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Editorial

EDITORIAL

A função essencial de uma revista acadêmica consiste em reunir e abrir à discussão pública os trabalhos que interessam a uma determinada comunidade. No caso desta revista, o público potencial é, em primeiro lugar, a comunidade acadêmica e científica – professores, estudantes, pesquisadores e gestores da educação superior. E como educação diz respeito a toda a sociedade, mesmo fora desse âmbito mais específico da academia certamente há muitos leitores interessados na discussão dos temas aqui tratados. É com muita satisfação que entregamos aos leitores esta 63ª edição da revista Avaliação. Os trabalhos aqui reunidos tratam de uma ampla temática concernente à área a que se dedica esta revista, cujos focos centrais são as questões de avaliação e de políticas públicas da educação superior. O primeiro texto apresenta uma abordagem histórica. Tomando como base documentos medievais do século XIII, mais propriamente duas Cartas sobre a Universidade de Paris e alguns textos de Tomás de Aquino, Terezinha Oliveira reflete sobre a "relevância da História e da História da Educação na construção do sentimento e do ideal de liberdade". A autora observa que na linha da história social se abre a possibilidade de aliar a história, a memória e o filosofar na perspectiva de um conhecimento do todo do ser humano. O tema desenvolvido por Adriana Linhares Apio e Alexandre Magno Dias Silvino tem um foco bastante diferente. Trata-se de uma pesquisa para avaliar se a aula pública utilizada como instrumento de seleção na educação superior é um bom preditor de desempenho docente. Os autores concluem pela necessidade de melhorar o instrumento de avaliação de Aula Pública. O texto pode ser de especial interesse de gestores de instituições de educação superior. Também a respeito de gestão educacional trata o texto seguinte. Maria Tereza Carvalho Almeida, Fernanda Alves Maia e Nildo Alves Batista, no artigo "Gestão nas Escolas Médicas e Sustentabilidade dos Programas de Desenvolvimento Docente", buscam conhecer a percepção dos docentes que trabalham em escolas médicas e utilizam métodos ativos de ensino/aprendizagem sobre o desempenho e a importância da gestão na sustentabilidade dos Programas de Desenvolvimento Docente. Dentre outras conclusões dessa investigação, pode-se destacar o reconhecimento da importância da avaliação formativa como instrumento de gestão, porém, segundo constatam os autores, ela não tem sido utilizada de forma efetiva. Segue-se, no texto de Glauco Peres da Silva, um diagnóstico dos determinantes da evasão na educação superior. A pesquisa aponta que "a reprovação, o aumento nas mensalidades, a pendência nos pagamentos, o aumento na idade relativa e o sexo aumentam as chances de evasão". No texto seguinte, Itamar Mendes da Silva identifica a presença da discussão a respeito da avaliação nos trabalhos e pôsteres disponibilizados no sítio da Anped, entre 2.000 e 2010. Essa temática, segundo constata o autor, representa menos de 3º do total de trabalhos, e reduzido é o número de autores que se dedicam a ela. Roberto Francisco de Carvalho assina o sexto artigo desta edição. O autor enfoca a questão da participação na gestão da UFT. Constata que nessa instituição "têm sido fortalecidos os valores da democracia liberal/neoliberal minimalista" e que "os obstáculos à participação no processo de gestão da UFT não diferem dos obstáculos à participação na sociedade de uma forma geral, e têm a ver com o modo de organização e efetivação do sistema de produção e reprodução social capitalista". Amarildo Luiz Trevisan, Catia Piccolo Viero Devechi e Evandro Dotto Dias analisam a avaliação da Pós-Graduação em Educação do Brasil e perguntam: "quanta verdade é suportável?". Em questão, o discurso da excelência. "Para discutir a justificativa do sistema pela busca da excelência e sua legitimidades prática, a proposta deste artigo se baseia nos aportes da obra Verdade e Justificação, do filósofo alemão Jürgen Habermas". Tatiana Marceda Bach, Maria José Carvalho de Souza Domingues e Silvana Anita Walter buscaram identificar as redes sociais de cooperação entre atores (autores e instituições) na publicação de artigos a respeito da temática de Tecnologias da Informação e Comunicação, nos eventos e periódicos da ANPAD e em teses e dissertações, entre 1997 e 2011. Concluíram que a maior concentração de temas se deu sobre Implementação, Desenvolvimento e Gestão do E-learning. Adriano Adoryan, Cláudio Márcio Magalhães e José Dias Paschoal Neto assinam o texto: "Produção colaborativa e convergência de mídia na TV: uma proposta de inovação e tecnologia social para as TVs Universitárias". Apresentam a proposta que envolve o "conceito de usuário gerador de conteúdo, utilizando-se da rede brasileira de televisão universitária como locus de experimentação, assim como verificando suas potencialidades – dos projetos e das TVUs – enquanto inovadoras e detentoras de tecnologia social". Eliana Amarante de Mendonça Mendes reflete sobre o problema da subjetividade na avaliação de redações em vestibulares e outros concursos. Conclui que tal tipo de prova não faz justiça aos candidatos. Analisando o sistema de avaliação de redações do ENEM, mostra sua insustentabilidade. Hustana Maria Vargas e Maria de Fátima Costa de Paula tratam da questão da problemática da inclusão do estudante - trabalhador e do trabalhador - estudante na educação superior. Consideram que, ainda que a grande maioria dos estudantes das camadas subalternas trabalhe, as políticas públicas e a legislação brasileira não favorecem a permanência do estudante-trabalhador e do trabalhador-estudante na universidade. Segundo as autoras, Políticas Públicas de outros países poderiam servir de exemplos para o Brasil. Eurico Wongo Gungula, Arnaldo Faustino e Eglys Pérez Ugartemendía abordam o contexto angolano de formação matemática. Constatam que os problemas se relacionam com a falta de motivação dos estudantes nas carreiras de Matemáticas, em razão da insuficiente contextualização dos conteúdos programados e com a utilização de enfoques epistemológicos que não levam em conta a importância das Matemáticas e sua aplicação na solução de problemas concretos da vida.

Pelo sonho é que vamos,

/Comovidos e mudos,

/Chegamos? Não chegamos?

/ Haja ou não haja frutos,

/Pelo sonho é que vamos,

/ Basta a fé no que vamos.

Sebastião da Gama

(poeta português,

1924-1952).

Boa leitura!

José Dias Sobrinho

editor

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jul 2013
  • Data do Fascículo
    Jul 2013
Publicação da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior (RAIES), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade de Sorocaba (UNISO). Rodovia Raposo Tavares, km. 92,5, CEP 18023-000 Sorocaba - São Paulo, Fone: (55 15) 2101-7016 , Fax : (55 15) 2101-7112 - Sorocaba - SP - Brazil
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