2011.), a literatura sobre redes vem conquistando um espaço cada vez maior no âmbito das pesquisas organizacionais e em nenhum outro momento recebeu tanto interesse quanto agora (BALESTRIN; VERSCHOORE; REYES JUNIOR., 2010BALESTRIN, Alsones; VERSCHOORE, Jorge Renato; REYES JUNIOR, Edgar. O campo de estudo sobre redes de cooperação interorganizacional no Brasil. RAC-Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, 2010.).

A teoria de redes está diretamente relacionada com o reconhecimento da importância do ambiente organizacional e das contingências vividas (KAWASNIKA, 2006KAWASNIKA, Eunice Lacava. Em direção a uma teoria sobre redes de negócios. In: BOAVENTURA, João Maurício Gama. (org.). Redes de negócios: tópicos em estratégia. São Paulo: Saint Paul, 2006. p. 23-31, ). Dado o desenvolvimento dessa temática na literatura e sua relevância estratégica para atuação das organizações, a inserção desse tópico nos conteúdos curriculares de formação em administração, principalmente no nível da pós-graduação, é um ponto interessante e válido a ser observado e discutido, sobretudo pela amplitude de associações e integrações interdisciplinares possíveis.

3 Metodologia

O objetivo desse estudo foi analisar a inserção do tema de redes interorganizacionais no conteúdo curricular dos programas de pós-graduação stricto sensu em Administração no Brasil. Para tanto, realizou-se um estudo exploratório (SAMPIERI et al., 2006SAMPIERI, Roberto Hernández et al. Metodologia de pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.) com a intenção de pesquisar sobre a temática de redes interorganizacionais com base em novas perspectivas, ampliando assim os estudos já existentes. Considerou-se a pesquisa qualitativa mais indicada para esse estudo porque subsidia a compreensão de um fenômeno, permitindo o aprofundamento e a articulação de reflexões relevantes dentro das temáticas. A pesquisa empírica realizou-se a partir de dados secundários, relativos aos programas de pós-graduação dentro do escopo selecionado. Os dados foram coletados, inicialmente, a partir da Plataforma Sucupira, onde identificou-se os programas que ofertam pós-graduação na área e modalidade delimitadas na pesquisa.

A partir do resultado inicial, fez-se uma primeira análise envolvendo os nomes dos programas, excluindo-se aqueles com foco exclusivo em contabilidade e administração pública. Optou-se por recortar estes segmentos da análise em função dos currículos de cada área serem muito distintos entre si, o que poderia descaracterizar o foco da pesquisa.

Desta análise preliminar, foi possível identificar a incidência de 170 cursos de pós-graduação, considerando doutorado, mestrado acadêmico e mestrado profissional. Esse contingente delimitou o campo de estudo dessa pesquisa. A análise, a partir de então foi realizada no sítio eletrônico dos programas, cujos endereços estão disponíveis também na Plataforma Sucupira. Fez-se então uma nova análise envolvendo as matrizes curriculares e as ementas das disciplinas dos programas para identificar aqueles que se dedicam ao estudo de redes interorganizacionais.

A técnica de análise empregada foi a análise de conteúdo (BARDIN, 2011BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.). Para sistematização da análise, a busca se deu primeiramente no sentido de identificar a oferta de disciplinas diretamente voltadas para abordar o tema. Identificadas essas disciplinas, buscou-se nos currículos de forma geral, tópicos associados às redes interorganizacionais. Os drivers de busca empregados foram: “rede”, “cluster”, “network”, “arranjo”, “relações interorganizacionais”, “aglomerado”, “aglomeração” e “APL”.

O Quadro 1 detalha o tipo de programa e de que forma a temática de redes é abordada, evidenciando-se também os cursos que não a abordam. O campo “com disciplina e tópico” refere-se a programas que tenham tratado o tema em uma disciplina específica e parcialmente em outras disciplinas do currículo. O campo “com disciplina” refere-se a programas que direcionam uma disciplina específica para abordar o tema, já o campo “com tópico” representa os programas que não falam diretamente sobre redes, mas as consideram parcialmente como pauta de alguma disciplina do ementário. E por fim, destacam-se os programas que não fazem menção ao tópico, ou não disponibilizam suas ementas para análise.

