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Editorial

Editorial

Estamos iniciando o 15º ano de vida da revista Avaliação. Há muitos a quem agradecer por terem oferecido seu tempo e seus conhecimentos em prol da consolidação desta revista. De um modo especial, cabe um reconhecimento aos membros dos Conselhos, aos acadêmicos que emitiram pareceres sobre os trabalhos que nos foram encaminhados e a todos os autores, tenham sido seus textos publicados ou não. Além disso, tem sido de enorme importância a ação do Scielo que confere ampla visibilidade mundial a este periódico. Sem leitor, não há revista. A todos que nos acompanham nas 53 edições já entregues, nossos melhores agradecimentos. Sem essa rede de colaboradores, não seria possível a sobrevivência desta revista.

As Universidades Comunitárias constituem um segmento que vem prestando uma valiosíssima contribuição à Educação Superior, à sociedade e ao Estado brasileiro. Entretanto, não são muitos os estudos que tratam de suas especificidades, de seus modos de organização, de suas relações com o Estado e a sociedade, dos significados de suas ações educativas e de suas dificuldades. Em particular, não se costuma discutir em profundidade os conceitos de "comunidade" e de "comunitário", geralmente não se avançando para muito além de uma invocação mais ou menos comum que situa essas palavras e seus conteúdos em uma zona imprecisa entre o estatal e o não estatal. João Pedro Schmidt, em seu texto O comunitário em tempos de público não estatal, oferece uma importante contribuição para a compreensão e o aprofundamento desse tema, de interesse dos estudiosos de educação superior e dos gestores dessas Universidades, por certo os mais interessados em consolidar um marco legal próprio e o reconhecimento público da importância social das instituições comunitárias. O texto seguinte, Autoconceito, auto-eficácia profissional e comportamento exploratório em universitários concluintes, de Marucia Bardagi e Raquel Boff, apresenta algumas indicações interessantes principalmente no que se refere às relações dos estudantes com a (futura) profissão. Segundo as autoras, os dados levantados no estudo indicam que os estudantes que estão dispostos a engajarse em atividades acadêmicas ou extracurriculares mostram tendência em ter projetos mais estruturados e expectativas mais realistas diante do mercado de trabalho. Diante dessa constatação, sugerem que os universitários necessitam de ajuda e acompanhamento no processo de transição da universidade para o mundo de trabalho, especialmente no tocante à elaboração de metas e projetos profissionais. Alexis Tejedor de León e José Manuel Huerta abordam um tema bastante presente nos processos de acreditação: a avaliação do trabalho docente. Os autores se empenham em conhecer, especialmente, o grau de satisfação dos stakeholders sobre os processos de ensino-aprendizagem no nível universitário. Elaboram instrumentos para explorar o trabalho do docente universitário de um Centro Regional da Universidade Tecnológica do Panamá. Desenvolvem a metodologia do Cuadro de Mando Integral e utilizam a técnica Delphi para validação de conteúdo. Rodolfo Jiménez Cavieres, Rigoberto Muñoz Lagos e Luis Peña Rojas analisam conteúdos manifestos e implícitos nas enunciações das universidades chilenas relativamente à vigência, criação, manutenção e renovação da oferta das carreiras universitárias. Estudam as discursividades dos textos oficiais frente ao desafio da inovação no contexto das transformações produtivas impostas pela economia globalizada e a demanda de uma nova formação de profissionais. Natália Mattos Luiz, Aline Franco da Costa e Helder Gomes Costa descrevem a construção de um modelo para captar e analisar percepções a respeito dos impactos de um curso de graduação em engenharia de produção sobre os seus egressos. Os resultados obtidos indicam uma avaliação positiva dos alunos quanto à influência do curso, particularmente no critério empregabilidade. Emilio Rodriguez-Ponce, Nicolás Fleet e Milagros Delgado dissertam sobre a capacidade preditiva da avaliação dos pares e focos de modelo de acreditação institucional no Chile. Mais especificamente, utilizando um modelo de regressão, objetivam estimar a capacidade preditiva que a avaliação externa realizada pelos comitês de pares teve sobre os resultados finais da acreditação institucional. Dentre outros resultados obtidos, comprovaram haver consistência entre as etapas de avaliação externa e a decisão de acreditação. O sétimo artigo, de Eduardo Rodríguez-Sandoval e Misael Cortés-Rodriguez, se propõe a mostrar a percepção dos estudantes de Engenharia Agrícola da Universidade Nacional de Colômbia, Medellín, sobre a avaliação e o desenvolvimento da estratégia pedagógica aprendizaje basado en proyectos. Os resultados da pesquisa indicam que, segundo os estudantes, a aprendizagem baseada em projetos é importante para o desenvolvimento profissional e responde bem a suas expectativas educativas. O artigo seguinte, de Saulo Aparecido de Souza e José Nilson Reinert, se refere à satisfação/insatisfação dos estudantes, de cursos presenciais e a distância. Como resultados importantes, os autores apontam que estrutura curricular, corpo docente e ambiente social são fatores determinantes da percepção favorável ou desfavorável dos estudantes e que foram encontradas diferenças significativas entre as modalidades de ensino pesquisadas. Neide Aparecida de Souza Lehfeld, Manoel Henrique Cintra Gabarra, Caetano da Costa e Yara Teresinha Correa Silva Sousa refletem sobre as práticas de auto-avaliação institucional, descrevem o processo de constituição de uma CPA e de construção da metodologia e dos instrumentos, bem como o impacto da criação dos índices de avaliação sobre as instituições de educação superior. No décimo artigo, José Dias Sobrinho relaciona as principais políticas de avaliação com as transformações da educação superior brasileira. Apresenta um breve panorama da educação superior a partir de 1995 e analisa os principais modelos de avaliação, especialmente o Provão e o Sinaes. Na última parte, trata de impactos dos exames gerais sobre

o sistema de ensino superior, sobretudo quando servem de base para a elaboração de rankings e modelação curricular. Por fim, uma resenha feita por Milena Pavan Serafim de um livro que cunhou a expressão capitalismo acadêmico certamente interessa a todos os que estudam o tema das vinculações entre a educação superior e o neoliberalismo.

Nesta edição, o leitor tem em mãos um conjunto de estudos sobre diferentes aspectos da avaliação da educação superior realizados por acadêmicos de diversos países da América Latina, como Chile, Colômbia, Panamá, além do Brasil, que bem demonstra a dimensão internacional que esta revista adquiriu. Esperamos continuar contando com a colaboração de todos os que se dedicam aos estudos da educação superior, especialmente em nossos países de fala portuguesa e espanhola. FELIZ 2010!

José Dias Sobrinho - editor

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Abr 2010
  • Data do Fascículo
    2010
Publicação da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior (RAIES), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade de Sorocaba (UNISO). Rodovia Raposo Tavares, km. 92,5, CEP 18023-000 Sorocaba - São Paulo, Fone: (55 15) 2101-7016 , Fax : (55 15) 2101-7112 - Sorocaba - SP - Brazil
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