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Editorial

Editorial

Nesta última edição de 2009, podemos festejar a entrega ao leitor de mais um conjunto de textos que abordam temas importantes da agenda da educação superior. No total, o volume 14, que corresponde ao ano de 2009, reuniu 32 artigos de 38 colaboradores brasileiros, 2 colombianos, 3 chilenos, 2 mexicanos, 1 uruguaio e 1 cubano. A todos, os nossos melhores agradecimentos. Além desses artigos, publicamos na edição de março (v. 14, nº 1) o Documento "Declaração da Conferência Regional de Educação Superior na América Latina e no Caribe - CRES 2008, Cartagena de Indias". Muitas das principais teses dessa Declaração foram incorporadas no Documento "Conferencia Mundial sobre la Educación Superior - 2009: La nueva dinámica de la educación superior y la investigación para el cambio social y el desarrollo", elaborado na Conferência Mundial de Paris de 5-8 de julho e subscrito pela UNESCO. Trazemos esse texto ao leitor, na presente edição, pois entendemos ser interessante uma comparação entre os dois documentos que levam a chancela da UNESCO, o primeiro produzido sob a responsabilidade do IESALC (Instituto de Educação Superior para América Latina e Caribe, com sede em Caracas), em 2008, e o segundo, de âmbito mundial, aprovado pelo organismo central da UNESCO (com sede em Paris). Em ambos documentos, há uma tomada de posição bastante enfática reafirmando que educação é direito social e dever do Estado; educação é bem público e imperativo estratégico para todos os níveis de ensino; a educação superior, fundamento de investigação, inovação e criatividade, deve ser de responsabilidade de todos os governos e receber adequado apoio econômico. Os dois documentos tomam posição a respeito de alguns temas centrais da agenda da educação superior: responsabilidade social, acesso, equidade, qualidade, internacionalização, regionalização, mundialização etc. Nunca é demais reafirmar esses valores. Cremos que esta revista presta um serviço de amplo interesse ao divulgar esses documentos.

O artigo de Francisco López Segrera apresenta reflexões sobre as principais tendências globais da educação superior, especialmente no que se refere ao financiamento, à cooperação internacional e à internacionalização. Conclui que a diversificação das fontes de financiamento não deve implicar uma redução ou abdicação do Estado com respeito à responsabilidade de prover os recursos necessários para o desenvolvimento da educação superior. Vicente de Paula Almeida Júnior e Afrânio Mendes Catani apresentam algumas características das políticas de acreditação e de avaliação da educação superior da Colômbia e as suas interfaces com o Brasil.. Para os autores, esses mecanismos representam objetivo de difícil harmonização: de um lado, a educação superior é tomada como bem público sujeito às ações e estratégias do Estado; de outro, o propósito de ampliar a mobilidade estudantil e docente num quadro de mudanças sociais, econômicas e culturais impulsionadas pelo neoliberalismo. Manolita Correia Lima e Carolina Machado S. de A. Maranhão trabalham o conceito de internacionalização ativa e passiva no campo da educação. Discutem o tema da mobilidade estudantil, levando em conta dados sobre os principais países receptores e emissores de estudantes. Uma conclusão das mais importantes é a seguinte: limitada a poucos países, a internacionalização ativa se presta a criar condições favoráveis à emergência de uma internacionalização hegemônica. Rafael de Brito Dias e Milena Pavan Serafim criticam a ideia predominante no Brasil que defende a necessidade de formar cientistas e engenheiros capazes de combinar conhecimento técnico e científico com habilidades gerenciais. Segundo os autores, além de que isso exigiria uma série de mudanças curriculares, o modelo tornou-se inadequado à realidade brasileira. Após a crítica desse modelo vigente, apresentam a proposta de outro modelo de formação de cientistas e engenheiros que consideram mais adequado à realidade brasileira. O quinto artigo, de autoria de Alejandro Villalobos Claveria e Yenia Melo Hermosilla, tem o propósito de apresentar o "Espaço Aberto" como uma técnica de pesquisa que pode ser adequado procedimento didático para o desenvolvimento de competências genéricas na formação profissional superior. Os autores apresentam resultados de um projeto que desenvolvem no Chile e que caracteriza os fatores principais que definem a profissão docente universitária. Victor Manuel Alvarado Hernández e Martín Manjarrez Betancourt discutem o conceito de crise humanitária, isto é, a perda do humano e deterioração ecológica e social decorrentes da hegemonia do mercado. Propõem a conciliação entre a tecnologia e o humanismo, paradigma que chamam de antropoética. De modo especial, tratam desse paradigma na Pós-graduação. Hélio Radke Bittencourt, Alam de Oliveira Casartelli e Alziro César de Morais Rodrigues discutem o Índice Geral de Cursos (IGC), instrumento recentemente adotado pelo INEP e que vem produzindo polêmicas na comunidade acadêmica.. Segundo os autores, o IGC pode estar se tornando um instrumento de marketing e de influência na formação da opinião pública. O artigo tem o propósito de auxiliar a compreensão e a melhora desse instrumento no contexto do SINAES. Terezinha Oliveira, adotando a perspectiva da história social, tece considerações sobre a história e a memória de homens de saber, entre os séculos XII e XIII, no Ocidente latino, a partir de dois documentos: o Authentica Habita, editado por Frederico Barbarroxa, e o Estatuto da Universidade de Sorbonne. Entende a autora que os processos históricos, os fenômenos educativos e as instituições escolares e universitárias de outros tempos podem servir de pontos de partida para uma reflexão dos contemporâneos diante de suas questões. Marli Gerenutti, Marta M. Duarte de Carvalho Vila e Wilson Sandano procuram mostrar, em seu artigo, como uma política de pesquisa, pautada na intervenção para o fortalecimento dos cursos de graduação, pode auxiliar na institucionalização da pesquisa universitária. O caso estudado é a área de Ciências Farmacêuticas da Universidade de Sorocaba. Giovanna Marget Menezes Cardoso concebe o processo de ensino também como um espaço de pesquisa. Por sua vez, para a autora, além de um princípio científico, a pesquisa é um princípio educativo que pode ser um paradigma da metodologia de ensino e aprendizagem. Tânia Maria Baibich-Faria analisa os principais referentes teóricos que influenciam a produção brasileira contemporânea e são reconhecidos na produção de 46 simposistas do XV Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino 2008. Foram observadas quatro categorias de análise: os livros mais importantes na formação; os brasileiros mais citados na área; os estrangeiros preferenciais nas atividades como docente/pesquisador e os brasileiros preferenciais nas atividades como docente/pesquisador.

Encerrando a presente edição, reproduzimos o documento da Conferência Mundial da UNESCO (Paris, 5-8 de julho de 2009). Boa leitura!

José Dias Sobrinho

- editor

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Dez 2009
  • Data do Fascículo
    Nov 2009
Publicação da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior (RAIES), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade de Sorocaba (UNISO). Rodovia Raposo Tavares, km. 92,5, CEP 18023-000 Sorocaba - São Paulo, Fone: (55 15) 2101-7016 , Fax : (55 15) 2101-7112 - Sorocaba - SP - Brazil
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