Quadro 1
Programas e a forma de abordar, ou não, redes interorganizacionais

É importante observar que muitos dos programas não disponibilizam em suas páginas as ementas das disciplinas. Na tentativa de obtenção destes dados, foi enviado um e-mail para a secretaria de cada um dos cursos, solicitando as ementas dos programas. Apesar do retorno de alguns e-mails, o número de programas cujas ementas das disciplinas não puderam ser acessadas é considerável, conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 2
Programas que não disponibilizaram as ementas

Diante destes números, apesar da tentativa de obtenção dos dados, os 46 programas que foram classificados como cursos que “não abordam o tema”, não necessariamente, representam programas que não dedicam parcela dos seus currículos a abordar o tema de redes. Esse número pode ser diferente à medida que os programas disponibilizem os dados e a análise possa ser feita de maneira mais completa.

Ainda dentro da delimitação da análise de conteúdo, foram lidas todas as ementas previamente identificadas e selecionadas nas etapas anteriores, buscando verificar em que perspectiva estas estavam associadas à proposta das redes, dado que se trata de um tema bastante transversal e interdisciplinar, permitindo diversas abordagens teóricas.

A análise e discussão dos dados é apresentada na sequência, e foi dividida em duas seções, uma análise descritiva (mais quantitativa) envolvida na evidenciação dos programas que incidem ou não na oferta da disciplina. Seguida de uma análise qualitativa, dirigida a abordagem de conteúdo dos currículos em si.

4 Análise e Discussão dos Resultados

4.1 Análise descritiva: incidência da temática de redes interorganizacionais

Após a leitura das ementas e da análise de conteúdo, no total, foi possível identificar que 30 instituições ofertam disciplinas cujos títulos retomam a temática das redes interorganizacionais ou tópicos relacionados, tais como: arranjos produtivos e clusters. A lista das disciplinas encontradas nos sites e as respectivas instituições são mostradas no Quadro 3.

Quadro 3
Disciplinas que abordam o tema redes

As instituições ofertam, de maneira geral, uma ou duas disciplinas com foco em redes, entretanto, algumas exceções são encontradas. A Universidade Paulista, por exemplo, dispõe em sua grade, 9 disciplinas com foco em redes em decorrência das suas linhas de pesquisa se dedicarem, exclusivamente, ao tema: Abordagens Sociais nas Redes e Estratégias e Operações em Redes. A Universidade Municipal de São Caetano do Sul, por seu turno, oferta 6 disciplinas com este foco, pois uma das suas três linhas dos programas do mestrado e doutorado tem esse foco: Redes Organizacionais e Inovação.

Em seguida, uma análise mais detalhada foi feita nas ementas para identificar, entre os programas, àqueles que abordam o tema redes interorganizacionais em forma de tópicos ministrados em outras disciplinas. Mais uma vez, na análise, a busca se deu não apenas no termo redes, mas também dos termos associados. O Quadro 4 sintetiza a forma como o assunto vem sendo abordado nos programas.

Quadro 4
O ensino de redes interorganizacionais

Como mostra o Quadro 4, 54 instituições de ensino, de alguma forma, inserem o ensino de redes nos seus programas. Entre estas instituições, são ofertadas 71 disciplinas específicas sobre o tema, além dos 134 tópicos sobre redes ministradas em outras disciplinas.

Conceitos superiores a 5 são atribuídos pela Capes apenas aos cursos que oferecem doutorado e apresentam elevado padrão de excelência (CAPES, 2015CAPES. Sobre avaliação de cursos. Brasília, 2015. Disponível em: Disponível em: http://www.capes.gov.br/acessoainformacao/perguntas-frequentes/avaliacao-da-pos-graduacao/7421-sobre-avaliacao-de-cursos . Acesso em:10 ago. 2017.
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). Das instituições que obtiveram os conceitos 6 e 7, quais sejam, FGV-SP, FGV-RJ, USP e UFMG, apenas esta última não aborda o tema redes interorganizacionais nas disciplinas ofertadas. Os cursos com os maiores conceitos e que abordam o tema estão melhor ilustrados na Figura 1.

Figura 1
Cursos com conceitos 6 e 7 pela CAPES.

