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Editorial

Estamos oferecendo aos estudiosos da educação superior um conjunto de textos de autores de variada procedência: do Brasil e de Portugal, de universidades públicas e privadas/comunitárias e de diversas áreas de formação. Como se observa, nesta 55ª edição da revista Avaliação predominam estudos sobre alguns temas relacionados a estudantes universitários e avaliação. Uns artigos relacionam a avaliação com temas que envolvem atitudes de estudantes, outros a remetem a questões de ensino e aprendizagem, a instrumentos de avaliação, a problemas e dificuldades em práticas avaliativas, a aspectos históricos etc.

Denise Leite (UFRGS) observa que os estudos sobre estudantes, no Brasil, além de tratarem sobre os temas das aprendizagens como mais comumente se verifica na Europa, aqui também atribuem uma forte ênfase à perspectiva política e social. Isto se explica pelo grande envolvimento dos estudantes em movimentos organizados que visavam, em diferentes momentos, influir nos destinos da sociedade brasileira, em geral, e da educação, em particular. Os movimentos estudantis constituíam um fator importante de formação política. A autora aponta a influência dos atuais instrumentos de avaliação, especialmente os exames nacionais de todos os níveis, bem como os apelos consumistas e individualistas como importantes elementos causantes da crescente despolitização dos estudantes. Sónia Cardoso, Rui Santiago e Cláudia Sarrico (CIPES/Matosinhos e Un. de Aveiro, Portugal) analisam representações de estudantes portugueses a respeito da avaliação das IES. Concluem que os estudantes assumem atitudes tendencialmente positivas e reconhecem a legitimidade dos processos avaliativos em vista da melhoria institucional e da qualidade da formação. Sandra R. Fernandes, Maria A. Flores e Rui M. Lima (U. Minho) apresentam alguns dados de uma pesquisa mais ampla que trata do impacto de uma "Aprendizagem Baseada em Projetos Interdisciplinares no Mestrado Integrado de Engenharia e Gestão Industrial", conduzida na Universidade do Minho, Portugal. O artigo confere ênfase às percepções dos alunos a respeito dessa experiência interdisciplinar e aos possíveis impactos nos processos de aprendizagem. Concluem os autores que esses Projetos Interdisciplinares se associam, por parte dos estudantes, a uma maior compreensão e aplicação dos conteúdos e ao desenvolvimento de competências transversais (como capacidade de comunicação, trabalho em equipe, resolução de problemas, gestão de conflitos, sentido de responsabilidade etc.). Eula Maria de M. B. Costa, Célia M. Ribeiro e Regina Beatriz B. Vieira (UFG) analisam o desenvolvimento do processo de avaliação institucional da Universidade Federal de Goiás. A Avaliação Institucional nessa Universidade, em seus diversos momentos, articulada com o planejamento e a informação, tem se constituído como um elemento importante do Programa de Gestão Estratégica. Cisne Z. T. Reis, Suely de Fátima R. Silveira e Marco Aurélio M. Ferreira (UFV), utilizando-se de questionários e procedimentos estatísticos, identificam as percepções de cada segmento universitário acerca dos resultados da autoavaliação institucional. Em conclusão, indicam que as percepções de discentes e docentes, em sua maioria, são mais positivas que as dos técnicos administrativos. Júlio C. G. Bertolin e Ana Carolina B. de Marchi (UFP) propõem instrumentos para avaliar disciplinas semipresenciais da educação superior. O instrumento é elaborado pelos autores como uma contribuição à avaliação das atividades pedagógicas no âmbito da Educação a Distância. Hélio R. Bittencourt, Lori Viali, Alziro C. de Morais Rodrigues, Alam de O. Casartelli ((PUCRS) analisam o impacto das mudanças efetuadas pelo INEP nos pesos do Conceito Preliminar de Curso, derivados do ENADE, sobre os resultados de avaliação da educação superior em Universidades Federais e Privadas. Carlos R. M. Hayashi e Amarílio Ferreira Junior (UFSCar) apresentam um estudo sobre o campo da História da Educação no Brasil. Tomando como base censitária o ano de 2004, identificaram a existência de 108 grupos e 317 linhas de pesquisa em História da Educação. Entre os temas mais recorrentes, citam: história da educação, formação de professores e história da educação em temas específicos. Marjorie C. R. da Silva, Claudette M. M. Vendramini e Fernanda L. Lopes (USF) verificam, neste artigo, em que medida o desempenho dos estudadntes no ENADE/2005 variou segundo gênero e variáveis socioeconômicas. Dentre as conclusões, destacam: o desempenho dos homens foi maior nos componentes "formação geral" e "conhecimentos específicos" nos cursos de Matemática, Letras, Biologia, História, Geografia e Filosofia; observaram certa tendência de modificação ou até mesmo de inversão de papéis em áreas tradicionalmente reconhecias como estereotipadas. Ana Júlia S. Gomes, Luis do N. Ortega e Décio G. de Oliveira (UFSJR/Unoeste) versam sobre dificuldades que os processos de avaliação apresentam em um Curso de Farmácia. Além dos instrumentos tradicionais, os autores sugerem a inclusão do Portfólio e indicam a necessidade de uma forte profissionalização dos professores.

Que estes textos sejam úteis aos estudiosos da avaliação e a todos que se interessam pela temática da educação superior. Agradecemos a colaboração. Boa leitura!

José Dias Sobrinho

editor

  • Editorial

    Com a progressiva consolidação da globalização neoliberal, vigem em toda parte diferentes mecanismos de controle sobre a educação, pondo em perspectiva padrões genéricos, comparáveis, homologáveis e recontextualizados nos planos nacionais. Interessante observar que o jogo entre as políticas globais e as mediações nacionais acaba operando predominantemente em favor da funcionalização econômica da educação e, nesse contexto, da privatização. Na metapolítica orientada pelos marcos normativos das "boas práticas" internacionais, a avaliação tem papel central e cada vez menos deixa de ser campo de atuação protagônica dos educadores e dos atores nacionais. Quem mais prevalentemente define a qualidade em educação nos dias atuais é o mercado, de expressão global, e não a educação. São critérios e metodologias oriundos do mundo econômico que mais fortemente dão a direção e os sentidos da avaliação também em educação. Isto tem impactos nas finalidades, nos currículos, nas práticas, nas atitudes dos estudantes, nos projetos de ensino-aprendizagem, na formação, enfim, nos mais amplos aspectos do fenômeno educacional.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Nov 2010
    • Data do Fascículo
      2010
    Publicação da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior (RAIES), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade de Sorocaba (UNISO). Rodovia Raposo Tavares, km. 92,5, CEP 18023-000 Sorocaba - São Paulo, Fone: (55 15) 2101-7016 , Fax : (55 15) 2101-7112 - Sorocaba - SP - Brazil
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