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Editorial

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"Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens". Palavras de presidente (ou presidenta)! Elas expressam os melhores desejos dos educadores brasileiros com relação a esta nova década, que esperamos seja a década da educação. A mais importante e urgente das políticas públicas do campo educacional é a valorização do magistério e das professoras e professores de todos os níveis. Não se pode esperar boa qualidade em educação e a construção de uma sociedade democrática e culturalmente avançada se não houver de fato uma valorização da profissão docente. Não há valorização da profissão docente sem consistentes investimentos na formação permanente dos professores e salários e condições gerais de trabalho condizentes com a importância central dos educadores na formação humana e no desenvolvimento da sociedade. A desprofissionalização e a negação do valor específico do magistério contribuem fortemente para a desintegração das referências públicas que constituem a cidadania. Resgatar a autoridade e a dignidade da profissão docente é essencial para a construção de uma sociedade democrática, intelectualmente evoluída e eticamente comprometida. Mas que tudo isso se faça sobre as bases de uma premissa fundamental: a autonomia e a liberdade de pensamento e de criatividade da professora e do professor. Sem autonomia, impossível haver comprometimento social. Por mais importante que sejam as avaliações, especialmente as externas, elas não podem inibir a criatividade e retirar dos professores a autoridade e a autonomia que lhes são essenciais ao exercício profissional. A avaliação educativa há de ser um valioso instrumento da valorização do magistério e de seus profissionais, e não fator de deslegitimação.

Esta 56ª edição de Avaliação, que estamos entregando ao leitor no início de uma nova década e de um novo governo, traz alguns estudos que mostram limites, impropriedades, dificuldades e, também, acertos e avanços da avaliação da educação superior brasileira. O artigo de abertura, de Maria do Carmo Lacerda Peixoto, aborda resultados de um estudo sobre um primeiro grupo de universidades públicas e privadas que constituem objeto da avaliação institucional externa do SINAES. Toma por base de análise os principais instrumentos utilizados nesses processos e acaba questionando a avaliação institucional externa que vem sendo praticada, tendo em vista o papel desempenhado por ela na produção de sentidos para as instituições avaliadas e na formulação de políticas publicas. A seguir, Luís Antonio Groppo estabelece relações entre a crise da universidade atual, crescentemente menos autônoma e mais operacional, com a crise do Estado nacional, no contexto da globalização do capital. Jorge Luiz Lordêlo de Sales Ribeiro disserta sobre as possibilidades e dificuldades de avaliar e as dificuldades de ser avaliado, em vista, sobretudo, da complexidade da avaliação e da amplitude e diversidade do sistema de educação superior brasileiro. Guillermo Campos Ríos, Germán Sánchez Daza e Maria Eugenia Martínez de Ita mostram que, assim como em outros setores da sociedade mexicana, também no segmento profissional dos pesquisadores se produzem desigualdades, ainda que às vezes metamorfoseadas, principalmente em relação às investigadoras e aos jovens pesquisadores. Marcello Vinicius Doria Calvosa, Melina Garcia Repossi e Pedro Marcos Roma de Castro investigam a influência do estágio pós-doutoral sobre a produção científica e bibliográfica de pesquisadores/docentes que atuam numa universidade federal. Essa investigação é um dos poucos trabalhos brasileiros conhecidos sobre esse tema estudado. O artigo de Otávio Prospero Sanchez e Lucia Helena Aponi Sanchez apresenta uma técnica que permite objetivar o alinhamento de equipes de alta capacitação e promover o reforço de percepções importante para o comprometimento dos indivíduos com essas características; apresenta, por fim, uma proposta de gestão de equipes altamente capacitadas com base numa pesquisa-ação aplicada em um programa de pós-graduação stricto sensu. Michely de Lima Ferreira Vargas traz os principais resultados de estudo que examinou as conexões entre as desigualdades de acesso e permanência no ensino superior, a assistência estudantil e a inserção profissional de uma amostra de egressos da UFMG. Conclui a autora que "ao auxiliar estudantes pobres a obter o diploma de graduação, a assistência estudantil colabora para que estes universitários tornem-se profissionais qualificados e ingressem no mercado de trabalho portando credenciais valorizadas, ampliando suas possibilidades de ascender socialmente". Rinaldo Henrique Aguilar da Silva, Luciana Teixeira Scapin e Nildo Alves Batista defendem a importância da formação interprofissional, da colaboração e do trabalho em equipe no ensino superior em saúde; com base em dados coletados na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora, concluem que os estudantes são bastante receptivos à aprendizagem compartilhada. Rosane Michelli de Castro reúne neste artigo parte dos resultados de uma pesquisa que busca identificar e analisar alguns aspectos e contribuições da Pós-graduação em Educação (Unesp, Marília) aos Programas congêneres. Um dos aspectos levantados se refere à escassa representatividade dos Programas das universidades estaduais nos órgãos colegiados centrais e à exigência de super especialização dos Programas quanto às suas propostas de investigação. Ney Paulo Moreira, Nina Rosa da Silveira Cunha, Marco Aurélio Marques Ferreira e Suely de Fátima Ramos Silveira apresentam um estudo sobre a eficiência dos Programas de Pós-graduação acadêmicos em Administração, Contabilidade e Turismo. Os resultados revelaram que os Programas com maior número de alunos matriculados apresentaram-se mais eficientes e que o envolvimento dos docentes em projetos de pesquisa e a participação de membros externos aos programas em suas atividades influenciam positivamente o nível de eficiência.

Agradecemos aos nossos colaboradores e leitores a confiança que depositam nesta revista. Como vimos fazendo nestes últimos quinze anos, seguimos nos esforçando para produzir uma revista que, nos limites de nossa capacidade, cada vez mais efetivamente ajude a consolidar o campo teórico e prático da avaliação da educação superior brasileira. Como se observa, a revista Avaliação tem acolhido estudos de autores de distintas áreas acadêmicas e de diferentes países sobre amplos e diversificados assuntos pertinentes à temática da educação superior, centralmente de avaliação. Que nesta década que se inicia se realizem as melhores expectativas dos educadores, em particular, e do povo brasileiro, em geral.

José Dias Sobrinho

editor

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Mar 2012
  • Data do Fascículo
    Mar 2011
Publicação da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior (RAIES), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade de Sorocaba (UNISO). Rodovia Raposo Tavares, km. 92,5, CEP 18023-000 Sorocaba - São Paulo, Fone: (55 15) 2101-7016 , Fax : (55 15) 2101-7112 - Sorocaba - SP - Brazil
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