Como mostrado pela Figura 1, os cursos de mestrado e doutorado das instituições que receberam as maiores avaliações abordam o tema redes interorganizacionais em seus programas, ofertando tanto disciplina específica sobre o tema, como inserindo o contexto de redes na forma de tópicos em outras disciplinas. O fato da outra instituição com conceito 6, UFMG, ser caracterizada como “não aborda o tema” pode ser justificada pela impossibilidade de análise das ementas das disciplinas.

4.2 Análise qualitativa: perspectivas para abordagem das redes interorganizacionais

Como mencionado por Todeva (2006TODEVA, Emanuela. Business networks: strategy and structure. London: Routledge, 2006.) há uma diversidade de abordagens envolvendo as redes, demonstrando a interdisciplinaridade dessa temática. Dentre as instituições que oferecem disciplinas específicas sobre a temática de redes, 28 consideram o tópico na perspectiva interorganizacional, ou seja, redes enquanto um conjunto de relações de uma empresa, ou entre empresas. Nessa perspectiva, fundamentada em um paradigma econômico e racional (DE MAN, 2004DE MAN, Ard-Pieter. The Network Economy: strategy, structure and management. Northampton: Edward Elgar Publishing Inc, 2004.), observa-se que a maioria das instituições adotam uma abordagem estratégica, subsidiada a nível geral, pelo entendimento de como os resultados das relações interorganizacionais e da rede em si afetam a posição estratégica e a vantagem competitiva das empresas (DYER; SINGH, 1998DYER, Jeffrey H.; SINGH, Harbir. The relational view: Cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. Academy of Management Review, New York, v. 23, n. 4, p. 660-679, 1998.).

Em função da interdisciplinaridade do tema, nota-se que algumas faculdades como o Centro Universitário UNA, a PUC Minas, as Universidades Estaduais de Santa Catarina, Maringá e Ceará, e a Universidade Federal do Pernambuco, associam às redes aos objetivos de tecnologia e inovação. Essa é uma associação muito comum em termos teóricos e práticos, visto que as redes são reconhecidas por se constituírem um ambiente favorável ao desenvolvimento de inovações, enraizadas nas interações e no fluxo de conhecimento entre uma variedade de atores heterogêneos, tais como fornecedores, clientes, parceiros científicos, universidades, organizações de pesquisa e instituições governamentais e financeiras (POWELL; KOPUT; SMITH-DOERR, 1996POWELL, Walter W.; KOPUT, Kenneth W.; SMITH-DOERR, Laurel. Interorganizational collaboration and the locus of innovation: Networks of learning in biotechnology. Administrative Science Quarterly, New York, v. 41, p. 116-145, 1996.).

Outra associação percebida na proposta das instituições de ensino, FGV/SP, PUC Minas e Universidade de Caxias do Sul, Universidade Paulista e Universidade Regional de Blumenau envolve redes e cooperação/colaboração, ou, redes e competitividade, ou até mesmo os três tópicos concomitantemente: redes, cooperação e competitividade. Essa associação é explicada pelo fato de que as redes podem basear-se em processos relacionais complexos e dinâmicos, regidos por fatores estratégicos de competição e de cooperação, que caracterizam uma intedependência relacional entre as organizações (JARRILLO, 1998). Nesse sentido, a convivência e coexistência da competição com a cooperação são refletidas na realidade do tecido empresarial, marcada por atuações sistêmicas, ação coletiva e trocas organizadas em rede que permitem a possibilidade da cooperação como elemento fundamental, sem que a ela corresponda a uma completa renúncia da competição.

Observa-se também que nem todos os programas utilizam o termo “redes” propriamente dito em suas estruturas curriculares. Algumas instituições como é o caso da PUC do Rio Grande do Sul, da Universidade de Santa Cruz do Sul, da Unisinos e das federais de Lavras e Rondônia, são mais generalistas na nomenclatura e trazem o tópico de “Relações Interorganizacionais” que permite tratar mais amplamente, além das redes de empresas, outras formas interorganizacionais como é o caso de alianças, consórcios e joint ventures.

Outro aspecto percebido diz respeito a utilização dos termos clusters e arranjos produtivos locais (ou APLs), associados ou isolados ao termo rede em si. Este tipo de arranjo organizacional possui uma literatura mais característica, embora haja relativo consenso teórico de que ambos (clusters e APLs) podem ser considerados redes, mas com o diferencial de serem geograficamente concentradas (DI SERIO, 2007DI SERIO, Luiz Carlos. Clusters empresariais no Brasil: casos selecionados. São Paulo: Saraiva, 2007.). Clusters e arranjos produtivos locais, também são encarados em perspectiva estratégica, e diretamente associados ao potencial competitivo das empresas. Essa associação de nomenclaturas é adotada por FGV SP, PUC Minas, USP, Estadual do Ceará, UNIP e Universidade Regional de Blumenau.

Em algumas instituições, como é o caso das Estaduais do Ceará e de Santa Catarina e da FGV - RJ, as redes são abordadas em uma perspectiva da geografia econômica, associadas a uma perspectiva da gestão pública, as ementas consideram o potencial desses arranjos para favorecer o desenvolvimento econômico das regiões.

Alguns programas, como é caso da Universidade de São Caetano do Sul, da Universidade do Vale dos Sinos e da Universidade Paulista, possuem linhas de pesquisa com foco direcionado especificamente para o tema de Redes Interorganizacionais. Observa-se que nesses programas a concentração de disciplinas decorrentes ou relacionadas ao tema é consideravelmente mais expressiva. Nesse contexto, além da inovação, os temas de governança, estratégia e operações são também abordados em associação com redes. Disciplinas com cooptações mais específica são percebidas na Unisinos, na UNIP e na USCS, onde entende-se e espera-se que a proposta seja exaurida com mais profundidade dada a exigência de especialização de cada programa. Nas demais universidades em geral, observa-se nomenclaturas e ementas mais generalistas.

Um ponto que é bastante ressaltado na proposta de se oferecer as disciplinas de redes é a questão da governança, considerada pela Estadual de Santa Catarina, pela Unisinos e pela USCS. Essa associação é bem suportada, dado que a governança desempenha um papel fundamental na geração de ganhos nas redes, e, mecanismos de governança eficazes podem auxiliar no equilíbrio das tensões emergentes do contexto das relações, principalmente as relativas ao estabelecimento de parcerias e intercâmbio de recursos.

Outros pontos de atenção, a Universidade Estadual de Londrina, que tem uma forte desenvoltura nas pesquisas em sustentabilidade, utiliza-se dessa vertente associando sustentabilidade e redes. Além disso, algumas abordagens são mais econômicas, do que estratégicas, como é o caso da Universidade do Oeste de Santa Catarina que oferece a disciplina de Economia Institucional e Redes.

Observa-se também as instituições que abordam redes a partir de um posicionamento mais sociológico (BURT, 1992BURT, Ronald. S. Structural holes: the social structure of competition. Cambridge: Harvard University Press, 1992.; GRANOVETER, 1985GRANOVETER, Mark. Economic action and social structure: The problem of embeddedness. American Journal of Sociology, Chicago, v. 91, n. 3, p. 481-510, 1985.; UZZI, 1997UZZI, Brian. Social structure and competition in interfirm networks: The paradox of embeddedness. Administrative Science Quarterly, New York, v.42, p. 35-67, 1997.) tendo como foco a posição dos atores dentro de sua rede de relações e o conteúdo dessas relações afetando e direcionando suas oportunidades de ação, como por exemplo a Universidade Estadual de Maringá. Há também posturas híbridas, como é o caso da USP de Ribeirão Preto que aborda dentro do mesmo tópico as redes na perspectiva econômica e social. A análise de redes sociais também pode ser operacionalizada de maneira metodológica (BORGATTI; EVERETT; FREEMAN, 2002BORGATTI, Stephen P.; EVERETT, Martin G.; FREEMAN, Linton C. Ucinet for Windows: software for social network analysis. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2002.) como é o caso da disciplina de tópicos especiais oferecida pelo CEFET-MG que aborda a questão da sociometria, uma técnica bastante difundida nos estudos que estão sob o guarda-chuva da sociologia econômica. Além disso na Universidade Nove de Julho, a questão das redes enquanto estrutura social dos indivíduos é mais aprofundada nas disciplinas de redes e poder, e cultura e liderança em redes.

Como é possível notar, a inserção da temática de redes no currículo dos cursos de pós-graduação stricto sensu em Administração privilegia a abordagem racional econômica, suplantada pela perspectiva da visão estratégica, dos resultados e da competitividade (DYER; SINGH, 1998DYER, Jeffrey H.; SINGH, Harbir. The relational view: Cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. Academy of Management Review, New York, v. 23, n. 4, p. 660-679, 1998.; GULATI; NOHRIA; ZAHEER, 2000GULATI, R.; NOHRIA, N.; ZAHEER, A. Strategic networks. Strategic Management Journal, Hoboken, v. 21, n. 3, p. 203-215, 2000.). Percebe-se grande interdisciplinaridade e conexões de propostas onde as redes são utilizadas como principal ou como meio funcional para objetivos maiores.

Ao total, a temática redes interorganizacionais foi abordada, em forma de disciplina específica, dentro de 49 cursos stricto sensu. No entanto, a temática obteve pouca inserção nos cursos de Mestrado Profissional, aparecendo em somente 5 cursos (há um total 56 cursos de Mestrado Profissional na área de Administração), concentrados nas regiões Sul e Sudeste, com especial destaque ao Estado de Santa Catarina, que apresenta dois cursos de Mestrado Profissional que abordam a temática. Todos estes cursos discutem redes em uma perspectiva organizacional e há predominância de cursos com Conceito 3 (somente um curso tem Conceito 4). Dois dos 5 cursos apresentam uma maior presença do tema, que é abordado também, além da disciplina específica, dentro de outras disciplinas.

Há uma maior inserção entre os cursos de Mestrado Acadêmico (27 cursos dentre 66 cursos de Mestrado Acadêmico da área de Administração), presentes em todas as regiões do País: 1 curso na região Centro-Oeste, 3 cursos na região Nordeste, 1 curso na região Norte, 14 cursos na região Sudeste (8 destes em São Paulo) e 8 cursos na região Sul (4 destes no Rio Grande do Sul). A maioria dos cursos tem Conceito 4 (13), seguidos de cursos conceito 3 (6) e cursos conceito 5 (5). Dentre estes 24 cursos, somente 1 apresenta perspectiva social e 13 cursos abordam a temática somente em disciplinas específicas, com destaque para a Universidade Municipal de São Caetano do Sul e a UNIP, que possuem uma ampla gama de disciplinas sobre redes, contando com, respectivamente, 6 e 9 disciplinas cada uma.

Como parte dos cursos de Mestrado Acadêmico que apresentam disciplinas sobre a temática de redes interorganizacionais, há também 3 cursos de qualidade internacional (1 curso de conceito 6 e 2 cursos de conceito 7), todos localizados na região Sudeste. Conforme dados da Plataforma Sucupira (2017PLATAFORMA SUCUPIRA. Dados cadastrais dos programas. Disponível em: Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/listaPrograma.jsf . Acesso em: 1 maio 2017.
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), na área de Administração, atualmente existem 8 cursos stricto sensu de qualidade internacional (presentes nas instituições FGV/RJ, FGV/SP, UFMG e USP), dos quais 4 tratam-se de Mestrados Acadêmicos e 4 tratam-se de Doutorados. Portanto, dos programas de padrão internacional, somente a UFMG não aborda, em disciplina específica, a temática de redes. A inserção do tema nestes cursos mostra o quanto a temática faz-se presente em cursos de alto padrão que estão em consonância com os temas discutidos internacionalmente. Vale destacar que todos os três cursos abordam o tema em uma perspectiva organizacional e procuram incluir redes em outras disciplinas além das disciplinas específicas.

Em relação aos cursos de Doutorado, observa-se que, dentre os 48 programas de Doutorado em Administração, 17 cursos abordam a temática de redes interorganizacionais através de disciplinas focadas na mesma, presentes em quatro regiões do País: 1 curso na região Centro-Oeste, 2 cursos na região Nordeste, 9 cursos na região Sudeste (5 destes em São Paulo) e 5 cursos na região Sul. Dois cursos abordam a temática em uma perspectiva social (USP/RP e UEM), mas há clara predominância da perspectiva organizacional. Os cursos de Doutorado mostram maior aprofundamento do tema, abordando-o, em sua maioria (11 cursos), articulado com outras temáticas, como tópico ou tema dentro de outras disciplinas, além de abordá-lo dentro de disciplinas específicas.

Assim como nos cursos de Mestrado Acadêmico, há predominância de programas que apresentam conceito 4 (9), seguidos de cursos com conceito 5 (5) e cursos com qualidade internacional (1 curso com conceito 6 e 2 cursos com conceito 7). Novamente a temática mostra-se presente na maioria dos cursos de padrão internacional (3 dos 4 cursos de Doutorado), ressaltando a relevância da discussão sobre redes interorganizacionais.

5 Considerações Finais

Diante da importância da inclusão de temas emergentes e relevantes para formação discente nos currículos dos cursos de pós-graduação, o objetivo desse estudo foi analisar a inserção do tema de redes interorganizacionais no conteúdo curricular dos Programas de Pós-Graduação stricto sensu em administração. A partir de um levantamento realizado na Plataforma Sucupira foi possível verificar o contingente de programas de pós-graduação na modalidade stricto sensu que oferecem em suas estruturas curriculares disciplinas, ou tópicos de disciplinas relacionados a esse tema.

Os dados da pesquisa mostraram que dos 170 cursos da amostra, 88 se dedicam, de alguma maneira, ao estudo de redes, ou seja, 47,65%. Excluídos os programas que não disponibilizam as ementas, este número sobe para 65,34%, sem contar os programas nos quais as ementas são apresentadas de forma bastante resumida, impedindo a verificação da presença ou não do conteúdo. Instituições de ensino com conceitos de excelência e reconhecidas internacionalmente abordam as redes interorganizacionais em suas grades, suplantando empiricamente os resultados das pesquisas que apontam a emergência deste tema.

Em termos da abordagem adotada observou-se que a inserção da temática de redes no currículo dos cursos analisados favorece a abordagem racional econômica, predominantemente associada à perspectiva da visão estratégica, sobretudo em questão de resultados e competitividade (DYER; SINGH, 1998DYER, Jeffrey H.; SINGH, Harbir. The relational view: Cooperative strategy and sources of interorganizational competitive advantage. Academy of Management Review, New York, v. 23, n. 4, p. 660-679, 1998.; GULATI; NOHRIA; ZAHEER, 2000GULATI, R.; NOHRIA, N.; ZAHEER, A. Strategic networks. Strategic Management Journal, Hoboken, v. 21, n. 3, p. 203-215, 2000.). Percebeu-se também grande interdisciplinaridade e conexões de propostas onde as redes são utilizadas como método ou meio funcional para o alcance de objetivos maiores. Ainda assim, algumas instituições são mais fiéis a origem das redes, e adotam a vertente mais social ao abordá-las, considerando estruturas e relacionamentos com enfoque menos econômico.

A forma de abordagem do conhecimento sobre redes interorganizacionais nos currículos demonstra o desenvolvimento desta temática. No entanto, a atenção dada a este conhecimento, seja uma maior ou menor inclusão na estrutura curricular dos cursos, bem como a sua interligação com temas subjacentes como gestão da inovação e empreendedorismo, sofrem influência direta das orientações, características e foco dos distintos programas e cursos, reafirmando o caráter social da construção do currículo. De forma geral, há uma maior similaridade na abordagem e inserção do tema em cursos de qualidade internacional, o que pode estar interligado a uma maior atenção à discussão internacional, ao interesse de estudo dos professores destes programas, bem como à relação de poder destes cursos, que são referência da na área de Administração.

Esse estudo apresenta algumas limitações, dado que nem todos os programas apresentam informações relativas às suas ementas em suas respectivas páginas, e muitos o fazem de maneira mais superficial, sem entrar no mérito do conteúdo de cada disciplina. Outro ponto a se considerar é que a análise de conteúdo se limitou a incidência ou não da disciplina ou tópico relacionado ao tema de redes interorganizacionais.

Assim, como sugestões para pesquisas futuras, acredita-se que uma análise mais aprofundada das bibliografias utilizadas e temas associados pode permitir uma descrição mais detalhada e um reporte mais fiel do modo como esse tópico é de fato abordado no contexto das salas de aula. Bem como, entrevistas e análises do currículo lattes dos docentes responsáveis por ministrar os conteúdos, também podem ser valiosas para compreensão dessas abordagens e seus desdobramentos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Abr 2019
  • Data do Fascículo
    Mar-May 2019

Histórico

  • Recebido
    16 Ago 2017
  • Aceito
    05 Mar 2019
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